quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A burocracia de chuteiras

por Hélio de la Peña
10/Setembro/2013
Humorista, Botafoguense

Empolgado com a campanha do Fogão, decidi entrar em campo. Convoquei a família e os amigos para irmos ao Maraca apoiar nosso time. Mas a tarefa não é assim tão fácil.

Inicialmente a coisa soa tranquila: basta entrar no site futebolcard.com e adquirir seu ingresso. A partir daí, você passa a enfrentar uma zaga fechada. Depois de se cadastrar no site e realizar a compra, resolvo imprimir seu ingresso. Engano meu! Tudo que posso imprimir é um comprovante de compra que, junto com minha identidade e o cartão de crédito utilizado, devo me apresentar ao guichê do estádio para receber o ingresso. Ou seja, fiz a compra online e tenho que enfrentar uma fila no local, cheio de documentos na mão. Mas tudo por amor ao clube!

Vejo, em seguida, que não posso retirar o ingresso na hora do jogo! Tenho que ir ao estádio na véspera entre 10 e 17 horas ou no dia da peleja entre 10 horas e meio-dia! Incrível! Um ingresso comprado pela internet me obriga a ir ao Maracanã exclusivamente para pegar o ticket e voltar no dia seguinte ou mais tarde pra ver o jogo. E quem tem que trabalhar, como faz? Pede uma licença ao chefe para enfrentar essa via crúcis? E se o seu chefe não torcer pelo mesmo time que você, permitiria matar o batente?


Bom, tenho uma saída: pedir a um amigo desocupado para retirar o tal ingresso. Nesse caso, preciso lhe dar uma procuração (não há necessidade de autenticá-la em cartório, ufa!). Meu amigo, munido da própria identidade, deve levar a minha identidade original, meu cartão de crédito e o tal comprovante impresso em casa. Como vou com meus filhos e mulher,  multiplique a papelada: somos cinco e um cartão só dá direito a comprar no máximo 3 ingressos, portanto, dois cartões de crédito; dos menores, identidade ou certidão e carteira de estudante. Meu amigo chegará ao guichê com uma documentação equivalente a um inventário encrencado. Talvez seja o caso de contratar um segurança para acompanhá-lo!

Para descobrir tudo isso tive que ler com atenção todas as regras no site, mais complicadas que a lei do impedimento.

Conclusão: ir ao Maraca com a família não é programa para amadores. O curioso é que este imbróglio se justificaria para impedir a ação de cambistas. Mas eles agem com liberdade e simpatia, oferecendo seus serviços em frente às bilheterias. Durante o jogo, você ouve o locutor anunciar o número de “gratuidades”, que foram vendidas por um precinho camarada.

Só vejo uma explicação: o futebol é um esporte recente no país. Uma repentina paixão tomou conta dos brasileiros e as autoridades ainda não aprenderam como comercializar os bilhetes de forma decente e racional. E olha que nem falei dos preços praticados! Mas acho que até à Copa do Mundo todos esses problemas estarão solucionados. Ou será que estou enganado?

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