quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Um ABC do Remo – à maneira de Fairbairn

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ERNESTO Ferreira Gomes TOMÉ nasceu em Santana (Figueira da Foz, Portugal), em 31 de maio de 1894, e morreu na Ilha de S. Tomé, em 25 de outubro de 1975.

Ernesto Tomé foi campeão português de remo, nadador, instrutor de boxe, instrutor e director técnico de remo e ginástica sueca, dirigente de vela e hipismo, praticante de esgrima e jogador de futebol, quase todos estes desportos praticados no Ginásio Clube Figueirense.

Como Diretor do então Grande Casino Peninsular e presidente da Comissão Municipal de Turismo organizou festas, cortejos folclóricos e garraiadas que ficaram memoráveis. Foi um distinto poeta e brilhante prosador que escreveu diversos livros em prosa, poesia, direito e desporto. Foi director de jornais, advogado e oficial do exército. Foi agraciado com o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Avis.

Entre muita literatura que publicou, escreveu um ABC do Remo que se descreve em seguida. O texto retrata integralmente a ortografia da época e publica-se a título de homenagem à conquista botafoguense do I Campeonato Brasileiro de Remo Aberto 2010.

Um ABC do Remo – à maneira de Fairbairn
pelo Dr. Ernesto Tomé


A. – é para o ATAQUE que é feito, abrindo primeiramente o ângulo pernas-coxas, e que deve ser uno, compacto, premente e constante, desde que a pá do remo entra na água até que dela sai.
B. – é para o BARCO que deve ser conduzido com perícia pelo timoneiro.
C. – é para o CALÇO do remo que deve ser constantemente premido, lateralmente, contra a forqueta.
D. – é para os DEDOS que devem mover o punho do remo, no virar e transvirar da pá, não se baixando ou levantando os pulsos.
E. – é para a EXTENSÃO da remada que deve ser comprida, para compensar o facto da pá, para o ataque, entrar já a remar na água, e ainda da água ceder diante dela.
F. – á para FIXAR a pá do remo na água, por meio de ataque violento, premente e constante.
G. – é para os GANCHOS que as mãos devem fazer ao puxar pelo punho do remo.
H. – é para a HABILIDADE com que o remador deve trabalhar a pá do remo dentro da água.
I. – é para o remo que é uma alavanca INTER-RESISTENTE.
J. – é para a JUSTEZA com que o remador deve ligar todos os movimentos da remada, entre as duas posições extremas da flexão e da extensão forçadas do corpo.
K. – é para os muitos KILÓMETROS que se devem sempre percorrer nos treinos, em lugar dos percursos de alguns centos de metros.
L. – é para não LEVANTAR as mãos para o ataque, pois a pá do remo deve entrar na água já a remar, e não de cutelo.
M. – é para as MÃOS que devem trabalhar sempre leves no punho do remo, não o agarrando, crispadas.
N. – é para NÃO se encurtar a remada, pois obtêm-se mais remadas por minuto, aumentando a velocidade e o esforço de tracção no punho do remo, durante o ataque.
O. – é para o ORGANISMO do remador que deve ser sempre conservado em condições de boa saúde.
P. – é para a PÁ do remo que não deve «caminhar na água» e deve estar sempre normal (perpendicular) dentro dela, durante o ataque.
Q. – é para QUALQUER remada, que tem sempre o seu ponto de máximo rendimento na altura em que a alavanca do remo está perpendicular ao eixo do barco.
R. – é para a RECUPERAÇÃO que o remador deve fazer como se viesse a flutuar, tendo a ilusão de que puxa o barco para si.
S. – é para o SLIDER que deve correr suavemente sôbre as calhas.
T. – é para o TRONCO que, no final da remada, deve fazer ainda pressão para trás, enquanto as mãos passam por cima das pernas estendidas, só se começando a levantar depois do «slider» partir para a recuperação.
U. – é para a UNIÃO que deve existir entre todos os remadores da equipa.
V. – é para a VINDA À FRENTE que o remador deve fazer calmamente, levando o dôbro do tempo do ataque.
X. – é para os XISTRÓPOLES com que se parecem os remadores que levantam os cotovelos como se fôssem asas.
Z. – é para os ZARAGATEIROS que se não devem nunca deixar falar a bordo.

Pesquisa de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo)

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