segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Cartilha para o próximo presidente do Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas

O Sporting Clube de Portugal teve uma série de presidentes seguidos que não estiveram à altura do cargo de presidente de um dos maiores clubes do mundo, que é o 3º melhor do mundo em títulos coletivos mundiais e europeus conquistados em todas as modalidades (atrás de Barcelona e Real Madrid), que possui a 2º melhor Academia do mundo e cujo enraizamento nos quatro cantos do planeta se faz através de 300 filiais.

Particularmente o último presidente, que não durou mais de dois anos e teve que se demitir por pressão dos sócios, foi quase tão pernicioso como o NÓDOA, atual presidente do Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas. Há um ano e meio, Botafogo e Sporting equivaliam-se quanto a desastres presidenciais. O Sporting obteve a sua pior classificação de sempre no campeonato nacional de futebol e não foi às competições europeias. O clube estava publicamente tão enxovalhado como o nosso Botafogo. Todos o desconsideravam, tal como desconsideram o Botafogo, ambos os casos em virtude de passados gloriosos que nenhum dos adversários brasileiros e portugueses têm.

Eis quando o candidato que perdera as eleições há dois anos – porque não inspirava confiança por ser muito jovem e prometer a entrada de capitais que não revelou as origens (o que é normal, guardando o trunfo para si no futuro) – se apresenta ao sufrágio de abril passado. Como diz o provérbio popular que “perdido por cem, perdido por mil”, eis que os associados – todos com direito a exercer os seus votos consoante a sua antiguidade – decidiram votar em Bruno de Carvalho (BdC), o jovem e enigmático presidente.

Normalmente as esposas dos vencedores asseguram à comunicação social que o clube, o país, ou outro beneficiário qualquer, ficam bem servidos de presidente. A esposa de Bruno de Carvalho – que tratou de se sumir da comunicação social, como é normal – disse apenas estas palavras aos microfones da comunicação social: “Saiu a sorte grande ao Sporting”.

Gravei a frase, mas não acreditei. Por tanto mal que os cartolas fizeram ao Sporting, a prudência aconselhava a uma postura racional, tanto quanto os adeptos do vencedor o cognominaram “Presidente do Povo”. E eu gosto pouco de popularismos que muitas vezes acabam mal.

Pois bem, meus amigos, hoje pode-se dizer que há um ano e meio saiu a sorte grande ao Sporting.

O presidente, no seu primeiro ato, reescalonou a dívida do clube junto das entidades bancárias, que pensavam ser BdC um alvo manso a enrolar como fizeram com os outros presidentes. O homem levantou-se da mesa de negociações e bateu com a porta, responsabilizando a banca por ter critérios diferentes daqueles aplicados ao Benfica e ao Porto. Botou a boca no trombone, a banca chamou-o novamente à mesa de negociações e BdC conseguiu a reestruturação financeiura que queria.

A seguir, fez uma reorganização administrativa, demitindo os amiguinhos dos cartolas anteriores e até mesmo dirigentes que há anos viviam à custa do Sporting. Depois foi buscar um novo diretor de futebol sportinguista, que já foi campeão pelo clube como jogador e treinador, e também contratou um jovem treinador sportinguista que estava treinando um clube grego.

Em seguida negociou com todos os atletas que ganhavam exorbitâncias, enxugou os custos mensais dos salários e foi contratar novos atletas aos estados Unidos da América, à Argélia, à Colômbia, ao Japão, enfim, a uma série de sítios aos quais enviou os seus colaboradores mais próximos para referenciação de atletas prometedores, fazendo aí as novas contratações e estiuopulando cláusulas de rescisão no valor de 30 a 45 milhões de euros a fim de segurar os jogadores relativamente aos ‘poderosos’ da Europa que têm dinheiro para comprar este mundo e o outro. Por exemplo, BdC vendeu um centroavante por 10 milhões de euros e comprou outro centroavante pouco conhecido, que se tornou artilheiro, por 5 milhões, com uma cláusula elevada. Sobraram cinco milhões para investir. Outro exemplo: foi buscar Marcos Rojo a um clube russo e Slimani a um clube argelino – Rojo em muito má fase de carreira e Slimani completamente desconhecido, comprados por apenas 300 mil euros. E, contudo, recusou a venda do goleiro da Seleção de Portugal por 12 milhões de euros, uma quantia absolutamente exorbitante para o passe de um goleiro. Porém, ele sabia que aquele era o Jefferson sportinguista, o goleiro que agarra tudo e defende penalties. Finalmente, fixou o orçamento para o plantel de futebol em 25 milhões de euros para a temporada e partiu para a luta. Abreviando: terminou o campeonato em 2º lugar, com seis pontos de vantagem sobre o tricampeão Porto e garantiu entrada direta para a fase de grupos da Liga dos Campeões, assegurando desde logo um prêmio da UEFA no valor de 8,6 milhões de euros, que podem ir a 12 milhões se o Sporting se classificar na fase grupos e mais ainda se conseguisse manter-se na competição.

