quarta-feira, 30 de julho de 2014

Manifesto e aviso a todos os sócios e candidatos à presidência do Botafogo

por BERNARDO SANTORO

[Nota do Mundo Botafogo: Há anos que acompanho as propostas de Bernardo Santoro para o Botafogo. Há anos, tal como ele, tenho avisado da total incompetência do atual presidente do Botafogo e da ruína que nos espreitava ao nos aproximarmos dos 700 milhões de reais no passivo. Mas Santoro fez muito mais do que eu fiz: durante o primeiro mandato do atual presidente (que a esta hora já deveria ter sido impugnado por quem de direito), Santoro escreveu umas dezenas de páginas, que tenho guardadas, com um programa absolutamente notável para reposição do Botafogo no seu devido lugar desportivo. O presidente NÓDOA jamais poderá dizer que não havia alternativa ou que ninguém avançara com um programa. Bernardo Santoro fê-lo. NÓDOA olvidou-o.]

Para quem não me conhece, meu nome é Bernardo Santoro, sou sócio-proprietário do clube (mat. 400333), mestre em direito (UERJ) e pós-graduado e mestrando em economia (UFM-OMMA), prof. de Economia e Direito da UFRJ, Diretor-Executivo do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e Assessor de Políticas Públicas do PSC, tendo escrito o plano de governo do candidato do PSC à Presidência da República, Pastor Everaldo Pereira, além de escrever regularmente artigos sobre economia, política e direito para mais de 50 jornais do país. Sou colunista do site Canal Botafogo e um dos primeiros Loucos pelo Botafogo.

Quis apresentar meu currículo de antemão para dar legitimidade ao que vou escrever agora.

Em 2011, eu previ basicamente tudo o que está acontecendo agora. No artigo abaixo, de 22/12/2011, eu deixei claro que sem responsabilidade administrativa e no passo da época, o Presidente Assumpção entregaria o clube com mais de meio bilhão de reais em dívidas e que naquela época já estávamos “vendendo o jantar para comprarmos o almoço”. O artigo na íntegra está com link abaixo:


Ainda em 2011, eu resumi o que era necessário fazer para impedir a falência do clube: (i) responsabilidade administrativa; (ii) democracia com sócio-torcedor com direito a voto; (iii) futebol integrado; (iv) engenhão popular; (v) institucionalização da relação entre torcidas organizadas e clube; (vi) cisão total entre clube social e futebol; e (vii) participação em todos os esportes olímpicos com atletas formados na base, ainda que com times fracos, para fortalecer a marca de clube multi-desportivo com atuação social. O artigo na íntegra está com link abaixo:


Esses pontos agora parecem ser unânimes para todos os candidatos, seja Durcésio, Carlos Eduardo (meu amigo pessoal), Vinícius (outro amigo, embora mais afastado), Marcelo ou Mantuano.

Só que eu tenho uma notícia realística para todos vocês: o tempo passou. Há três ou seis anos atrás era possível salvar o clube com esse receituário. Hoje não é mais. Com uma dívida acima de 700 milhões de reais, sendo mais de 200 milhões em dívidas tributárias, ela é impagável.

Se hoje fizéssemos um empréstimo a juros de 5% ao ano para pagarmos todas as dívidas do clube, reduzindo assim nosso pagamento de juros de maneira radical, para pagamento em 25 anos, precisaríamos, apenas para pagá-las, de algo em torno de 8 milhões de reais por mês.

Sendo nossa receita ordinária (descontadas as vendas ocasionais de um ou outro jogador, que nem faz tanta diferença assim) algo em torno de 8 milhões de reais por mês, precisaríamos canalizar todas as nossas receitas para pagamento de dívidas, nos restando absolutamente nada para pagamento das despesas correntes atuais do clube.

Para que fosse possível pagar a atual dívida do clube e nos manter com um time minimamente decente, precisaríamos que as novas receitas do clube (melhor uso do estádio, naming rights e programa de sócio-torcedor) gerassem pelo menos 80 milhões de reais anuais, o que eu acho impossível de acontecer, e mesmo assim sem ter expectativa de ser campeão nacional ou internacional do que quer que seja.

E eu estou falando aqui do melhor dos mundos, ou seja, achar algum louco que quisesse nos emprestar 700 milhões de reais a juros de 5% ao ano, o que é impossível. Na prática, essa conta seria muito maior.

