por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Valdo Cândido de Oliveira Filho nasceu a 12 de
janeiro de 1964, em Siderópolis, estado de Santa Catarina, foi meio campista,
destro e com 1,73m de altura.
Valdo foi revelado pelo
Figueirense, em 1983, e logo em seguida atuou pelo Grêmio (1984-1988), mostrando-se
veloz, de drible fácil e um notável condicionamento físico. Foi tetracampeão
estadual do Rio Grande do Sul (1985-1986-1987-1988). Apesar de ser armador,
Valdo também jogou como ponta-esquerda em 1985 com o técnico Rubens Minelli,
qualidades que lhe valeram a cobiça do SL Benfica.
Empreendeu, então, uma
carreira internacional durante uma década: Benfica (Portugal, 1988-1991 e
1995-1997), Paris Saint-Germain (França, 1991-1995) e Nagoya Grampus Eight (Japão,
1997-1998).
No Benfica estreou contra o
Espinho em 28 de agosto de 1988, no empate por 2x2. Fez o seu 1º gol pelos
portugueses contra o Montpellier na Taça UEFA (atual Liga Europa), marcando aos
82’ na vitória por 3x0. Conquistou quatro títulos: campeão de Portugal nas
temporadas de 1988/1989 e 1990/1991, vencedor da Supertaça em 1989 e da Taça de
Portugal (1995/1996).
No Paris Saint Germain Valdo
jogou com os compatriotas Ricardo Gomes e Geraldão. Talvez na melhor atuação da
sua carreira, o PSG venceu o Real Madrid em março de 1993, no Parque dos
Príncipes, por 4x1, na prorrogação, após ter sido derrotado por 3x1 no jogo de
ida no Santiago Bernabéu, com dois passes para gol e uma cobrança de escanteio
de autoria de Valdo para uma cabeçada certeira do zagueiro do PSG,
classificando-se para as semifinais da Taça UEFA (o PSG seria eliminado nesta
fase pela Juventus de Roberto Baggio). Na temporada seguinte, com o trio Valdo,
Raí e Weah, o PSG chegou às semifinais da Liga dos Campeões (1994/1995). Conquistou
quatro títulos: campeão de França na temporada 1993/1994, vencedor da Copa de
França em 1992/1993 e 1994/1995 e da Copa da Liga Francesa em 1994/1995. Foi
distinguido com o ‘Onze Mondial Awards’ em 1993 (Seleção do ano na Europa).
Nesse período jogou pela Seleção Brasileira entre 1986 e 1993. Foi Telê Santana que o chamou à Seleção aos 22 anos de idade, tendo ido aos Mundiais do México-86 e Itália-90. Fez vestiário com atletas como Falcão, Júnior, Sócrates e Zico. Venceu os Jogos Pan-Americanos de 1987, em Indianápolis, foi vice-campeão nos Jogos Olímpicos de 1988, em Seul, e campeão da Copa América em 1989.
Chegado aos 34 anos de idade,
altura em que a maioria dos jogadores com posições avançadas penduram as
chuteiras, Valdo encerrou a carreira internacional no Japão e regressou ao
Brasil (1998). Porém, ainda não chegara o tempo de largar o futebol.
Contratado pelo Cruzeiro
(1998-2000), Valdo surpreendeu ao conseguir a melhor média de gols por jogo em
toda a sua carreira. E conquistou mais três títulos: campeão estadual de Minas
Gerais em 1998, e vencedor da Recopa Sul-Americana (199) e Copa Centro-Oeste
(1999). Foi distinguido em 1998 com a Bola de Prata da Revista Placar (melhor
meia do Brasileirão e seleção do Brasileirão).
Posteriormente foi
contratado pelo Santos, no dia 8 de março de 2000, tendo os santistas pago um
milhão de reais ao Cruzeiro pela rescisão. Um ano depois, em 21 de março de
2001, seguiu para o Sport; em 12 de julho de 2001 ingressou no Atlético
Mineiro; em 20 de dezembro de 2001 alugou o seu passe regressando ao Grêmio; em
2002 chegou ao Juventude, assumindo, então, a sua aposentadoria.
Todavia, a sua carreira de
sucesso ainda estava por encerrar. Faltava-lhe o Clube da Estrela Solitária, o
Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas.
Já aposentado Valdo recebeu
um telefonema de Levir Culpi, que treinara o atleta anteriormente no campeonato
mineiro, dizendo-lhe que precisava dele para tirar o Botafogo da Série B do
Brasileirão. A princípio Valdo rejeitou, argumentando que se aposentara e que
geria a sua empresa de construção civil em Balneário Camboriú. Porém, Culpi era
um homem de argumentos: “Você vai dizer não para mim? Só tem guerreiro aqui.
Túlio, Fernando, Gilmar, Sandro e eu”.
