sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Estão matando as glórias do Botafogo

por Nilton Santos
Placar Magazine
excertos, 24.09.1982

Ontem: Manga, Adalberto, Cacá, Joel, Paulistinha, José Maria, Zé Carlos, Nilton Santos, Chicão, Rildo, Garrincha, Neivaldo, Didi, Rossi, Quarentinha, Édson, Zagalo, Paulo Valentim, Aírton, Pampoline, Gérson, Jairzinho, Rogério, Carlos Alberto, Nei, Rogério, Paulo César, etc…

Hoje: Paulo Sérgio, Perivaldo, Abel, Eraldo, Josimar, Oswaldo, Alemão, Mendonça, Geraldo, Té, César, Jair, etc…

Por aqui começam as diferenças entre o “meu Botafogo” e o “Botafogo de hoje”. Não estou querendo desmerecer ninguém, mas é preciso que prevaleça o bom senso. O Botafogo da Wenceslau Braz era um clube de categoria, de princípios, de renome, representava um bairro. Tudo naquele lugar girava em função dom clube. Muitos são os fatos e as lembranças que me fazem sentir uma saudade imensa daquele tempo.

Uma boa linha do Botafogo foi Garrincha, Didi, Paulo Valentim, Amarildo, Quarentinha e Zagalo. E ainda tínhamos um banco de respeito: Amoroso, Bruno, Vinícius, Édson… O Botafogo sempre teve dois times, um dentro de campo, outro no banco de reservas. Qualquer um que jogasse fazia sucesso. […]

Do nosso lado tínhamos os melhores jogadores: Garrincha, com seus dribles desconcertantes; Quarentinha, com seu chute forte; Didi, com sua ‘folha seca’; no gol o Manguinha – assim chamado por nós carinhosamente – era a segurança. […]

Na minha época, afinal, o Botafogo raramente comprava um jogador, a não ser craques como Didi ou Gérson. A maioria aparecia para treinar ou surgia algum tempo mais tarde, na escolinha do Neca, de onde saíram o Roberto, Jairzinho, Rogério, Paulo César, Valtencir, Moreira, Zé Carlos, formando estes – mais ou menos – o time bicampeão de 1967/68. Alguns destes ainda integraram a Seleção tricampeã no México. […]

Todo o final de campeonato, campeões ou não, havia empresários para nos levar à Europa, à América Central… Tanto assim que fomos 14 vezes à Europa com o Botafogo. […] Ganhamos inúmeros torneios e, uma vez, até voltamos de navio – prêmio dado pelos dirigentes por nossas boas atuações lá fora. Em cada excursão, jogávamos de dez a 12 jogos, faturando muitos dólares para o Botafogo. […]

Eu sinto pena deste Botafogo. Sua decadência começou quando venderam a sede. Venderam o patrimônio, os times, as glórias, a história de um clube, de um bairro. Compraram o Botafogo de Marechal Hermes – aí começou o “Botafogo deles”. O “meu”, como já disse anteriormente, era um clube de grandes times, de passado, de glórias, de união, de respeito. O “deles” é um clube a mais nos subúrbios do Rio. […]

Penso bem e concluo: não é pobre “o meu Botafogo” porque, apesar de morto, foi glorioso, morreu de pé com todo o seu esplendor. Pobre é o “Botafogo deles”, o de Marechal Hermes, que está morrendo sem passado, sem glórias, sem presente, sem histórias pra contar.”

Nota do Mundo Botafogo:

Ontem: Manga, Adalberto, Cacá, Joel, Paulistinha, José Maria, Zé Carlos, Nilton Santos, Chicão, Rildo, Garrincha, Neivaldo, Didi, Rossi, Quarentinha, Édson, Zagalo, Paulo Valentim, Aírton, Pampoline, Gérson, Jairzinho, Rogério, Carlos Alberto, Nei, Rogério, Paulo César, etc…

Hoje: Edilson, Dankler, André Bahia, Júnior César, Júlio César, Renan Lemos, Fabiano, Rodrigo Souto, Dedé, Sidney, Gegê, Ronny, Ferreyra, Zeballos, Wallyson, Vinícius, Alex Santos, Lennon, Anderson Santos, Guilherme, Lucas Zen, Bruno Tiago, Yuri mamute, Yguinho, etc….

