quarta-feira, 29 de abril de 2015

Didi e o poder da gastronomia

por Thales Machado
ESPN.com.br

Didi, que fora campeão carioca pelo Botafogo em 1962 e ainda em contrato com o clube, de repente, decidiu parar de jogar. Dias depois, a explicação: recebera uma bela proposta para virar treinador do Sporting Cristal, do Peru. Assim como o holandês, sem pestanejar, Didi foi, abandonando carreira e o clube do qual era ídolo.

A história fica ainda melhor. Quarentinha, maior artilheiro da história do Botafogo, recebeu um telegrama do amigo Didi, perto da viagem do clube ao Peru para a Libertadores. Didi dizia querer voltar a jogar futebol, que estava com saudades e pediu ao amigo que encomendasse um par de chuteiras para ele com seu sapateiro favorito, seu Aristides, no Rio. Era uma dica do que estava por vir: o "Folha Seca" queria voltar a jogar futebol, no Rio, e pelo Botafogo. Começava então uma negociação com interesses duplos.

Didi recebeu, junto com Jaime de Almeida, a delegação do Botafogo no aeroporto de Lima. Daí tudo se esclareceu: como Seedorf, ele só pôde romper o contrato porque não seria mais jogador de futebol. Agora arrependido, o craque queria jogar e, ao mesmo tempo, ser técnico de futebol pelo Sporting Cristal. Só que o passe de Didi como jogador ainda estava atrelado ao time carioca. Foi então que o técnico que queria ser jogador propôs atuar um turno do Carioca, por quatro meses, para depois ter seu passe livre para jogar e treinar o Sporting Cristal. O Botafogo recusou. Queria o craque de volta por mais tempo.

Assim, o diretor de futebol do alvinegro, Renato Estelita, viajou até o Peru para convencer Didi a ficar o ano todo. Levou uma lata de goiabada cascão, 2 kg de carne e 3 kg de café para fazer o jogador e sua esposa, dona Guiomar, sentirem saudades do Brasil. Deu certo. O Jornal do Brasil anunciava: Didi voltará com o Botafogo e jogará o Carioca, a Taça Brasil, a Libertadores, o Rio-São Paulo e excursionaria com o elenco.

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