O texto que se apresenta baseia-se em duas fontes: Mundo
Botafogo, nos quatro primeiros parágrafos; Blog Fernando Pinheiro, escritor, nos
restantes parágrafos, devidamente citados.
O
texto é uma síntese da saga desportiva de Sérgio Darcy, presidente do Botafogo
de Futebol e Regatas em 1937-1939 e 1963.
***
Sérgio
Darcy foi presidente do Botafogo Football Club em 1937-1939 e em 1963,
sucedendo a Paulo Azeredo (presidente em 1926-1936 e 1954-1963) e precedendo
Ney Cidade Palmeiro (presidente em 1964-1967).
Na
sua juventude Sérgio Darcy participou nas competições de remo pelo Club de
Regatas Guanabara e chegou a ser campeão da modalidade no Club de Regatas
Botafogo, que mais tarde se fundiu com o Botafogo Football e originou o atual
Botafogo de Futebol e Regatas.
Sérgio
Darcy foi o 1º chefe de uma delegação do Botafogo Football Club em excursão ao
exterior, que se realizou nas Américas Central e do Norte, especificamente no
México (Cidade do México) e na América (Saint Louis).
A
equipa do Botafogo embarcou no velho vapor ‘Laje’ e realizou 9 amistosos entre
1 de março e 16 de abril de 1936. O Botafogo obteve 6 vitórias, 1 empate ee 2
derrotas, apresentando um saldo de gols de 27-15 a favor. A equipa jogou
fundamentalmente com Aymoré Moreira (Alberto), Octacílio (Lino) e Nariz;
Affonso (Afonsinho), Martim (Luciano) e Canalli; Álvaro, Leônidas da Silva,
Carvalho Leite, Russinho (Eurico Viveiros) e Tatesko. Os jogadores Lino
(Carioca FC) e Afonsinho (São Cristóvão AC) reforçaram a equipa do Glorioso.
“Como
presidente do Botafogo Football Club (1937/1939), empreendeu a vitoriosa
campanha de 1 saco de cimento e com o dinheiro arrecadado, construiu a
arquibancada de cimento que substituiu a de madeira. O engenheiro Rafael Galvão
foi o autor do projeto executado pela firma Cavalcanti, Junqueira & Cia.
Nessa época (1937/1941), João Havelange foi jogador de pólo aquático do Club.
Em 1940/1941, João Lyra Filho está à frente dos destinos do Botafogo, sucedendo
o presidente Sérgio Darcy.
“Ao
ser reconduzido à Presidência do Botafogo, Sérgio Darcy, nos idos de 1963,
contratou o técnico de futebol Danilo Alvim. O Jornal do Brasil (edição:
10/4/1963) fez a cobertura da contratação e publicou a foto do técnico, ladeado
por Renato Estelita, diretor de futebol, e pelo nosso homenageado. Fazia parte
da Comissão Técnica, o Dr. Lídio Toledo que, durante muitos anos, foi médico da
seleção brasileira de futebol.
“Naquela
época, como nos dias de hoje, o Botafogo de Futebol possuía jogadores de nível
de seleção brasileira. Vale destacar a presença de craques, consagrados não
apenas nos campeonatos cariocas e brasileiros, mas no futebol mundial: Manga
(goleiro), Nilton Santos, Amoroso, Gérson, Didi, Amarildo, Zagalo, Quarentinha,
Garrincha e Jairzinho.
“Ainda
nos idos de 1963, precisamente no dia 21 de abril, foram abertos, na cidade de
São Paulo, os IV Jogos Pan-Americanos, com a presença do governador Adhemar de
Barros. É bom ressaltar a conquista da medalha de ouro pela tenista brasileira
Maria Esther Bueno. Nesse Pan-Americano, o Botafogo emprestou à seleção
brasileira os jogadores Hélio Dias de Oliveira (goleiro) e Jair Ventura Filho
(ponta-direita), tri-campeão carioca de juvenis. Ambos foram consagrados
campeões dos IV Jogos Pan-Americanos. O jornalista Júlio Delamare fez a
cobertura dos jogos para o Jornal O Globo. (…)
“Vale
continuar destacando a presença de Sérgio Darcy à frente dos destinos do
Botafogo, no meio da turbulência de desastres aéreos, crise econômica, crise
social e crise política, em que o País estava mergulhado.
“No
dia 15 de junho de 1963, o Botafogo é manchete no Estado da Guanabara:
–
Botafogo vence aqui e em Paris – Tricampeão de juvenis e campeão do Torneio de
Paris.
“O
Jornal do Commercio comenta ainda a atuação do time alvinegro, na vitória sobre
o Racing (3x2), no Parc des Princes, consagrando-se campeão do Torneio de
Paris, “em partida das mais sensacionais até hoje realizadas naquela cidade”.