Ao longo de um ano e meio, BdC recuperou a credibilidade do clube, levou-o novamente à elite europeia e fez os adversários respeitarem-no novamente. Foi o primeiro presidente de todos os clubes a fazer frente ao presidente do Porto, Pinto da Costa (PC), no cargo há mais de 30 anos e dinossauro do futebol português. Quando PC atacava, BdC retrucava com um ataque mais forte ainda. Quando PC quis impugnar um jogo que perdeu para o Sporting por alegada pressão pública sobre as arbitragens (altamente favoráveis ao Porto e ao Benfica), BdC sugeriu que a senilidade é uma doença que costuma atacar depois dos 70 anos. E chegou ao ponto de afirmar que depois de PC partir, ele ainda ficará por cá muitos anos…

Eis, então, que surge a Copa do Mundo. O Sporting tem cinco atletas convocados, quatro dos quais titulares: Rui Patrício e William Carvalho (ambos revelados na Academia), pela Seleção de Portugal; Marcos Rojo, pela Seleção da Argentina; Slimani, pela Seleção da Argélia.

Todos os quatro se saíram bem, mas especialmente Marcos Rojo e Slimani, porque as suas Seleções seguiram em frente, e uma das quais foi à final, destacaram-se aos olhos dos caçadores de talentos.

BdC não queria vender nenhum desses jogadores. Rui Patrício (o nosso Jefferson) estava fora de questão; Marcos Rojo e Slimani seriam para aguentar pelo menos por um ano; William Carvalho, o melhor de todos, seria muito assediado, mas a sua cláusula de multa é de 45 milhões – e dificilmente alguém se arriscaria a comprar o atleta.

BdC rejeitou as propostas de venda de William Carvalho, e as propaladas propostas por Marcos Rojo e Slimani não apareceram. Eis senão quando Slimani se recusa a jogar sem aumento de salário e Marcos Rojo falta a um treino após o Manchester United anunciar que o compraria por 20 milhões de euros. Estávamos a uma semana da abertura do campeonato nacional e toda a estratégia contava com Marcos Rojo na zaga e Slimani em centroavante.

Que faria o presidente do Botafogo? – Todos sabemos que ele não soletra o verbo “fazer”, mas sim o verbo “não fazer”. E quanto a BdC, que fez?

BdC reuniu a cúpula Sportinguista nesse mesmo dia, suspendeu preventivamente ambos os jogadores e instaurou dois processos disciplinares aos atletas.

No caso de Marcos Rojo, deve-se dizer que o membro de um Fundo que detém parte do passe de Marcos Rojo, chegou a Alvalade falando inglês e anunciando-se como delegado do Manchester United e, simultaneamente, o empresário do argentino ameaçava, através de mensagens de celular, que se o Sporting não vendesse, Rojo iria criar ‘problemas’ na Academia.

Tudo bem montado para dar a volta à cabeça de Marcos Rojo, já que jogar no Manchester United é o sonho de quase todos os atletas. Porém…

Porém, existe BdC. No ano passado, Bruma, uma revelação da Academia, fez braço de ferro com BdC alegando que os dois anos de contrato haviam chegado ao fim e queria sair a CUSTO ZERO (!) para um clube russo. O empresário fez declarações televisivas em várias frentes (apoiado pela imprensa benfiquista) e fez um ultimato ao Sporting. BdC respondeu assim: (a) colocou Bruma a treinar com a equipa B; (b) antes desse contrato caducar, Bruma havia assinado outro que estava em vigor, e então BdC apelou ao Tribunal. Bruma apercebeu-se que iria ficar sem jogar e entregue a treinos na equipe B, o que se agravou quando o tribunal favoreceu as pretensões do Sporting por unanimidade. Então, Bruma dispensou o empresário e decidiu que já não queria sair a custo zero, mas após negociações. E saiu pelo valor que BdC entendeu adequado.

