terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Valdo: a experiência de um quarentão nos anos de fogo 2003-2004

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Valdo Cândido de Oliveira Filho nasceu a 12 de janeiro de 1964, em Siderópolis, estado de Santa Catarina, foi meio campista, destro e com 1,73m de altura.

Valdo foi revelado pelo Figueirense, em 1983, e logo em seguida atuou pelo Grêmio (1984-1988), mostrando-se veloz, de drible fácil e um notável condicionamento físico. Foi tetracampeão estadual do Rio Grande do Sul (1985-1986-1987-1988). Apesar de ser armador, Valdo também jogou como ponta-esquerda em 1985 com o técnico Rubens Minelli, qualidades que lhe valeram a cobiça do SL Benfica.

Empreendeu, então, uma carreira internacional durante uma década: Benfica (Portugal, 1988-1991 e 1995-1997), Paris Saint-Germain (França, 1991-1995) e Nagoya Grampus Eight (Japão, 1997-1998).

No Benfica estreou contra o Espinho em 28 de agosto de 1988, no empate por 2x2. Fez o seu 1º gol pelos portugueses contra o Montpellier na Taça UEFA (atual Liga Europa), marcando aos 82’ na vitória por 3x0. Conquistou quatro títulos: campeão de Portugal nas temporadas de 1988/1989 e 1990/1991, vencedor da Supertaça em 1989 e da Taça de Portugal (1995/1996).

No Paris Saint Germain Valdo jogou com os compatriotas Ricardo Gomes e Geraldão. Talvez na melhor atuação da sua carreira, o PSG venceu o Real Madrid em março de 1993, no Parque dos Príncipes, por 4x1, na prorrogação, após ter sido derrotado por 3x1 no jogo de ida no Santiago Bernabéu, com dois passes para gol e uma cobrança de escanteio de autoria de Valdo para uma cabeçada certeira do zagueiro do PSG, classificando-se para as semifinais da Taça UEFA (o PSG seria eliminado nesta fase pela Juventus de Roberto Baggio). Na temporada seguinte, com o trio Valdo, Raí e Weah, o PSG chegou às semifinais da Liga dos Campeões (1994/1995). Conquistou quatro títulos: campeão de França na temporada 1993/1994, vencedor da Copa de França em 1992/1993 e 1994/1995 e da Copa da Liga Francesa em 1994/1995. Foi distinguido com o ‘Onze Mondial Awards’ em 1993 (Seleção do ano na Europa).

Nesse período jogou pela Seleção Brasileira entre 1986 e 1993. Foi Telê Santana que o chamou à Seleção aos 22 anos de idade, tendo ido aos Mundiais do México-86 e Itália-90. Fez vestiário com atletas como Falcão, Júnior, Sócrates e Zico. Venceu os Jogos Pan-Americanos de 1987, em Indianápolis, foi vice-campeão nos Jogos Olímpicos de 1988, em Seul, e campeão da Copa América em 1989.

Em pé, da esquerda para a direita: Mazinho, Taffarel, Mauro Galvão, Ricardo Gomes, Aldair e Branco. Agachados: Bebeto, Romário, Silas, Dunga e Valdo. Crédito: Divulgação/CBF.

Chegado aos 34 anos de idade, altura em que a maioria dos jogadores com posições avançadas penduram as chuteiras, Valdo encerrou a carreira internacional no Japão e regressou ao Brasil (1998). Porém, ainda não chegara o tempo de largar o futebol.

Contratado pelo Cruzeiro (1998-2000), Valdo surpreendeu ao conseguir a melhor média de gols por jogo em toda a sua carreira. E conquistou mais três títulos: campeão estadual de Minas Gerais em 1998, e vencedor da Recopa Sul-Americana (199) e Copa Centro-Oeste (1999). Foi distinguido em 1998 com a Bola de Prata da Revista Placar (melhor meia do Brasileirão e seleção do Brasileirão).

Posteriormente foi contratado pelo Santos, no dia 8 de março de 2000, tendo os santistas pago um milhão de reais ao Cruzeiro pela rescisão. Um ano depois, em 21 de março de 2001, seguiu para o Sport; em 12 de julho de 2001 ingressou no Atlético Mineiro; em 20 de dezembro de 2001 alugou o seu passe regressando ao Grêmio; em 2002 chegou ao Juventude, assumindo, então, a sua aposentadoria.

Todavia, a sua carreira de sucesso ainda estava por encerrar. Faltava-lhe o Clube da Estrela Solitária, o Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas.

Já aposentado Valdo recebeu um telefonema de Levir Culpi, que treinara o atleta anteriormente no campeonato mineiro, dizendo-lhe que precisava dele para tirar o Botafogo da Série B do Brasileirão. A princípio Valdo rejeitou, argumentando que se aposentara e que geria a sua empresa de construção civil em Balneário Camboriú. Porém, Culpi era um homem de argumentos: “Você vai dizer não para mim? Só tem guerreiro aqui. Túlio, Fernando, Gilmar, Sandro e eu”.

