quinta-feira, 8 de julho de 2010

Pessoas ruins…


Vou tentar ser tão breve quanto possível.

“Flamengo suspende o contrato de Bruno”. “Advogado do Flamengo abandona o caso Bruno”. “Olympikus rompeu contrato com Bruno” e “Camisa 1 do Flamengo é recolhida das lojas”.

Um responsável do Flamengo achou muito bem que o clube se tivesse livrado de Adriano e Vágner Love – ignorando agora que foi Adriano que quis ir embora e que o clube continua a fazer o possível para manter Vágner Love – e preconiza um gabinete de crise para o clube, afirmando que os erros vêm de trás, porque nunca se criaram departamentos de recursos humanos para apoiar os jogadores mesmo depois dos alcoolismos de Heleno de Freitas e de Mané Garrincha; a seguir, vem um comentador conhecido afirmar que o que aconteceu ao Flamengo poderia ter acontecido ao Botafogo, ao Fluminense ou ao Vasco da Gama. Segundo li, parece também que há mães a explicarem aos filhos que ‘homem’ e ‘goleiro’ são coisas desassociadas…

Eu discordo. O que aconteceu são coisas que tendem a acontecer com o Flamengo, como se depreende dos inacreditáveis sucedidos dos últimos tempos, que não têm dado à luz do dia em mais nenhum clube brasileiro.

O Flamengo tornou-se uma instituição excessivamente protegida em 2007-2008-2009-2010. Ganhou títulos que não ganharia sem tal proteção. E, por outro lado, em vez de ser rigoroso na apreciação das vidas privadas de Adriano e Vágner Love no início do ano – segundo o lema de que o atleta deve ser o exemplo de mente sã em corpo são –, o clube preferiu sair à liça criticando a comunicação social e defendendo e avalizando as atitudes medíocres e irresponsáveis dos seus atletas.

Os membros mentalmente mais frágeis de uma instituição julgam-se ‘donos de todas as coisas’ quando essa instituição é protegida excessivamente por gente excessiva em situações excessivas de flagrantes excessos – e que responde com benevolência excessiva aos excessos dos seus excessivos atletas. E de excesso em excesso, sempre parecendo que tudo se pode fazer e que nada nos punirá, os sujeitos mentalmente fracos excedem-se num excesso imperdoável que já ninguém pode travar.

Kleber Leite resumiu toda a minha razão numa frase notável de prepotência contra todos os clubes e todos os desportos: “O Flamengo pode tudo!” – E como ninguém contestou, os atletas acreditaram e começaram a ensaiar paulatinamente o desfecho de 2010.
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Souza aos tiros à porta de uma boate comemorando uma Taça Guanabara subtraída ao Botafogo. Um alto funcionário do Flamengo acusado de pedofilia num quadro de aliciamento de crianças com promessa de virem a ser atletas do clube. Adriano envolvido numa estranha ‘oferta’ de mota, depois em violência contra a noiva em público e a seguir fotografado com uma arma automática ao lado de um suspeito de tráfico de droga. Vágner Love escoltado por traficantes de droga para uma festa no morro. Nada lhes aconteceu até agora. O goleiro pensava que também nada lhe aconteceria. Eram todos do Flamengo, nem um só de outro clube.

Parece que, finalmente, todos abandonam a ‘fera’, o ‘monstro’, o homem que defende a ‘violência doméstica’, mas só mesmo no ‘finzinho’ do desfecho, porque parece surgir claramente – segundo palavras do Delegado – como responsável pelo homicídio de uma garota que aparentemente fizera filmes pornô, que se envolvia constantemente com jogadores de futebol – segundo palavras do goleiro -, que fora sua amante e mãe de um filho seu (um inocente que começa mal o seu percurso por culpas alheias). É de crer que nem a Bíblia que traz debaixo do braço salvará o goleiro do Flamengo do seu iminente destino, o merecido destino de um goleiro que bebe cerveja após a brutal ocorrência, que no dia seguinte ao homicídio vai jogar à bola com Vágner Love e amigos na sua festa de aniversário, a qual parece ter incluído prostitutas (segundo o advogado do primo Sérgio), e que se preocupa exclusivamente com a sua não presença na Copa 2014. [Todos estes dados são públicos e relatados por pessoas aparentemente com idoneidade para o fazer]

Vou tentar não voltar ao assunto, porque todos os envolvidos – o goleiro do Flamengo, a ex-amante, o amigo, o primo, o ex-policial e até a mulher do goleiro e o pai da vítima – parecem-me pessoas muito estranhas ao mundo que eu e certamente todos os leitores do blogue – até mesmo os flamenguistas de bem – estão habituados a viver e a defender.

