por Hélio de la Peña
10/Setembro/2013
Humorista, Botafoguense
Empolgado com a campanha do
Fogão, decidi entrar em campo. Convoquei a família e os amigos para irmos ao
Maraca apoiar nosso time. Mas a tarefa não é assim tão fácil.
Inicialmente a coisa soa
tranquila: basta entrar no site futebolcard.com e adquirir seu ingresso. A
partir daí, você passa a enfrentar uma zaga fechada. Depois de se cadastrar no
site e realizar a compra, resolvo imprimir seu ingresso. Engano meu! Tudo que
posso imprimir é um comprovante de compra que, junto com minha identidade e o
cartão de crédito utilizado, devo me apresentar ao guichê do estádio para
receber o ingresso. Ou seja, fiz a compra online e tenho que enfrentar uma fila
no local, cheio de documentos na mão. Mas tudo por amor ao clube!
Vejo, em seguida, que não posso
retirar o ingresso na hora do jogo! Tenho que ir ao estádio na véspera entre 10
e 17 horas ou no dia da peleja entre 10 horas e meio-dia! Incrível! Um ingresso
comprado pela internet me obriga a ir ao Maracanã exclusivamente para pegar o
ticket e voltar no dia seguinte ou mais tarde pra ver o jogo. E quem tem que
trabalhar, como faz? Pede uma licença ao chefe para enfrentar essa via crúcis?
E se o seu chefe não torcer pelo mesmo time que você, permitiria matar o
batente?
Bom, tenho uma saída: pedir a um
amigo desocupado para retirar o tal ingresso. Nesse caso, preciso lhe dar uma
procuração (não há necessidade de autenticá-la em cartório, ufa!). Meu amigo,
munido da própria identidade, deve levar a minha identidade original, meu
cartão de crédito e o tal comprovante impresso em casa. Como vou com meus
filhos e mulher, multiplique a papelada: somos cinco e um cartão só dá
direito a comprar no máximo 3 ingressos, portanto, dois cartões de crédito; dos
menores, identidade ou certidão e carteira de estudante. Meu amigo chegará ao
guichê com uma documentação equivalente a um inventário encrencado. Talvez seja
o caso de contratar um segurança para acompanhá-lo!
Para descobrir tudo isso tive que
ler com atenção todas as regras no site, mais complicadas que a lei do
impedimento.
Conclusão: ir ao Maraca com a
família não é programa para amadores. O curioso é que este imbróglio se
justificaria para impedir a ação de cambistas. Mas eles agem com liberdade e
simpatia, oferecendo seus serviços em frente às bilheterias. Durante o jogo,
você ouve o locutor anunciar o número de “gratuidades”, que foram vendidas por
um precinho camarada.
Só vejo uma explicação: o futebol
é um esporte recente no país. Uma repentina paixão tomou conta dos brasileiros
e as autoridades ainda não aprenderam como comercializar os bilhetes de forma
decente e racional. E olha que nem falei dos preços praticados! Mas acho que
até à Copa do Mundo todos esses problemas estarão solucionados. Ou será que
estou enganado?
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