Valdo ingressou no Botafogo em 31 de janeiro de 2003. Chegou para mesclar a sua experiência com gente nova e contribuir para o regresso do Botafogo à Série A do campeonato brasileiro, da qual havia sido despromovido no ano anterior (2002).

A equipe fez uma boa campanha e no quadrangular final assegurou a promoção na penúltima rodada ao vencer o Marília por 3x1 e sagrar-se vice-campeão.

Valdo permaneceu no Clube em 2004, um ano difícil para o Botafogo se manter na Série A, que garantiu a permanência na Série A na última rodada ao empatar com o Atlético Paranaense por 1x1, na Arena da Baixada, no dia 19 de dezembro de 2004, sabendo-se que se o Atlético ganhasse e o Santos empatasse o título de campeão brasileiro ficaria com o Atlético.

Porém, a experiência de Valdo foi muito importante, tendo anos depois dito o seguinte: “A gente sentia na fisionomia dos caras que não daria para eles ganharem o título”.

Crédito: Wikipédia.

Curiosamente, Levir Culpi levara o Botafogo à Série A em 2023, mas no último jogo de 2004, decisivo para o Botafogo se manter na Série A, o treinador do Botafogo era Paulo Bonamigo e pelo lado do Atlético o treinador era… Levir Culpi!

Valdo recebeu, no fim do jogo, uma camisa assinada pelos jogadores do Atlético e por… Levir Culpi.

Foi o último jogo de Valdo pelo Botafogo, aos 40 anos de idade, levando consigo os dois objetivos pelos quais lutou: ascensão à Série A em 2003 e manutenção em 2004.

Os jogos e os gols marcados por Valdo nos clubes profissionais que representou apresentam números muito diferentes na consulta em Internet. Apresentam-se as duas pesquisas:

Anos

Clubes

Wikipédia

Zerozero

Jogos

Gols

Jogos

Gols

2004-2003

Botafogo

55

3

94

5

2002

Juventude

14

2

14

2

2002

Grêmio

12

-

13

-

2001

Atlético Mineiro

28

2

26

2

2001

Sport

5

-

7

-

2001-2000

Santos

19

1

43

4

2000-1998

Cruzeiro

106

27

99

23

1998-1997

Nagoya Grampus Eight

35

5

35

5

1997-1995

Benfica

82

15

82

14

1995-1991

Paris Saint Germain

147

14

150

16

1991-1988

Benfica

101

14

102

14

1988-1984

Grêmio

258

40

131

21

2004-1984

TOTAL

862

123

796

106

Mais tarde, após encerrar a carreira no Botafogo, Valdo ainda treinou alguns clubes brasileiros, designadamente União Rondonópolis, Metropolitano Maringá e Serra Macaense, entre 2009-2012. A sua última experiência foi comandar a Seleção de Juniores do Congo e revitalizar o Centro Nacional de Formação de Futebol do Congo (2017-2020).

Atualmente Valdo reside em Lisboa há vários anos, onde adquiriu casa, e acompanha as Séries A, B e C do campeonato brasileiro, quer na televisão portuguesa quer através da internet.

Fontes:  https://ge.globo.com; https://pt.wikipedia.org; https://terceirotempo.uol.com.br; https://www.bolanaarea.com; https://www.zerozero.pt

6 comentários:

Sergio disse...

O Bebeto de Freitas destacava que o Valdo foi fundamental para a volta e depois para a permanência do Botafogo na série A. Não sei se o Valdo está no mural dos craques, mas merecia.Ans e SB!

Ruy Moura disse...

Não está, Sergio. Ele chegou ao Botafogo já depois de aposentado, aos 39 anos e para jogar na Série B.
Abraços Gloriosos.

leymir disse...

Eu tinha bronca do Valdo por conta da copa de 90, mas foi um jogador de muito boa técnica.

Mesmo com 39 e 40 anos, jogou bem no BFR.

Ruy Moura disse...

Conhecia quase nada dele, mas chamou-me a atenção por regressar da aposentadria aos 39 anos e ainda ajudar um clube a subir de divisão. E tudo porque tinha com Leivir Culpi cumplicidades do passado e honrou-as. Gosto disso.

Grande Abraço.

jornal da grande natal disse...

Exatamente. E ainda contabilizar pouco mais de centena de jogos. Muita coisa para um veterano.

Ruy Moura disse...

Face às diferenças significativas sobre os jogos e os gols da carreira de Valdo em representação de clubes, refleti novamente e decidi incluir as duas estatísticas. Em qualquer caso, é preciso realmente um condicionamento físico notável para que um meia de 40 anos de idade possa jogar com qualidade entre 55 a 94 jogos.
Abraços Gloriosos.

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