segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Mensagem de 16 a 23 de Dezembro de 2007

PARABÉNS ADALBERTO, TOMÉ, NÍLTON SANTOS, SERVÍLIO, BETO, PAMPOLINI, EDSON, DIDI, GARRINCHA, PAULO VALENTIM, QUARENTINHA E JOÃO SALDANHA!
1957-2007 - CAMPEÃO!!!

Mensagem saudando a equipa e o treinador do Botafogo de Futebol e Regatas que, em 1957, na decisão do campeonato carioca, conquistou o título através uma goleada de 6x2 sobre o Fluminense – a maior da história das decisões do futebol carioca – com cinco gols de Paulo Valentim e um de Garrincha.

Mensagem de 9 a 16 de Dezembro de 2007

PARABÉNS A. C. MILAN!!!
PARABÉNS KAKÁ!!!

Mensagem saudando o título de campeão mundial obtido pelo Milan frente ao Boca Juniors e saudação especial a Kaká, jogador do Milan, que acabara de ser declarado pela FIFA o maior jogador do mundo em 2007.

As vozes de Flávio e da avó, D. ‘Chiquitota’

O Botafogo Football Club nasceu a partir de um sonho dos meninos do Largo dos Leões, onde ficava o Colégio Alfredo Gomes e onde Flávio Ramos estudava. Foi de Flávio que saiu a voz para a fundação do Botafogo do futebol, dez anos depois do Botafogo das regatas, durante a aula de matemática do 4º ano do professor Júlio Noronha.

Flávio Ramos, então com 15 anos, escreveu e entregou um bilhete a Emmanuel Sodré o qual dizia o seguinte:

“O Itamar Tavares tem um clube de futebol que joga na rua Martins Ferreira. Vamos fundar outro? Podemos falar com o Arthur César, o Vicente e os irmãos Werneck. O que você acha?”

Na tarde de sexta-feira de 12 de Agosto de 1904, o clube foi fundado para a prática do futebol e adoptou a designação de Electro Club para se aproveitarem os talões de um clube de pedestrianismo já extinto.

Porém, a avó de Flávio, Francisca Teixeira Leite, conhecida por D. Chiquitota, sabendo do nome do clube espantou-se e lançou a voz definitiva:

“Morando onde moram, o clube de vocês só pode se chamar Botafogo!”

Fontes
Augusto, Sérgio (204), Botafogo – Entre o Céu e o Inferno, Rio de Janeiro: Editora Ediouro.
Castro, Alceu Mendes de Oliveira (1951), O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro: Gráfica Milone

Qual foi a mais empolgante decisão carioca?

Resultados da enquete:

1948: 0 votos (0%)
1957: 4 votos (25%)
1962: 0 votos (0%)
1989: 12 votos (75%)

[Votação entre 24-30/12/2007]

O primeiro drama na fundação do clube de regatas

O primeiro drama do Botafogo, ocorrido em 1894, deu origem à própria fundação do Club de Regatas Botafogo. O drama foi contado na etiqueta ‘história’, mas relata-se sucintamente o ocorrido.

Em 1891, insatisfeito com a sobrevalorização das apostas no remo, as quais eram contrárias ao espírito do desportivo, Luiz Caldas quebrou os remos de uma embarcação no Clube Guanabarense e, com mais seis remadores, fundou o Grupo de Regatas Botafogo em 1894.

A politização dos remadores do Grupo, oriundos de estratos sociais elevados, que partilhavam um sentimento anti-governamental, configurou o drama que deu origem ao nascimento oficial do Club de Regatas Botafogo, em 1894, na sequência da Revolta da Armada.

Devido ao advento da Revolta, o Grupo recém-organizado foi alvo de suspeição do Governo vigente. Por um lado, Luiz Caldas, o ‘Almirante’, era monárquico e, por outro lado, havia sócios do clube que eram amigos íntimos de Luiz Caldas e filhos de destacadas figuras militares com envolvimento político. Efectivamente, João Carlos de Melo (John) e Frederico Lorena (Fritz) eram filhos, respectivamente, dos revolucionários Almirante Custódio de Melo e Comandante Guilherme Frederico de Lorena, sendo este o chefe da Revolução.

Em meio de uma grande confusão política, Caldas acabou por ser preso na Revolta da Armada, em 1893, e, em consequência, houve um período em que o Botafogo foi forçado a paralisar as suas actividades. Entretanto, John e Fritz refugiam-se fora do Rio de Janeiro e Mario LeBlon, também botafoguense, falece pouco depois, seguindo-se a ele o 'Almirante'.

A morte trágica de Luiz Caldas a 25 de Junho de 1894 tem como reacção dos sócios do Grupo de Regatas Botafogo uma dramática e nobre resposta ao desaparecimento do seu líder, reunindo-se para formalizarem o Club de Regatas Botafogo a 1 de Julho de 1894.

Fontes Principais
Pepe, Braz; Miranda, Luiz; Carvalho, Óscar (1996), Botafogo o Glorioso – uma história a preto e branco, Petrópolis: Ney Óscar Ribeiro de Carvalho
http://pt.wikipedia.org/wiki/Botafogo_de_Futebol_e_Regatas
http://www.botafogopaixao.kit.net/historia.htm
http://www.constelar.com.br/revista/edicao74/botafogo3.php
http://www.crpiraque.com.br/cronicas/historia_remo_carioca.htmhttp://www.sindegtu.org.br/2006/arquivos/zs4.pdf

domingo, 30 de dezembro de 2007

Campeões com ex-jogadores rubro-negros

Existe uma superstição que vive desde sempre com o Botafogo, segundo a qual o clube somente é campeão se tiver um ex-jogador do Flamengo.