“No
dia 30 de junho de 1963, sob a presidência do Dr. Sérgio Darcy, o Botafogo fez
sua estreia na Taça Libertadores das Américas, derrotando o Alianza, campeão
peruano, com o placar de 1x0, gol do médio-apoiador Elton, sob a arbitragem do
juiz argentino José Luiz Pradante. O clube alvinegro atuou com a seguinte
escalação: Manga, Paulistinha, Nagel, Nilton Santos e Rildo, Elton e Zagalo,
Garrincha, Jair, Amarildo e Oton.
“No
dia 04 de julho, o Botafogo alcançou outra vitória, em Lima, no Estádio
Nacional, ganhando ao Sporting Cristal, dirigido pelo técnico Didi, campeão
mundial de futebol, pela contagem de 3 a 1. Antes da partida, Didi queria jogar
contra o Botafogo, e pediu autorização ao chefe da delegação alvinegra, Renato
Estelita, que, por sua vez, telefonou ao presidente Sérgio Darcy a respeito da
ideia. A resposta foi negativa. No entanto, o jogador Didi poderia atuar, se
assim desejasse, na partida, como jogador do Botafogo. A realidade é que Didi
entrou em campo na condição de técnico do time peruano.
“Mais
uma vitória alvinegra pela Taça Libertadores da América derrotando o clube Milionários,
em Lima, no dia 07 de julho de 1963, com o placar de 2x0.
“Na
página esportiva de O Globo, edição de 16/7/1963 – Amarildo cedido afinal ao
Milan – O Dr. Sérgio Darcy, presidente do Botafogo de Futebol e Regatas, em
reunião com o representante do Milan, da Itália, Sr. Rodolfo Rechi e o
procurador do jogador Amarildo, Sr. Noel Guimarães, concordou em ceder o passe
do jogador alvinegro para o clube italiano, mediante o recebimento de 400.000
dólares, por um contrato de 3 anos.
“Na
declaração aos jornalistas, Sérgio Darcy revelou que Botafogo não estava interessado
em desfazer-se de nenhum de seus jogadores. Mas recebeu carta de Amarildo
pedindo ao clube facilitar a ida dele para o Milan. Diante das circunstâncias,
o Botafogo não poderia cobrir o que o jogador iria receber na Itália.
“A
manchete do Jornal do Brasil de 1/8/1963 destaca: Amarildo embarca com o pedido
de CL para não ensinar o pulo do gato. O JB comentou que o jogador do Botafogo,
ao embarcar, no Aeroporto do Galeão, em companhia de suas irmãs Nicéia e Maria
do Carmo, e de Rodolfo Rechi, encontrou-se com o governador Carlos Lacerda que estava
aguardando a chegada da escritora francesa Suzanne Labin. E ouviu a
recomendação de “mostrar todo seu futebol aos italianos, mas não ensinar-lhes o
pulo do gato.”
“Amarildo
estava muito satisfeito da vida porque, além do contrato assinado, recebeu do
Botafogo 10 mil dólares extras, no almoço de despedida em que foi homenageado
pelo clube. Muito emocionado, na homenagem, chorou e fez outros jogadores
presentes chorarem. Neste gesto, o presidente Sérgio Darcy demonstrou, mais uma
vez, o valor de ser justo para quem prestou relevantes serviços ao clube
(Amarildo, campeão carioca 1961 e 1962). Quanta dignidade num homem só!
“Com
bastante dinheiro adquirido pela venda do jogador Amarildo para o Milan, da
Itália, o Botafogo de Futebol e Regatas adquire o passe do jogador Gérson
comprado do Flamengo. A transação foi realizada, às 14:00 horas do dia 17 de
setembro de 1963, dentro da Consultoria Jurídica do Banco do Brasil, onde o
Consultor Jurídico Sérgio Darcy, na qualidade de presidente do Botafogo,
assinou um cheque nominal no valor de Cr$ 150 milhões entregue a Fadel Fadel,
presidente do Flamengo. Foi, sem dúvida, a maior negociação efetuada, até então,
entre clubes brasileiros.
“No
contrato assinado, conforme divulgado pela imprensa, foi estabelecido ao jogador
Gérson o pagamento de Cr$ 10 milhões de luvas e Cr$ 150 mil mensais por 2 anos.
“Nesse
mesmo dia (17/9/1963), dois fatos importantes aconteceram na Guanabara, Estado
governado por Carlos Lacerda: a inauguração da primeira das duas pistas do
aterro do Flamengo e a apresentação do cantor americano Ray Charles, no Theatro
Municipal do Rio de Janeiro.
“A
atuação do Botafogo de Futebol e Regatas, que se desenrolava no meio do Campeonato
Carioca do ano de 1963, foi comentada por Renato Estelita, diretor de Futebol,
justificando “se o time ainda não tem um bom ataque é porque não foi possível,
em curto prazo, preencher os lugares deixados pelos atacantes que foram,
teoricamente, os melhores” (Jornal do Brasil – 1/11/1963). O dirigente
botafoguense estava se referindo ao Didi que foi para o Peru e ao Amarildo para
a Itália, e à contusão de Garrincha que vinha adiando sempre a sua volta aos
gramados.
