sábado, 25 de janeiro de 2014

O título mais fácil da história

por Gerson Nogueira
11 de maio de 2013

Foi tão tranquilo que nem parecia uma final de campeonato com o Botafogo. Como se sabe, nada que envolve o Botafogo é rotineiro ou convencional. Quase tudo vira drama. Quis o destino que o Carioca 2013 flagrasse um Botafogo menos tenso que o normal. Seguro quanto a suas forças e limites, levou a disputa assim como quem não quer nada. Sem querer, querendo. Quando a vitória final chegou, sem solavancos, foi até meio esquisito. Fácil demais para um coração botafoguense forjado nas dificuldades da vida.

Por tradição, quando vejo o Botafogo abrir uma sequência vitoriosa, cumpro um período de espera para começar a acreditar de verdade. É a quarentena que previne dissabores. Com anos de estrada nessa delícia que é torcer pela Estrela Solitária criei alguns truques particulares para me certificar se a coisa vai terminar bem ou é apenas nuvem passageira.

Por conta desses cuidados já escapei de me entusiasmar com aquele time treinado por Joel Santana, que ameaçou chegar às finais do Brasileiro e acabou entregando o ouro aos emergentes – Avaí, Ponte.

No ano passado, com um meio-de-campo rápido e habilidoso, que tinha Renato, Andrezinho, Seedorf e Elkeson, a expectativa era alta. Osvaldo de Oliveira, ou Osvaldinho da Cuíca para quem acompanha meus escritos, encarregou-se de fulminar todas as chances ao abdicar de atacantes. Deixou Herrera, Maicosuel e Loco Abreu partirem. Desde os tempos de Parreira não tinha notícia de um treinador tão desinteressado em relação ao ataque.

Sem empecilhos pelo caminho, Osvaldinho ficou à vontade para dar a camisa 9 a Rafael Marques, sensação no futebol japonês. Apesar da resignação inabalável que acompanha todo botafoguense, foi duro ver Marques apanhando da bola e desperdiçando as jogadas construídas pela meia-cancha mais ilustre do país. Passou o campeonato em branco, desafiando a lógica e a paciência da torcida.

Sob esse cenário, o time fechou 2012 em baixa, apesar do privilégio de contar com um astro de primeira grandeza. Cidadão do mundo, Clarence Seedorf chegou, ocupou seu espaço e hoje é um legítimo astro alvinegro. Antes de seguir em frente, cabe a explicação. Astros da bola podem ser maravilhosos, deslumbrar o planeta, mas só se eternizam ao botar sobre o peito o escudo imortal.

Vamos a um exemplo recente. Quem era Loco Abreu antes de ser botafoguense? Foi ídolo do Nacional de Montevidéu, passou uma chuva no Grêmio e perambulou por mais de 20 clubes. Seu currículo hoje começa pela citação à passagem rápida, mas feliz, pelo Botafogo. Assim é a vida.

Seedorf, que encantou plateias holandesas, espanholas e italianas, sabia que só um clube mítico como o Botafogo é capaz de estabelecer um portal com a história. Sábio, veio em busca disso. Ou alguém imagina que a essa altura o maestro está em busca de contratos milionários? Certamente só quer sossego, reconhecimento e honra. Pois bateu no lugar certo.

É fato que nenhum outro clube brasileiro convive tão bem com os artistas da bola, até por ter sido povoado por eles desde priscas eras. No Botafogo, ser craque não representa nenhuma graduação especial, é quase rotina. Seedorf está onde deveria estar, sente-se em casa. No topo.

Fonte: http://blogdogersonnogueira.wordpress.com/2013/05/11/o-titulo-mais-facil-da-historia/

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