Dia de apresentação da seleção em Teresópolis. […] Felipão: “Nós vamos ganhar a Copa”.
Parreira: “Chegou o campeão. Estamos com uma mão na taça. A CBF é o Brasil que
deu certo”. […]
Chegamos à coletiva de hoje [após
a derrota por 7x1], sete figuras em
Teresópolis numa mesa. […] E o que se
viu foi uma demonstração de arrogância, soberba, prepotência, falta de
humildade, um festival de sandices, um arroto coletivo.
[O
futebol brasileiro] é infestado por
figuras sombrias e deprimentes, gente ligada ao regime militar, múmias
carcomidas, antiquadas, obsoletas, conservadoras (o treinador é admirador
confesso de Pinochet), adeptas de rituais de guerra, de conceitos bélicos,
de atitudes marciais, gente que não sorri, que dá asco, que, definitivamente,
não tem nada a ver com o futebol que o Brasil um dia mostrou ao mundo e fez com
que o mundo se encantasse por ele. […]
Hoje, na tal coletiva, [o
treinador] brandiu folhas de papel com
seu retrospecto e carga horária de treinos para provar que fez tudo direitinho.
Parreira, figura hedionda e sorumbática, interrompia o abatido treinador a cada
resposta para rebater toda e qualquer crítica e reforçar sua autoproclamada
competência, seu currículo inatacável, seu passado vitorioso de líder de
polichinelo, flexão de braço, distribuição de coletes e posicionamento de
cones.
O futebol brasileiro recebeu alguns recados nos últimos
anos. Quando o Santos tomou duas goleadas do Barcelona, por exemplo. Ou quando
o Inter foi eliminado do Mundial de Clubes por um time africano. E, depois, o
Atlético Mineiro – por uma equipe marroquina. As finais da Libertadores serão
retomadas agora, depois da Copa. Sabe quantos clubes brasileiros estão entre os
semifinalistas? Nenhum. A média de público da Série A é não menos que ridícula.
O campeonato do ano passado acabou num tribunal fajuto porque a CBF não
consegue publicar uma suspensão de jogador num site. O clube que reclamou dessa
iniquidade foi chantageado e ameaçado de desfiliação e acabou rebaixado, sem
ter direito sequer de buscar seus direitos.
Esse futebol, ontem, levou sete gols da Alemanha. Quatro
deles em seis minutos. E a turma responsável por esse vexame hilariante, hoje,
não desceu do salto. Não assumiu nenhum erro. Não admitiu nenhuma falha. Não
reconheceu suas deficiências. Tratou o resultado como um acidente. – Flavio Gomes, cronista.
Texto
completo em http://flaviogomes.warmup.com.br/2014/07/nao-foi-acidente-dona-lucia/#.U7_GIOJh2BE.facebook
Imagem: Pedro Ugarte / AFP
Sem comentários:
Enviar um comentário