por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Ayrton Povill dos Santos
nasceu no dia 21 de outubro de 1935, no Rio de Janeiro, filho de João Manuel
Povill dos Santos e Nilza Povill, atuando no meio campo como volante
Ayrton começou a jogar
futebol no Avenida FC (RJ), atuando inicialmente na ponta esquerda e pouco
tempo depois como meia armador. Aos 13 anos de idade ficou órfão de pai e teve
que trabalhar para assegurar o sustento da família, mas manteve o seu gosto pelo
futebol e pelas peladas.
Em 1951 ingressou nas
equipes de base do Bonsucesso FC (RJ), mas não conseguiu chegar à equipe
titular, razão pela qual procurou nova oportunidade noutras paragens e
transferiu-se para o America FC (RJ).
No America integrou a equipe
juvenil que disputou e conquistou o Torneio Início da categoria, em 1953.
Ganhou, então, a possibilidade de ser contratado como profissional e participou
numa excursão ao Norte do país. Porém, novamente preterido como titular
permanente, Ayrton foi convidado por Paulo Amaral para o Botafogo de Futebol e
Regatas e aceitou o convite, iniciando então uma carreira recheada de qualidade
e de títulos.
Ayrton estreou no Botafogo
no dia 13 de abril de 1958, aos 22 anos de idade, num amistoso em Diamantina,
com vitória por 3x1 sobre o Tejuco (MG) e gols de Édison, Dodô e Quarentinha. A
equipe formou com Adalberto (Lamin), Beto (Lucas), Thomé (Domício), Servílio e
Ney Rosa; Ayrton (Ademar), e Édison (Amoroso); Neyvaldo, Paulo Valentim, Rossi
(Dodô) e Quarentinha – comandados por João Saldanha.
Nesse ano de 1958 sagrou-se
campeão Carioca invicto de Aspirantes e em 1959 repetiu o feito sagrando-se
bicampeão Carioca de Aspirantes.
Neste último ano, a 21 de
junho, após um jogo em La Coruña (Espanha), Ayrton escorregou na banheira do
hotel, caiu sobre o bidê e rasgou profundamente a coxa até ao osso – sendo
objeto de uma sutura de 36 pontos.
A recuperação foi dolorosa,
mas Ayrton regressou aos gramados pela equipe de Aspirantes, continuou a jogar
futebol e a trabalhar como funcionário público do Serviço de Águas, tendo que
recomeçar tudo para ganhar a titularidade numa equipe recheada de estrelas e
excelentes atletas de meio campo.
Foi campeão do Torneio
Internacional da Colômbia (Quadrangular) em 1960, atuando em dois dos três
jogos realizados, um deles como suplente substituto e outro como titular
substituído, mas a grande oportunidade de regresso à titularidade absoluta
ocorreu apenas em 1961, mas Ayrton aproveitou-a bem.
Logo no início do ano 1961
Ayrton conquistou o Torneio Internacional da Costa Rica (Triangular) no dia 7
de fevereiro, no Estádio Nacional, em San José, na vitória sobre o Herediano
por 4x0, gols de Quarentinha (2), Amarildo e Garrincha. A equipe formou com
Manga (Adalberto); Cacá (Chicão), Zé Maria, Nilton Santos (Paulistinha) e
Rildo; Pampolini (Ayrton) e Didi (Édison); Garrincha, Quarentinha (Amoroso),
Amarildo e Zagallo – comandados por Paulo Amaral.
Também foi campeão da Taça
Antônio Gomes de Avellar pela categoria de Aspirantes, mas depois disso
sagrou-se campeão do Torneio Início a 16 de julho e campeão Carioca pela equipe
profissional do Botafogo nesse ano. O título foi antecipado em duas rodadas, no
dia 17 de dezembro, em parceria de meio campo com Didi, mas o título oficial
ocorreu na vitória por 3x0 sobre o Flamengo, no dia 28 de dezembro, no estádio
do Maracanã, com gols de Amarildo (2) e China. A equipe alinhou com Manga;
Cacá, Zé Maria, Paulistinha e Rildo; Ayrton e Édison; Garrincha, China,
Amarildo e Zagallo – comandados por Marinho Rodrigues.
No ano seguinte, em 1962,
houve réplica, sagrando-se Ayrton bicampeão do Torneio Início no dia 24 de
junho e bicampeão Carioca no dia 15 de dezembro. Porém, antes disso, Ayrton
começou por conquistar o Torneio Pentagonal do México ao vencer o América
(México) por 2x1, no Estádio Cidade Universitária, no dia 4 de fevereiro, com
gols de Zagallo e Amarildo. O Botafogo alinhou na final com Manga; Cacá, Zé
Maria, Nilton Santos e Rildo; Ayrton e Didi; Garrincha (Iroldo), China
(Édison), Amarildo (Amoroso) e Zagallo – comandados por Marinho Rodrigues.
