“A ausência de Charles Borer no estádio não
impediu que a torcida do Botafogo, mesmo que em pequeno número, fizesse o
enterro simbólico do dirigente de toda a diretoria do clube. Logo antes do
jogo, após os tradicionais coros de “Fora Borer”, “Ladrão” e “Queremos time”,
os torcedores ergueram um caixão, promovendo o enterro prometido.
E no intervalo da partida, diante dos inúteis apelos
do trio de arbitragem, alguns torcedores forçaram um portão que há no alambrado
do Estádio de Ítalo Del Cima e conseguiram entrar em campo para colocar o
caixão – vazio e de baixa qualidade – no centro do gramado. As manifestações,
porém, foram realizadas num ambiente pacífico.
Os policiais que estavam no gramado – apenas 10
elementos da Cavalaria da Polícia Militar – logo pediram que os torcedores
levassem o caixão do campo e o grupo atendeu. Só que ninguém quis levá-lo
novamente para o meio da torcida e o caixão acabou ficando à margem do gramado,
sob aplausos dos que tinham permanecido na arquibancada.
Russão, do meio do povo, comandava o espetáculo, mas
em momento algum tentou invadir o campo. A manifestação pacífica da torcida
chegou a surpreender, porque diante de tanta irritação que os torcedores vinham
mostrando há uma semana, as previsões em relação aos protestos eram as mais
pessimistas.
Logo que os torcedores voltaram para a arquibancada,
chegou um reforço da Polícia Militar, com alguns soldados que vieram num
“camburão”. Não foi necessário, no entanto, a intervenção da polícia. A torcida
sequer vaiou os jogadores nos 90 minutos de jogo e quem não conhecesse a
revolta por causa da goleada para o Fluminense poderia pensar que estava tudo
em paz entre clube, diretoria, time e torcedores.
Talvez pela ausência de Charles Borer, o protesto
acabou sendo frio, registrado pelas faixas com frases como “ladrão”, “Borer já
morreu”, “Fora Borer”, “time de 12 anos sofridos” ou “que saudades do meu
Botafogo” sem incidentes. Desta vez, nem mesmo o caixão foi apreendido pela
polícia.
Se alguém queria ver a reação de Charles Borer, teve
que se contentar com sua presença num programa de televisão ontem à tarde, num
debate com o cantor Agnaldo Timóteo. Oficialmente, a desculpa para o não
comparecimento do presidente ao jogo foi uma pequena intervenção cirúrgica que
ele sofreu na perna há pouco tempo. Também a recomendação de um médico – a
pressão de Borer subiu a 21 nos últimos dias – impediu o dirigente de ir ao
estádio.
E do boicote proposto pelos líderes das facções da
torcida botafoguense apenas dois jogadores escaparam: Mendonça e Paulo Sérgio,
que tinham faixas com seus nomes.”
Fonte:
Internet, sem autor referenciado; Imagem: Russão, chefe da torcida.
Sem comentários:
Enviar um comentário