por
RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Uma baderna futebolística!
Como nos últimos jogos, ao intervalo emigrei…
Quando antes do jogo vi a escalação e, pior,
verifiquei que uma grande parte dos torcedores estava contente com a ‘escalação
ofensiva’, pensei: “vamos abrir buracos na defesa e perder o jogo”.
Não se pode mudar radicalmente um esquema de
jogo sem ter sido treinado, sob pena de desaparecer por completo o já pouco
padrão da equipe, e logo se viu a baderna: treinador possuído por algum
espírito maligno que lhe sussurrou algo sobre ‘suicídio coletivo’, jogadores
perdidos e desligados do jogo sem reconhecerem o esquema, brechas laterais,
desfiladeiros entre linhas, ataque inexistente, futebol sem nenhum sentido.
Repito: sem nenhum sentido!
Aos 35’ foi preciso um zagueiro – Adryelson
– para que o alvinegro fizesse o primeiro e único remate perigoso à baliza adversária
no 1º tempo. Mas a escalação era ‘ofensiva’ segundo a comissão técnica,
comentaristas e torcedores, não era?... ‘Ofensiva’ sem treinamento anterior,
com um elenco inferior ao habitual e consequentemente uma mudança de padrão de
jogo tecnicamente leviana. Grandes entendidos de futebol…
Acertado era manter o esquema mais conhecido
dos jogadores, focar com maior objetividade o ataque e esperar que um dos
nossos rivais ao G4 empatasse. Porque golear seja quem for no atual estado de
coisas é missão impossível. Luís Castro e sua comissão técnica não entenderam o óbvio.
Ontem, o epicentro da baderna suicida foi
Luís Castro. Pirou de vez.
E de John Textor pouco se pode esperar quando o centro da sua atenção é levar para o Lyon as nossas jóias do masculino (Jeffinho já foi) e do feminino (Giovana Waksman, atualmente já nos EUA e que irá quando tiver a idade ideal).
Como diria um torcedor calejado de
arquibancada e de futebol de rua: “Chamem o Papai Joel…”
O futuro está adiado.
PS:
Talvez agora se compreenda melhor por que razão nunca fui fã da nossa presença
na Copa Libertadores 2023 e sempre preferi uma preparação mais prolongada com
vista a disputar em melhores condições a Copa do Brasil e a Copa Sul-americana:
pressentia o risco de não termos equipe suficientemente madura para evitar um
fiasco na Libertadores. Mas confesso que nunca pensei numa involução tão
radical como a verificada nos últimos cinco jogos. E claro que os títulos
jornalísticos que li hoje referentes à ‘conversa’ de Mazzuco e Castro (porque
não os vou ouvir, nem sequer ler o conteúdo das suas entrevistas) deixam-me indeciso
entre um triste choro e um riso sarcástico: “Temos alguns gaps e precisamos
qualificar e trabalhar” (Mazzuco); “Vários percalços nos atiraram nessa
situação” (Castro). É preciso muita ‘cara de pau’ para justificar dessa maneira
cinco partidas de ‘futebol de horrores’ contra ‘poderosos’ adversários como
Sergipe, Resende e Portuguesa, sem falar no descontrolo total de cinco
expulsões contra Flamengo e Vasco da Gama.
FICHA
TÉCNICA
Botafogo 0x1 Portuguesa
» Gols: Anderson Rosa, aos
41’
» Competição: Campeonato Carioca (Taça Guanabara)
» Data: 08.03.2023
» Local: Estádio Raulino de
Oliveira, em Volta Redonda (RJ)
» Público: 1.150 pagantes; 1.526
espectadores
» Renda: R$ 42.102,00
» Árbitro: Alexandre Vargas
Tavares de Jesus (RJ); Assistentes: Daniel
do Espírito Santo Parro (RJ) e Marcus Vinicius Machado Araújo Brandão (RJ)
» Disciplina: cartão
amarelo – Victor Sá (Botafogo) e Emerson Carioca, Feitosa, Wellington e Felipe
Surian (Portuguesa)
» Botafogo: Lucas
Perri; Adryelson, Victor Cuesta e Segovia (Hugo); Tchê Tchê, Marlon Freitas (JP
Galvão), Lucas Fernandes (Gabriel Pires) e Raí (Lucas Piazon); Carlos Alberto,
Matheus Nascimento e Victor Sá (Luís Henrique). Técnico: Luís Castro.