Após a final Botafogo x Santos em 1995, que consolidou o encerramento de um 'jejum' de má memória e o reinício dos tempos de glória, César Maia narra que encontrou um grupo que gritava:

- Obrigado, Flamengo, mais uma vez.

Curioso, César Maia perguntou porquê e a resposta não tardou:

- Mais importante que ser campeão é a escrita funcionar. Fomos campeões com Gotardo, como tínhamos sido em 1957 com o Servílio, ou em 1961/1962 com o Jadir e em 1967/1968 com o Paulo César e o Gérson.

E aos berros o grupo concluiu:

- Graças a Deus, graças a Deus, a escrita funcionou.

Segue-se a lista: Pirillo (1948), Servílio (1957), Dequinha (1961), Jadir (1962), Gérson (1967), Zequinha (1968), Vítor (1989), Gonçalves (1990), Aílton (1997).

Fonte
César Maia, ‘O Globo’ de 28/12/1995.

sábado, 29 de dezembro de 2007

Osvaldo ‘Baliza’, o goleiro que travou o ‘expresso vitória’

.

Osvaldo ‘Baliza’ [Osvaldo Alfredo da Silva] nasceu em Tanguá (RJ) a 9 de Outubro de 1923 e faleceu no Rio de Janeiro a 30 de Setembro de 1999. Osvaldo defendeu a baliza do Botafogo durante uma década.

Estreia de Osvaldo Baliza na equipa principal do Botafogo:

BOTAFOGO 6x2 FLAMENGO
Data: 08/03/1944
Local: São Januário, Rio de Janeiro
Árbitro: Mário Gonçalves Vianna
Competição: Torneio Relâmpago
Gols: Afonsinho (2), aos 2’ e 42’, Reginaldo (2), aos 3’ e 18’, Heleno (2), aos 8’ e 11’ (1° tempo); Zizinho, aos 25’ e Tião, aos 27’ (2° tempo)
Botafogo: Osvaldo Baliza, Hernandez e Lusitano; Zarcy, Santamaria e Negrinhão; Afonsinho, Octávio (Tovar), Heleno, Limoeiro e Reginaldo
Flamengo: Luiz Borracha (Doli), Artigas e Newton; Quirino (Guálter), Bria (Tião) e Jayme; Nilo, Zizinho, Djalma, Jacir e Vevé
Fonte: O Jornal.

Despedida de Osvaldo Baliza:

BOTAFOGO 2x2 AMÉRICA (MG)
Data – 03/03/1953
Local – Octacílio Negrão de Lima, na Alameda (Belo Horizonte)
Competição – Amistoso
Botafogo – Osvaldo Baliza, Gérson e Floriano (Orlando Maia); Araty, Calico e Juvenal; Geraldo (Vinícius), Geninho, Dino, Bravo (Zezinho) e Jayme. Gols: Dino (2).
Fonte: Jornal dos Sports.

Pelo Botafogo Osvaldo Baliza foi bicampeão carioca de aspirantes em 1944-1945, campeão do Torneio Início do Rio de Janeiro em 1947, do campeonato carioca de 1948 e do Torneio Triangular de Porto Alegre em 1951.

Osvaldo, cuja altura atingia um metro e noventa e um centímetros, começou a carreira no Botafogo, em 1943, e aí ficou até 1952. No ano seguinte actuou pelo Vasco da Gama e, em 1954, já no Bahia, foi novamente campeão estadual. Entre 1955 e 1958 defendeu a baliza do Sport e foi três vezes campeão pernambucano em 1955, 1956 e 1958.

Baliza chegou à Selecção Brasileira no ano seguinte a ter conquistado o campeonato carioca. O goleiro efectuou duas partidas como titular do Brasil e não sofreu gols. A 17 de Abril de 1949 jogou para o campeonato sul-americano na partida Brasil 5x0 Colômbia e no dia 20 de Abril de 1952 jogou para o campeonato pan-americano na partida Brasil 3x0 Chile. Em ambos os casos sagrou-se campeão: sul-americano em 1949 e pan-americano em 1952.

Apesar de ser pouco lembrado, Osvaldo Baliza foi um goleiro de sucesso, conquistando cinco campeonatos estaduais (Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco) e os campeonatos sul-americano e pan-americano pelo Brasil.

Outros jogos importantes pelo Botafogo:

BOTAFOGO 4x1 OLARIA
Data – 27/07/1947
Local – São Januário
Árbitro – Mário Gonçalves Vianna
Competição – Torneio Início (decisão)
Botafogo – Osvaldo Baliza, Gérson e Sarno; Adão, Nílton Senra e Juvenal; Santo Cristo, Octávio, Ponce de León, Geninho e Reynaldo.
Olaria – Zezinho, Laércio e Amauri; Leleco, Spinelli e Ananias; Alcino, Limoeirinho, Roberto, Tim e Gérson
Gols – Reynaldo (2), Santo Cristo e Ponce de León (Botafogo); Alcino (Olaria)
Obs: Reynaldo era conhecido como Renato no começo da carreira.
Fonte: O Jornal.


