Na senda da desmistificação de 21 anos sem títulos publica-se as considerações jornalísticas acerca de o Botafogo conquistar, pelo 2º ano consecutivo, o segundo turno do campeonato carioca de futebol, competição organizada pela Federação Estadual de Futebol do Rio de Janeiro, que foi premiada com a Taça José Wânder Rodrigues Mendes.
A imprensa referiu que a partida foi tecnicamente fraca, “mas valeu pela maneira aplicada como a equipe do Botafogo se mostrou, combatendo em todo o campo e impedindo que o time do Goitacás tentasse alguma jogada de perigo”. Eis a notícia publicada em 19.07.1976 no Jornal do Brasil:
Goitacás também participa da festa do Botafogo
Oldemário Touguinhó
“Campos – Aos 44 minutos do primeiro tempo, quando Nilson dominou a bola no peito e marcou o único gol da partida, a torcida do Botafogo iniciou as comemorações pelo primeiro lugar do segundo turno do Campeonato Carioca, numa festa que, no final, contou, inclusive, com a participação dos torcedores do Goitacás, cuja equipe está classificada para o terceiro turno.
A partida foi tecnicamente fraca, mas valeu pela maneira aplicada como a equipe do Botafogo se mostrou, combatendo em todo o campo e impedindo que o time do Goitacás tentasse alguma jogada de perigo. Por sinal, o time local teve apenas uma boa chance, assim mesmo devido a uma falha da defesa.
Disposição
Desde o início o Botafogo mostrou mais disposição. Apesar de cometer erros técnicos, devido ao acúmulo de jogadores no meio de campo, seu time estava melhor. A partida começou em clima de grande tensão. Se o Botafogo levava vantagem e tomava sempre a iniciativa, o time do Goitacás jogava recuado explorando apenas os lançamentos para Zé Neto e Tuquinha.
Com a saída de Carbone, em consequência de uma emtorse no joelho, o Botafogo permitiu que o Goitacás fosse mais à frente, pois Rubens, que o substituiu, estava inseguro nos primeiros momentos e errou vários passes. Apesar disso, o Goitacás só conseguiu uma boa jogada, quando Nilson Andrade falhou e Osmar teve de fazer falta em Tuquinha.
Por outro lado, o Botafogo também mostrava pouca objetividade: ia bem até a intermediária adversária, mas daí para a frente nada conseguia. Seu meio-campo tocava a bola em excesso e Marinho evitava as jogadas ofensivas.
Até que aos 44 minutos, Cremilson centrou para a área, Nilson matou a bola no peito e chutou sem defesa para o goleiro Miguel. A partida, que começou tarde (os jogadores do Botafogo chegaram atrasados ao estádio porque o ônibus enguiçou e eles acabaram indo em quatro Kombis), ficou algum tempo paralisada. Nilson correu até o alambrado e comemorou com os companheiros junto à torcida do Botafogo.
Jogo melhor
No segundo tempo, o jogo melhorou. O Goitacás, ao tentar o empate, passando a atuar de forma mais franca, permitiu que o Botafogo criasse novas chances de gol. Além disso, Marinho passou a jogar ofensivamente e o rendimento da equipe cresceu bastante.
Entretanto, Nilson continuou muito isolado na área do Goitacás, sem um companheiro para tabelar. Mas, aos 10 minutos, o Botafogo quase conseguiu o segundo gol, num lance em que Cremílson encobriu Miguel com uma cabeçada, indo a bola bater no travessão.
A preocupação dos jogadores do Botafogo em relação ao Fla-Flu quase não existiu. Quando foram informados que essa partida estava empatada e que o Fluminense se retirara de campo, a tranquilidade foi total. A maior prova disso foi que, enquanto Ubirajara não se viu obrigado a fazer nenhuma defesa até o final, o Botafogo terminou o jogo praticamente no campo do Goitacás,
A combatividade do Botafogo impediu que o time adversário tentasse alguma jogada e, assim, os zagueiros do Goitacás passaram a maior parte do tempo trocando passes curtos e sempre que eram combatidos atrasavam para o goleiro. A vitória foi justa, e poderia ter-se traduzido num score bem mais amplo.