“Observamos
que, meses antes da declaração do Sr. Renato Estelita, realmente o Botafogo
tinha o melhor ataque do mundo, com a presença de 3 bicampeões mundiais: Didi,
Amarildo e Zagalo e, ainda, a participação de Quarentinha que jogou pela
seleção brasileira.
“Dias
depois da declaração do dirigente Renato Estelita, o Botafogo mudou de técnico.
Saiu Danilo Alvim, mesmo prestigiado pela Diretoria, mas sem sorte nos últimos resultados
dos jogos, e entrou Paraguaio.
“No
dia 5/11/1963, o presidente Sérgio Darcy, sempre elegantemente trajando terno,
apresenta aos jogadores, que estão de uniforme do clube, no meio do campo, o
novo técnico de futebol. Suas palavras explicam porque o Botafogo trocou de técnico,
permanecendo a mesma disposição para conquista do tricampeonato e pediu o máximo
apoio ao Paraguaio.
“Dias
depois, o time teve excelente atuação em campo e a imprensa comenta: Botafogo
mostrou pela primeira vez astúcia e categoria de bicampeão (JB – 9/11/1963).
Apesar do sucesso momentâneo, o time não conseguiu conquistar o campeonato
carioca de 1963. O campeão foi o Flamengo.
“No
dia 16/11/1963 houve eleição para a nova Diretoria do Botafogo. Nei Cidade
Palmeiro, juiz de Direito e professor do Colégio D. Pedro II, foi eleito
presidente.
“Na
solenidade de transmissão de cargo ao novo presidente do Botafogo, Nei Cidade
Palmeiro, realizada no dia 3/1/1964, o nosso homenageado se despedia, com um
discurso bastante aplaudido, na presença de inúmeras autoridades ligadas ao
mundo dos esportes, destacando-se João Havelange, presidente da CBD –
Confederação Brasileira de Desportos, Antônio do Passo, presidente da Federação
Carioca de Futebol. (…)
“Retomando
ao tema central, Sérgio Darcy, em 26/10/1969, partiu para o reino onde a
sabedoria deslinda os enigmas do caminhar. Nesse mundo de sonhos, aureolado
pela luz das estrelas, luz que se projeta dos feitos de grandeza que o nosso
homenageado sempre buscou dignificar a vida, se destacam os versos da música de
Lamartine Babo:
“Na
estrada dos louros,
Um
facho de luz
Tua
estrela solitária
Te
conduz.”
[ Fonte: Blog Fernando Pinheiro, escritor;
endereço: http://fernandopinheiroescritor.blogspot.pt/2012/11/sergio-darcy-e-estrela-solitaria.html
– Site www.fernandopinheirobb.com.br
4 comentários:
O Botafogo foi o que foi porque era dirigidos por grandes botafoguenses. Abs e SB!
Isso mesmo, Sérgio. O sgrandes moment5os do Glorioso aconteceram com dirigentes capazes, e foi aí que ganhamos títulos. primeiro com a empenhada 1ª geração de dirigentes jovens (1907-10-12); depois com Paulo Azeredo (1930-32-33-34-25); a seguir com Carlito Rocha (1948); novamente com Paulo Azeredo (1957, 1961, 1962); finalmente com o embalo permitido pelas jovens revelações com o grande Neca e pela compra do Gerson; depois foi novamente o vazio até à chegada de Emil Pinheiro. Depois disos... bem... depois disso... dizer o quê? Muito pouco depois disso...
Abraços Gloriosos!
Rui, a Didi não permitido enfrentear o Botafogo por questões contratuais ou por outra questão?
Quanto a Sérgio Darcy, que não o conhecia, para mim foi uma grata surpresa saber que tivemos tão bons e abnegados dirigentes.
Eu disse "tivemos", porque, desde Bebeto, em minha opinião, estamos órfãos de gente desse estofo no comando do Glorioso.
O Botafogo do Pinóquio Assumpção é uma caricatura muito mal feita d'O Glorioso de Futebol e Regatas. Esse senhor Assumpção me dá nojo.
Saudações Gloriosas!
Émerson, o Didi saiu para o Real Madrid, mas não se deu porque o Di Stéfano é que mandava na equipa e parece que nunca gosto do Didi. Ele regressou ao Botafogo e logo no ano a seguir, antes de regressar novamente ao Botafogo foi para o Sporting Cristal, e creio que foi nesse período que ele não podia jogar contra o Botafogo pelo Sporting Cristal.
Quantos às presidências, é certo: Os últimos dois presidentes que me deram alguma confiança foi o Bebeto de Freitas e o Emil Pinheiro - esses enfrentavam. Antes deles é preciso procurar nos anos sessenta...
Abraços Gloriosos!
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