BOTAFOGO 5x2 FLUMINENSE
Data: 01/08/1948
Local: Laranjeiras, Rio de Janeiro
Árbitro: Mr. Ford “Rei do Pênalti”
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Pirillo, Braguinha e Octávio (de pênalti), no 1° tempo; Pirillo (2), Rodrigues (de pênalti) e Orlando Pingo de Ouro, no 2° tempo
Botafogo: Osvaldo Baliza, Gérson e Nílton Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Pirillo, Octávio e Braguinha. Técnico: Zezé Moreira
Fluminense: Castilho, Pé-de-Valsa e Hélvio; Índio, Mirim e Bigode; Cento-e-Nove, Simões, Careca, Orlando Pingo de Ouro e Rodrigues. Técnico: Ondino Viera
Obs: Osvaldo Baliza defendeu dois pênaltis; um cobrado por Rodrigues e outro por Careca (este feito só foi igualado por Wagner em 1999).
Fontes: Diário da Noite, Jornal dos Sports e O Jornal.

BOTAFOGO 3x1 VASCO
Data: 12/12/1948
Local: General Severiano, Rio de Janeiro
Público: 20.000 (18.321 pagantes)
Árbitro: Mário Gonçalves Vianna
Gols: Paraguaio e Braguinha, no 1° tempo; Octávio e Ávila (contra), no 2° tempo
Botafogo: Osvaldo Baliza, Gérson e Nílton Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Pirillo, Octávio e Braguinha. Técnico: Zezé Moreira
Vasco: Barbosa, Augusto e Wilson; Ely, Danilo e Jorge; Friaça, Ademir Menezes, Dimas, Ipojucan e Chico. Técnico: Flávio Costa
Obs: 1) Gérson abandonou o campo aos 10’ do segundo tempo, por contusão; o Botafogo atuou com 10 (dez) jogadores até ao final; 2) Botafogo, campeão carioca (1948).
Fonte: Jornal dos Sports.


BOTAFOGO 2x0 GRÊMIO
Data: 17/06/1951
Local: Eucaliptos, Porto Alegre
Árbitro: Arthur Vilarinho
Assistente: Júlio Peterson e Oswaldo Azzarini Rolla (o Foguinho)
Competição: Triangular de Porto Alegre
Gols: Nílson (contra), aos 11’, no 1° tempo e Zezinho, aos 31’, no 2° tempo
Botafogo: Osvaldo Baliza, Gérson (Carlito) e Nílton Santos; Rubinho, Geninho e Juvenal; Joel, Neca (Ariosto), Dino, Zezinho e Braguinha (Jayme). Técnico: Carvalho Leite
Grêmio: Wilson (Sérgio Moacir), Joni e Nílson (Paulista); Bexiga, Sarará e Heitor (Danton); Balejo (Dario II), Ferraz, Geada, Pedrinho e Ápis. Técnico: Alfredo González
Obs: Botafogo, campeão do Triangular de Porto Alegre.
Fontes: Jornal dos Sports (18-06 e 20-06) e João Batista Lopes da Silva (pesquisador), do Rio Grande do Sul.


Fontes principais
Acervo e pesquisa de Rui Moura
Acervo e pesquisa de Pedro Varanda
Castro, Alceu Mendes de Oliveira (1951), O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro: Gráfica Milone
http://pt.wikipedia.org/wiki/Osvaldo_baliza
http://www.miltonneves.com.br/qfl/index.asp?id_qfl=510

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O 12 e o 21

O Botafogo foi campeão em 1989 num jogo emocionante e particularmente assinalado pela superstição que as coincidências desse dia permitiram.

O jogo foi realizado no dia 21 de Junho, após 21 anos sem títulos, com 21º centígrados, marcando o único gol ao 21º cruzamento, aos 12 (o contrário de 21) minutos da segunda parte, com passe de Mazolla (nº 14) para Maurício (nº 7) marcar (somando as duas camisolas o mítico “21” daquele dia), tendo a equipa utilizado 12 jogadores (novamente 21 ao contrário).

Além disso, 89 ao contrário é 68, último ano de um título ganho pelo Botafogo em futebol. Mas também 1968 foi o ano da maior repressão e institucionalização da ditadura militar, enquanto 1989 foi o ano em que o Brasil regressou às eleições directas para a Presidência da República.

Em 1968, durante o regime militar, a polícia invadiu o Restaurante Universitário Calabouço, devido aos estudantes se manifestarem contra a sua má qualidade, e o estudante Edson Luiz Souto foi morto. Os estudantes fizeram na cidade do Rio de Janeiro a 'Passeata dos Cem Mil', ferozmente reprimida pela polícia e terminando com cerca de mil presos, cinquenta e sete feridos e três mortos.

A polícia também cercou a Universidade Federal do Rio de Janeiro e prendeu cem estudantes no estádio do Botafogo de Futebol e Regatas. Em Dezembro desse ano foi publicado o AI-5 (acto institucional) instaurado pelo regime militar que dava poderes absolutos à ditadura.

E precisamente entre 1968 e a restauração das primeiras eleições directas em 1989, o Botafogo esteve exactamente 21 anos sem títulos no futebol, sendo prejudicado por arbitragens em algumas finais decisivas.

As coincidências da vida botafoguense ou… ‘coisas que só acontecem ao Botafogo’?...

Fontes principais
http://www1.uol.com.br/rionosjornais/rj48.htm

Jogadores e treinadores supersticiosos

Amarildo atribuía a sua sorte a um lendário charuto, cujo poder era formidável. Do uso do charuto foi atribuída a forma como Amarildo conquistou um lugar no quadro principal do Botafogo e depois na selecção brasileira no Chile, quando os atletas titulares se lesionaram sucessivamente, dando oportunidade a Amarildo para se tornar titular.