Botafogo 1x0 Goitacás
Gol: Nilson, aos 44 minutos do primeiro tempo
Times: Botafogo – Ubirajara, Miranda, Osmar, Nilson Andrade e Marinho; Carbone (Rubens), Ademir e Marco Aurélio; Cremilson, Nilson e Mário Sérgio. Goitacás – Miguel, Batista, Totonho, Zé Rios e Tita; Paúra (Chico), Wuilson (Pisvcina) e Ricardo Batata; Tuquinha, Zé Neto e Kika.
Juiz: José Roberto Wright
Cartão amarelo: Tuquinha
Renda Cr$ 339 mil 425
Público pagante: 13 mil 607.”
***
Entretanto, o Fluminense e o Flamengo enfrentaram-se no mesmo dia para o campeonato carioca. O Jornal do Brasil, de 19.07.1976, publicou, em baixo da notícia sobre a conquista do Botafogo, o seguinte texto (excertos):
Fluminense ludibria quase 50 mil pessoas no Maracanã
Dácio de Almeida
“Quarenta e seis mil e oito torcedores foram ludibriados ontem, no Maracanã, pela farsa representada pelos jogadores do Fluminense, que provocaram expulsões e simularam contusões até reduzir a apenas seis elementos sua equipe, terminando a partida contra o Flamengo empatada em 1 a 1, quando faltavam ainda 10 minutos para o final.
Tudo começou quando Carlos Alberto Torres reclamou do juiz Airton Vieira de Morais e levou o cartão vermelho. Carlos Alberto Pintinho e Paulo César ofenderam também o árbitro e foram imediatamente expulsos. Recomeçado o jogo, Rivelino e Rubens Galaxie fingiram contusões e saíram, ficando o Fluminense sem o número de jogadores necessários para prosseguir a partida.
Conivência
O pior de tudo é que o tumulto armado pelos jogadores do Fluminense teve a conivência dos próprios dirigentes. O vice-presidente de futebol José Lemos, por exemplo, corria em campo mandando os jogadores caírem e chegou mesmo a carregar Rivelino nos ombros para o vestiário, como se fosse o massagista.
(…)
O Flamengo, todo vibrante, no campo e nas arquibancadas, partiu com garra em busca da vitória. De nada adiantava mais o Fluminense exibir categoria: para cada jogador seu de posse da bola, havia sempre dois para lhe dar combate.
(…)
Desrespeito
A ordem seguinte, sem o menor respeito ao público, foi para que dois jogadores caíssem machucados. E ela não demorou muito a ser cumprida: Rivelino, ao recolocar a bola em jogo, num tiro de meta, “sentiu” a perna e foi logo para trás do seu gol; na continuidade da jogada, Gil e Rubens Galaxie também ficaram estendidos em campo. Como só um precisava sair, o escolhido foi o zagueiro direito.
Depois de esperar pelos 15 minutos regulamentares, o juiz deu por terminada a partida.”
Texto de enquadramento de Rui Moura (Mundo Botafogo); notícia digitalizada e gentilmente cedida por Mauro Axlace, colaborador do Mundo Botafogo e editor do blogue Aqipossa.
2 comentários:
Boa tarde.
Em determinados sítios do tricolor das Laranjeiras eles fazem questão de dizer que o BFR perdeu os pontos do jogo (0x0) de 01-05-1991 (Laranjeiras), porém dessa partida (1x1) contra o CRF de 19-07-1976 (Maracanã), eles omitem que o Fluminense FC perdeu os pontos e dizem que foi empate.
Afinal, qual é o critério dos tricolores?
Saudações esportivas.
O critério é o da incompetência de torcedores faltosos do rigor e da verdade.
Abraços Gloriosos!
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