A cidade do Rio de Janeiro celebra 446 anos de existência, quase tantos quanto os da comemoração da 1º partida de futebol em toda a América do Sul.
Ah!... Foi Charles Miller quem fundou o futebol no Brasil?! Hum… terá sido ele a trazer a bola, as chuteiras e os uniformes… mas… será que a primeira partida de futebol em terras de Vera Cruz só ocorreu realmente em 1905, tal como reza a historiografia dominante?...
Charles Miller tinha o material desportivo e a posição de classe para que a ‘sua’ partida fosse a 1ª, mas parece que não foi…
Obras de pesquisa colocam mais uma vez o nome ‘Botafogo’ no topo das coisas. Efetivamente, embora ninguém saiba ao certo onde e quando aconteceu o primeiro jogo de futebol no Brasil, há referências de uma partida realizada na praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, por volta de 1880, quando marinheiros britânicos fizeram uma demonstração do ‘novo’ esporte para a Princesa Isabel.
Outros pesquisadores, tal como José Moraes dos Santos Neto, atribuem a introdução do futebol no Brasil à aprovação da reforma das diretrizes do ensino público, tendo tudo começado realmente em 1872. Segundo Santos Neto, o futebol começou a ser praticado nas escolas pelos alunos e professores, e em seu livro sobre o assunto retrata a forma de jogo que era praticada em colégios da elite paulista na década de 1870.
O futebol começou em Botafogo?... Em São Paulo?... Hum… muito antes, meus amigos, muito antes…
Na verdade, a acreditar no blogue ‘o tempo e o placar…’, a coisa ocorreu num dia de abril há 511 anos, isto é, 65 anos antes da fundação oficial da cidade do Rio de Janeiro. Confira, amigo leitor, um depoimento ‘muito antigo’ que relata o evento que colocou, frente a frente, ‘Os Tupi’ e ‘Os Capitães da Armada’:
“Relembr[o] aqui a pré-história do futebol brasileiro, quando no domingo 26 de abril de 1500 é realizado o primeiro encontro de futebol em Terras de Vera Cruz, mais exactamente em Porto Seguro, e que doravante catapultou o Brasil como a maior e melhor “fábrica” de especialistas na matéria.
Eis a constituição das equipas e o relato do jogo:
Os Tupi
1 – Airy (Palmeira)
2 – Moema (Doce)
3 – Cauã (Gavião) – Capitão da equipa
4 – Guaraci (Sol de verão)
5 – Potira (Flor)
6 – Jaciara (Luar)
7 – Jaci (Lua)
8 – Araquém (Pássaro)
9 – Piatã (Forte)
10 – Tinga (Branco)
11 – Anauá (Pau de flor)
Os Capitães da Armada
1 – Gaspar de Lemos
2 – Pêro de Ataíde
3 – Diogo Dias
4 – Bartolomeu Dias – Capitão da equipa
5 – Nicolau Coelho
6 – Luís Pires
7 – Pedro Alvares Cabral
8 – Nuno Leitão da Cunha
9 – Aires Gomes da Silva
10 – Sancho Tovar
11 – Simão de Pina
RELATO DO JOGO
Colocada a bola ao centro, o árbitro, munido de um chocalho tupi, dá inicio ao jogo e as claques gritam apoiando as equipas. A equipa tupi entrou bem. Mais ousada que a equipa da frota, que apostava numa pressão alta para impedir que o meio-campo tupi pensasse o jogo. Mesmo assim, não tardou que o conjunto nativo criasse perigo. Na sequência de um canto, Anauã fez gol que o árbitro anulou por fora de jogo. A claque tupi reagiu de imediato com uma ladainha que ninguém entendeu, mas que por certo queria significar: “Fora o árbitro! Fora o árbitro! Gatuno! Gatuno! Gatuno!”.
O árbitro, que era luso com alma veracruciana, não entendendo os apupos, mas percebendo os gestos, vai daí e demite-se da sua função, entregando o apito, melhor dizendo, o chocalho, ao Frei Henrique, que passou a dirigir o jogo.
Esse lapso de tempo foi o suficiente para a equipa da frota se recompor, passando a equipa tupi a sentir sérias dificuldades em entrar na área do adversário, onde o central Pedro Álvares Cabral se mostrava imperial. Porém, quando menos se esperava, Jaciara deu nas vistas. Primeiro, fez uma arrancada que só não deu frutos porque o remate saiu torto. Depois, na marcação de um livre directo, atirou forte em direcção à baliza do goleiro Gaspar de Lemos que num golpe de rins desviou a bola para fora.
