01. O
Boavista não foi a melhor equipe para a estreia do Botafogo no campeonato
carioca. É uma equipa bastante organizada e dificultou muito a nossa vitória.
Porém, o teste foi ultrapassado com algum brilho, apesar de a escassez do
placar não corresponder ao que se passou na 2ª parte.
02. O
Botafogo teve um primeiro tempo sofrível, mas na segunda parte dominou
completamente a partida e Jefferson não fez uma única defesa nos últimos 45
minutos. A toada foi sempre relativamente forte, pautada pela serenidade,
procura de controle de bola e, sobretudo, noção de equipa. Quem não tem craques
necessita de se concentrar nos esforços de grupo. O Botafogo fez isso.
03. Por sua
vez, o organizado Boavista foi ineficiente no contra-ataque e ineficaz na
concretização. A defesa sobressaiu mais e evitou que os ataques sucessivos do
Botafogo resultassem em alteração no placar.
04. No 2º
tempo René Simões subiu as linhas e o Boavista sufocou. Surgiram inúmeras
oportunidades de gol e bolas batendo na trave. Todavia, repetiu-se o que
acontecera na pré-época: muito chute a gol e pouca concretização. O treino de
chute a gol é urgente que se intensifique durante a semana.
05. Não
obstante a desafinação, o ataque botafoguense mostrou possuir jogadores com alguma
tecnicidade que pode ainda ser melhorada. No campo e na defesa as marcações
foram permanentes e nunca ninguém desistiu de qualquer bola. Atitude muito
diferente dos atletas descomprometidos de 2014.
06. O modo como
a equipe evoluiu em campo deixa-me a sensação que R. Simões construiu a equipe
de trás para a frente, como deve ser feito, e não da frente para trás, que foi uma
crítica que sempre fiz ao Cuca quando treinava o Botafogo. Construía da frente
para trás, e por mais que o ataque marcasse gols, a defesa tomava outros
tantos. Nessa época tínhamos imensos empates por 2x2 e por 3x3, e até mesmo 4x4.
07. Por
volta da metade da segunda parte René Simões percebeu que, apesar do domínio do
jogo, a velocidade imprimida pelo ataque não era suficiente e fez entrar Jobson
e Sassá, transformando o ataque botafoguense num tridente com deslocações
rápidas pelos extremos. Essa foi a alteração decisiva que fez o Boavista se
atrapalhar e acabou redundando no gol da vitória numa cabeçada muito oportuna
em antecipação ao goleiro. O ataque não marca? Vai lá um defesa e decide.
08.
Surpreendeu-me o bom estado físico dos atletas, coisa que normalmente não
acontece no Botafogo. E, todavia, a preparação física é fundamental. Aliás, no
futebol moderno de menos arte e mais força, a resistência é decisiva e o aproveitamento
da cobrança de bolas paradas essencial para se obterem muitas vitórias que de
outro modo não ocorrem face a defesas muito fechadas.
09. O locutor
que acompanhou o jogo fez um reconhecimento magnífico que contraria a nojice
que vai pela mídia e pelas outras torcidas acerca dos nossos adeptos: que nunca
abandonaram o Botafogo mesmo quando estava prestes a descida de divisão, e que
hoje a torcida foi decisiva, mostrando que em 2015 vai haver muito ‘jogo
conjunto’.
10. Eu
destacaria como melhores atletas Marcelo Mattos, Gilberto e Willian Arão. Por
sua vez a defesa cumpriu. E Jefferson sempre no seu posto com autoridade – até deu
para driblar um atacante do Boavista…
11. Registrei
que o árbitro deu mais 3 minutos de compensação, pelo que a partida iria até
aos 48 minutos. A equipe geriu bem o final até ao minuto 48, mas aí começou a
ficar nervosa e deu chances ao ataque do Boavista avançar mais em campo. Muito
gostava de saber porque é que o árbitro encerrou o jogo aos 50 minutos. Talvez
esperasse um golito do Boavista.
12.
Finalmente, quero dizer que a estreia com vitória perante uma equipe bem
organizada vai dar mais confiança e segurança à equipe.
PS: (a) E o
flamengo começou bem, cujos torcedores invadiram o vestiário do Macaé e agrediram
quem apareceu pela frente. Pelos vistos em retaliação à reunião em que o
flamengo rompeu com a Federação. Pelo caminho, após as agressões, roubaram chuteiras e frutas do Macaé. Quem nasce canalha, canalha fica. (b) Quando
fui à procura da ficha técnica, logo após terminar a análise acima, deparei na
Lancenet com o título “Com fé e coragem, o Botafogo vence Boavista na estreia.”
Muito bem aplicado. Fé e a coragem vão ser nossos parceiros fundamentais num
ano tão difícil como o que temos pela frente.
FICHA
TÉCNICA
Botafogo 1x0 Boavista
» Gol: Roger
Carvalho, aos 82’
»
Competição: Campeonato Carioca
» Data:
31.01.2015
» Local:
Estádio São Januário, no Rio de Janeiro
» Público: em
torno de 5.000 presentes e 3.500 pagantes
» Árbitro: Philip George Bennett (RJ); Auxiliares: Dibert
Pedrosa Moisés (RJ) e Carlos Henrique Alves (RJ)
»
Disciplina: cartão amarelo: Carleto (Botafogo); Faíska e Thiaguinho (Boavista)
» Botafogo: Jefferson; Gilberto, Roger Carvalho, Renan Fonseca e Carleto; Marcelo
Mattos, Willian Arão, Diego Jardel (Sassá) e Gegê (Fernandes); Rodrigo Pimpão (Jobson)
e Bill . Técnico: René Simões.
» Boavista: Dida; Yago, Bruno Costa, Edmário e Jeff Silva (Cláudio Pagodinho); Faíska,
Fábio Azevedo, Erick Flores e Francismar (Jeferson); Edu (Thiaguinho) e Anselmo.
Técnico: Antônio Carlos Roy.
Imagem: Meier / LancePress.