» portuguesa: Mota;
Joazi, Matheus Santos, Lucas Lucas Santos e Yuri; Feitosa (Willian), João Paulo
(Wellington) e Anderson Rosa (Juninho); Romarinho, Lucas Silva (Fernandes) e Emerson
Carioca (Gilmar). Técnico: Felipe Surian.
5 comentários:
Felizmente eu tive o bom senso de não assistir o jogo, e agradeço por ter sido poupado de tão grande aborrecimento e vexame.
Seu texto corrobora com a maioria dos comentários que li e parece que o Luís Castro se perdeu completamente, uma pena. Sobre o Textor, parece que para ele o Botafogo virou a terceira ou quarta opção, pois além de não trazer ninguém com um certo peso ainda se desfez do atacante que melhor abria as defesas.
Infelizmente perdi as esperanças de um ano pelo menos digno, pois parece que tudo no Botafogo é fadado ao erro .
Mas o mais surpreendente é a notável involução do time, algo de certa forma inexplicável um time decair tanto em tão pouco tempo.
O que me preocupa além de uma possível eliminação na copa do brasil é o Botafogo não vencer a taça rio, aí meu amigo, fecha as portas. ABS e SB!
Concordo inteiramente, Sergio. Só um acrescento: antes do Jeffnho o Textor levou a extraordinária Giovana Waksman para os EUA e prepara-a para, quando a idade chegar, ingressar no Lyon. Em suma, as duas maiores promessas fo masculino e feminino Textor leva para o Lyon. É para isso que, aparentemente, servirá o Botafogo. estamos fritos...
A minha única curiosidade no meio disto seria saber o que realmente aconteceu após o jogo com o Vasco quando a própria torcida elogiou a equipe apesar da derrota. Nenhuma equipe entra tão abruptamente num processo de erosão como o atual semuma forte justificação. Estaremos na fase de Purgatório ou o caminho é irremediavelmente o Inferno?
Abraços Gloriosos.
Fui premonitório ao fazer uma comparação ou análise fria, sobre a questão do uso de suplentes, reservas, peças de reposição, "aspirantes", pelo fato de que não mais existem jogadores de excelente qualidade na acepção da palavra além de que os treinadores, hoje, somente ficam o preparo físico, a tática, em detrimento da técnica e da individualidade, características que podem ser carta da manga, o as, que pode decidir um jogo. Saudades de Ferretti e Roberto. Rsrs
Sim, foi premonitório. Inicialmente pensei que o Carioca poderia e deveria ser feito pelos Aspirantes, porque não valorizo o Carioca. Aliás, é a própria imprensa que sempre tem anunciado, quando não é o Flamengo a ganhar o estadual, que quem ganhou apenas ganhou um "estadual esvaziado". E é esvaziado sobretudo por todas as tropelias que têm sido feitas pela Federação sem que alguém seja chamado à responsabilidade. Ano após ano é uma bagunça, seja de calendário constantemente mudado, regras regularmente alteradas, cobertura de árbitros com erros grosseiríssimos, tomada de posições contra clubes menos 'queridinhos' e sempre nefastas, etc.
Então, admiti um campeonato com Aspirantes pelas razões acima enunciadas, mas também porque nunca imaginei que a 'pobreza' do elenco fosse tão grande - já que anunciaram diversos reforços, que afinal são muito fracos - e, sobretudo,que a FERJ fizesse, junto da CBF, a manobra de novas regras de acesso dos clubes à Copa do Brasil - claramente querendo prejudicar o Botafogo.
Porém, continuo pensando que o futebol brasileiro de clubes não vai melhorar enquanto o calendário privilegiar tanto tempo para a disputa dos estaduais, não dando espaço para equipes robustas que aguentem fisicamente e tecnicamente toda a temporada em condições adequadas, bem como enquanto não mudar de poiticas para valorização dos clubes e das suas academias segundo políticas de equidade.
Abraços Gloriosos.
PS: no futebol europeu - que é atualmente o barómetro da qualidade do futebol mundial - os clubes não perdem tempo a disputar estaduais. Os objetivos são: campeonato nacional, taça nacional e liga dos campeões. Fazem muito menos jogos do que os clubes brasileiros da 1ª divisão, tendo mais tempo para recuperação física e mental, treino técnico e preparação tática.
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