Depoimento de NILTON SANTOS
ao editor CELSO DARIO UNZELTE da revista Placar (1992)
Minha preocupação maior naqueles dias [Copa do Mundo de 1958] passou a ser com os testes psicotécnicos do professor Carvalhaes.
Ia sempre antes do Mané – assim, na saída, podia lhe passar as dicas. Sabíamos que, se fosse reprovado, corria o risco de não ser mais escalado.
Em um dos testes, o de desenhar e dar vida a um boneco, avisei: “Mané, você gosta muito de caçar. Vai lá, desenha uma galinha, um homenzinho, inventa uma história qualquer. Só que ele desenhava muito mal, e o boneco dele saiu magrinho e com uma cabeça enorme. Quando o professor mandou que desse vida ao boneco, Mané exclamou: “Ih, parece o Quarentinha!”
No fim de
cada um desses testes, eu, preocupado, perguntava: “E aí, professor, como ele
se saiu?” A resposta era sempre negativa.
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