por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Resultado tão surpreendente quanto o surpreendente apagão do Botafogo nos quatro jogos anteriores para o campeonato carioca e a Copa do Brasil.
Por isso, não nos iludamos: foi uma goleada com boa dose de sorte e erros claríssimos de arrumação do Brasiliense na segunda parte. O Botafogo encaixou bem nas bolas paradas durante todo o jogo – tendo os treinos nesse sentido sido profícuos em campo – e cedo chegou ao 2x0, mas o Brasiliense poderia ter empatado em 1x1 cara a cara com Perri, depois teve a oportunidade de diminuir para 2x1 numa excelente defesa do nosso goleiro, e logo o Botafogo afrouxou com a vantagem.
Oferecemos ao adversário espaços nas costas da nossa defesa e facilitamos o gol do Brasiliense no final da primeira parte ao deixar o atacante progredir à vontade. Logo em seguida o Glorioso ampliou para 3x1, mas novamente o Brasiliense poderia ter diminuído para 3x2, não fosse a sua inabilidade em frente à baliza.
De destacar o ótimo aproveitamento de bolas paradas e Lucas Perri continuando a ser um verdadeiro ‘paredão’ que tornaram a equipe eficaz, mas sem grande eficiência de jogo – temos sido bafejados por bons goleiros há vários anos, especialmente Jefferson, Gatito Fernández e Lucas Perri e isso tem sido muito importante em muitos jogos.
Na verdade, foi um primeiro tempo de 3x1 com alguma sorte e evidência de que a arrumação da equipe continua com fortes deficiências, quer ao nível da criação do meio campo quer ao nível do esquema defensivo, que antes parecia caminhar para a consistência e agora mostra de novo o componente geralmente mais frágil das equipes de Luís Castro: a defesa.
Castro também não percebeu ainda – e dificilmente perceberá – que o seu clássico 4x3x3 não é o ideal para esta equipe, que não tem um grande criador nem um grande marcador. Porque não nos enganemos: Tiquinho Soares não está em forma, apesar dos três gols fruto de bons passes, porque efetivamente o seu jogo foram três remates certeiros apenas na parte final da partida, e não há nenhum outro atacante de referência maior.
Um resultado que me devia empolgar, mas não empolga. É preciso esperar pelos próximos desempenhos porque o passado recente da equipe não incute segurança aos torcedores alvinegros. A desarrumação de ontem na primeira parte não oferece confiança e a goleada de 7 ocorreu apenas quando o Brasiliense se desmontou ingenuamente para se lançar disparatadamente ao ataque em busca da… goleada alvinegra!
A questão é saber qual Botafogo teremos no imediato: a recuperação do Botafogo que finalmente já jogava bem no campeonato carioca com os titulares e assim chegou à liderança ou o Botafogo perdido inexplicavelmente em cinco expulsões em dois jogos e consequente abaixamento da moral e completa desarticulação em campo?
Portanto, sigamos com cautela os próximos episódios.
O único receio que tenho sobre as minhas reticências ao desempenho da equipe hoje é ser confundido com a ideia de um botafoguense citado na Internet: “Ganha, reclama. Perde, reclama. Empata, reclama. Não tem jogo hoje, reclama.”
Portanto, o melhor é seguir com cautela e sorrirmos até ao próximo jogo, pelo menos.
Botafogo 7x1 Brasiliense
» Gols: Danilo Barbosa, aos 6’, Eduardo, aos 9’,
Adryelson, aos 45+2’, Victor Cuesta, aos 51’, e Tiquinho Soares, aos 76’, 84’ e
86’ (Botafogo); Yuri Mamute, aos 41’ (Brasiliense)
» Competição: Copa do Brasil
» Data: 15.03.2023
» Local: Estádio Kleber José de Andrade, em Cariacica (ES)
» Público: 3.649 pagantes; 3.869 espectadores
» Renda: R$ 362.241,00
» Árbitro: Anderson Daronco (RS); Assistentes: Bruno Boschilia (PR) e Jorge Eduardo Bernardi
(RS)
» Disciplina: cartão amarelo
– Tarta (Brasiliense)
» Botafogo: Lucas Perri; Di Plácido, Adryelson, Victor
Cuesta e Marçal; Tchê Tchê (Lucas Fernandes), Danilo Barbosa (Gabriel Pires) e
Eduardo (Marlon Freitas); Carlos Alberto (Luis Henrique), Lucas Piazon (Gustavo
Sauer) e Tiquinho Soares. Técnico: Luís Castro.
» Brasiliense: Sucuri;
Dharllyson, Railon, Gabriel e Felipe Alves (Goduxo); Gabriel Henrique (Wallace),
Tarta e Zotti (Lila); Matheus Barboza, Yuri Mamute (Diogo Sodré) e Romário
(Hernane Brocador). Técnico: Roberto Cavalo.
2 comentários:
De fato devemos comemorar esse resultado, porém não devemos nos iludir, pois há falhas, principalmente sistema defensivo. Curioso é que o time vinha apresentado uma solidez defensiva interessante, mas depois do jogo contra o Vasco parece que a coisa desandou.
Fosse o time do Brasiliense mais capacitado o Botafogo teria sérios problemas no primeiro tempo, mas houve correções e o time fez um segundo tempo melhor.
Boa a volta do Eduardo que melhorou o meio campo e para um jogo de estreia gostei do Di Plácido, que finalmente podemos ver bons desarmes e uma assistência precisa, coisa rara nos últimos tempos. Acho que reforçando o elenco e trabalhando mais o entrosamento do time, podemos ter um ano bom.
Se nós olharmos os resultados do futebol brasileiro até o momento, com resultados surpreendentes de times tradicionais caindo para times de menor investimento, o desempenho do Botafogo infelizmente esta mais ou menos na média do baixo nível do nosso futebol. ABS e SB!
Concordo inteiramente com o seu comentário, Sergio. Penso que podemos ter um ano bom com alguns reforços e menos lesões do que as que têm ocorrido. As minhas maiores dúvidas residem nos desempenhos de Textor e Castro. Já estive bastante mais satisfeito com eles, mas vejo que não se têm ajustado adequadamente quer ao que se passa em campo quer fora de campo. De um, é preciso ambição, que parece estar transferindo para o Lyons; do outro, é preciso jogo de cintura para ajustamentos táticos consoante oos contextos. Veremos como evoluem.
Abraços Gloriosos.
Enviar um comentário