quinta-feira, 16 de abril de 2015

O Botafogo, o Porto e o Barcelona…

Na vida nem sempre a arrogância é penalizada. Basta ver tantos políticos arrogantes que nunca se regeneraram e morreram arrogantes com prestígio. Mas isso costuma acontecer muito mais frequentemente com os ‘arrogantes inteligentes’ do que com os ‘arrogantes burros’. No desporto as arrogâncias inteligentes e burras tendem a ser mais penalizadas do que no conjunto da vida, porque o sucesso no desporto depende em grande parte das performances de cada um e da sua ‘humildade’ relativamente ao adversário – e não raras vezes são os atletas que sabem ganhar com galhardia e perder com fidalguia que obtêm sucesso.


Infelizmente, muitas e muitas vezes na vida são os monopólios, os oligopólios e outros ‘mimos’ semelhantes que, na balança da força que estrutura a vida humana sustentada numa ótica de dominador / dominado – para mim absurda –, conseguem vencer os melhores e os mais trabalhadores, impondo-se ao mundo os piores e aqueles que vivem exclusivamente do trabalho dos outros.

É talvez esta a razão fundamental pela qual, desde os meus 12 anos, me posicionei contra os abusos do poder, contra o exercício dos usurpadores, contra as maiorias que querem à força impor o seu domínio sobre os outros. Penso, neste caso específico, no desporto e, em especial, no futebol, cuja dominação excessiva no quadro do sistema-mundo não me agrada.

E é neste quadro que me proponho hoje um comentário baseado em três jogos ocorridos ontem: Botafogo (RJ) x Botafogo (PB), Paris Saint-Germain (França) x Barcelona (Espanha) e Porto (Portugal) x Bayern München (Alemanha).

Até agora o time de futebol do nosso Clube (embirro solenemente com os idiotas do Facebook que perguntam insistentemente “qual é o seu time?” em vez de perguntarem o que se pergunta em todo o mundo: “Qual é o teu clube?”) tem sido um time humilde e trabalhador. Humildes temos sido em geral porque desde há muitos anos temos sido comedidos e valorizamos o lema “ética, respeito e atitude” da torcida – passada a euforia da fabulosa década de 1960 em que o nosso domínio futebolístico também nos levou à arrogância.

Porém, tem faltado trabalho. Que me recorde, desde o tempo do treinador Carlos Roberto nunca acertamos num treinador ‘realmente’ profissional: Cuca fazia ‘panelinhas’ nos vestiários apoiado pelo seu irmão Cuquinha que, segundo a imprensa, escutava atrás das portas (só a distinção ‘cuca’ e ‘cuquinha’ já é por si mesma ridícula); Joel Santana com a mania de ser ‘paizão’ nunca percebeu que o atual futebol competitivo não é para ‘paizão’ mas para profissionais; Ney Franco pensava que as baladas da sua cançoneta embalavam os atletas; e depois os completamente erráticos de profissão: Mário Sérgio, Péricles Chamusca, PC Gusmão, Estevam Soares, Eduardo Húngaro, Vagner Mancini; e ainda um Geninho cansado e um Osvaldo Oliveira arrogante que nunca conquistou coisa nenhuma que tenha sido obra de trabalho seu.


Não sei se o homem se revelará tecnicamente consistente ao longo do tempo, mas René Simões impôs finalmente ao Botafogo as virtudes do trabalho e da justeza. O que não é fácil num país em que os futebolistas e a maioria dos adeptos não se interessam por táticas e acreditam que tudo se resolve no drible e no talento. No futebol de equilíbrios que atualmente se pratica, talento sem tática ou tática sem talento estão condenados ao fracasso. A conjugação de ambos – aliada ao esforço e à dedicação – é fundamental, tendo sido assim que conseguimos ver equipes vencedoras na Liga dos Campeões sem serem as melhores do mundo: por exemplo, Chelsea (2011-2012) e Internazionale (2009-2010), que venceram o arrogância do Bayern München, e o Porto (2003-2004), num século já completamente dominado pelos clubes financeiramente mais apetrechados. E vimos variados times ‘galáticos’ do Real Madrid não ganharem nada ou o já superpoderoso Bayern München (2013-2014) ser goleado e eliminado em casa pelo Real Madrid por… 4x0!!!