Por seu turno, o jogador Mendonça vestia a camisa nº 8 com calções número 13 para dar sorte. Este 13 também acompanhava Zagallo, que abusava da sua simpatia pelo número. Houve uma época, como treinador do Botafogo, que Zagallo colocava em campo aos 13 minutos da 2ª parte o jogador Ferretti, camisa 13. Como o atacante geralmente marcava gols decisivos, a superstição manteve-se.

Outro treinador, Valdir Espinosa, que haveria de ser protagonista do título carioca que o Botafogo conquistou em 1989, após 21 anos de jejum, obrigou o gerente do hotel, na noite anterior à final, que ganhou, a dar-lhe o mesmo quarto que usou na noite anterior ao primeiro jogo.

Fonte principal
Thelma Linhares, Superstições no futebol brasileiro, em http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/historia/hist27.htm

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Aloysio ‘Birruma’, o supersticioso de plantão


Aloysio Ferreira de Araujo foi roupeiro do Botafogo durante décadas (desde 1932 até aos anos sessenta) e as suas superstições eram famosas, desde o tempo de Carlito Rocha. A alcunha de “Birruma” tem origem em uma ocasião Aloysio encontrar um jogador fazendo um buraco na porta de um quarto de hotel, de martelo e pregão, para espiar um casal. Então, o nosso querido roupeiro chamou-lhe a atenção: “Ô seu filhote de burro: porque você não usa uma ‘birruma’?” Um outro membro do grupo e ‘intelectual’, escutou e gozou: “Filhote de burro é você. Não é ‘birruma’, ouviu? É ‘verruma’, entendeu?”. A alcunha pegou.

‘Birruma’ foi o homem das superstições no Botafogo durante mais de três décadas, seguindo as peugadas de Carlito Rocha. Por exemplo, na final de 1957 contra o Fluminense, o velho ônibus do Botafogo pifou à entrada do Maracanã, mas o engenhoso motorista Arlindo descobriu que conseguia entrar de marcha à ré. Como o Botafogo goleou o Fluminense por 6x2 e arrecadou o título, o supersticioso de plantão queria obrigar Arlindo a entrar sempre de marcha à ré. O que ele não fez…

Nesse campeonato ainda aconteceu uma coisa curiosa. João Saldanha dizia não ter superstições, mas depois de um jogo em que o Botafogo venceu o América, o roupeiro Aloysio faltou na terça-feira quando os jogadores iniciavam os treinos para o jogo seguinte. Na quarta-feira, Saldanha deu uma bronca em Aloysio, que lhe disse que tinha ido à praia para ver se afastava uma indisposição. Mas como o Botafogo tornou a vencer no Domingo Saldanha pediu a Aloysio, após o jogo, que faltasse na terça-feira. E assim aconteceu todas as terças feiras até o Botafogo terminar campeão carioca de 1957.

Noutra final, a do campeonato carioca de 1962, Aloysio acordou cedo, colocou as superstições na balança e decidiu que o Botafogo iria disputar a final com o Flamengo usando as habituais camisas compridas – era Dezembro e o Rio de Janeiro estava em pleno Verão, mas o Botafogo foi campeão.

Aloysio também contou algumas superstições de outros. Por exemplo, de Aymoré Moreira, goleiro do Botafogo nos anos trinta, aconteceu que ao usar pela primeira vez uma camisa branca, o goleiro viu o seu Botafogo vencer fácil. Então, adoptou essa camisa para os jogos seguintes e não permitia que a lavassem. A camisa ficou cor de cinza e ninguém suportava o mau cheiro quando se abria o armário do Aymoré. Ao fim de 15 jogos sem derrotas a camisa estava ‘insuportável’. Então, Aloysio resolveu lavar a camisa e no jogo seguinte o Botafogo perdeu.

A figura de Aloysio acompanhou o quotidiano do Botafogo durante mais de três décadas e revelou-se imprescindível à equipa e ao convívio típico daqueles tempos. No livro de João Saldanha, Histórias do Futebol, é bem patente a dimensão supersticiosa, solidária e divertida de Aloysio ‘Birruma’.

Nota do Mundo Botafogo: Em 28.07.2019 o editor substituiu o nome 'Aloísio por 'Aloysio' a pedido do seu neto em comentário não identificado, acreditando-se que o autor do comentário tenha verificado realmente que no registro de nascimento o nome é 'Aloysio', porque em livros publicados, em artigos e publicações diversas (incluindo as fontes principais mencionadas), o nome que consta sempre é 'Aloísio de Araújo' e não 'Aloysio de Araujo'. 

Fontes principais: João Saldanha (1994), Histórias do Futebol, Rio de Janeiro: Editora Revan; http://fantasmadomaracana.blogspot.com/2007_04_01_archive.html

Hino ao Centenário

Há muito tempo atrás
No Continente Europeu
Um grande poder de fogo
Muitas batalhas venceu

O galeão português
Barco formoso, poderoso de além mar

De Botafogo foi batizado (BIS)
Por tudo conquistar (BIS)

No Largo dos Leões adolescentes fundaram
Um clube de emoção, que hoje é tradição
Centenário de alegria e de paixão

Alvinegro campeão (BIS)
Orgulho de uma Nação (BIS)

Garrincha, Didi, Nilton Santos, Quarentinha

Indo mais atrás, (BIS)
Heleno de Freitas e outros mais... (BIS)

Eu vou gritar, eu vou gritar para o mundo ouvir (BIS)
Tenho o Botafogo no meu Coração (BIS)

Autores: Izzo Rocha e Vilson Santos

Fonte
http://botafogopaixao.kit.net/hinos.htm

Hino oficial do Botafogo de Futebol e Regatas

Botafogo Gentil!
Pura Glória do esporte brasileiro
A expressão mais viril
Da energia e do brio verdadeiro!
A lutar com afã
Tu farás, corrigindo a juventude,
Que o Brasil de amanhã
Seja a pátria da força e da saúde
Teu futuro e teu passado
Defendidos sem repouso
Façam sempre respeitado
Esse teu nome glorioso!
O alvinegro pendão,
O caminho a apontar-nos da vitória
Do Cruzeiro o clarão
As estrelas traduzam a nossa glória!
Não te falte jamais
Da ousadia a nobreza e o puro fogo
Que o primeiro, entre os mais,
Há de ser ó glorioso Botafogo
(estribilho: Teu futuro e...)