Ontem como hoje. O “meu Botafogo” é o Botafogo de Nilton Santos; o “Botafogo deles” é o Botafogo do desmanche de plantéis inteiros e da falência financeira perpetrada pelo NÓDOA, ‘filho’ dileto do cangalheiro Charles Borer que vendeu o nosso maior símbolo à Companhia Vale do Rio Doce e os nossos atletas ao desbarato.

PS: NÓDOA = Nininho Omissão Descensão Obtuso Assumpção.

7 comentários:

Sergio Di Sabbato disse...

Estudamos história para aprender com erros do passado o que não devemos fazer no presente ou no futuro. A conclusão que chego é que a maioria das pessoas não aprendem nada, ou não querem aprender e repetem os mesmos erros do passado. Esse artigo do grande Nílton Santos parece que foi escrito ontem, mas j[á tem 22 anos que foi escrito e, as mesmas atrocidades cometem com o nosso Botafogo, que é o do Nílton Santos. Esse Botafogo de hoje ´so emporcalha a nosso gloriosa história, que esses pulhas que o comandam não aprenderam nada com a história. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

O NÓDOA é o Charles Borer de regresso: ambos venderam os melhores jogadores e deixaram um plantel vazioatrás de si; um vendeu o Casarão, o outro deixou levar o Engenhão.

Deviam ser criminalizados por prejuízos patrimoniais.

Abraços Gloriosos.

Roma disse...

Paulo Sérgio, Perivaldo, Abel, Josimar, Alemão, Mendonça, Geraldo... éramos felizes e não sabíamos!
Saudações alvinegras!

Roma disse...

Rui,

Como bem diz a matéria, os problemas do Botafogo não são de hoje.

A questão do endividamento vem a tona na medida em que a necessidade de transparência e de publicização das informações crescem.

Creio que é este o ponto crucial na administração do MO: falta de transparência, pois só abre o jogo quando lhe é conveniente.

Iniciou com o discurso de atualizar a dívida assumida de R$ 200M para R$ 500M, sob alegação de que se todos os clubes o fizessem verificariam o mesmo crescimento; não foi nada disso que se sucedeu.

E assim, meio que de repente, estamos com uma dívida impagável, inacreditável e quase bilionária de R$ 700.000.000,00 (fiz questão de incluir todos os zeros).

Só de dívida fiscal temos R$ 380M, o que nos imporia pagamentos anuais em torno de R$ 15M pelos próximos 25 anos, sendo enquadrados na Lei de responsabilidade fiscal, cuja proposta está tramitando no Congresso. E os outros R$ 320M, resultados de dívidas trabalhistas e de mercado, que não gozarão do mesmo benefício?

Sinceramente, além de saber sobre as propostas financeiras salvadoras, gostaria que alguém viesse a público nos informar sobre o histórico dela. A partir de quando cresceu? Sob quais administrações e decisões?

Talvez assim pudéssemos avaliar melhor cada gestão, de antes do Borer ao MO, a fim de não repetir os erros do passado e do presente que estão matando o nosso clube e o nosso futebol, além de conhecer o quem é quem nessa história toda.

O segredo está para o negócio assim como a obscuridade está para a falência.

abs

Gil disse...

Rui,

Como disse o Bebeto nas entrevistas, o NÓDOA deveria estar preso. Sonegador fiscal confesso!

Pobre do atual Botafogo!
Pobre de nós, Torcedores!

ABS e SDS, Botafoguenses!!!

Ruy Moura disse...

Pois é, meu amigo. Éramos felizes e não sabíamos.

Quanto à dívida eu acho-a impagável, e o BFR corre o risco de decretar insolvência. É só o poder querer e... BUM!

Eu até prescindia de fazer auditorias antes do NÓDOA, porque de 200 para 700 milhões é mais do triplo e corresponde a 500 milhões. Ora, sabendo-se que tivemos muito mais receitas com esta diretoria devido ao Engenhão, como é que fizeram um buraco de 500 milhões?

Detenção imediata, prisão preventiva e auditoria impiedosa às contas do NÓDOA. Creio que nunca mais sairia da prisão por falta de dinheiro para a caução depois de os seus bens serem penhorados para pagar a sua descomunal incompetência. Incompetência e não só......

Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Exatamente, Gil. Como é que é possível o MP não o acusar depois da confissão que fez é algo que me espanta verdadeiramente. Pode qualquer cidadão denunciá-lo ao MP tal como é possível fazer denúncias ao STJD? Se sim, de que estão os torcedores à espera?

Abraços Gloriosos.

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