sábado, 4 de julho de 2015

Um jogo simples de narrar: Luís Henrique!

Um Botafogo sem muito poder de fogo durante toda a 1ª parte acabou por sair goleando ao intervalo. Motivo? Luís Henrique. Num lançamento primoroso de Rodrigo Pimpão na esquerda de ataque, o garoto tocou na bola pela primeira vez na sua carreira profissional quando cabeceou para o fundo das redes num impulso absolutamente calculado em função da longa distância que estava da baliza (cerca de 10-11 metros).

E depois ocorreu pouca coisa mais, além de o Sampaio Corrêa equilibrar a partida e espreitar o empate. Porém, um jovem estreante tratou de liquidar as esperanças adversárias marcando o seu segundo gol na estreia do profissional. Luís Henrique decretou o resultado do jogo.

E, curiosamente, em duas boas jogadas de ataque. Aliás, às vezes, no passado recente, a equipe fazia algumas boas jogadas de ataque, mas a finalizar havia (ou não havia…) um tal de Bill, mais adequado a titular do flamengo do que de um Clube como o nosso. E pupilo imprescindível de René Simões…

A diferença mais importante que verifiquei no jogo de ontem é que o horroroso tiki-taka de René Simões, sem qualquer objetivo e intenção de chute a gol, assumindo-se mais como uma espécie de Quintos Quadros do Barcelona do que uma equipe brasileira de futebol, deu lugar a ataques pelos extremos do campo. Como deve ser sempre, e não no miolo da área onde a entrada é sempre difícil e onde não há atacantes com classe suficiente para o drible. Os dois gols ocorreram de um cruzamento longo da esquerda e um cruzamento da direita a partir da linha de fundo. Muito diferente do tiki-taka entediante que Guardiola implementou no Barcelona.

A origem do terceiro gol, num penalty um pouco estranho, também ocorreu a partir da linha de fundo com um drible para trás e desvio da bola com a mão.

O quarto gol teve novamente um cruzamento da esquerda a partir da linha de fundo numa jogada versátil de Luís Henrique, que mais marcado tendeu para a esquerda e aí deu um passe notável para o 4º gol.

Portanto, conclui-se que quando se joga pelos extremos e se tem um matador na área, qualquer clube adversário – em razão do seu fraco futebol – pode ser goleado por nós mesmo sem grandes exibições.

Atacar nos momentos oportunos e com cruzamentos em diagonal de trás para a frente ou da linha de fundo da frente para trás são geralmente fatais para os fraquíssimos esquemas defensivos dos adversários.

Desejo duas coisas: (a) que a diretoria se adiante para um contrato alargado a Luís Henrique, porque já se faz tarde em função certamente do ‘afiar de dentes’ do seu empresário; (b) muito cuidado com a condução da titularidade de Luís Henrique, porque poucos jogadores estreantes nesta idade sobrevivem com bom futebol. Pelé e Jairzinho foram exceções.

A cabeça do jovem precisa manter a frieza, os colegas não podem travar o progresso do rapaz sob o pretexto de o tempo na equipe ser um ‘posto’, o treinador precisa protegê-lo, a torcida não pode embandeirar em arco como está a fazê-lo nem vaiá-lo quando as coisas lhe correrem mal em campo.

Ao contrário do que disse Jairzinho ao jovem Luís Henrique, estrear aos 17 anos é muito delicado porque a cabeça precisa pensar bem, o sucesso individual não pode subir à cabeça e a pressão / solicitações crescentes feitas a partir do exterior vão aumentar e bastas vezes acabam por engolir o objeto da sua admiração.

Ou será necessário relembrar todos os fiascos ocorridos com atletas promissores que acabaram por cair no esquecimento após má condução de carreira?

Confio que Luís Henrique seja exceção não apenas tecnicamente mas, principalmente, nesta fase, também constitua exceção mental e emocional.

