
por Francisco Ribeiro
escrito para Mundo Botafogo
Eu tinha tudo para não ser botafoguense. Filho de um flamenguista roxo com uma tricolor light, torcer para o Botafogo seria algo que tenderia ao improvável.
Mas, não sei qual o motivo, meu pai, apesar de flamenguista juramentado, nunca fez muito esforço para que eu me tornasse um deles. Provavelmente ele achava que isso iria acontecer naturalmente...
Minha mãe não era ligada em futebol, gostava do Fluminense porque morávamos em Laranjeiras, na Rua Soares Cabral, a duzentos metros da sede deles. Não seria ela a pessoa mais recomendada a me fazer torcer para o Fluminense.
Eu nasci em 1961, e comecei a me ligar em futebol aos 6, 7 anos. Para minha sorte, era a época de ouro do Botafogo, E com isso, como diz aquela música que a torcida hoje canta nos estádios, não escolhi, fui escolhido.
Corria o ano de 1968. Eu comecei a acompanhar jogos de futebol pela Rádio Globo, ouvindo Waldir Amaral. Aos poucos, fui sendo envolvido por um time que estava ganhando tudo, e minhas atenções passaram a se voltar para ele. Me lembro claramente de estar junto com meus pais no carro, indo para não sei onde, no dia da final do campeonato, ouvindo o jogo pelo rádio. Que maravilha! 4x0 para o Botafogo. Não me lembro de muitos detalhes da narração do jogo, mas me lembro claramente de um comentário que minha mãe fez depois do quarto gol, onde ela dizia que o goleiro do Botafogo deveria estar sentado debaixo do gol, descansando, pois o time do Vasco não ia fazer gol nunca. Confesso que, na flor dos meus 7 anos de idade, eu visualizei essa cena...
A partir daí, o amor pelo Botafogo começou a se tornar algo mais do que real. Com isso, era a hora de ir ao estádio ver o time jogar ao vivo e a cores, pois os VT da TV Tupi e da TV Excelsior não me permitiriam isso. Assim, comecei a campanha para ir ao Maracanã pela primeira vez.
Acontecia a Taça Guanabara e minha insistência para ir a um jogo era grande. Um belo dia meu pai me avisa : “Vamos para o jogo”. A alegria foi algo empolgante para o garoto de 7 anos. E lá fomos eu, ele (o que um pai flamenguista não faz por um filho único botafoguense, não?) e minha mãe. Na entrada do estádio eu não resisti, e o perturbei tanto que ele acabou comprando aquela que foram minha primeira camisa e bandeira do Botafogo. Não me lembro detalhes da camisa, só que era listrada de preto e branco (wow!!! rs). Vestido com o manto e com a bandeira em punho, fomos para as cadeiras e de lá puder ter pela primeira vez a sensação maravilhosa de ver o Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas em toda a sua plenitude. O adversário era o América, mas eu nem prestei muita atenção nisso. O que importava é que eu estava vendo o Botafogo que, para minha surpresa, usava meias cinzas (a imagem da TV preto e branco na época não me deixava saber desse “pequeno detalhe”).
Confesso que não guardei na memória muitos detalhes do jogo, mas me lembro claramente da angústia que eu fiquei quando tomamos o primeiro gol. Fiquei uma pilha de nervos, e uma certa hora pedi ao meu pai para irmos embora, pois achava que o Botafogo não ia fazer nenhum gol. Quando minhas esperanças já se acabavam eis que Gerson, com um chute certeiro, empata o jogo. Felicidade total!!! Me lembro de minha mãe pulando junto comigo e dizendo: “Ainda faltam 6 minutos, o Botafogo vai ganhar!” Bem, não ganhou, mas conquistou definitivamente o coração daquele garoto, hoje um homem de 49 anos, apaixonado absoluta e incondicionalmente pelo Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas.
Ah, mas esse jogo ainda ia me proporcionar uma segunda alegria. No começo da década de 90, a TV Manchete passou a transmitir um programa com imagens do Canal 100, apresentando pelo insuportável Milton Neves. Eu, já maníaco por preservação de imagens do Botafogo, gravava todos os programas em VHS. Um dia, sem que eu soubesse, o programa simplesmente passou o filmete mostrando o primeiro jogo da minha vida. Aquele garoto de 7 anos, já um homem de 30 e poucos, se emocionou de novo ao poder ver as imagens do jogo, a maioria delas já desaparecidas da minha memória. Confesso que me emocionei demais, ainda mais me lembrando da vibração da minha mãe (já falecida) com o gol do Botafogo que me causou tanta alegria.
A partir daí, como costumam falar nos filmes hollywoodianos, tudo é história. Uma história linda, um amor incondicional, na maioria das vezes alegre, às vezes se tornando quase uma relação de ódio, mas que nunca vai deixar de existir enquanto eu estiver vivo – e que continuará certamente quando eu estiver do outro lado...
escrito para Mundo Botafogo
Eu tinha tudo para não ser botafoguense. Filho de um flamenguista roxo com uma tricolor light, torcer para o Botafogo seria algo que tenderia ao improvável.
Mas, não sei qual o motivo, meu pai, apesar de flamenguista juramentado, nunca fez muito esforço para que eu me tornasse um deles. Provavelmente ele achava que isso iria acontecer naturalmente...