Os nossos adversários e inimigos continuam a querer menorizar o Botafogo, um Clube que saiu de seis anos de tragédia absoluta – como sempre anunciei e poucos quiseram crer – para uma surpreendente conquista da Taça Guanabara. Não é uma equipe com grandes artistas nem consolidada com os recursos que tem. Na verdade, é muito oscilante, necessita de reforços e, em minha opinião, vive do trabalho semanal que René Simões impõe com uma orientação absolutamente profissionalizada e sem dar margem a estúpidos benefícios a este, àquele ou aqueloutro jogador. São todos iguais, todos têm que trabalhar pela titularidade, todos têm que suar em campo, ou então não são escalados.

A comunicação social continua a desmerecer-nos. O que não é novidade. Mas que tais desmerecimentos partam da parte mais imbecilizada dos torcedores de futebol, especialmente quando pretendem elevar os seus times medíocres ao pódio, é de rir e de chorar, é uma tragicomédia desportiva. A título de exemplo (será que 'timinho' era referência ao outro Botafogo da várzea paraibana?...):


Para infelicidade deste e de outros idiotas, o nosso time geriu esforços – e não concordo com René Simões na sua visão sobre o jogo de ontem – parecendo-me estar a pensar na semifinal contra o Fluminense. Porque quer se queira ou não se queira, não há só o ‘jogo seguinte’ como muitos querem fazer crer. Tal como a nossa vida não se projeta apenas no dia seguinte, também no futebol é impossível vencer coisas ‘grandes’ sem um plano anual e até plurianual pormenorizado – ou sem as arbitragens no caso paradigmático da roubalheira dos cathartiformes hansenianos.

Alega-se que ontem o nosso Clube dominou 20 minutos de jogo e no restante tempo tudo podia acontecer. É verdade. Mas também é verdade que houve um doseamento à medida. Sofremos alguma coisa – e eu incluo-me –, mas pareceu-me um sofrimento calculado. Diz-se que o nosso time não dominou o jogo – mas tampouco o fizeram os homens da Paraíba. Efetivamente, entregar a posse de bola ao adversário e explorar os erros da defesa contrária é uma estratégia que dá muitos resultados – e quem prepara melhor o equilíbrio entre o talento, a tática e a humildade, geralmente ganha. Foi assim que o Bayern dominou completamente as finais da Liga dos Campeões em 2009-2010 e 2011-2012 em termos de posse de bola e foi ainda assim que perdeu ambas as finais. O ´papão’ sucumbiu com um claríssimo 2x0 na final contra a Internazionale e não foi capaz de vencer o limitado Chelsea da época sequer nas grandes penalidades!

O próprio Barcelona – e agora também o Bayern –, com o seu irritante e anti-futebolístico tiki-taka, tem ficado pelo caminho em diversas ocasiões.


Voltando ao nosso Clube, eu diria que o simpático ‘Belo’ é um time muito fraco, que vive da sua vontade e pouco mais. De cada vez que diminuiu o marcador o Botafogo foi lá e repôs a diferença. E tudo pareceu com muita facilidade, embora por alguns períodos nos tenhamos colocado à defesa. Mas foi isso que permitiu depois chegar a 3x1 e 4x2, sem arrogância e até com humildade. Ninguém se vangloriou além do contentamento natural de se ganhar um jogo e obter uma classificação. Ao contrário, diga-se, de perfeitos idiotas como Joseph Blatter, Michel Platini ou Thomas Müller.