Mas, em contrapartida, não envolvam o nome do Botafogo. Prometo ignorar neste blogue botafoguense todas estas asquerosidades protagonizadas por jogadores do Flamengo – relações com traficantes, empunhamento de armas, espancamentos, desossamento de corpo, cães devorando carne da vítima, etc.–, mas não envolvam o Botafogo. Façam tudo o que entenderem fazer para limpar a imagem e desligarem-se de Adriano, Vágner Love e o goleiro do Flamengo. Não tenho nada contra, apesar de as imagens serem o que são e geralmente colarem-se às coisas como mexilhão à rocha. Mas não envolvam o nome do Botafogo, do Fluminense ou do Vasco da Gama que nada têm a ver com todas as peripécias execráveis que têm envolvido sempre jogadores do Flamengo.

Entre muitos conhecimentos básicos sobre as coisas da vida, há um que se aplica muito bem a certos acontecimentos: as instituições com muita moral atraem pessoas de muita moral; as instituições com pouca moral atraem pessoas de pouca moral.

O caso Adriano, o caso Vágner Love e agora o caso do goleiro do Flamengo são notícias que circulam nos jornais e sítios da Internet em todo o mundo com pormenores de ‘desossamento’. A maioria esmagadora dos brasileiros não gosta disso, certamente. Eu não gosto disso. Mas é preciso uma mudança de atitude pública para que não haja complacência coletiva com desmandos apoiados ou desculpados apenas porque se trata do ‘mengão’.

Urge que novos rumos mudem para que a ética e a moral se reinstalem no futebol, mostrando que nenhum desporto deva ser lugar de marchas fúnebres de extermínios, mas lugar de baladas em que se canta a vida.

Diz o provérbio que “cá se fazem, cá se pagam”. Os mesmos que já derramaram litros de lágrimas em público por causa dos Maracanazzos de Cabañas e de outras inesperadas eliminações, apelidaram-nos muito injustamente de chorões após sermos prejudicados pelas arbitragens e perseguiram-nos, dizendo dos botafoguenses as coisas mais imbecis que se possa imaginar.

Agora, cada botafoguense estará à vontade, se quiser, para vos chamar um chorrilho de coisas imundas, e com fortes razões para o fazer. Ou se muda de atitude ou durante muito tempo o clube não se livrará do pedófilo, de Adriano, de Vágner Love e, sobretudo, do goleiro “ruim”.

Quem são, afinal, as “pessoas ruins” – e cujos Céu e Terra certamente não perdoarão?

A imbecilidade perde sempre.

[PS: Não perca a notável publicação de Gustavo Poli no seu blogue, relembrando como o desregramento se iniciou e como culminou no caso do goleiro. Leia em http://globoesporte.globo.com/platb/gustavopoli/]

10 comentários:

Aqipossa Informativo disse...

Revertere ad Locum Tuum I

Ótimo texto Rui, inteligente, e capaz de passar aquilo que os protetores escondem.

Não me surpreenderia se daqui há alguns dias a toda poderosa Gl... (não falo esse nome em locais sérios) fizer um programa exaltando os craques do passado, a torcida, o time, ou até mesmo o "hexa" que não existe. No fant... ou num Gl... Rep... ou coisa que o valha. Será preciso novamente a intervenção desta emissora para que não haja perdas significativas na massa imbecil que segue o Fla inventado por ela. (existe sim, um Flamengo bom, mas não se vê esse desde meados da década de 70)

Quanto ao título acima, "Revertere ad Locum Tuum", retornarás ao teu lugar. “Cá se fazem, cá se pagam” como você disse, apenas dito de forma diferente. É inevitável. Um dia a casa cai.

SHA (Saudações Honestas Alvinegras)Mauro Axlace

Aqipossa Informativo disse...

Revertere ad Locum Tuum II

Mas se por um lado a própria defesa implantada nestes seguidores, que é a de não enxergar algo como crítica construtiva e sim como uma perseguição covarde contra si mesmos, no que toca a Gl... proteger só o Flamengo, é a de que a mídia necessita de direcionar para a maioria, pois vende mais, subentendendo que TODAS seriam iguais. Mas o que posso perceber é que uma parte deste artifício de proteção está ruindo. Não a mídia em si, mas a balela de que não seria só a Gl...

