sábado, 18 de janeiro de 2025

Narrativas de emoção e glória (XII): Um dia para a eternidade

Crédito: Arquivo Pessoal de Dinafogo.

por DINAFOGO | Coluna “Botafogo nisso!” | Colaborador do Mundo Botafogo

No dia 30 de novembro de 2024 acordei com uma grande ansiedade. Sentia uma pontinha de medo e, ao mesmo tempo, um sorriso largo que volta e meia aparecia no meu rosto (parecia aquela situação em que ficamos abobalhados quando somos arrebatados por uma paixão). Era a maior decisão da nossa história e a possibilidade de assistir ao primeiro grande título do meu Glorioso (a ficha não tinha caído).

A última vez que tinha sentido tamanha tensão havia sido em 2017, contra o Grêmio, nas quartas de final. Apesar do ligeiro favoritismo dos gaúchos, nutria uma esperança de que poderíamos passar e sermos campeões. Além do mais, não queria dizer adeus à competição, porque vivenciei intensamente cada jogo e o Botafogo não participava sempre. Logo, era uma incógnita quando seria a próxima oportunidade.

Neste dia, tudo foi diferente. Eu não assistiria ao jogo pela primeira vez em casa, mas sim em um telão no centro da cidade. Havia entrado em um grupo de WhatsApp de botafoguenses e, durante o mês, esse era o nosso único assunto, além da arrecadação para a compra de fogos, fumaça e a logística para o deslocamento até o centro.

No sábado, costumo ter compromisso religioso. Porém, nesse em específico, pedi licença e expliquei que não teria condições de concentração enquanto o Botafogo pelejava. A minha cabeça não estaria ali, e as minhas emoções não me permitiriam estar no meu melhor juízo. Acredito que os orixás entenderam e se fizeram presentes quando ergui as mãos para os céus em um lance perigoso do adversário no segundo tempo.

Cheguei ao centro da cidade, resolvi lanchar e, depois, peguei o celular para enviar uma mensagem à minha mãe. A minha querida havia me prometido uma camisa do Botafogo, uma vez que eu não possuía nenhuma. Ela queria que tudo saísse perfeito para mim e solicitou que eu enviasse a mensagem para realizar o Pix. No ano de 2023, eu ganharia um cavalinho se o Glorioso se sagrasse campeão. Não tinha condições de comprar uma camisa original, então comprei uma "réplica", a mais barata que encontrei, porque a minha mãe é aposentada e o dinheiro é pouco. Logo, não quis abusar da bondade dela e achei que esses detalhes não chamariam atenção do povo. Peguei a camisa e me dirigi ao telão, enquanto aguardava a chegada dos companheiros.

Que festa linda nós fizemos! O centro todo tomado, com pessoas vindo de todos os cantos do Rio de Janeiro. Tantas camisas alvinegras... Uma comoção e um sentimento de pertencimento que jamais vou esquecer. Eu estava em êxtase, e, apesar de não beber, parecia que havia enchido a cara.

Ah, Botafogo! O quanto esperei por isso. Tive o privilégio de presenciar a sua maior glória. Muitos nomes, alguns que já não estão mais aqui, vieram à cabeça, inclusive o de um tio paterno que jogou no Glorioso por um curto tempo (história sempre contada com orgulho). No final fui mandando mensagem e desabafando no WhatsApp com todo mundo que fazia parte dessa trajetória.

Eu vibrei, festejei, me emocionei e gritei, enfim: É campeão!

A modesta camisa dada por minha mãe será para sempre o manto da glória eterna e carregará toda essa carga emocional.

Gratidão eterna, Botafogo! "Valeu, Fogo! Valeu, Fogo! Valeu, Fogo!" Valeu, mãezinha, pelo presente.

3 comentários:

Sergio disse...

Mais uma bela narrativa, a emoção desse título para nós botafoguenses será eterna enquanto estivermos nesta terra. Os textos do Dinafogo são sempre muito bons de serem lidos.
Sobre a final, não sei porque razão não entrava na minha cabeça o Botafogo não ser campeão da Libertadores l, talvez em razão de um sonho que tive antes das partidas do Botafogo contra o Palmeiras, sonho esse que o Botafogo conquistava o título . Só errei o adversário, pois no meu sonho era o River Plate, e o placar foi 4X0 para o Botafogo. Esse sonho me deu uma confiança tão grande que tive a convicção vida conquista do título. Talvez tenha sido uma defesa minha para me manter tranquilo ao o jogo do ano, mas confesso que os 30 dias anteriores a decisão me deixaram mais tenso que o restante da competição e dos jogos.
Preciso dizer que não acredito e nem tenho mediunidade, o sonho com certeza foi uma projeção do meu desejo de ver o Botafogo conquistar a glória eterna. Espero ter outros sonhos desse tipo,vai sabe o super mundial de clubes! Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Sergio, a vontade de ser campeão da Libertadores era tão grande que durante anos sonhei várias vezes com isso, e agora, tendo realizado o sonho na vida real, continuo a sonhar várias vezes com o assunto, só que desta vez os meus sonhos já são substantivos fruto dessa sublime e superior realidade que tanto desejei.

Eu acreditava profundamente que seríamos campeões, mas vacilei bastante aos 40 segundos de jogo em que o árbitro mostrou o vermelho a Gregore. Ainda por cima Gregore fazia muito mal falta do que alguns dos nossos titulares, e aí temi que os tempos do fatalismo regressassem, mas realmente o nosso inominável ex-técnico foragido para o Catar fez a diferença - manteve o mental em cima e corajosamente ousou manter toda a linha de ataque, o que surpreendeu claramente o Atlético e fez a diferença para os 2x0 ainda no 1º tempo.

Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Adenda: Os textos do Dinafogo são realmente muito bons. Além de ser elegante até quando critica.

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