Logo depois o Botafogo
apresentou-se ao Torneio Rio-São Paulo – a mais importante competição
interestadual do Brasil e a segunda mais importante do país – e sagrou-se
campeão sobre o Palmeiras com vitória por 3x1, no Estádio do Maracanã, no dia
17 de março, com gols de Amarildo (2) e Quarentinha. A equipe alinhou com
Manga; Joel (Cacá), Zé Maria, Nílton Santos e Rildo; Ayrton e Didi; Garrincha,
Quarentinha (China), Amarildo e Zagallo (Neyvaldo) – comandados por Marinho
Rodrigues.
Na réplica de 1962, que deu
ao Botafogo os títulos de bicampeão do Torneio Início e do Campeonato Carioca,
Ayrton continuou brilhando. No dia 24 de junho, no Estádio do Maracanã, o
Botafogo venceu o Canto do Rio por 2x0, com gols de Amoroso, sagrando bicampeão
do Torneio Início com Manga; Joel, Zé Maria, Paulistinha e Rildo; Ayrton e
Édison; Iroldo, China, Amoroso e Neyvaldo – comandados por Marinho Rodrigues.
Por fim, no dia 15 de
dezembro de 1962, no Estádio do Maracanã, Ayrton sagrou-se bicampeão carioca na
decisão vitoriosa por 3x0 sobre o Flamengo, com três gols de Garrincha e talvez
a maior exibição do ‘Anjo das Pernas Tortas’ pelo Botafogo. A equipe alinhou
com Manga; Paulistinha, Jadir, Nilton Santos e Rildo; Ayrton e Édison;
Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo – comandados por Marinho Rodrigues.
Em 1963 o Botafogo
desperdiçou infantilmente o tricampeonato carioca, mas Ayrton venceu um dos
mais importantes torneios internacionais conquistados pelo Botafogo – o Torneio
de Paris. No dia 13 de junho, no Parc des Princes, em Paris, o Botafogo abateu
o Racing de Paris por 3x2, com gols de Quarentinha, Jair Bala e Amarildo. A
equipe alinhou com Manga; Paulistinha, Zé Maria, Nilton Santos e Rldo; Ayrton e
Zagallo; Garrincha, Jair Bala, Amarildo e Quarentinha – comandados por Danilo
Alvim.
Em 1964 Ayrton conquistou
diversos torneios internacionais: Taça Íbero-Americana, tendo jogado em Buenos
Aires na vitória por 4x3 sobre o River Plate (14.07), gols de Jairzinho (2) e
Gérson (2); Torneio Jubileu da Associação de Futebol, tendo jogado em La Paz na
vitória por 2x0 sobre o Banik Ostrava (01.03), gols de Gérson e Amoroso;
Torneio Quadrangular do Suriname, tendo jogado a final em Paramaribo na vitória
por 5x0 sobre o Leo Victor (19.06), gols de Sicupira (2), Quarentinha (2) e
Jairzinho. Ayrton ainda conquistou o Torneio Governador Magalhães Pinto, tendo
jogado em Belo Horizonte na vitória por pênaltis (4x2) sobre o Corinthians
(02.02).
Porém, a conquista mais
importante de 1964 foi o 2º Torneio Rio-São Paulo conquistado pelo Botafogo,
tendo Ayrton jogado quatro das dez partidas disputadas pelo Glorioso. No último
jogo o Botafogo venceu o Santos por 3x2, no dia 10 de janeiro de 1965, no
Estádio do Maracanã (porém, o título acabou repartido por decisão de
secretaria).
Em 1965 Ayrton despediu-se
do Botafogo, tendo realizado a última partida no dia 23 de outubro de 1965 –
dois dias depois de completar 30 anos –, no estádio do Maracanã, em empate por
0x0 com o Bangu, válido para o campeonato carioca. A equipe formou com Manga;
Mura, Zé Carlos, Rildo e Dimas; Ayrton e Gérson; Jairzinho, Roberto, Bianchini
e Zagallo – treinada por Daniel Pinto.
No dia 5 de janeiro de 1966
Ayrton foi transferido para o Atlético Mineiro, tendo atuado pelo Botafogo em 190
jogos (mais 10 por Torneios Início), assinalado 9 gols e conquistado grandes
títulos que o colocam entre os 10 maiores ganhadores do Botafogo de Futebol e
Regatas.
No Galo estreou a 20 de
janeiro de 1965 na derrota para o Flamengo (RJ) por 3x1 e despediu-se do clube
no dia 3 de dezembro do mesmo ano, no empate por 1x1 contra o Uberlândia (MG).
Atuou em 40 jogos e não marcou gols. Consta que seguiu para o Olaria (RJ) onde
terá encerrado a carreira, mas não existe registro comprovativo desse movimento.
Embora Ayrton tenha sido
peça fundamental nos dois maiores elencos da história do Botafogo – um com
Nilton Santos, Didi, Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo e outro com
Manga, Rildo, Gérson, Jairzinho, Roberto Miranda e Zagallo – e tenha
conquistado tão importantes títulos pelo Glorioso, nunca celebrou um contrato
muito vantajoso financeiramente, tendo sido por isso alcunhado de ‘primo pobre’
pelos seus companheiros.
Fontes: Mundobotafogo.blogspot.com; Tardesdepacaembu.wordpress.com; Datafogo.blogspot.com; Galopedib.blogspot.com; Campeoesdofutebol.com.br; Terceirotempo.uol.com.br.
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