Blatter, cuja independência como presidente da FIFA se exige que seja claríssima, desdenhou de Cristiano Ronaldo num programa televisivo, em favor da sua ‘preferência’ por Lionel Messi, e ridicularizou-se. Teve que pedir desculpas públicas a CR7 – que trabalha imenso para dar o seu melhor – e ver o atleta conquistar duas Bolas de Ouro sucessivas. Nas duas últimas Bolas de Ouro de CR7, o presidente da UEFA, Platini, considerou que a 1ª devia ser entregue a Ribéry, enquanto no ano passado defendeu que devia ser entregue a Müller. ‘Vendido’ ao poder financeiro e político dos alemães, Platini escolheu atletas jogando em solo alemão. Disse mais: que se Ribéry não ganhasse não teria mais possibilidades disso, o que significa que seria atleta conjuntural e não estrutural como CR7 e Messi – indubitavelmente os dois melhores do mundo a léguas de distância de Ibrahimovic, Müller, Ribéry, Neuer e companhia. Mas disse mais: que seria ‘enfadonho’ anualmente entregar a Bola de Ouro a Messi e depois a CR7 e depois a Messi e depois a CR7… Como se, embora ambos sejam os melhores do mundo, tivessem que intercalar com as estrelas dos clubes alemães que não têm nem talento nem trabalho suficiente para serem os melhores do mundo ano após ano.

Se no ano anterior (2013) Blatter pediu desculpa a CR7, em 2014 foi a vez de Platini pedir desculpas a CR7, afirmando, depois da conquista da 3ª Bola de Ouro, que tudo não passou de uma ‘diversão’ e que CR7 era… o melhor do mundo!

E estamos entregues a estes ‘senhores’!

Mas o ‘senhor’ Platini não se ficou por aí e agora, em 2015, saiu-se com outra ‘pérola’: recentemente disse que “os parisienses estão prontos para ganhar [a Liga dos Campeões]. Têm uma equipe capaz de o fazer. O clube está ‘programado’ para ganhar a Liga dos Campeões!

E pumba! O ataque sul-americano dos ‘barcelonetas’ foi a Paris e pulverizou o clube da capital do país: dois de Suarez, um de Neymar e quase outro de Messi. Dificilmente reverterão o resultado em Barcelona, precisando de ganhar por três gols de diferença em Nou Camp. Pessoalmente nunca gostei do Barcelona sempre protegido pelos árbitros, especialmente quando os portugueses começaram a torcer pelo clube desde que atletas lusos para lá foram. Mas desta vez ‘je suis Barcelona’. A quem Platini dirigirá as desculpas agora?


Também não costumo torcer pelo Porto, mesmo no estrangeiro. Nem a favor nem contra. Mas desta vez ‘je suis Porto’. Os alemães merecem a minha torcida pelo Porto.

A arrogância que constitui a espinha dorsal do povo alemão – não tão arrogante quando alinha ao lado de governos que conduzem a Europa a duas guerras mundiais por desejos de ampliação territorial em desrespeito por outros povos – merece que torça contra eles. São tão arrogantes e insensíveis que querem que a Grécia pague uma dívida, sem renegociações, que está enchendo os bolsos alemães mediante uma austeridade que, a manter-se na mesma linha defendida pelos alemães, prospetivamente só terminará em… 2100! Isto é, à custa do sacrifício de quatro gerações, enquanto a Alemanha apresenta superavits oriundos precisamente dos juros da dívida grega, portuguesa, irlandesa e espanhola.

Mas voltemos ao futebol.

A arrogância alemã está patente na ‘famosa’ frase que Müller proferiu logo após vencer a Argentina e conquistar a Copa do Mundo 2014:

– “A Bola de Ouro? Não me interessa nada essa estúpida merda. Somos campeões do mundo! Pode pegar na Bola de Ouro e metê-la no cu.” – respondeu a uma pergunta da jornalista acerca da ‘Bola de Ouro’ entregue a Lionel Messi como melhor jogador da competição (que Robben mereceu muito mais ganhá-la, mas isso é outra história).

E depois de desdenhar (e quem desdenha sem razão quer comprar) afirmou que a Bola de Ouro anual da FIFA devia ser de Neuer por ser campeão do mundo e inovador na perspetiva de um goleiro jogar futebol, e que seria ‘muito chato’ entregar a Bola de Ouro da FIFA a CR7 e a Messi alternadamente…

Esqueceu-se que, em 2014, na Alemanha, o Real Madrid goleou o Bayern por 4x0 com dois gols de Ronaldo em cima de Neuer. E ainda não sabia que iria defrontar o Porto em 2015 e Neuer não iria fazer a diferença, mas sim os ‘desconhecidos’ Jackson Martinez (Colombiano) e Ricardo Quaresma (revelado pelo Sporting).


