[Nota
preliminar do Mundo Botafogo: caro leitor, leia este artigo pensando, por exemplo,
por que razão se deve aplicar ‘tolerância zero’ ao modelo de gestão da SAF Botafogo.]
Texto baseado na obra de James Q. Wilson & George L. Kelling mencionada nas fontes.
Há
alguns anos a Universidade de Stanford (EUA) realizou uma experiência de
psicologia social. Deixou duas viaturas idênticas, da mesma marca, modelo e até
cor, abandonadas na via pública. Uma no Bronx, zona pobre e conflituosa de Nova
Iorque e a outra em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da Califórnia. Duas
viaturas idênticas abandonadas, dois bairros com populações muito diferentes e
uma equipe de especialistas em psicologia social estudando as condutas das
pessoas em cada local.
Resultou
que a viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas.
Perdeu as rodas, o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que fosse
aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram. Contrariamente, a
viatura abandonada em Palo Alto manteve-se intacta.
Mas
a experiência em questão não terminou aí. Quando a viatura abandonada em Bronx
já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, os
pesquisadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto. O resultado foi que
se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a violência e o
vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre. Por quê
que o vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é
capaz de disparar todo um processo delituoso? Evidentemente, não é devido à
pobreza, é algo que tem que ver com a psicologia humana e com as relações
sociais.
Um
vidro partido numa viatura abandonada transmite uma ideia de deterioração, de
desinteresse, de despreocupação. Faz quebrar os códigos de convivência, como de
ausência de lei, de normas, de regras. Induz ao ‘vale-tudo’. Cada novo ataque
que a viatura sofre reafirma e multiplica essa ideia, até que a escalada de
atos cada vez piores se torna incontrolável, desembocando numa violência
irracional.
Baseados
nessa experiência, foi desenvolvida a ‘Teoria das Janelas Quebradas’, que
conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujeira, a desordem e
o maltrato são maiores. Se se parte um vidro de uma janela de um edifício e
ninguém o repara, muito rapidamente estarão partidos todos os demais. Se uma
comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém,
então ali se gerará o delito.
Se
se cometem ‘pequenas faltas’ (estacionar em lugar proibido, exceder o limite de
velocidade ou passar com o sinal vermelho) e as mesmas não são sancionadas,
então começam as faltas maiores e delitos cada vez mais graves. Se se
permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o
padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pessoas forem
adultas.
Se
os parques e outros espaços públicos deteriorados são progressivamente
abandonados pela maioria das pessoas, estes mesmos espaços são progressivamente
ocupados pelos delinquentes.
A
Teoria das Janelas Quebradas foi aplicada pela primeira vez em meados da década
de 80 no metrô de Nova Iorque, o qual se havia convertido no ponto mais
perigoso da cidade. Começou-se por combater as pequenas transgressões: lixo
jogado no chão das estações, alcoolismo entre o público, evasões ao pagamento
de passagem, pequenos roubos e desordens. Os resultados foram evidentes.
Começando pelo pequeno conseguiu-se fazer do metrô um lugar seguro.
Posteriormente,
em 1994, Rudolph Giuliani, prefeito de Nova Iorque, baseado na Teoria das
Janelas Quebradas e na experiência do metrô, impulsionou uma política de
‘Tolerância Zero’. A estratégia consistia em criar comunidades limpas e
ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às normas de convivência
urbana. O resultado prático foi uma enorme redução de todos os índices
criminais da cidade de Nova Iorque.
A
expressão ‘Tolerância Zero’ soa a uma espécie de solução autoritária e
repressiva, mas o seu conceito principal é muito mais a prevenção e promoção de
condições sociais de segurança. Não se trata de linchar o delinquente, pois aos
abusos de autoridade da polícia deve-se também aplicar-se a tolerância zero.
Não
é tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero
em relação ao próprio delito.
ABAIXO
AS JANELAS QUEBRADAS DE GENERAL SEVERIANO! PARA SEMPRE!
Fontes:
Texto circulando em várias redes sociais da
Internet; os fundamentos da teoria das janelas quebradas podem ser revisitados
em inglês no endereço: http://www.manhattan-institute.org/pdf/_atlantic_monthly-broken_windows.pdf
The police and neighborhood
safety BROKEN WINDOWS by JAMES Q. WILSON & GEORGE L. KELLING
James Q. Wilson is Shattuck
Professor of Government at Harvard and author of Thinking About Crime. George
L. Kelling, formerly director of the evaluation field staff of the Police
foundation, is currently a research fellow at the John F Kennedy School of
Government Harvard.
4 comentários:
Muito interessante essa pesquisa, e parece bem fundamentada.
Em General Severiano não só as janelas foram quebradas, mas portas, jardim e o pior, o charmoso estádio que nunca deveria ter sido vendido assim como a sede.
Tomara que consertem tudo. Abs e SB!
E ainda quebraram a piscina olímpica no cenário idílico da baía de Guanabara e com o Pão de Açucar em destaque. São milhões para recuperá-la, e por conta desse 'crime' extinguiram a natação e o polo aquático (este era tetracampeão sul-americano quando o extinguiram). E eu sou fã do polo aquático.
Abraços Glorisos.
Esse processo começou para valer com Charles Borer...
Isso é interiramente verdade, Vanilson. Porém, quem preparou todo o process e o deixou para a assinatura do presidente seguinte foi Rivadavia Correa Meyer, que cometeu o enorme erro de vender o patrimônio para saldar as dívidas de más gerências financeiras. Os outros clubes deficitários não fizeram isso e o único clube tolo fomos nós. Borer apenas assinou o que já estava preparado, aproveitando o erro. E a seguir fez as asneiras de gestão que nós conhecemos. Tal como é evidenciado na teoria das janelas quebradas.
Abraços Gloriosos.
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