sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Botafogo vendido em dia histórico!

Torcida em delíro. Crédito: Twitter / Reprodução

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

Em dia histórico na vida do Botafogo de Futebol e Regatas, o Conselho Deliberativo do Botafogo aprovou, na noite de ontem, 13 de janeiro de 2022, o acordo vinculante da Eagle Holdings, empresa de John Textor, para comprar 90% da SAF do Clube por cerca de R$ 400 milhões. Foram 167 votos a favor, 3 contra e 1 abstenção – cerca de 98% de votos favoráveis.

Os votos contra e a abstenção têm fundamento nas alegações de Bernardo Santoro, que se absteve, e foi o único diretor financeiro que me recordo ter baixado substancialmente a dívida do Clube nas últimas décadas. Considera pouco viável a solução económica encontrada e apresenta a solução que sempre defendeu, considerada por si mais morosa, mas mais segura:

Insolvência civil e venda do fundo esportivo e comercial para uma empresa em leilão. A nova empresa seria o novo Botafogo sem as dívidas do velho. Uso da arrecadação do dinheiro da venda do fundo esportivo, comercial e patrimônio para pagamento do que desse das dívidas do velho Botafogo e extinção do CNPJ velho.

Porém, o momento é de celebração e esperança para milhões de torcedores ‘massacrados’ há mais de duas décadas por Diretorias incapazes (exceção a Bebeto de Freitas). Vamos todos torcer para que dê certo, mas muito atentos e interventivos, porque à ‘Queda da Bastilha’ segue-se o difícil caminho para que o Botafogo possa realmente reerguer-se ao nível da sua história e recrie as Glórias de outrora. Uma ‘Revolução’ não vale por si só, mas pelo caminho que concretiza no futuro.

CARPE DIEM, AEDIFICA FUTURUM!

6 comentários:

jornal da grande natal disse...

Quanto o "antigo" Botafogo deve?

Ruy Moura disse...

Em 2020 superava um bilhão de reais. Atualmente já deve ser um bom bocado maior.
Abraços Gloriosos.

Viajante do Futuro disse...

Quase 8 meses depois, parece-me que Santoro tinha certa razão. Talvez ter 'zerado' a dívida pelo patrimônio e reiniciado o caminho pela Copa Rio, Série D até regressar à Série A, mas permanecendo aberto à sócios, fosse mais prodigioso e engrandecedor, como fez o Rangers da Escócia do que submeter-se aos caprichos de um estrangeiro mal acessorado e seu burrico teimoso e orgulhoso de estimação.

A torcida do Botafogo não sobreviverá incólume a um quarto rebaixamento. Não após as firulas, bravatas e fanfarronices proferidas pelo emocionado Textor - quase amador de tão amável que foi com os 'co-owners'. Não após seu mais triunfante retorni como campeão da B pra A. E muito menos se a dupla Bonnie & Clyde (Flu-Fla) levar a CB, Libertadores e/ou Brasileirão. Isto será pior que as CB 1999/2007 e que 2002/2014/2020 somados.

Ruy Moura disse...

Desconsiderando na minha resposta os seus comentários 'personalizados' a Textor e a Castro, eu sempre defendi a solução 'Rangers', simplesmente porque desconfio de capitalistas a comprarem clubes e depois podendo vender, hipotecar, etc. se as coisas correrem mal, deixando o Clube pior do que o encontrou. Torço para que não seja o caso. Porém, também digo que uma boa parte da torcida nunca aceitaria a solução 'Rangers' pela simples razão do seu próprio comentário: se não aguentam dificuldades de reconstrução durante 8 meses e se ostraciza Textor e Castro mpiedosamente, como aguentariam o que os resilientes torcedores escoceses aguentaram durante 10 anos desde a descida à 4ª divisão até à primeira conquista do campeonato nacional 10 anos depois?!?!?!

Claro que há outra parte da torcida que acredita que com maior ou menor dificuldade o projeto frutificará. Há dinheiro e vontade para isso.

Uma última nota: acaso a torcida do Cruzeiro (clube campeoníssimo nacional e internacionalmente com 2 Libertadores, 2 Supercopas e 1 Recopa) sumiu após 3 anos CONSECUTIVOS na Série B?!...

Abraços Gloriosos.

Viajante do Tempo disse...

Antes de mais não sabia da sua posição quanto a 'solução Rangers', pela qual cumprimento-o. Relativamente ao Castro, o problema foi o seu apontamento. Por que não Rubem Amorim? Por que não Sérgio Conceição, que na altura estava em fim de contrato no Porto? Por que não o experiente e vitorioso Mano Menezes?

Desconsiderando o furor de Textor após sua calorosa recepção, penso que o co-owner seja o menor dos problemas - ainda que pese a sua miopia estratégica (ou comprometedora ambição?) em fomentar um sistema de trocas intercontinentais de jogadores majoritariamente brasileiros. O que me preocupa é a inépcia daqueles que coordenam o clube à distância, e que, pela catastrófica história pregressa das administrações do Botafogo enquanto clube social e pelo desconhecimento pessoal de Textor no âmbito do futebol brasileiro (mais que isso, botafoguense), acaba provocando situações como a centralização das decisões no Castro com os aplausos e louros da ignóbil claque youtuber, que maqueia os erros gritantes e reverbera medidas a la Seedorf como querer educar o botafoguense à torcer 'adequadamente'.