Müller e o Bayern, depois de levarem com CR7 em cima em vez de terem como Bolas de Ouro Ribéry e Neuer, levaram com o ‘gênio’ de Quaresma e a capacidade ‘matadora’ de Jackson Martinez.

“O Porto saiu-nos no sorteio? Que bom!” – terão pensado os alemães. Já não pensam o mesmo depois de perderem ‘surpreendentemente’ por 3x1 em casa do adversário, desbaratados por um ‘gênio’ e por um ‘matador’ que – pasme-se! – fizeram três gols em cima de… três erros clamorosos da defesa alemã!

Quando o campeonato português se iniciou o Porto apresentou como treinador Julien Lopetegui, cujas conquistas como treinador da Seleção Espanhola foram o campeonato europeu de sub 19 (2012) e o campeonato europeu de sub 21 (2013).

Em 2014 entra para o Porto e faz uma série de rotatividades na equipe já em pleno campeonato português. Criticado por isso, Lopetegui não era visto com bons olhos. No decorrer de uma conversa perguntei a um amigo benfiquista se ele sabia porque razão o treinador portista aceitara treinar o clube. Disse que não. Eu dei-lhe a minha versão: quem sai de duas vezes campeão da Europa pelo seu País para, sem experiência, treinar um clube estrangeiro praticamente pela primeira vez (teve apenas duas experiências anteriores em 2003 e 2008), fá-lo porquê? – Não houve resposta e eu expliquei a minha especulação:

– “Porque o Lopetegui sabe que o Porto tem aspirações nacionais e europeias e que não pode utilizar o mesmo time sempre e está-se preparando para afinar a equipe direitinha à conquista da Liga dos Campeões.”

Como a ambição parecia desmedida, ele ficou surpreendido, e ainda hoje a maioria não percebeu: o presidente do Porto contratou Lopetegui e reforçou a equipe com jogadores de muitos milhões porque com 77 anos está em fim de carreira, agravado por problemas cardíacos, e quer sair no auge como campeão europeu de clubes. Tenho quase a certeza que foi isso que combinou com Lopetegui. Se o Porto o conseguirá, é outra história, mas os títulos e os textos que estavam preparados para sair nos jornais desportivos europeus de hoje foram subitamente mudados.


A título de exemplo, David Crossan, analista da UEFA, declarou:

– “Pressionar o Bayern München em zonas avançadas, não o deixar circular a bola na retaguarda, quebrar-lhe o ritmo e explorar as suas fragilidades na defesa. Foi essa a receita de Julen Lopetegui para o sucesso na noite mais importante da sua carreira como treinador de clubes, no triunfo do FC Porto por 3-1.”

Isto é, enquanto a equipe alemã, assente na arrogância de muitos dos seus jogadores e num tiki-taka na minha opinião gasto, pensava que teria as contas já feitas, bastando uma vitória ou mesmo um empate para em Munique resolver facilmente a coisa, eis que vai ter que suar muito mais do que pensava para eliminar a equipe portuguesa, mesmo tendo em consideração que os cartões amarelos aos laterais do Porto os excluem do jogo de volta em Munique.

Não percebeu a ambição de Pinto da Costa e de Lopetegui e que a campanha invicta na Liga dos Campeões é clara com 8 vitórias e 3 empates (saldo de gols: 27-6):

Porto 1x0 Lille
Porto 2x0 Lille
Porto 6x0 BATE
Porto 2x2 Shakhtar Donetsk
Porto 2x1 Athletic Club
Porto 2x0 Athletic Club
Porto 3x0 BATE
Porto 1x1 Shakhtar Donetsk
Porto 4x0 Basileia
Porto 1x1 Basileia
Porto 3x1 Bayern München

E veja-se que no jogo de ontem quem teve a posse de bola foi o Bayern. À boa maneira de Guardiola. E, em minha opinião, Guardiola não se encontra entre os cinco melhores treinadores do mundo, caso contrário não teria levado um ‘banho’ de tática de Lopetegui. Ele treinou dois clubes já padronizados e rodados: Barcelona (treinado antes por Rijkaard) e Bayern (treinado antes por Van Gaal e Heynckes). Treinadores que passaram por outros campeonatos, tal como o dificílimo campeonato inglês, montaram equipes e foram campeões da Europa como resultado do seu próprio trabalho. Se Guardiola se esgotou no Barcelona – tal como referiu o próprio –, a verdade é que levou o mesmo tiki-taka para o futebol alemão e para uma equipa que vinha de ser ‘campeã de tudo’ – e que ainda não reeditou a façanha com Guardiola.