Autores: Octacílio Gomes (letra) e Eduardo Souto (música)

Fonte
Revista Placar – As Maiores Torcidas do Brasil

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Carlito Rocha e o Biriba

O Biriba, cachorro do ex-zagueiro Jamyr Sueiros, o Macaé, adoptado por Carlito Rocha, constitui, porventura, a primeira grandiosa manifestação de um clube altamente supersticioso. O fenómeno ocorreu quando a equipa de reservas do Botafogo venceu o Madureira por 10x2. No décimo gol, um cãozinho preto e branco invadiu o campo e o supersticioso Carlito Rocha, então presidente do clube alvinegro, considerou que fora um sinal.

Há outra versão de Milton Coelho que diz que por ocasião de uma partida entre aspirantes do Botafogo e do Bonsucesso, Macaé levou o seu cachorro ao jogo e ele atrapalhou o goleiro adversário, que não pôde defender o gol. E foi por isso adoptado por Carlito Rocha.

Desde aí, o Biriba acompanhava sempre a equipa e era um verdadeiro amuleto de sorte. Carlito nem admitia que o Botafogo perdesse com a presença do Biriba, e a verdade é que após a primeira derrota para o São Cristóvão no campeonato, por 4x0, o Botafogo não mais perdeu e tornou-se campeão. O pequeno animal tinha lugar privilegiado no banco de reservas da equipa, participava das comemorações dos gols, entrava nas fotografias da equipa e era mascote oficial.

Os convites para o Botafogo excursionar, após a conquista do campeonato de 1948, incluíam sempre o Biriba e certa vez o Botafogo foi jogar um amistoso contra o São Paulo no Pacaembú. A exigência era que a equipa estivesse completa, o que incluía o Biriba. Porém, o cãozinho foi barrado na estação ferroviária, tendo sido determinado que viajasse em compartimento especial. O presidente exigia um lugar de passageiro comum, o que foi aceite após muita insistência, desde que o animal pagasse passagem. Como não queria gastar mais dinheiro, Carlito resolveu colocar Biriba no lugar do meia-esquerda Baduca, cuja bagagem foi retirada de bordo e o cartão de embarque transferido para o Biriba. Barrado por um cachorro, Baduca encerrou a carreira naquele momento.

Biriba era personagem tão importante que, em certa ocasião, a directoria do Vasco da Gama tentou impedir a entrada do cachorro em São Januário, mas Carlito Rocha colocou o animal debaixo do braço e desafiou:

“Ninguém impede o presidente do Botafogo de entrar onde quer que seja e quem estiver com ele entra, com certeza.” - E entrou com o Biriba debaixo do braço.

O Biriba ainda hoje permanece no imaginário botafoguense, sendo muito frequente que o Botafogo seja representado por um cachorro. O cãozinho mágico ilustra imensos livros sobre o Botafogo e sobre o futebol. O paulista Vicente Cascione relembra essa magia registada na sua infância:

“O futebol semeou imensas nostalgias que hoje ainda despontam intensamente em mim, apesar do largo tempo vivido. (…) Certa vez veio ao velho estádio da Vila, o Botafogo, do Rio. Trouxe Pirillo e o novato Santos, anos depois transformado num enciclopédico Nílton Santos. O Botafogo trouxe Biriba, o cãozinho mascote, que ingressou com o time no gramado e deu uma volta olímpica saudando os enternecidos torcedores. Ele tinha as cores do clube. O menino, na cabine, ouviu o pai descrever a cena que o encheu de encantamento e o marcou para sempre: a entrada de Biriba e sua corrida em torno do gramado. Nunca mais o vi. Mas repeti muitas vezes esse momento nítido que jamais se dissipou em minha lembrança” [texto completo em A Tribuna, suplemento AT Revista, 22 de Janeiro de 2006].

Fontes principais
Thelma Linhares, “Superstições no futebol brasileiro”, em http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/historia/hist27.htm
Vicente Cascione, “O Cãozinho Biriba”, em A Tribuna, suplemento AT Revista, 22 de Janeiro de 2006
http://www.futebolimaginario.com.br/index.php?sec=historiaFutebol&opc=historiasPitorescas

Heleno de Freitas, ‘el jogador’


Heleno de Freitas nasceu a 12 de Fevereiro de 1920 e São João Nepomuceno e faleceu a 8 de Novembro de 1959 em Barbacena. Heleno [ao lado, fotografia no famoso 'Jogo do Senta'] foi considerado o primeiro craque ‘problema’, porque era absolutamente intempestivo em campo e conseguiu angariar muitas expulsões e inimigos. Nervoso, arrogante, polémico e praticamente intratável, Heleno também foi advogado, boémio, galã e genial a jogar futebol. Ganhou fama e dinheiro e era uma das presenças marcantes das noites cariocas, sempre impecavelmente vestido, gomalina nos cabelos e um sucesso nos salões da época que só as actuações em campo conseguiam rivalizar. Privou sempre com mulheres bonitas e homens inteligentes, tornando-se amigo íntimo da família do presidente Peron quando jogou pelo Boca Juniors.

