por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
José Júlio da Silva Ramos, filho de João da Silva Ramos e Emília Augusta Ramos, nasceu no dia 6 de março de 1853, na cidade do Recife, e faleceu no dia 16 de dezembro de 1930, no Rio de Janeiro, diplomou-se em direito e tornou-se professor catedrático e membro fundador da Academia Brasileira de Letras (ABL).
O professor Silva Ramos teve como único filho o histórico botafoguense Flávio da Silva Ramos (1889-1967), membro fundador do Botafogo Football Club, seu jogador e presidente, primeiro goleiro e primeiro goleador do Clube.
O pai de Flávio Ramos viveu uma parte da sua infância em Portugal, educado por tias maternas. Entretanto retornou ao Brasil, mas rapidamente regressou a Portugal, instalando-se na cidade de Coimbra e matriculando-se na Universidade em 1872.
Nesse período em Coimbra publicou o livro de poesias Adejos (Coimbra, 1871) e conviveu com grandes intelectuais portugueses como João de Deus e Guerra Junqueiro.
Finalmente, formado em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1877, regressou definitivamente ao Brasil e passou a lecionar português em diversos colégios. Nesta época colaborou em diversos periódicos, entre os quais A Semana, publicação dirigida por Valentim Magalhães.
Além de professor catedrático e membro fundador da ABL, tornou-se ensaísta, filólogo, cronista, poeta e conferencista, tendo usado também o pseudônimo de Júlio Valmor Silva Ramos.
Eis uma das mais interessantes poesias do professor Silva Ramos
Nós
Eu e tu: a existência repartida
Por duas almas; duas almas numa
Só existência. Tu e eu: a vida
De duas vidas que uma só resuma.
Vida de dois em cada um vivida,
Vida de um só vivida em dois; em suma,
A essência unida à essência, sem que alguma
Perca o ser una, sendo à outra unida.
Duplo egoísmo altruísta, a cujo enleio
No próprio coração cada qual sente
A chama que em si nutre o incêndio alheio.
Ó mistério do amor omnipotente...
Que eternamente eu viva no teu seio
E vivas no meio seio eternamente.
Obras publicadas:
1871: Adejos [poemas]
1897: A poesia lírica brasileira [história
literária]
1904: Sonetos brasileiros [poemas]
1906: Páginas escolhidas [poemas]
1922: Pela vida afora [crônicas]
1926: A reforma ortográfica [ensaio]
1930: Centenário de João de Deus [ensaio]
(Poema publicado na obra ‘Sonetos Brasileiros’, coletânea organizada por Laudelino Freire, Officina Polytechnegraphica de M. Orosco & C., Rio de Janeiro, p.101. Ortografia atualizada.)
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