Nota curiosa: há dois anos o flamengo dispensou-o… umas más-línguas dizem que o pessoal da carniça não sabe distinguir entre um futebolista e um traficante… outros dizem que o Luís Henrique não conseguiu jogar à bola devido ao persistente mau cheiro que infesta a Gávea…

Finalmente, dois excertos finais:

“Pode ser precipitação, pode ser ansiedade por ídolos, craques, afinal estamos precisando de boas novas. Porém, esse menino precisa ser tratado com uma visão diferente de tudo que se fez até hoje com as revelações de nossa base. Esse jogador não pode ser fatiado, nem dado como garantia para empréstimos, ele pode ser a solução do clube, mas não desta maneira, ele pode trazer resultados não só em campo, mas também na área de marketing, ele é tudo que precisamos para resgatar o orgulho alvinegro, fazer com que os filhos peçam aos pais para leva-los no estádio para ver seu ídolo, o ídolo que veste a camisa do Botafogo. Vamos dar tempo a ele, vamos ver o que acontece, porém com uma visão diferente.” – Carlos Eduardo Godinho, Botafoguense no facebook.

E se dúvidas há sobre a ótica de Carlos Eduardo Godinho, leia-se o insuspeito corintiano Matheus Guimarães que gosta realmente de futebol:

FICHA TÉCNICA
Botafogo 5x0 Sampaio Corrêa
» Gols: Luís Henrique, aos 6' e 37', Rodrigo Pimpão, aos 44' (pen) e 70’ e Carleto, aos 31' (pen)
» Competição: Campeonato Brasileiro série B
» Data: 03.07.2015
» Local: Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
» Público: 6.058 pagantes e 6.794 presentes
» Renda: R$ 113.310,00
» Árbitro: Devarly Lira do Rosário (ES); Assistentes: Leonardo Mendonça (ES) e Edson Glicério dos Santos (ES)
» Disciplina: cartão amarelo Edvânio e Wilian Simões (Sampaio Corrêa)
» Botafogo: Jefferson; Luís Ricardo, Renan Fonseca, Roger Carvalho e Carleto; Diego Giaretta, Willian Arão, Tomas e Daniel Carvalho (Elvis); Rodrigo Pimpão (Lulinha) e Luís Henrique (Camacho). Técnico: René Simões.
» Sampaio Corrêa: Rodrigo; Daniel Damião, Luis Otávio, Edvânio e William Simões; Moisés, Diones, Nadson (Raí) e Válber (Alex Maranhão); Pimentinha (Vanger) e Douglas. Técnico: Léo Condé.

4 comentários:

Aurelio Bulhões Pedreira de Moraes-Jornalista disse...

Amigo Rui:
Falei que este menino era de ouro.
Senti muita alegria com os gols dele e tenho certeza que dará tudo certo com ele no Botafogo. Guardadas as devidas proporções, me lembra o Túlio Maravilha nos áureos tempos. É frio, carismático, tem um grande repertório de jogadas, se posiciona bem e parece ter uma cultura e uma inteligência acima da média, no marasmo atual do futebol brasileiro. O time entrou vibrante e Pimpão atuou bem até como municiador de cruzamentos.
Espero que façam um contrato bem amarrado, para ele ficar no Botafogo até 2018, no mínimo e que só saia por muito, mas muito dinheiro. Não tenho dúvidas que o dentista maldito já teria vendido-o, com as desculpas de sempre.

Só penso que a defesa precisa melhorar um pouco, para não dar espaço para os times medíocres para baixo da série B.
Mas com Luis Henrique, Rafael Oliveira e Pimpão, temos tudo para ganharmos a série B e beliscarmos alguma coisa na Copa do Brasil.
Abraços.

Ruy Moura disse...

Aurelio, concordo palavra por palavra. O que nós temos é Jefferson, Pimpão, LH e talvez Arão. O resto deixa-me imensas dúvidas, até mesmo o Gilberto.

Com estes e se o RS tomar juízo e não insistir em invenções como Bill, talvez possamos fazer uma bioa campanha. Esperemos que sim.

Abraços Gloriosos.

Aurelio Bulhões Pedreira de Moraes-Jornalista disse...

Soube que o Botafogo desistiu do Rafael Oliveira? O clube que possui seus direitos queria usar o Botafogo como vitrine. Pois então que vá para o inferno!
Abraços

Ruy Moura disse...

N~´ao conheço os meandros do caso, mas o que me parece é que a maioria dos jogadores de hoje são uns babacas incapazes de dizer não aos empresários. Vai-se arrepender. Mas aí será tarde.

Abraços Gloriosos.

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