Posto isto, diria que Guardiola estava razoavelmente descansado, quer porque o Porto não tem o poderio financeiro do Bayern, quer porque Lopetegui nunca teve resultados além das equipes de base da Seleção Espanhola, e não estudou devidamente o adversário. Mas, em contrapartida, foi meticulosamente estudado por Lopetegui, que conhece bem o trabalho de Guardiola em Barcelona.

E que fez? Preparou Jackon Martinez – que não jogava há várias semanas – para este jogo. Quem escalaria, para enfrentar o ‘poderoso’ Bayern, um atleta que vinha de uma paragem longa? – Lopetegui. Inesperadamente. Que o preparou à parte para ontem ser o homem que, juntamente com Quaresma (muitas vezes no banco), estraçalhou o Bayern – e ambos foram inesperados porque não eram titulares indiscutíveis do time há semanas. E então Lopetegui apontou aos seus jogadores – especulo eu – as falhas da defesa alemã e o previsível tiki-taka do seu amigo pessoal Guardiola.

E que aconteceu? Absolutamente o mais inesperado: manietado à frente na sua circulação de bola por uma defesa sólida e com alta pressão atrás feita essencialmente por Quaresma e Martínez, eis que o Porto fez três gols em cima de três erros clamorosos do Bayern!

Jamais Guardiola pensou que o Porto teria a ousadia de pressionar o Bayern à entrada da sua própria área, coisa que nem os adversários alemães arriscam, com medo dos contra-ataques dos homens de Munique. Pois foi aí que Lopetegui pressionou e conseguiu ganhar três falhas elementares que deram em três gols. Isto é, o time de Guardiola pode ser vencido apesar dos seus craques.

E se a imprensa europeia gaba o Porto, o jumento do Müller continua com as suas ‘pérolas suínas’:

– “O Porto fez um bom trabalho estacionando o ônibus. Depois do 2x0 deixou de jogar futebol. […] Para nós foi uma desilusão. […] Foi um jogo aceso, e isso não foi bom para nós. E pior de tudo foi sofrer o último gol.”

Quer dizer, segundo o alemão, o Porto faz o seu terceiro gol porque… se pôs à defesa! E no entanto conseguiu ‘desiludir’ a insolência alemã, que, parece, só sabe jogar sem ‘jogos acesos’…

E depois diz que “controlamos o jogo, fizemos boas jogadas e chegamos ao 2x1. Não desperdiçamos oportunidades, tirando um cabeceamento depois de um livre mesmo antes do intervalo.”

Quer dizer, se não perderam oportunidades, exceto uma, o que é absolutamente normal em um jogo de futebol não se marcar em todas as oportunidades, eis que Müller implicitamente reconhece a justiça do 3x1.


O Porto jogou com inteligência tática e baseou os seus ataques e pressões nos indiscutíveis talentos de Quaresma e Martínez, e manteve a humildade e a crença de que seria capaz de vencer o Bayern. E, em minha opinião, vai para Munique com o foco na classificação.

Que noite para mim! Botafogo classificado, PSG praticamente sem chances de fazer vencer a ‘programação’ de Platini e o Bayern descamisado nos títulos dos jornais europeus.

As maiorias qualificadas que dominam as minorias são geralmente presas medíocres do seu próprio domínio quantitativista. E é por isso que o nosso Botafogo tem que começar a ser mais inteligente e perceber como se ganham jogos hoje. A vitória tática de Lopetegui sobre Guardiola e a organização do talento focada em objetivos bem determinados, levam à vitória.

Sei das nossas limitações, mas também sei que a tática, o estudo minucioso do adversário, o aproveitamento maximizado das nossas capacidades para o jogo coletivo, a disciplina, a humildade, a concentração, a aplicação e a vontade, são mais do que suficientes para darmos lições em muita gente das maiorias meramente quantitativas que desdenham dos outros e acabam muitas vezes por serem surpreendidos.

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