por MAURÍCIO FILIZOLA | mais.opovo.com.br
«Se você, ainda que disfarçando,
ainda que encobrindo, ainda que não se assumindo (porque não é alvinegro),
chegou a brilhar o olho com o título do Botafogo na Libertadores 2024,
pode relaxar: você não estava sozinho nisso. Eu também torci. Eu também vibrei.
Eu também curti. O Botafogo é como o Ferroviário: todo mundo tem simpatia,
ainda que não ame.
Essa aura de charme do Estrela
Solitária talvez já nasça conosco em nossos DNA. É que todo mundo tem
um avô, um pai, um tio que vive rememorando as façanhas e glórias do passado,
quando, no clube carioca, ainda jogavam astros como Nilton Santos, Didi e
Garrincha.
Mas foquemos nas epopeias mais
recentes. Elas trazem muitas lições. A primeira delas: com recursos – e uma
gestão que os aplique com estratégia e razoabilidade – você pode até não ser
sempre o melhor, mas estará entre os mais competitivos. E isso vale para
empresas, para times, para atletas, para pessoas. Após a chegada do milionário
John Textor, que hoje gerencia a equipe, o Botafogo passou a integrar a
tropa de elite do futebol brasileiro.
A gestão à beira do campo também foi determinante. Principalmente, na conquista da Libertadores. Ao perder um jogador, expulso no primeiro minuto de jogo, o técnico português Artur Jorge ousou, arriscou, não se contentou com a velha fórmula de tirar um atacante para recompor a defesa, e viu seu time sufocar o adversário como se não tivesse em menor número.
Mas a melhor das lições vem do
atacante Luiz Henrique, que, na decisão, fez o primeiro gol, sofreu o pênalti
do segundo e foi escolhido o craque da competição continental. Um
dia, numa peneira de futsal, ele saiu da periferia de Petrópolis e apareceu na
quadra. Tímido, franzino, caneludo, a meleca descendo do nariz, descalço,
despretensioso. Uma bola veio na direção dele. Surgiu uma vontade fixante de
chutá-la. Luiz não se conteve. Acertou um canudo, do meio da quadra, tão
certeiro que impressionou o treinador que organizava os testes. Pronto: foi sua
credencial para, dali a pouco tempo, ser selecionando para as categorias de
base do Fluminense, depois para a Europa, depois para a glória eterna do último
sábado.
Aquela bola sobrada, aquela
vontade despertada, aquele chute na veia na quadrinha de Petrópolis talvez seja
o que a gente naturalmente chame de destino.
E, ao flerte do destino, ora
a gente atende, ora a gente ignora.
E, muitas vezes, o que a vida
pede da gente é apenas um chute.
Um simples chute, um reles chute,
um despretensioso chute.
Mas, sem o qual, a gente não
acerta, não erra e nem nada.»
Fonte: mais.opovo.com.br/colunistas/mauricio-filizola/2024/12/06/as-licoes-da-gloria-eterna.html
4 comentários:
Luiz Henrique é um craque de bola, um tipo de jogador que sempre gostei de ver e achei que combinava com a camisa do Glorioso: rápido, driblador e abusado. Muito digno de envergar a camisa 7. Parabéns ao Rei da América!
Quanto à simpatia com o Glorioso, acho muito respeitosa e bonita; é um reconhecimento pela contribuição dada ao futebol brasileiro. No entanto, estamos, aos poucos, deixando para trás o tempo de apenas rememorar momentos e estamos voltando a vivenciá-los. Seremos novamente o clube da garotada.
Saudações Alvinegras
De acordo, mas não tanta certeza que consiga fazer o mesmo na Europa. Talvez a saída que quer para a Europa não seja no tempo apropriado.
Abraços Gloriosos.
Muito bonita a 'dedicatória' ao Botafogo.
Abraços Gloriosos.
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