No famoso ‘Clube dos Cafajestes’, ao qual pertencia, Heleno era apelidado de ‘Gilda’, tal como pela torcida do Fluminense, devido ao seu temperamento ter sido associado ao nome de uma personagem da actriz Rita Hayworth, intempestiva e voluntariosa. Quando assim o chamavam durante os jogos, Heleno enfurecia-se e era capaz de tudo, desafiando a torcida e nunca se dando por vencido. Heleno era a imagem do clube brigão e lutador, como Mário Filho fez notar, e por isso era o símbolo de um Botafogo guerreiro. Antes da ‘Era Garrincha’, Heleno foi, sem dúvida, o maior craque de corpo e alma do Botafogo e um dos maiores jogadores do futebol brasileiro de todos os tempos.

Heleno era um craque altamente refinado: os seus passes iam sempre direitinhos aos pés dos companheiros. Para Heleno, um drible ou uma bola no meio das pernas do adversário era mais valorizado do que uma bola que entrava por ‘acaso’. Em 1927, aos sete anos de idade, o jovem mineiro já jogava futebol no segundo quadro do infantil do Mangueira, na sua cidade natal.

Após ir para o Rio de Janeiro começou a frequentar as areias do Posto 14 onde Neném Prancha, o ‘filósofo do futebol’, procura ‘revelações’. ‘Seu Neném’ era treinador das camadas jovens do Botafogo. Conta-se que na fantasia o ‘filósofo’ ficava atrás de um tabuleiro de laranjas como se fosse vendedor no areal de Copacabana e jogava uma fruta para cada garoto. A reacção de cada um determinava se era ‘craque’ ou ‘cabeça-de-bagre’. Então, Heleno de Freitas, com 12 anos, amorteceu uma laranja na coxa, deixou-a cair no pé, fez embaixada, levou-a à cabeça, trouxe de volta ao pé, deu ao controlo do calcanhar. Neném acabara de descobrir o mais fino e intempestivo craque brasileiro.

Heleno foi aprovado no Botafogo e, em 1935, aos 15 anos, estreou-se oficialmente pelo Glorioso da estrela solitária. Mas os estudos e o trabalho não lhe permitiram ser assíduo e Heleno acabou por deixar o Botafogo quando a secção juvenil foi extinta. Entretanto, ingressou no Fluminense, mas como o Botafogo era amador e o Fluminense profissional, Heleno jogou durante algum tempo em ambos os clubes. Mas a partir de 1940 Heleno integra definitivamente a equipa da estrela solitária após uma série de brigas com o clube das Laranjeiras. Nesse ano o campeonato foi disputado até ao último jogo e Heleno já era titular, entrando com a enorme responsabilidade de substituir o grande goleador que foi o tetracampeão carioca Carvalho Leite.

Daí por diante Heleno tornou-se o mais clássico, o mais técnico e o mais elegante dos avançados do futebol carioca e brasileiro. Entre 1940 e 1947, a carreira do jogador tornou-o a vedeta da equipa, acabando por ser o artilheiro por sete anos consecutivos: 1941 (24 gols), 1942 (28 gols), 1943 (09 gols), 1944 (10 gols), 1945 (13 gols), 1946 (22 gols) e 1947 (11 gols).

A sua carreira atingiu um pico em 1945, quando se tornou artilheiro do campeonato sul-americano realizado em Santiago, no Chile. Heleno ganhou fama e teve a honra de ter sido o mais badalado jogador num ataque composto pelos fabulosos Zizinho, Tesourinha, Heleno de Freitas, Jair Rosa Pinto e Ademir.

Porém, ao lado da consagração começava também um drama. Nessa mesma época, a sífilis começava a minar-lhe o sistema nervoso. O apelido de ‘Gilda’, mulher temperamental e voluntariosa, era constantemente gritado pelos adversários e mexia cada vez mais com os nervos do artilheiro. Apesar da postura elegante dentro e fora de campo, nem por isso deixava de armar confusões. Brigava constantemente nos jogos e fora deles, e até se zangou com o presidente Benjamim Sodré, que o chamara à atenção pela vida boémia que levava. Passou então a ser visto pela torcida como um jogador indisciplinado e mal comportado. Após muitas brigas é vendido ao Boca Juniors. O substituto de Heleno, Pirillo, tricampeão pelo Flamengo em 1942-43-44, foi campeão pelo Botafogo em 1948, no ano seguinte à saída de Heleno…

Mas o craque volta no ano seguinte ao Brasil para jogar no Vasco e sagrar-se campeão. Porém, os problemas permanecem, é vendido ao Atlético de Barranquilla (Colômbia) e depois regressa ao Brasil por causa da sífilis cerebral que o mina. Ainda joga no Santos e no América (RJ).

Heleno marcou a sua passagem pelo Glorioso com 204 gols em 233 jogos, tornando-se o quarto maior artilheiro da história do clube. Deixou General Severiano em 1948 e foi para o Boca Juniors (a maior transacção do futebol brasileiro até aquela época), mas regressou para actuar pelo Vasco (onde foi campeão estadual, em 1949). Porém, num treino saiu de campo a esbravejar e dizendo: “Estes dois [apontou Maneca e Ipojucan] não me passam a bola porque não querem. Aqueles [indicou] não passam porque não sabem. Não tenho nada a fazer aqui”. Depois discutiu com Flávio Costa, apontando-lhe uma arma descarregada. Acabou liberado para o Atlético de Barranquilla, da Colômbia, onde jogavam Tim e outros astros. Depois esteve no Boca Juniors (1951), América do Rio (1951), Atlético Barranquilla (1951-52) e Santos F. C. (1953).