Entretanto, a passe de Moema, Potira lança a bola em profundidade para Piatã que dominando o esférico com o peito desfere um potente remate sem hipóteses de defesa para o goleiro Gaspar de Lemos. Estava feito o 1-0 que a claque tupi festeja euforicamente com gritos de contentamento e uma salva de flechadas atiradas para o ar, facto que obrigou à debandada das duas equipas que se protegiam com as mãos na cabeça. Este incidente obrigou Frei Henrique a interromper o jogo durante cerca de 15 minutos a fim de que fosse mantida a ordem e recolhidas as setas caídas no terreno de jogo.
Retomado o jogo, a bola é novamente colocada ao centro, e Bartolomeu Dias dribla um tupi, outro e mais outro, centra para Cabral que por sua vez passa para o Simão de Pina que de calcanhar enfia a bola por baixo das pernas do goleiro da equipa tupi. Era o empate e agora foi a vez da claque da armada festejar entusiasticamente a alegria do gol. A um sinal de alguém da assistência, uma das 12 naus ancoradas ao largo, arremessa para o mar uma bombarda que ecoou pela praia, ferindo os tímpanos dos jogadores e das claques.
A jogada seguinte, iniciada por Guaraci, seria, talvez, a melhor jogada do encontro, não fosse ter resultado na saída em padiola de um seu colega de equipa, o Araquém, que, centrando brilhantemente para Jaci, este devolve com um pontapé potente para o mesmo Araquém que não pôde evitar receber a bola nas vergonhas, caindo inerte na areia, sendo imediatamente levado para fora do terreno de jogo e socorrido por um dentista que logo tratou de o massajar nas partes lesionadas. Com grande resultado, diga-se de passagem, pois Araquém veio a si numa fracção de segundos.
Dado o adiantado da hora, o árbitro deu por terminado o encontro que se saldou num empate a um gol e num gesto significativo que tanto sensibilizou a equipa tupi e a sua claque, o Viajante Virtual dono da bola, ofereceu-a ao capitão tupi que, emocionado, retribuiu com um par de maracas.
Aquela bola de futebol irá ficar para sempre na Terra de Vera Cruz, e algo nos diz que os tupis farão bom uso dela.”
Parabéns à cidade do Rio de Janeiro que tem a felicidade de possuir, entre os seus mais ilustres símbolos, a Estrela Solitária do Botafogo de Futebol e Regatas!
Outra publicação:
Fontes:
Pesquisa e composição de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo)
6 comentários:
Legal essa "descoberta", Rui!
Nem foram os inglêses que inventaram o jogo, pois naquele tempo portugueses e índios já faziam o seu "rachão"!
Um barato, essa postagem!
Abração Alvinegro!
Sou um carioca feliz por: morar na cidade maravilhosa, apesar de tudo..
e por torcer por um clube glorioso!!
parabéns Rui pelo post..e feliz aniversario ao Rio de janeiro..
Abraço e saudações alvinegras!
É, parabéns a cidade do Rio de Janeiro... e se não fosse tantos os problemas vivencidos por seus moradores seria uma cidade quase perfeita... e mesmo com todos os problemas o carioca se renova a cada nascer do sol.
Muito boa e inteligente a história do futebol. Mas fiquei com uma curiosidade: qual teria sido o primeiro gol de placa? O gol de Piatã depois de uma matada no peito ou o gol de Simão de Pina de calcanhar?
O primeiro "frango" teria sido de Airy?
Achei bem legal, Leonel. Índios versus Portugueses em 1500 é o máximo! O que não seria de todo impossível, porque a origem do jogo parece que coemçou na China. Se os portugueses tivessem ido ao Oriente mais cedo... (rs)
Abraços Gloriosos!
Marcelo, o que mais gosto no Rio de Janeiro é... a ensedada de Botafogo!!! (rs)
Os 'nossos' remadores inventaram ali a Estrela Solitária...
Abraços Gloriosos!
Não sei, Júlio, mas parece que o Jairzinho se inspirou em Piatã e o Túlio 'Maravilha' em Simão de Pina...
Abraços Gloriosos!
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