terça-feira, 23 de agosto de 2016

‘Seu Machado’, dedicação e glória no Botafogo

Crédito da imagem: Rafael Marques

No dia 1º de Abril de 1956, José Machado da Silva, chamado por acaso para ajudar em uma enchente, passou a integrar o quadro de funcionários do Botafogo de Futebol e Regatas.

‘Seu Machado’, como era conhecido por todos, abandonou o sonho de ser bombeiro militar por amor ao Glorioso e manteve-se no Clube durante longos 60 anos, chegando a Administrador do CT João Saldanha:

— “Eu era só um quebra-galho, mas fui ficando. O futebol é uma cachaça do cacete. Se pudesse voltar atrás, faria tudo da mesma maneira — derreteu-se o administrador, que é alvinegro desde criancinha.” [Extra-Globo, 2012]

No Botafogo, Seu Machado teve o prazer de conhecer os grandes craques alvinegros campeões do mundo pela Seleção Brasileira, e, sobretudo, a sua futura esposa Nely, ex-atleta do salto à vara, com quem fez um casamento para a vida toda.

— “Tive o prazer de conhecer pessoas como o Garrincha, o Nilton Santos, o Renato, o Loco Abreu...” [Extra-Globo, 2012]

Grande transmissor dos valores e da grandeza do clube, Seu Machado foi agraciado pelo Conselho Deliberativo com o título de sócio honorário.

Entrevistado para o Portal Oficial do Botafogo deslindou algumas particularidades da sua permanência de 60 anos no Clube:

Quando chegou ao clube?
1º de abril de 1956.

Por que está há tanto tempo no Botafogo?
Por duas razões principais: sou botafoguense de coração e esta casa é maravilhosa.

Quais os jogadores você já viu passar por aqui?
Grandes jogadores de todas as gerações vitoriosas do clube… a começar pelo gênio Mané Garrincha, Nilton Santos, Didi, Adalberto Leite, Paulo Valentim, Quarentinha, Maurício, Mazolinha, Mauro Galvão, Túlio e todos os craques de 1995. Fica até complicado lembrar assim, tenho receio de esquecer alguém (risos).

Quais os grandes momentos vividos no clube?
Vivi, realmente, bons e maus momentos. Mas prefiro ficar com os bons. O melhor momento que passei no clube, em toda a história, foi o título estadual de 57. Fomos campeões e fiz parte do grupo de apoio do técnico João Saldanha e de Paulo Amaral. Eu era a pessoa responsável por tomar conta da concentração. Guardo bem esta data pois foi com este título que passei a amar o Botafogo com toda a minha força.

Um jogo inesquecível?
Título Carioca de 1962. Estava lá no estádio, quase apanhei. Quando o Garrincha fez o gol, saí gritando, pulando, comemorando. Em seguida, veio um flamenguista e me puxou pelo pescoço. Por pouco não me bateu.

Um jogador preferido?
Ah, não tem como não escolher o meu velho Nilton Santos. Foi e é muito importante para todos nós. Vida longa para ele.

Qual a emoção ao ver o Botafogo campeão Brasileiro em 1995?
Aquele grupo era muito bom. Tive uma sensação indescritível. Momento que será lembrado por mim para sempre, aquele grupo de jogadores era realmente muito especial. Eram diferenciados.

Um recado para os torcedores alvinegros?
Vocês, torcedores, estão de parabéns. Sem a torcida este time não vai a lugar algum. Tem que apoiar mesmo. Tudo na vida é assim, este eterno perde e ganha. Mas temos que confiar e apoiar sempre.

Aos 81 anos, num dia de agosto de 2016, Seu Machado dirigiu-se ao Clube pelas cinco horas da manhã para confirmar que tudo o que se encontrava sob a sua responsabilidade estava em ordem e, simultanemente, cumprir o que dissera em uma entrevista há quatro anos atrás:

— “Estou aposentado desde 1994, mas só saio daqui quando a saúde não me deixar mais trabalhar.” [Extra-Globo, 2012]

O Botafogo decretou luto oficial e hasteou a sua bandeira a meio-mastro em General Severiano.

OBRIGADO, Seu Machado!

Pesquisa de Rui Moura (editor do blogue Mundo Botafogo); Fontes: Portal Oficial do Botafogo; jornal Extra-Globo. 

2 comentários:

JANJÃO disse...

Tive o prazer de ter trabalhado e convivido com essa figura impar na história do Botafogo. Não tinha hora para ir embora sempre disposto a ajudar a todos. Faz muita falta.

Ruy Moura disse...

Que sorte, Angelo! Foi mais um dos botafoguenses autênticos, dedicados, desinteressados e um Grande de Hespanha que nunca precisou de anunciar publicamente que comprara uma dúzia de bolas pra equipe de futebol! E quantas ele não terá comprado!

Figura eterna na nossa Galeria Alvinegra de Ouro!

Abraços Gloriosos.

John Textor, a figura-chave: variações em análise

Crédito: Jorge Rodrigues. [Nota preliminar: o Mundo Botafogo publica hoje a reflexão prometida aos leitores após a participação do nosso Clu...