por GERALDO MAINENTI
“A partir desta noite, o Brasil ficou mais
chato”, desabafou a repórter da Rede Globo Sandra Moreyra, uma das filhas do
jornalista Sandro Moreyra, que morreu na madrugada de sábado, dia 29, no
Hospital São Lucas, Rio de Janeiro, em consequência de uma hemorragia
digestiva.
Aos 69 anos de idade, o carioca
Sandro divertia, como poucos, pessoas de todas as gerações: das pequenas netas
Francisca, Cecília e Carolina, filhas de Sandra e Eugênia Moreyra, aos grandes
amigos e leitores. Muitos deles foram conquistados nos últimos cinco anos de
sua carreira, quando passou a assinar, em PLACAR e Jornal do Brasil, uma coluna
contando as mais engraçadas e pitorescas histórias do futebol brasileiro. O
sucesso levou-o a publicar seu único livro – Histórias do Sandro Moreyra.
Seu sepultamento foi acompanhado
por velhosn amigos e admiradores, como o ex-dirigente comunista Luís Carlos
Prestes. O amor pelo futebol e pelo samba – era botafoguense e mangueirense
apaixonado –, Sandro aprendeu com a vida. Mas a descontração e a fina ironia
são uma herança do pai, o escritor e jornalista Álvaro Moreyra, e da mãe,
Eugênia Moreyra, uma das primeiras feministas brasileiras.
No jornalismo, ele começou em
1946, na Tribuna Popular, jornal do Partido Comunista Brasileiro, transferindo-se
depois para o diário da Noite. Chegou ao Jornal do Brasil em 1958 e voltava de
férias quando morreu.”
Em 13 de Janeiro
de 2010, Anita Leocádia Prestes, filha de Luís Carlos Prestes, enviou ao jornal
O Globo uma missiva simples, direta, clara e contundente:
por ANITA LEOCÁDIA PRESTES
"Tendo
em vista matéria publicada em O Globo de hoje (página 4), intitulada Comissão
aprovará novas indenizações, e na qualidade de filha de Luiz Carlos Prestes e
Olga Benário Prestes, devo esclarecer o seguinte:
Luiz
Carlos Prestes sempre se opôs à sua reintegração no Exército brasileiro, tendo
duas vezes se demitido e uma vez sido expulso do mesmo. Também nunca aceitou
receber qualquer indenização governamental; assim, recusou pensão que lhe fora
concedida pelo então prefeito do Rio de Janeiro, Sr. Saturnino Braga.
A
reintegração do meu pai ao Exército no posto de coronel e a concessão de pensão
à família constitui, portanto, um desrespeito à sua vontade e à sua memória.
Por essa razão, recusei a parte de sua pensão que me caberia.
Da
mesma forma, não considerei justo receber a indenização de cem mil reais que me
foi concedida pela Comissão de Anistia, quantia que doei publicamente ao
Instituto Nacional do Câncer.
Considerando
o direito, que a legislação brasileira me confere, de defesa da memória do meu
pai, espero que esta carta seja publicada com o mesmo destaque da matéria
referida.
Atenciosamente,
Anita Leocádia Prestes.
por ADILSON TAIPAN
Poeta do Povo e do Botafogo
Excerto de ‘A Estrela do Amanhã’
Tive a felicidade e a honra
De conhecer pessoalmente Luiz Carlos Prestes
O Cavaleiro da Esperança em carne e osso.
Imaginava-o enorme
Montado como mocinho num imenso cavalo branco
Ficou ainda maior
Quando o vi sentado no sofá
Num apartamento no 11º andar na Gávea
Doado pelo Carlinhos
Ou melhor, Óscar Niemeyer.
[…]
Recusou a patente de General como aposentadoria
Não queria ser um comandante sem quartel e sem soldados
Engravatado assalariado acomodado…
[…]
Prestes e o Botafogo
Têm muitos pontos em comum
Usam a mesma Estrela
Para libertar a alma e a pátria.
[…]
Fomos tetracampeões em 32-33-34-35
Eram tantas bandeiras tremulando nas ruas
Que inspirou o grande líder
A também erguer a sua.
[…]
Saiu muito mais convicto e se elegeu Senador
Com a ajuda do camarada Alvinegro João Saldanha
Que nas horas vagas e escondidas
Jogava pelo Partidão.
[…]
A esperança estufará as redes
Com toques de alegria e simplicidade
Ensinada pelo Mestre ao Poeta-Peão.
Pesquisa e
composição de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo); Imagens: Funeral de Sandro Moreyra; Luís Carlos Prestes; Adilson Taipan.
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