segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Fragmentos ‘futebol do botafogo 1961-1965’: o mando das mulheres no ‘mundo dos homens’… [13]

por CARLOS VILARINHO
especialmente para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário e historiador do Botafogo de Futebol e Regatas

[Durante a excursão à Europa] Cavalcanti consentiu que Didi permanecesse na cidade [Valencia], para participar do amistoso contra o Fluminense em benefício da família de Válter. Isto deu origem a boatos sobre a ida de Didi para o Valencia, contrariando o seu compromisso com o Real Madrid e, principalmente, com Guiomar (sua mulher), de que jamais voltaria a defender um clube espanhol. (…)

A delegação botafoguense chegou a Lisboa na quarta-feira. Na sexta-feira, às 6h30, desembarcou no Galeão. Sem Didi. Ora, ele até telegrafara para Guiomar, prometendo não faltar à festa de aniversário de Rebeca. (…)

Guiomar não podia acreditar na hipótese de voltar a viver em Espanha, onde “passou os piores dias anos de sua vida, entre as maiores humilhações”. E não medira as palavras: “se Didi quiser ir para Espanha, dessa vez ficará sozinho, pois eu e minhas filhas continuaremos no Brasil. (…)

Assim que desceu do avião, Cavalcanti desfez os boatos. Paulo Azeredo convenceu-se que o gesto de Didi fora nobre e elogiável”. Bem diferente foi a reação de Guiomar. A decepção levou-a às lágrimas: “Nunca pensei que Didi fizesse uma coisa dessas”. (…)

No domingo, Guiomar telegrafou, criticando-o e avisando que não estava disposta, de forma alguma, a voltar à Espanha. Na manhã da outra quarta-feira, Didi desembarcou no Galeão. Desta vez, a mulher não foi esperá-lo. À noite, Didi reuniu-se com Paulo Azeredo, informando-o do interesse do Valencia, porém, procurando demonstrar indiferença quanto ao seu destino. Na manhã seguinte, ouviu Guiomar e deu o caso por encerrado. À tarde comunicou a Azeredo que acabara de telegrafar ao Valencia desistindo da transferência. O que faria Didi na Espanha sem Guiomar e as filhas?

Fonte do excerto: VILARINHO, C. F. (2016). O Futebol do Botafogo 1961-1965. Edição do Autor: Rio de Janeiro, pp. 33.

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