por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Confesso que estou escrevendo apenas por respeito aos leitores do Mundo Botafogo, porque hoje não me apetece sequer pensar em Botafogo. Dormi mal e ainda não me conformo tão cedo com esta derrota tendo em conta a fase positiva que atravessamos.
Perder uma oportunidade de abrir 4 pontos na liderança à 6ª rodada custa muito. Perder com o Atlético Mineiro ou com o Flamengo poder-se-ia compreender, certamente, embora a contragosto, mas perder com um dos últimos classificados que não marcava gols há 3 jogos é o regresso do “mais tradicional” – estou ironizando! – Robin Hood de outros tempos a olvidar!
“Roubar aos ricos e dar as pobres” é um bonito lema do romântico Robin, mas em desporto significa que nunca se chegará a títulos porque ganhando dos ‘ricos’ e perdendo dos ‘pobres’ fica-se a meio da tabela…
O 1º tempo foi razoavelmente equilibrado, com mais oportunidades para o Botafogo que se mostrava propício a inaugurar o marcador. E realmente inaugurou de pênalti, mas afrouxou. Afrouxou tanto que o Goiás ameaçou marcar e logo a seguir chegou mesmo ao empate.
No 2º tempo esperava-se um Botafogo assertivo e agressivo ao ataque, mas a frouxidão pós-gol prosseguiu e foi o Goiás que virou (!!!) sobre o líder do Brasileirão que ganhara ao São Paulo, ao Bahia, ao Flamengo, ao Atlético MG e ao Corinthians!!! Um Z4 ganhando de virada sobre o Líder!...
Especialmente Marçal e Eduardo pareciam atletas de Série C; outros pareciam acabados de chegar de um jogo intenso que os extenuara.
É espantoso como o erro de um momento determina uma mudança radical de jogo: Botafogo tranquilo após o gol e o Goiás sem perigar no ataque quando tinha a posse de bola. Porém, o Botafogo insistiu em ‘faltinhas’ próximas da área, sem necessidade alguma porque o Goiás não circulava a bola com eficácia de gol, e assim ofereceu ao Goiás o que o adversário não conseguia em jogo corrido – enfiar bolas potencialmente perigosas para dentro da nossa área. E assim tomamos um gol que as regras mais elementares do futebol defensivo condenam. E deu aso a animar o Goiás e perdermos o jogo.
A frouxidão após o gol pode ter algumas justificações:
[1] Os jogadores estufaram o ‘peito de campeões’ considerando que já estava ganho o jogo após o gol e fizeram ‘braço curto’ ao trabalho de reação.
[2] Os jogadores já estão acusando fisicamente os esforços do mês.
[3] A comissão técnica errou ao não iniciar o jogo com uma equipe predominantemente reserva, como fizera anteriormente, de modo a preservar os jogadores e garantir que as peças mais importantes estejam bem preparadas para o embate com o Athletico pela Copa do Brasil, que é bem mais importante do que o jogo contra o Goiás, porque um forte desaire no jogo de ida pode não ser recuperável, enquanto o Brasileirão é sempre recuperável por estarmos no início da competição.
Em suma, e em minha opinião:
[1] Os jogadores podem ter sofrido do ‘complexo do poder’, ou de uma interiorização inconsciente de preservação do seu bom estado físico para a disputa da Copa do Brasil, aplicando-se abaixo do que lhes seria possível.
[2] Os jogadores já estão mesmo abalados fisicamente, embora o mês ainda vá a meio, o que configura receios quanto a desempenho em três frentes de ‘batalha’.
[3] Luís Castro provavelmente errou a equipe porque deveria ter entrado com mais reservas e preservar as principais peças para a Copa do Brasil, retirando responsabilidade excessiva à equipe escalando os reservas.
Não sendo desculpa pela má atuação, vi uma arbitragem muito má no que respeita a sancionar faltas violentas do Goiás, permitindo o árbitro a pressão dos adversários sobre si e assim não mostrando mais amarelos, que redundariam em 1 ou 2 expulsões.
