por
ALEXANDRE SILVA
blog
do Alexandre Silva
Prezado(s) torcedor(es) do Botafogo
Aqui quem fala é um co-irmão. Dividimos as mesmas cores, o mesmo
sofrimento e por muito tempo dividimos o mesmo “azar”. Apesar de vocês serem
nossos algozes em algumas... quer dizer, muitas, decisões por mata-mata, eu gosto
de vocês. Tenho uma empatia natural pelos mais sofridos, acho que sofrimento
molda o caráter. Nos ensina a lidar melhor com as desgraças da vida. Quem ganha
tudo se acostuma mal, se torna mimado e quando se depara com a verdadeira
derrota se comporta pateticamente, tentando desmerecer a conquista do outro ou
usando de argumentos imbecis de desdém. Dessa falha de caráter nós não
sofremos, pois aprendemos desde cedo que para conquistarmos algo tem de ser
tudo com muita luta. Nada é fácil. Sei reconhecer conquistas, como me comportar
nas derrotas e tudo isso foi ensinado pelo meu time.
No próximo fim de semana meu time joga com o de vocês numa partida que
não vale absolutamente mais nada pra nenhum dos dois lados. Sei (e como sei)
que aquilo que vocês menos precisam agora é da compaixão de torcedor de outro
time, mas acredite... eu sei exatamente
o que vocês estão passando. E não só eu, mas torcedores como os de
Internacional e Santos também sabem. Digo isso pois me lembro de ouvir uma
“carta-desabafo” no extinto Cartão Verde da TV Cultura, lá pelos idos de 2000,
sobre o sofrimento que era torcer pro Santos. Viver de um passado tão distante
e de não poder sonhar com nada de positivo em breve. Em 2002 surgiram Diego,
Robinho e aquela geração que deu início a uma nova era no clube da Vila. Me
lembro também de um texto que li numa Revista Placar em 2001 (que jamais reli e
não sei o autor), de um torcedor do Internacional, mergulhado naquele espiral
de derrotas sem fim que era o Inter nos anos 90. Citou até o Atlético neste
texto. E em 2006 veio a glória suprema.
Vocês vivem hoje mais um momento extremamente delicado. Acabaram de
cair para a Série B, dívidas monstruosas assolam o clube e olhando pro futuro,
vocês parecem não sentir mais esperança.
Acreditem. Eu também já me senti assim.
Um dia eu também cheguei a pensar que jamais iria ter um retorno do
meu time em campo. Aliás, vivia sem nem ao menos esperar mais alguma coisa ou
conquista, continuava apenas porque amava aquele time e me encontrar com ele
nos fins de semana ou nas noites de quarta era algo que ainda, de certa forma
me fazia bem.
Hoje meus caros, os atleticanos vivem um sonho.
Sabe quando eu pensei em ver o Atlético campeão da Libertadores?
Ganhando uma Copa do Brasil em cima do maior rival? Ganhando uma Recopa Sul
Americana? Tendo um dos maiores jogadores do mundo em seu elenco? Poder ver ao
vivo verdadeiros ídolos como Diego Tardelli, Victor, Luan e Leonardo Silva?
Pois é... nunca. Nem nos sonhos mais otimistas.
Por isso eu peço a vocês que tenham calma, mas que não abandonem o
Botafogo.
Eu já passei por tudo isso aí... e hoje, graças ao Bom Deus vejo a
melhor geração da história do meu time. Uma história construída diante dos meus
olhos. Os meus outrora desanimados e desesperançados olhos, tem hoje o
privilégio de poder ver e no futuro contar aos netos sobre Luan, Leonardo
Silva, Diego Tardelli e o “santo” Victor.
Eu me lembro de ver vocês campeões com aquele fantástico ataque formado por Túlio Maravilha e Donizete. Inclusive torci muito por vocês naquela final de 95. Assim
como torci para o Corinthians naquela Libertadores de 2012 e consequentemente
no Mundial de Clubes. Para o Internacional em 2006 e 2010. Para o Santos em
2002. E como nunca para a Ponte Preta na final da Sul Americana em 2013.
Como eu disse, gosto de quem é moldado pelo sofrimento.
O que assola o Botafogo hoje é o fantasma do “precisa ganhar”, a
pressão que vira uma bola de neve gigantesca de tragédias, derrotas e “azar”.
Vocês vão ver que quando um muro cair, o horizonte que aparecerá a frente será
glorioso. E tudo vai ser bom. Vão acontecer derrotas, mas as lembranças das
vitórias jamais se esvairão.
É difícil e pode parecer piada hoje, mas no dia em que o Botafogo estiver lá, disputando uma final de
Libertadores a um passo de vencer... lembrem-se de mim. Lembrem-se que eu,
atleticano mineiro, estarei em algum lugar torcendo por vocês. Porque todo
mundo merece a glória de ser campeão. Todo mundo, merece se embebedar um pouco
com uma alegria tão efêmera como essa que nos traz o futebol.
Impossível? Apenas lembrem-se que para nós também era. E lhes confesso
que nossas vitórias não seriam tão doces se não fossem pelos amargos que já
passamos nessa longa estrada.
Amigos botafoguenses, meu time é a prova viva de um clichê que pode
ser utilizado também para vocês: O IMPOSSÍVEL NÃO EXISTE!
Levanta a cabeça, Fogão!
Saudações Atleticanas.
Fonte: http://www.alexandresilva8.com.br/2014/12/carta-ao-torcedor-do-botafogo.html#sthash.oGKRtzu5.dpuf
4 comentários:
Rui,
Sabes que sou a emoção em pessoa com tudo que se refere ao Botafogo. Quando acabei de ler essa carta, precisei lavar o rosto.
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
Não é caso para menos. Eu não choro facilmente como os chorões dos flamenguistas que choram quando ganham, quando perdem e quando empatam. Mas arrepio-me com muita facilidade. Li a carta arrepiado. Tal como estou agora mesmo novamente.
Abs. Gloriosos.
Vim do futuro para lhes informar: o momento chegou! Botafogo x Atlético MG na final da Libertadores da América de 2024. Alexandre Silva (autor da carta), torça para o Fogão! hehehe
Muito oportuno, futurista Felipe!
O blogue tem 18.000 publicações e claro está que não me lembre de muitas coisas que publiquei. Essa crônica hoje merece ganhar novamente a luz do dia! Muito obrigado por relembrar-me!
Abraços Gloriosos.
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