Apesar do seu brilhantismo, Heleno apenas conquistou o título carioca de 1949. Pela selecção brasileira marcou 15 gols, fazendo 265 gols em toda a sua carreira. Uma avaliação às médias de Heleno por jogo mostra que ele estabeleceu dois recordes significativos: na temporada de 1946 assinalou 42 gols em 33 jogos à média de 1,27 gols por desafio; entre 1939-1948 fez 209 gols em 235 jogos oficiais à média de 0,89 gols por desafio – recorde de média de gols por desafio no Botafogo de Futebol e Regatas.

Após onze anos jogando futebol, Heleno de Freitas entrou para a história como um dos maiores craques do futebol sul-americano. A sua arte deslumbrara os torcedores e Heleno foi apelidado de ‘o craque’, ‘o artista da bola’, ‘o mito do futebol’, ‘o artista das multidões’, ‘o craque galã’, ‘o diamante branco’, ‘a elegância do futebol’, etc., epítetos que evidenciam a figura ímpar de Heleno.

Heleno teve o mundo a seus pés, mas morreu sem glória e esquecido num sanatório de Barbacena, em 1959. No filme, dizia-se que "nunca houve uma mulher como Gilda"; no futebol, também nunca havia existido ninguém como Heleno de Freitas. O seu futebol encantou o mundo e em Barranquilla, na Colômbia, foi erguida uma estátua em sua honra sob o título de “El Jogador”.

Leituras recomendadas sobre Heleno de Freitas
· Falcão, António (2002), “Heleno de Freitas”, em Um sonho em carne e osso, os fora de série do futebol brasileiro, Recife: Editorial Bagaço, Recife [disponível em http://www.contrapie.com/vercronicas.asp?ID=690&idioma=3]
· Neves, Marcos (2006), Nunca Houve um Homem como Heleno, Rio de Janeiro: Editora Ediouro
· Nogueira, Armando (1973), “Heleno: Anjo e Demónio”, em Bola na Rede, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora [disponível em http://www.contrapie.com/vercronicas.asp?ID=522&idioma=3]

Fontes principais

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Perácio, o primeiro velocista brasileiro

.

José Perácio nasceu a 2 de Novembro de 1917 em Nova Lima, Minas Gerais. Conhecido apenas por Perácio, foi revelação do Villa Nova em 1932, ganhando fama de artilheiro em Minas Gerais ao conquistar o tricampeonato pelo Villa Nova.

Apaixonado pelo Botafogo, Perácio ingressou no alvinegro em 1937, indo depois para o Flamengo e em seguida foi convocado para os campos de batalha da Itália, na Segunda Guerra Mundial. Abandonou a carreira no Canto do Rio, em Niterói.

Perácio jogou pelo Villa Nova de Minas Gerais entre 1932 e 1936, sendo tricampeão mineiro em 1933-34-35, pelo Botafogo entre 1937 e 1940, pelo Flamengo entre 1941 e 1949, sendo tricampeão carioca em 1942-43-44, e pelo Canto do Rio entre 1950 e 1951.

No Botafogo conseguiu ser convocado para a Selecção Brasileira e foi à Copa do Mundo em 1938, na França. A fama do meia-esquerda Perácio aumentou depois da Copa. Quando o Brasil jogava contra a Tchecoslováquia, Perácio deu um chute tão forte que o goleiro Tchers Planicka, ao tentar defender, chocou com a trave e quebrou o braço e a clavícula. Então, surgiu a lenda que o chute é que tinha quebrado o goleiro.

Aliás, Perácio está ligado a muitas histórias que o apresentam como figura folclórica. Semi-analfabeto, mal sabia assinar seu próprio nome. Diz-se que no navio que levava a delegação brasileira para a Copa de 1938, Perácio usava binóculo porque queria “ver a linha do Equador de pertinho”. Outro episódio regista que quando Perácio abastecia o seu Packard num posto de gasolina acendeu um cigarro e jogou o fósforo para o chão, para desespero do companheiro Martim Silveira. Perácio respondeu para Martim: “Desculpa, desculpa, eu não sabia que você era supersticioso”. O jogador também ficou famoso por costumar estacionar o Packard próximo do estádio com o volume do rádio no máximo porque gostava de ouvir os seus próprios gols.

Porém, peripécias à parte, o meia-esquerda Perácio era um jogador que surgia sempre em velocidade na área para finalizar. Antes de Perácio os jogadores não avançavam em alta velocidade, vindos do meio-campo para o coração da área. Nada impedia que o tivessem feito, mas se antes de Perácio alguém fizesse isto, cairia morto de cansaço. Perácio também se cansava, mas muito menos. Do seu estilo de jogo João Saldanha haveria de dizer:

“É que ele representa uma nova etapa do futebol: a do profissionalismo, onde o jogador não é apenas um futebolista na acepção da palavra, mas um futebolista e atleta, formado em toda a extensão.”

Fontes principais

Augusto, Sérgio (2004), Botafogo – entre o céu e o inferno, Rio de Janeiro: Editora Edouro
Castro, Alceu Mendes de Oliveira (1951), O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro: Gráfica Milone
http://pt.wikipedia.org/wiki/José_Perácio
http://www.botafogopaixao.kit.net/idolos.htm
http://www.sambafoot.com.br/jogadores/1917_Peracio.html

Carlito Rocha e o Dolabela

Em termos de superstições existe uma manifestação contrária à sorte, bastante temida no futebol, conhecida por ‘pé-frio’. O ‘pé-frio’ corresponde a uma pessoa que traz azar, que onde se encontra tudo corre mal. À medida que uma superstição destas se concretiza, a pessoa que transporta o azar é evitada e a distância é a forma de neutralização do mal.