Conclusão da ‘coisa’: os principais jogadores não descansaram e temo bastante pelo resultado do jogo de ida contra o difícil Athletico. Espero que na quarta-feira eu possa anunciar que estava ABSOLUTAMENTE ENGANADO!
Porque é que se ama tanto um Clube?!...
FICHA TÉCNICA
Botafogo 1x2 Goiás
» Gols: Tiquinho Soares, aos 32’
(Botafogo); Bruno Melo, aos 45+4’, e Maguinho, aos 56’ (Goiás)
» Competição:
Campeonato Brasileiro
» Data: 14.05.2023
» Local: Estádio Hailé Pinheiro
» Público: 6.674 pagantes;
9.092 espectadores
» Renda: R$ 276.300,00
» Árbitro: Rafael Rodrigo
Klein (RS); Assistentes: Marcelo
Carvalho Van Gasse (SP) e Lúcio Beiersdorf Flor (RS); VAR: Rafael Traci (SC)
» Disciplina: cartão amarelo – Luís Segovia,
Marçal e Adryelson (Botafogo) e Willian Oliveira, Maguinho, Matheus Peixoto,
Lucas Halter, Dodô e Zé Ricardo (Goiás)
» Botafogo: Lucas
Perri; Di Placido, Adryelson, Luis Segovia (Carlos Alberto) e Marçal; Marlon
Freitas, Tchê Tchê (Lucas Fernandes) e Eduardo; Gustavo Sauer (Júnior Santos),
Tiquinho Soares e Victor Sá (Luis Henrique). Técnico: Luís Castro.
» Goiás: Marcelo
Rangel; Maguinho (Dodô), Lucas Halter, Bruno Melo e Sander; Zé Ricardo, Willian
Oliveira (Bruno Santos) e Dieguinho (Sidimar); Palácios (Pedrinho), Matheus
Peixoto e Diego Gonçalves (Alesson). Técnico: Émerson Ávila.
2 comentários:
Lendo as crônicas do excelente Nelson Rodrigues, "A Sombra das Chuteiras Imortais", eis que me deparo com a crônica sobre a derrota do Botafogo por 2X1 pelo São Cristóvão, e pior, de virada, tirando assim o bi campeonato em 1958 e consequentemente levando esse campeonato ao famoso super super vencido pelo Vasco. Ainda nesse mesmo ano o Botafogo empatou com o Canto do Rio em 2X2 com o Garrincha perdendo um pênalti. Ou seja a história do Robin Hood é bem antiga, lembremos que esse time de 58 tinha Garrincha, Didi, Nilton Santos, Quarentinha e muitos outros grandes jogadores.
Ontem foi um dia tão ruim prá mim logo na parte da manhã, que pensei: hoje o Botafogo não vence o Goiás. Que profecia tenebrosa!
Sobre o jogo, acho que houve uma sucessão de erros que aliás foram muito bem explanados por você.
Infelizmente ou felizmente futebol não é uma ciência exata e jogadores e treinadores não são máquinas e o imprevisível faz parte do futebol, e os fracos às vezes superam os mais fortes, e ontem foi assim, sem contar que contra o Goiás o retrospecto do Botafogo é muito ruim.
Enfim, como diz a música, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima, é o que devemos fazer, esperando que possamos dar a volta por cima. ABS e SB!
Gosto dessa retrospectiva, porque mostra bem aos mais jovens que as espetaculares Selefogo tiveram derrotas desastrosas, inesperadas perdas de títulos e até resultados arrasadores (o 5x0 do Santos numa decisão), não tendo conquistado nenhum título nacional e internacional oficial nesse período 1957-1965 com Didi, Garrincha, Nilton Santos, Quarentinha e Zagallo. E apenas 2 Torneios Rio - São Paulo (1962 e 1964) e 2 campeonatos cariocas (1961/1962).
Mas estou frustrado, porque só esperava um eventual derrota no jogo de ida da Copa do Brasil ou contra o Fluminense. Assim, vamos ter que vencer os dois (rsrsrs). Será este o ano de termos uma Copa do Brasil?... Sim, se o Botafogo "levantar, sacudir a poeira e der a volta por cima!" (rsrsrs)
Abraços Gloriosos.
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