O que eu prevejo que irá acontecer daqui pro futuro: o próximo Presidente será um novo Borer, pois em algum momento perderemos novamente a sede do clube para dívidas, mesmo que o Proforte seja aprovado e o Botafogo participe dele, mesmo destacando que nossa relação dívida financiada/receita anual não fecha o cálculo atuarial, ou seja, hoje o Botafogo estaria fora do Proforte. Lembro que as dívidas trabalhistas e cíveis não são abarcadas pelo acordo e suas execuções continuam. Ainda que voltássemos ao ato trabalhista, agora não teríamos como arcar com 15% das nossas receitas brutas mensais.

A insolvência civil do clube hoje é, na minha opinião, inevitável, e o Botafogo já morreu, por culpa de qualquer um, menos minha, pois sempre estive do lado certo, em todos os momentos. Isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde, e resta saber quem vai controlar esse processo, se os associados ou os credores.

Se forem os credores, é possível que esse processo dure anos e o clube deixe de disputar campeonatos durante esse período, vindo a deixar de existir em médio prazo como clube grande. Se forem os associados, podemos vir a garantir que a atividade futebolística do clube não cesse durante esse período.

Lembro que tal situação se deu com clubes tão grandes quanto o Botafogo, como Napoli, Fiorentina e Glasgow Rangers.

Esse cenário apocalíptico só não acontecerá nas seguintes situações: (i) se realmente houver uma ANISTIA das dívidas tributárias dos clubes, como era o projeto original substituído pelo projeto do Otávio Leite; (ii) se algum(ns) abnegado(s) investir(em) a fundo perdido algo em torno de 150 a 200 milhões de reais apenas para pagamento de dívidas. E mesmo assim ainda precisaríamos de muito esforço administrativo/fiscal por pelo menos 15 anos, com times fracos e sem títulos.

Como não acredito em “Sócio-Noel”, precisaremos tomar uma posição forte em relação ao futuro do clube. O tempo de salvar o clube através de responsabilidade administrativa e ST com voto acabou. Insistir com isso é adiar o futuro com uma morte lenta, dolorosa e que pode resultar em mais vergonhas esportivas.

Escrito isso, e reiterando que nada do que está acontecendo hoje é culpa minha, pois sempre fui oposição a tudo isso e crítico inconteste, daqui a três anos eu já posso voltar a dizer: eu avisei.

Fonte: Facebook de Bernardo Santoro

2 comentários:

marlon disse...

Rui,
há alguns anos, estive na sede do Botafogo com minha família. Na ocasião, meu pai botafoguense, sócio desde os anos 80, que nunca tinha ido ao Rio por falta de interesse, estava no Rio. Era sábado. Entramos em uma visita guiada e pudemos adentrar a todos os cantos de General Severiano (inclusive no alojamento dos jogadores). O que importa: ao cabo do passeio nos vimos conversando com um daqueles senhores sócios-beneméritos, que nos falava da recuperação da sede e de sua reconstrução. Então, ele nos disse: em alguns anos, em 2015, o espaço cedido para o shopping que fica em nosso terreno, volta para nossas mãos. Teremos uma fonte segura de renda doravante. Por que nunca ouvimos falar desse ativo quando se fala em dívidas? A quantas anda essa história? Outro dia, alguém me disse que o aluguel de um carrinho de sorvete no corredor de um shopping não sai por menos do que 20 mil reais/mês. Qual seria a renda gerada pelos aluguéis das lojas que ocupam esse espaço? Qualquer planejamento de longo prazo não deveria incluir essas futuras receitas? Ou será que estamos entrando num momento de grave crise exatamente quando esse espaço retornará para nossas mãos para que se justifique sua concessão a preço de banana?
Te escrevo isso apenas para registrar essa conversa e o que pensamos a partir dela.
um abraço, Marlon

Ruy Moura disse...

Meu amigo Marlon, em termos de mundo Ocidental já vi muita coisa estranha, mas garanto que nunca vi nada como os esquemas diabólicos que ocorrem no futebol brasileiro dos quais um exemplo flagrante é o Engenhão: foi-nos roubado com o beneplácito do presidente e hoje já s ediz à boca cheia que foi tudo montado para favorecer um acerta empresa... Mesmo que isso pudesse implicar no caminho mais rápido para o fundo. E sem nenhum decoro, ninguém se importou com isso e o Engenhão continua fechado, provavelmente à espera de se poder retirar a concessão por inadimplência do BFR.

Porque não com o shopping também, já que ninguém respeita o Botafogo que o NÓDOA atirou para a sarjeta?

Abraços Gloriosos.

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