Depois foi o brasileiro Elias – cathartiforme do clube carioca e cathartiforme do clube paulista – cujo paizinho pensava que o Sporting ainda era a Casa da Joana. Novo Braço de Ferro porque BdC só vendia Elias por 8 milhões. O paizinho de Elias andou minando toda a imprensa portuguesa e brasileira, fazendo de Elias um mártir às temíveis mãos de um carrasco impiedoso. A imprensa brasileira embarcou na conversa do paizinho de Elias, e cheguei a ler que o Sporting estava falido e que era absurdo não aceitar a venda de Elias por 5 milhões. BdC manteve-se sereno e Elias perdendo oportunidaes de jogar e de render, afigurando-se um horizonte em que não conseguiria sair do Sporting e não conseguiria jogar – arruinando a carreira. O Corinthians acabou por comprá-lo por 8 milhões…

Voltemos a Rojo e Slimani. Ambos suspensos. Ambos sem serem sequer integrados na equipe B. Ambos com contratos ainda de três anos. Ambos com cláusulas rescisórias de 30 milhões de euros.

BdC deu uma entrevista à TV Sporting da qual destaco as seguintes palavras (citações; negrito da responsabilidade do Mundo Botafogo):

“O meu discurso não mudou. O Sporting não advoga nenhum gênero de vedetismo. O Sporting age da mesma maneira com um jogador que foi ao Mundial, que não foi ao Mundial, ou que tenha propostas de milhões ou que não tenha proposta nenhuma. Mais importante que ter um grupo de jogadores é ter um grupo de trabalho que se sinta preparado. Há dois jogadores que não compreenderam as alterações que foram feitas no Sporting.

“Rojo e Slimani estão sob a alçada disciplinar do Sporting. A ambos falta cumprir três anos de contrato. Têm contrato. O Sporting não cede a chantagens, pressões, interesses de agentes e muito menos de fundos. Não cede a atitudes de interesses que desrespeitam o clube.”

“Em primeiro lugar, o clube; em segundo lugar, os seus associados e adeptos; em terceiro lugar os grupos de trabalho. Eu não troco a honra do clube, a história do clube, a honra dos nossos associados e do nosso grupo de trabalho por qualquer tipo de atitude de vedetismo seja de quem for.”

“E não jogam no sábado. Garantidamente não jogam. Nem na equipe A, nem na B, nem na C, nem na D, nem na E. Ambos os jogadores tomaram decisões que lhes provocaram uma situação de indisciplina acentuada dentro do Sporting. Deixo um recado à navegação: todo o jogador que não siga as regras do clube, esses dois ou outros, podem ter as pretensões e as vontades todas, mas com esta direção a situação complica-se. Não usem a imprensa, sejam profissionais. Vamos ver quanto é que este processo vai demorar. Pode demorar pouco, pode durar muito, mas sábado não está resolvido. O processo pode acabar com a saída dos jogadores ou pode acabar por terem de cumprir três anos de contrato.”

Alguns comentários de internautas após a entrevista de BdC e antes da retratação de Marcos Rojo:

“Curto e grosso! Muito bem!”

“Que saudades que eu já tinha de ter um presidente assim!”

“Grande presidente! Por mim, até Dezembro ficavam encostados. Depois, logo se via e caso existisse mudança na atitude, ponderar-se-ia a questão. Mas até lá querem jogar? Haja quem pague a cláusula.”

“Mais do que os que lá estão, temos que lançar um aviso aos jogadores que no futuro venham a assinar contrato com o Sporting: juízo que esta m…. não é o da Joana e os contratos são para cumprir.”

 “Temos um presidente e uma direção, que serve o clube, logo este tipo de jogadas de bastidores estão lixadas, nem que tenham de ficar os três anos que lhes resta de contrato sem jogar... Ah pois é, querem brincar? Então aguentem. É melhor retratarem-se enquanto têm tempo porque a coisa não vai ser fácil, aliás, para os adeptos eram queridos e agora têm tolerância ZERO.”