Ademais, penso que o aporte financeiro para as séries D e C não seria um problema para um imaginário Botafogo 'Rangers' pois a torcida o abraçaria como fez, e em certa medida ainda vem fazendo, nestes 8 meses. O problema é o descaso com o qual a mesma é tratada.

Não vivi o jejum, tornei-me botafoguense justamente em 1989, mas já faz alguns anos que a única coisa que me orgulha no Botafogo é a perseverança de sua torcida. Sinto que a longeva e tradicional alma do clube vem se apagando desde aquele fatídico jogo contra o Grêmio pela Libertadores no qual fomos operados em Porto Alegre. A Série B 2021, parafraseando aquele do Ibope, foi "um espasmo".

Saudações Alvinegras e Leoninas.

Ruy Moura disse...

Vamos por partes, caro Viajante do Tempo.

Conheço duas pessoas apenas que defenderam soluções do tipo ‘Rangers’: Bernardo Santoro e eu. Eu, porque conheço bem o processo do ‘Rangers’. O Santoro porque foi o diretor financeiro do 1º ano da gestão CEP/Mufarrej e já bem antes apresentara um conjunto de soluções públicas para sanear financeiramente e desportivamente a vida do Botafogo. Mais tarde, quando então assumiu a direção financeira e fez recuar o ‘buraco’ financeiro pela primeira vez desde o rombo feito por Assumpção, percebeu que o tamanho do problema não tinha fundo e demitiu-se sob alegação de ajudar um amigo na campanha eleitoral. Apesar da pressa permanente dos torcedores brasileiros, que geralmente não dão tempo para que a gestão se estruture e permita realizar uma gestão consistente, eu não teria – se pudesse – entregue o clube a um investidor. Mas reconheço que depois do desastre Mufarrej nos últimos 3 anos, o Botafogo talvez sumisse do mapa dos grandes ou médios clubes, tal o tamanho das deficiências técnicas, financeiras e estruturais em que o clube ficou – no futebol e nas outras modalidades que foram suprimidas. Salvou-se o remo porque é estatutário.

Amorim ou Conceição têm aspirações maiores no futebol europeu e creio que talvez se possam considerar promissores treinadores de 2ª linha, isto é, logo após os ‘grandões’ Ancelotti, Klopp, Guardiola ou Mourinho. Em suma, nunca viriam para a América do Sul. Note-se que quando publiquei o perfil do Castro no Mundo Botafogo falava das suas equipes atacantes e simultaneamente das suas defesas que sempre tomaram muitos gols. E sempre assumi com os amigos que Castro não é um treinador de ponta, mas um treinador de transição para o Botafogo e quiçá o seu diretor desportivo no futuro. Depende do sucesso que alcance, mas o Textor confia nele para o longo prazo. Embora eu pense que Abel Ferreira ou Vítor Pereira perceberam mais rapidamente o futebol brasileiro do que o Castro. Quanto a Mano Menezes, acho que ficou ultrapassado e ‘chorão’.

Sou torcedor desde 1960. São 60 anos. E li tudo sobre o Botafogo nas suas múltiplas modalidades esportivas. A nossa torcida tem tanto de encantamento quanto de superstição. À superstição eu oporia a razão. Precisamos torcer com toda a ‘emoção’ que temos, e cobrar com toda a ‘razão’, com conhecimento, com fatos, com habilidade e capacidade de perceber que este é um projeto de médio/longo prazo. Não é o que gostaríamos. Provavelmente não. Mas é o que temos como solução possível. Aceitemo-la e vamos cobrar com inteligência, não com invasão de CT nem as ameaças no facebook sobre visitas ‘secretas’ a Luís Castro seguida de imagens de homens rudes e musculosos prontos a tudo. Essa torcida ‘robusta’ não é a torcida dos altos valores de 1910, 1920,1930, 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1990. E não esquecer o que disse Augusto Frederico Smith a Santhiago Dantas: “O Botafogo tem a vocação do erro…” Textor erra, Castro erra, mas isso não é mais do que o próprio Botafogo. O Botafogo não tinha dinheiro papa papel higiênico em 2002. Estava na falência financeira em 2021. Jair Ventura poderia ter sido – e foi – uma esperança técnica renovada – mas as declarações em véspera de jogo com o Grêmio pela Libertadores abriram caminho à ‘operação’. Precisamos, todos, saber errar menos.

Por fim: tenho muitos receios, começando pelo ‘rodízio’ de jogadores entre clubes ligados a Textor, mas guardo esperanças sabendo que há planos para o ‘novo’ estádio olímpico Nilton Santos, para o CT, para um plantel com mais investimentos para novas ambições. Diz-se que “Roma e Pavia não se fizeram num dia”. O Botafogo reconstrói-se, no mínimo, em 3 a 4 anos. No mínimo, mas precisa do nosso apoio inteligente, com emoção e razão, não apenas com emoção. Vamos falando. Abraços Gloriosos.

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