Basta verificar diariamente, os sites da Gl... e do ODIA para chegar a conclusão que não é um pensamento comum aos interesses da mídia, no que diz respeito a alcançar a maioria.

Aliás, desde que o AQIPOSSA tomou conhecimento do pedófilo, é comum verificar o site do ODIA diariamente. Sem medo de ser feliz, denúncias atrás de denúncias que chegaram aonde todos sabemos. A protetora nada fez além de tentar limpar a imagem do time da Beira da Lagoa.

Mauro Axlace

Aqipossa Informativo disse...

Revertere ad Locum Tuum III

(Perdoem-me, mas não cabia em um comentário e nem em dois)

Os que conhecem o AQIP, Rui, devem estar achando estranho que eu tenha dado ênfase em matérias tipo "O Império do Álcool" e nada parecido com o caso Bruno, me limitando a fazer trocadilhos. Nada mais é necessário falar sobre este idiota psicopata que serviu de exemplo para muitos que ainda virão. Me basta ridicularizá-lo a cada F5 que aperto no site do ODIA.

Mas você conhece o AQIP, Rui. Não conhece? Não vou fazer propaganda do que tenho feito lá, seria fora do propósito nesta sua postagem. Mas uma eu gostaria. Uma, que como você mesmo diz para não falarem do Botafogo, acredito ser uma resposta para muitos. A idéia é minha, montada por mim, que traduz bem o "aqui se faz, aqui se paga.

http://aqipossa.blogspot.com/2010/07/resposta-botafoguense.html

Mauro Axlace

Anónimo disse...

Rui,

Ano passado Kleber Leite disse aos berros, nos microfones de rádios e televisões: "O flamengo pode tudo".

Eles acreditaram.

O pior é que não ouvi nenhum repúdio dos jornalistas. Todos acharam aquela cena muito natural.

Patrick Dias

Ruy Moura disse...

Aconselho sempre o AQUIPOSSA.

Apesar de nessa época já ser muito beneficiado ainda conheci o Flamengo bom. O Flamengo nascido dos persistentes de um naufrágio, nascido da dissidência do futebol fluminense. Um Flamengo que tinha classe antes de ser adotado pelas "pessoas ruins" que andam por aí. Este Flamengo já não presta. Mesmo o Fluminense, que foi tantas vezes beneficiado e tantos campeonatos ganhou na 'secretaria', manteve sempre a sua linha clássica. Os cathartiformes perderam-se na imundície da terra sem rei nem lei, sem regras e sem normas, atraindo cada vez mais o pior que podia ser atraído.

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Não me lembro disso, Patrick, mas a sua observação é preciosíssima: CONFIRMA TUDO O QUE ESCREVI.

Eles acreditaram que tudo podiam, e ninguém contrariou realmente. A inteligência nos jornalistas serve para quê?... Talvez a maioria deles já não tenha nenhuma...

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Patrick, estou farto de procurar, mas não encontro a declaração do K. Leite em que diz FLAMENGO PODE TUDO. Sabe onde posso encontrá-la?

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

É suficiente, Patrick. Muitíssimo obrigado.

Abraços Gloriosos!

Anónimo disse...

Rui,

Na imprensa saiu de uma forma um pouco mais educada.


http://cantinhobotafoguense.blogspot.com/2009/04/nao-se-faz-parceria-com-o-mal.html

"- Existem forças ocultas querendo atrapalhar o Flamengo. Isso está muito estranho. Estão achincalhando o Flamengo. Mas eles precisam saber que o Flamengo é muito grande e que pode muito, tem muita força. Vamos responsabilizar pessoalmente a qualquer um que tente nos prejudicar". Kleber Leite


Agora quem estava vendo a tv, ou ouvindo pelo rádio, escutou o seguinte diálogo:

Repórter: O Flamengo pode parar o campeonato?

Kleber Leite transtornado responde: O flamengo pode tudo.

Patrick Dias

Lewis Kharms disse...

Perfeito, Rui! Ao invés de tentarem se reerguer, se esforçam para levar companhia para o fundo do poço.

E o texto do Poli também é muito bom. Melhor ainda é a aula de ‘flamenguismo’ contida nos comentários. Ótima aula, mas triste realidade.

Saudações botafoguenses!

Pódio 7 – mês de junho

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo As atividades desportivas do Botafogo “Social & Olímpico”, como já vem sendo hábito desde que...