Valdo ingressou no Botafogo
em 31 de janeiro de 2003. Chegou para mesclar a sua experiência com gente nova
e contribuir para o regresso do Botafogo à Série A do campeonato brasileiro, da
qual havia sido despromovido no ano anterior (2002).
A equipe fez uma boa
campanha e no quadrangular final assegurou a promoção na penúltima rodada ao
vencer o Marília por 3x1 e sagrar-se vice-campeão.
Valdo permaneceu no Clube em
2004, um ano difícil para o Botafogo se manter na Série A, que garantiu a
permanência na Série A na última rodada ao empatar com o Atlético Paranaense
por 1x1, na Arena da Baixada, no dia 19 de dezembro de 2004, sabendo-se que se
o Atlético ganhasse e o Santos empatasse o título de campeão brasileiro ficaria
com o Atlético.
Porém, a experiência de Valdo foi muito importante, tendo anos depois dito o seguinte: “A gente sentia na fisionomia dos caras que não daria para eles ganharem o título”.
Curiosamente, Levir Culpi
levara o Botafogo à Série A em 2023, mas no último jogo de 2004, decisivo para
o Botafogo se manter na Série A, o treinador do Botafogo era Paulo Bonamigo e
pelo lado do Atlético o treinador era… Levir Culpi!
Valdo recebeu, no fim do
jogo, uma camisa assinada pelos jogadores do Atlético e por… Levir Culpi.
Foi o último jogo de Valdo
pelo Botafogo, aos 40 anos de idade, levando consigo os dois objetivos pelos
quais lutou: ascensão à Série A em 2003 e manutenção em 2004.
Os jogos e os gols marcados
por Valdo nos clubes profissionais que representou apresentam números muito
diferentes na consulta em Internet. Apresentam-se as duas pesquisas:
Anos |
Clubes |
Wikipédia |
Zerozero |
||
Jogos |
Gols |
Jogos |
Gols |
||
2004-2003 |
Botafogo |
55 |
3 |
94 |
5 |
2002 |
Juventude |
14 |
2 |
14 |
2 |
2002 |
Grêmio |
12 |
- |
13 |
- |
2001 |
Atlético
Mineiro |
28 |
2 |
26 |
2 |
2001 |
Sport |
5 |
- |
7 |
- |
2001-2000 |
Santos |
19 |
1 |
43 |
4 |
2000-1998 |
Cruzeiro |
106 |
27 |
99 |
23 |
1998-1997 |
Nagoya
Grampus Eight |
35 |
5 |
35 |
5 |
1997-1995 |
Benfica |
82 |
15 |
82 |
14 |
1995-1991 |
Paris
Saint Germain |
147 |
14 |
150 |
16 |
1991-1988 |
Benfica |
101 |
14 |
102 |
14 |
1988-1984 |
Grêmio |
258 |
40 |
131 |
21 |
2004-1984 |
TOTAL |
862 |
123 |
796 |
106 |
Mais tarde, após encerrar a carreira no Botafogo, Valdo ainda treinou alguns clubes brasileiros, designadamente União Rondonópolis, Metropolitano Maringá e Serra Macaense, entre 2009-2012. A sua última experiência foi comandar a Seleção de Juniores do Congo e revitalizar o Centro Nacional de Formação de Futebol do Congo (2017-2020).
Atualmente Valdo reside em
Lisboa há vários anos, onde adquiriu casa, e acompanha as Séries A, B e C do
campeonato brasileiro, quer na televisão portuguesa quer através da internet.
Fontes: https://ge.globo.com; https://pt.wikipedia.org; https://terceirotempo.uol.com.br; https://www.bolanaarea.com; https://www.zerozero.pt
6 comentários:
O Bebeto de Freitas destacava que o Valdo foi fundamental para a volta e depois para a permanência do Botafogo na série A. Não sei se o Valdo está no mural dos craques, mas merecia.Ans e SB!
Não está, Sergio. Ele chegou ao Botafogo já depois de aposentado, aos 39 anos e para jogar na Série B.
Abraços Gloriosos.
Eu tinha bronca do Valdo por conta da copa de 90, mas foi um jogador de muito boa técnica.
Mesmo com 39 e 40 anos, jogou bem no BFR.
Conhecia quase nada dele, mas chamou-me a atenção por regressar da aposentadria aos 39 anos e ainda ajudar um clube a subir de divisão. E tudo porque tinha com Leivir Culpi cumplicidades do passado e honrou-as. Gosto disso.
Grande Abraço.
Exatamente. E ainda contabilizar pouco mais de centena de jogos. Muita coisa para um veterano.
Face às diferenças significativas sobre os jogos e os gols da carreira de Valdo em representação de clubes, refleti novamente e decidi incluir as duas estatísticas. Em qualquer caso, é preciso realmente um condicionamento físico notável para que um meia de 40 anos de idade possa jogar com qualidade entre 55 a 94 jogos.
Abraços Gloriosos.
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