por MÁRCIO GUEDES
jornal O Dia, 06.11.2014
Com tantas glórias e craques inesquecíveis, o Botafogo tem na trajetória de
110 anos a certeza de que pode voltar a brilhar com sua Estrela Solitária
São 110 anos de uma
gloriosa história. Gerações e gerações que aprenderam a amar o time da Estrela
Solitária. Defendendo um escudo tão simples e imponente, um desfilar de craques
de fino trato com a bola, de paixão pela rede, de inesquecíveis emoções. Quantos
deles, com a Amarelinha, encantaram não só os alvinegros, mas o país e o mundo.
Quanta felicidade proporcionaram! Quantas plateias surpreenderam!
Como esquecer a
categoria de Nilton Santos, aquele que sabia tanto de bola, que era chamado de
Enciclopédia do Futebol. E de Garrincha, o Mané, Alegria do Povo, que
imortalizou a camisa 7 do clube, levando à loucura os Joões mundo afora e
trazendo o caneco do Bi em 1962, depois de a Seleção ficar sem Pelé, tão bem
substituído pelo Possesso Amarildo. Didi, monstro sagrado do meio-campo, deus
no gramado. Zagallo, formiguinha de futebol incansável. Gerson, Canhotinha de
Ouro, jardas e jardas em lançamentos de precisão milimétrica. Jairzinho, o
Furacão da Copa, gols em todos os jogos na inesquecível conquista do Tri em
1970.
O arrojo de Manga, a
simplicidade de Wagner, a frieza de Jefferson, o talento de Carlos Alberto
Torres, o fôlego de Josimar, a valentia de Brito, a segurança de Mauro Galvão,
a qualidade de Leônidas, a classe de Rildo, a bomba de Marinho Chagas, o faro
de gol de Paulinho Valentim, a falsa lentidão de Fischer, a fixação pela rede
de Quarentinha, a redenção de Maurício. Quantos craques!
A corajosa rebeldia
do cabeludo e barbudo Afonsinho, a insanidade de Heleno de Freitas, a lucidez
de Seedorf, a habilidade desconcertante de Paulo Cezar Caju, a dedicação de
Donizete, a irreverência de Túlio Maravilha e Loco Abreu, o trabalho incansável
de Dirceu, o fôlego de Alemão, a precisão de Mendonça, a elegância de Nilson
Dias.
O Botafogo trilhou
seu glorioso caminho nos passos de jogadores espetaculares, gênios da bola. Se
hoje a Estrela Solitária não brilha com tanta intensidade, se está ofuscada por
nuvens densas e decisões obscuras de dirigentes, novos dias de céu aberto
virão. A camisa preta e branca deve ser sempre vestida com muito orgulho.
Afinal, se a Série B emudece, a história do clube grita. E a história não se
rebaixa!
‘O clube jamais se
perderá na poeira do tempo. A crise atual passará.’
O torcedor do
Botafogo sempre foi conhecido como ‘sofredor’ por causa de expectativas
frustradas. Teve período glorioso nos anos 60, quando times poderosos
liquidavam adversários. Após mais de duas décadas sem títulos e da venda da
sede de General Severiano, houve quem desse como certo o fim do clube como instituição
de primeira.
Mas o Botafogo
sobreviveu a tudo e teve década vitoriosa nos anos 90. No século 21, a coisa
piorou, mesmo com os três títulos cariocas. Mas, pela sua grande e apaixonada
torcida, o clube jamais se perderá na poeira do tempo e personagens recentes
como Loco Abreu, Seedorf e Jefferson seguram a mística incomparável, semeada a
partir do grande Heleno de Freitas.
Por isso, o
botafoguense é um alucinado pelo clube, não importam resultados e obstáculos. A
crise atual passará porque há mutirão a favor. Como dizia o saudoso teatrólogo
Sérgio Rangel: “O jogo em si e o papo sobre o futebol em si não me interessam.
O Botafogo está acima de tudo.”
2 comentários:
Sempre ouvi dizer que esse colunista era botafoguense, mas sempre tive dúvidas. Depois desse texto, fica a certeza de que de fato ele é fã da estrela solitária...
Ele sempre foi. Só que é um daqueles botafoguenses 'chatos' que não poupa nas críticas e as pessoas não estão acostumadas à crítica quando as coisas correm bem. Acham que quando se está a ganhar "não se mexe no time". Ora, o segredo de ganhar muitas vezes sempre tem duas origens: (a) mexer no time quando está bom a fim de manter a dinâmica, a chegada permanente de sangue novo, de ajustamentos, etc.; (b) ser flamenguista com um monte de árbitros amigos no bolso.
Abraços Gloriosos.
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