“Viva o Sporting! O jogo de sábado vale muito mais do que três pontos…”

Entretanto, o Sporting rescindiu, alegando justa causa, o contrato que tinha com o Fundo de Investimento que detém parte dos direitos sobre Marcos Rojo. BdC liquidou mais um empresário / Fundo metido a espertalhão.

O caso Slimani está por resolver. O caso de Marco Rojo foi fácil, fácil. Ante a visão de poder arriscar não jogar até o Sporting decidir o contrário, ou alguém bater a cláusula dos 30 milhões, Rojo conversou com o presidente do Sporting, na sexta-feira, e no sábado foi entrevistado pela TV Sporting. Eis o teor das suas declarações (citações):

“Foi tudo um mal-entendido, eu estava de cabeça quente, não pensei no que estava a fazer. Estou arrependido, sinto que não fui profissional. Agora vou corrigir a situação.”

[Leia-se: o meu empresário pressionou-me, agi sem profissionalismo e agora vejo que se não corrijo a situação estarei em ‘maus lençóis’]

“Na última sexta-feira conversei com o presidente. Já nos entendemos, voltei a treinar na Academia. Confio no Sporting. O Sporting contratou-me quando eu não estava no meu melhor momento, deu-me a oportunidade de jogar numa grande equipa da Europa. Agradeço ao Sporting e a quem trabalha no clube.”

[Leia-se: o presidente deu uma lição de ética a Marcos Rojo, deixou bem clara a grandeza do Sporting e disse-lhe – certamente – que teria que ir a público retratar-se se quisesse treinar e voltar à titularidade do time principal ou até mesmo negociado noutras condições.]

“Quero dizer a todos que não procedi bem, mas gosto muito do clube. O que será da minha carreira depende do clube, do Sporting. Queria deixar bem claro que estou muito feliz no clube, que gosto muito da forma como me tratam e do carinho que me transmitem no Sporting.”

[Leia-se: o futuro imediato de Rojo ao Sporting pertence, e se quer sair para um clube europeu ricaço, tem que ser como o Sporting quer, sem prejuízo de nenhum dos lados.]

Hoje, Marcos Rojo foi reintegrado no plantel e já treina com os seus companheiros.

Em suma, meus amigos, a decisão de BdC não se pauta pelo imediatismo, pela resolução a qualquer custo de um problema, pela cedência ao vedetismo e à chantagem; BdC decide em função do futuro. De agora em diante, qualquer jogador e qualquer empresário que quiser jogar fora das regras, já sabe com o que conta.

Que grande presidente!

4 comentários:

Sergio Di Sabbato disse...

Realmente o Sporting tirou a sorte grande com BdC e nós, nós botafoguenses temos um dos cavaleiros. A grande diferença entre o BdC e o NÓDOA é que o 1º ama e sabe a importância histórica de seu clube e acima de tudo é HOMEM. O segundo é um oportunista que viu em seu clube uma forma de se dar bem enxovalhando sua rica e incomparável história, e acima de tudo é um frouxo. Simples assim meu caro Rui. Realmente o Sporting tirou a sorte grande. Abs e SB!

Gil disse...

Rui,

Acho que nunca veremos atitudes como estas no Botafogo.
Haja visto que os candidatos, todos, participaram da péssima gestão do NÓDOA por um bom período e nas duas gestões.

Parabéns ao Sporting!

Pobre do atual Botafogo!
Pobre de nós, Torcedores!

Abs e Sds, Botafoguenses!!!

Ruy Moura disse...

Concordo inteiramente, Sergio. É um frouxo. Além de mentiroso e, evidentemente, de oportunista.

O que me espanta nestes homens que têm a necessidade de se aproveitarem dos clubes é verificar que conseguiram viver tantos anos sem os benefícios dessa liderança e em boas condições socioeconómicas. Então, porquê a filosofia do 'eu' e da 'ganância'? Fará parte da cultura? É intrínseco a quem assume o poder em clube brasileiros ou só no Botafogo é que há Montenegros, Rolins, Palmeiros e Assumpções?

Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Pois é, Gil. O que me assusta é que nenhum dos candidatos é coisa nova, nem parace ter programa novo sustentado em filosofia nova.

Temo mais do mesmo, e mais do mesmo nesta fase, é o abismo.

Em suma: Pobre do atual Botafogo! Pobres de nós, Torcedores!

Abs. Gloriosos.

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