Um Botafogo
sem muito poder de fogo durante toda a 1ª parte acabou por sair goleando ao
intervalo. Motivo? Luís Henrique. Num lançamento primoroso de Rodrigo Pimpão na
esquerda de ataque, o garoto tocou na bola pela primeira vez na sua carreira
profissional quando cabeceou para o fundo das redes num impulso absolutamente
calculado em função da longa distância que estava da baliza (cerca de 10-11
metros).
E depois
ocorreu pouca coisa mais, além de o Sampaio Corrêa equilibrar a partida e
espreitar o empate. Porém, um jovem estreante tratou de liquidar as esperanças
adversárias marcando o seu segundo gol na estreia do profissional. Luís
Henrique decretou o resultado do jogo.
E,
curiosamente, em duas boas jogadas de ataque. Aliás, às vezes, no passado
recente, a equipe fazia algumas boas jogadas de ataque, mas a finalizar havia
(ou não havia…) um tal de Bill, mais adequado a titular do flamengo do que de
um Clube como o nosso. E pupilo imprescindível de René Simões…
A diferença
mais importante que verifiquei no jogo de ontem é que o horroroso tiki-taka de
René Simões, sem qualquer objetivo e intenção de chute a gol, assumindo-se mais
como uma espécie de Quintos Quadros do Barcelona do que uma equipe brasileira
de futebol, deu lugar a ataques pelos extremos do campo. Como deve ser sempre,
e não no miolo da área onde a entrada é sempre difícil e onde não há atacantes
com classe suficiente para o drible. Os dois gols ocorreram de um cruzamento
longo da esquerda e um cruzamento da direita a partir da linha de fundo. Muito
diferente do tiki-taka entediante que Guardiola implementou no Barcelona.
A origem do
terceiro gol, num penalty um pouco estranho, também ocorreu a partir da linha de fundo com um drible para trás e desvio da bola com a mão.
O quarto gol
teve novamente um cruzamento da esquerda a partir da linha de fundo numa jogada
versátil de Luís Henrique, que mais marcado tendeu para a esquerda e aí deu um
passe notável para o 4º gol.
Portanto,
conclui-se que quando se joga pelos extremos e se tem um matador na área,
qualquer clube adversário – em razão do seu fraco futebol – pode ser goleado
por nós mesmo sem grandes exibições.
Atacar nos
momentos oportunos e com cruzamentos em diagonal de trás para a frente ou da
linha de fundo da frente para trás são geralmente fatais para os fraquíssimos
esquemas defensivos dos adversários.
Desejo duas coisas:
(a) que a diretoria se adiante para um contrato alargado a Luís Henrique,
porque já se faz tarde em função certamente do ‘afiar de dentes’ do seu
empresário; (b) muito cuidado com a condução da titularidade de Luís Henrique,
porque poucos jogadores estreantes nesta idade sobrevivem com bom futebol. Pelé
e Jairzinho foram exceções.
A cabeça do jovem
precisa manter a frieza, os colegas não podem travar o progresso do rapaz sob o
pretexto de o tempo na equipe ser um ‘posto’, o treinador precisa protegê-lo, a
torcida não pode embandeirar em arco como está a fazê-lo nem vaiá-lo quando as
coisas lhe correrem mal em campo.
Ao contrário do que
disse Jairzinho ao jovem Luís Henrique, estrear aos 17 anos é muito delicado
porque a cabeça precisa pensar bem, o sucesso individual não pode subir à
cabeça e a pressão / solicitações crescentes feitas a partir do exterior vão
aumentar e bastas vezes acabam por engolir o objeto da sua admiração.
Ou será necessário
relembrar todos os fiascos ocorridos com atletas promissores que acabaram por
cair no esquecimento após má condução de carreira?
Confio que Luís
Henrique seja exceção não apenas tecnicamente mas, principalmente, nesta fase,
também constitua exceção mental e emocional.