Minha mãe não era ligada em futebol, gostava do Fluminense porque morávamos em Laranjeiras, na Rua Soares Cabral, a duzentos metros da sede deles. Não seria ela a pessoa mais recomendada a me fazer torcer para o Fluminense.
Eu nasci em 1961, e comecei a me ligar em futebol aos 6, 7 anos. Para minha sorte, era a época de ouro do Botafogo, E com isso, como diz aquela música que a torcida hoje canta nos estádios, não escolhi, fui escolhido.
Corria o ano de 1968. Eu comecei a acompanhar jogos de futebol pela Rádio Globo, ouvindo Waldir Amaral. Aos poucos, fui sendo envolvido por um time que estava ganhando tudo, e minhas atenções passaram a se voltar para ele. Me lembro claramente de estar junto com meus pais no carro, indo para não sei onde, no dia da final do campeonato, ouvindo o jogo pelo rádio. Que maravilha! 4x0 para o Botafogo. Não me lembro de muitos detalhes da narração do jogo, mas me lembro claramente de um comentário que minha mãe fez depois do quarto gol, onde ela dizia que o goleiro do Botafogo deveria estar sentado debaixo do gol, descansando, pois o time do Vasco não ia fazer gol nunca. Confesso que, na flor dos meus 7 anos de idade, eu visualizei essa cena...
A partir daí, o amor pelo Botafogo começou a se tornar algo mais do que real. Com isso, era a hora de ir ao estádio ver o time jogar ao vivo e a cores, pois os VT da TV Tupi e da TV Excelsior não me permitiriam isso. Assim, comecei a campanha para ir ao Maracanã pela primeira vez.
Acontecia a Taça Guanabara e minha insistência para ir a um jogo era grande. Um belo dia meu pai me avisa : “Vamos para o jogo”. A alegria foi algo empolgante para o garoto de 7 anos. E lá fomos eu, ele (o que um pai flamenguista não faz por um filho único botafoguense, não?) e minha mãe. Na entrada do estádio eu não resisti, e o perturbei tanto que ele acabou comprando aquela que foram minha primeira camisa e bandeira do Botafogo. Não me lembro detalhes da camisa, só que era listrada de preto e branco (wow!!! rs). Vestido com o manto e com a bandeira em punho, fomos para as cadeiras e de lá puder ter pela primeira vez a sensação maravilhosa de ver o Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas em toda a sua plenitude. O adversário era o América, mas eu nem prestei muita atenção nisso. O que importava é que eu estava vendo o Botafogo que, para minha surpresa, usava meias cinzas (a imagem da TV preto e branco na época não me deixava saber desse “pequeno detalhe”).
Confesso que não guardei na memória muitos detalhes do jogo, mas me lembro claramente da angústia que eu fiquei quando tomamos o primeiro gol. Fiquei uma pilha de nervos, e uma certa hora pedi ao meu pai para irmos embora, pois achava que o Botafogo não ia fazer nenhum gol. Quando minhas esperanças já se acabavam eis que Gerson, com um chute certeiro, empata o jogo. Felicidade total!!! Me lembro de minha mãe pulando junto comigo e dizendo: “Ainda faltam 6 minutos, o Botafogo vai ganhar!” Bem, não ganhou, mas conquistou definitivamente o coração daquele garoto, hoje um homem de 49 anos, apaixonado absoluta e incondicionalmente pelo Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas.
Ah, mas esse jogo ainda ia me proporcionar uma segunda alegria. No começo da década de 90, a TV Manchete passou a transmitir um programa com imagens do Canal 100, apresentando pelo insuportável Milton Neves. Eu, já maníaco por preservação de imagens do Botafogo, gravava todos os programas em VHS. Um dia, sem que eu soubesse, o programa simplesmente passou o filmete mostrando o primeiro jogo da minha vida. Aquele garoto de 7 anos, já um homem de 30 e poucos, se emocionou de novo ao poder ver as imagens do jogo, a maioria delas já desaparecidas da minha memória. Confesso que me emocionei demais, ainda mais me lembrando da vibração da minha mãe (já falecida) com o gol do Botafogo que me causou tanta alegria.
A partir daí, como costumam falar nos filmes hollywoodianos, tudo é história. Uma história linda, um amor incondicional, na maioria das vezes alegre, às vezes se tornando quase uma relação de ódio, mas que nunca vai deixar de existir enquanto eu estiver vivo – e que continuará certamente quando eu estiver do outro lado...
2 comentários:
Boa noite Ruy,
Acabo de ver meu texto publicado no blog. Me emocionei, pois é a primeira vez que meu amor pelo Botafogo é divulgado para o mundo.
Te agradeço de coração ter me dado essa oportunidade.
Saudações alvinegras
Francisco
Eu e todos os botafoguenses é que agradecem, meu amigo. Agradecem o texto e agradecem que sejas 'nós'.
Eu também me emocionou todos os dias quando escrevo sobre o Botafogo. Às vezes emociono-me tanto que tenho que apagar o que escrevi. Porque às vezes é intenso demais...
O blogue está à tua inteira disposição, Francisco. É nosso.
Abraços Gloriosos!
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