Depoimento de NILTON SANTOS
ao editor CELSO DARIO UNZELTE da revista Placar (1992)
Embora tenham inventado muitas histórias, o fato é que Mané era mesmo uma pessoa completamente desligada.
Paris, para ele, era “aquela cidade onde o seu Zezé Moreira (técnico do Botafogo) escorregou no corredor”. E a Inglaterra “aquele time que tem a camisa igual à do São Cristóvão”.
Para se ter uma idéia, uma madrugada estávamos no Peru, com o Botafogo, e de repente um tremor de terra provocou a maior correria. Homens de cuecas, mulheres de camisola, todos no meio da rua. E ele, da janela do hotel, gritando: “Que foi, gente? Deixa de besteira! Tudo isso por causa dessa tremidinha à toa?”
Ao mesmo
tempo, quando a bebida da moda era a cuba-libre, uma mistura de rum com
Coca-Cola, Mané foi esperto o suficiente para jogar fora o limãozinho que
caracterizava o drinque. Assim, quando seu Zezé Moreira passava por ele, não
dava bronca. E ainda por cima comentava: “Se encharcando de Coca-Cola, hein,
Mané?”
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