Nota curiosa: há dois
anos o flamengo dispensou-o… umas más-línguas dizem que o pessoal da carniça
não sabe distinguir entre um futebolista e um traficante… outros dizem que o
Luís Henrique não conseguiu jogar à bola devido ao persistente mau cheiro que
infesta a Gávea…
Finalmente, dois
excertos finais:
“Pode ser precipitação, pode ser
ansiedade por ídolos, craques, afinal estamos precisando de boas novas. Porém,
esse menino precisa ser tratado com uma visão diferente de tudo que se fez até
hoje com as revelações de nossa base. Esse jogador não pode ser fatiado, nem
dado como garantia para empréstimos, ele pode ser a solução do clube, mas não
desta maneira, ele pode trazer resultados não só em campo, mas também na área
de marketing, ele é tudo que precisamos para resgatar o orgulho alvinegro,
fazer com que os filhos peçam aos pais para leva-los no estádio para ver seu
ídolo, o ídolo que veste a camisa do Botafogo. Vamos dar tempo a ele, vamos ver o que
acontece, porém com uma visão diferente.” – Carlos Eduardo Godinho,
Botafoguense no facebook.
E se dúvidas há sobre a ótica de
Carlos Eduardo Godinho, leia-se o insuspeito corintiano Matheus Guimarães que
gosta realmente de futebol:
FICHA TÉCNICA
Botafogo 5x0 Sampaio Corrêa
» Gols: Luís Henrique, aos 6' e 37', Rodrigo Pimpão, aos
44' (pen) e 70’ e Carleto, aos 31' (pen)
» Competição:
Campeonato Brasileiro série B
» Data: 03.07.2015
» Local: Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
» Público: 6.058 pagantes e 6.794 presentes
» Renda: R$ 113.310,00
» Árbitro: Devarly Lira do Rosário (ES); Assistentes:
Leonardo Mendonça (ES) e Edson Glicério dos Santos (ES)
» Disciplina: cartão
amarelo – Edvânio
e Wilian Simões (Sampaio Corrêa)
» Botafogo: Jefferson; Luís Ricardo, Renan Fonseca, Roger
Carvalho e Carleto; Diego Giaretta, Willian Arão, Tomas e Daniel Carvalho
(Elvis); Rodrigo Pimpão (Lulinha) e Luís Henrique (Camacho). Técnico: René
Simões.
» Sampaio Corrêa: Rodrigo;
Daniel Damião, Luis Otávio, Edvânio e William Simões; Moisés, Diones, Nadson
(Raí) e Válber (Alex Maranhão); Pimentinha (Vanger) e Douglas. Técnico: Léo
Condé.
4 comentários:
Amigo Rui:
Falei que este menino era de ouro.
Senti muita alegria com os gols dele e tenho certeza que dará tudo certo com ele no Botafogo. Guardadas as devidas proporções, me lembra o Túlio Maravilha nos áureos tempos. É frio, carismático, tem um grande repertório de jogadas, se posiciona bem e parece ter uma cultura e uma inteligência acima da média, no marasmo atual do futebol brasileiro. O time entrou vibrante e Pimpão atuou bem até como municiador de cruzamentos.
Espero que façam um contrato bem amarrado, para ele ficar no Botafogo até 2018, no mínimo e que só saia por muito, mas muito dinheiro. Não tenho dúvidas que o dentista maldito já teria vendido-o, com as desculpas de sempre.
Só penso que a defesa precisa melhorar um pouco, para não dar espaço para os times medíocres para baixo da série B.
Mas com Luis Henrique, Rafael Oliveira e Pimpão, temos tudo para ganharmos a série B e beliscarmos alguma coisa na Copa do Brasil.
Abraços.
Aurelio, concordo palavra por palavra. O que nós temos é Jefferson, Pimpão, LH e talvez Arão. O resto deixa-me imensas dúvidas, até mesmo o Gilberto.
Com estes e se o RS tomar juízo e não insistir em invenções como Bill, talvez possamos fazer uma bioa campanha. Esperemos que sim.
Abraços Gloriosos.
Soube que o Botafogo desistiu do Rafael Oliveira? O clube que possui seus direitos queria usar o Botafogo como vitrine. Pois então que vá para o inferno!
Abraços
N~´ao conheço os meandros do caso, mas o que me parece é que a maioria dos jogadores de hoje são uns babacas incapazes de dizer não aos empresários. Vai-se arrepender. Mas aí será tarde.
Abraços Gloriosos.
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