Um dos grandes ‘pés-frios’ do futebol foi Dolabela, antigo torcedor do Botafogo, sobre o qal se contam histórias inacreditáveis. Milton Coelho, por exemplo, refere que durante um jogo Botafogo x Vasco da Gama, o goleiro Barbosa pariu uma perna logo aos cinco minutos de jogo. A situação não teria nada de especial se Dolabela não tivesse, antes do jogo, batido no ombro do jogador dizendo: “Vê lá se hoje vais fechar o gol contra nós”.

Milton Coelho ainda relatou outra situação: “Noutra ocasião, um jogador, Rubens Bravo, bateu um penalti para as nuvens e o Botafogo perdeu o jogo. O supersticioso número um do clube, Carlito Rocha, resolveu falar com o jogador, pois estava certo que aquilo era coisa feita: - ‘Seu Bravo, aquele penalti, houve coisa misteriosa. O que foi que você fez antes do jogo?’ O argentino estranhou, mas foi logo contando tudo desde que acordara, o que comera, a roupa que vestira, até que disse: - ‘Todavia um cabellero gordito me llevo ao estádio.’ – ‘Gordito?’ – Interrompeu Carlito – ‘Não diga mais nada seu Bravo, não diga o nome dele, senão nunca mais acerta um chute.’ Era o Dolabela...”

Fonte principal
[in Thelma Linhares, “Superstições no futebol brasileiro”, em http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/historia/hist27.htm]

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Qual é a melhor contratação para 2008?

Resultados da enquete:

Ferrero: 13 votos (68%)
Triguinho: 2 votos (11%)
Túlio Souza: 2 votos (11%)
W. Paulista: 2 votos (11%)

[Votação entre 17-23/Dezembro/2007]

domingo, 23 de dezembro de 2007

Carlito Rocha e as cortinas da sede

Carlito Rocha tinha o hábito de amarrar as cortinas da sede de General Severiano em dias de jogos do Botafogo. No entanto, certo dia Carlito estava assistindo ao jogo entre Botafogo e Madureira e o primeiro tempo terminara em 0x0. Carlito estava desesperado, especialmente porque a equipa jogava mal, e foi correndo à sede de General Severiano para verificar as cortinas. Chegando lá deparou-se com um faxineiro a desamarrar as cortinas. Carlito amarrou-as novamente, voltou para o estádio e o Botafogo venceu o Madureira por 6x0.

Noutra partida do campeonato de 1948, em que o Botafogo era surpreendentemente derrotado pelo Olaria por 3x1, Carlito deduziu que o fracasso só podia ser obra das cortinas. Como ele as mantinha permanentemente enroladas e presas por um nó, pediu a Aloísio, o seu assessor para assuntos de ‘mandinga’, que fosse à sede do clube para conferir o estado das cortinas. Aloísio pegou um táxi, dirigiu-se a General Severiano, retornou ao local da partida, e cinco minutos antes do término, com o placar já em 3x3, disse: “As cortinas estavam desamarradas. Foi aquele empregado novo, ele não sabia que...”. Mas Aloísio não terminou a explicação, porque Carlito afirmou: “Não importa. Agora sei que vamos ganhar”. E a um minuto do fim o Botafogo marcou o gol da vitória (4x3).

Fonte principal
http://www.futebolimaginario.com.br/index.php?sec=historiaFutebol&opc=historiasPitorescas

Aymoré Moreira, jogador e treinador de sucesso

Aymoré Moreira nasceu em 1912 em Miracema e faleceu a 26 de Julho de 1998 em Salvador. Aymoré foi goleiro e treinador de sucesso e era irmão de Zezé Moreira e Ayrton Moreira, que também foram treinadores de futebol. A carreira de Aymoré iniciou-se no América do Rio de Janeiro, depois no Palestra Itália e, finalmente, fixou-se no Botafogo entre 1936 e 1946, sendo convocado algumas vezes para a Selecção Brasileira. Aymoré não conquistou nenhum título carioca porque entrou para o Botafogo no ano seguinte ao tetracampeonato e saiu dois anos antes da grande conquista de 1948.

Porém, como treinador, Aymoré conquistou muitos títulos e teve uma carreira de muito sucesso. O ex-jogador dirigiu o Bangu, o Palmeiras, a Portuguesa, o Botafogo, o São Paulo, o Corinthians e o Galícia, mas foi na Selecção Brasileira que obteve as suas grandes conquistas. Em 1961, dirigindo o ‘escrete canarinho’, Aymoré conquistou a Taça Oswaldo Cruz e a Taça Bernardo O’Higgins e no ano seguinte atingiu o clímax da sua carreira ao vencer novamente a Taça Oswaldo Cruz e a Copa do Mundo no Chile. Em 1963 conquistou a Copa Roca, em 1966 tornou a vencer a Taça Bernardo O’Higgins e em 1967 ganhou a Taça Rio Branco.

Aymoré Moreira esteve à frente da Selecção em 61 partidas, tendo obtido 37 vitórias, 9 empates e 15 derrotas.

Fontes principais
Castro, Alceu Mendes de Oliveira (1951), O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro: Gráfica Milone.
http://pt.wikipedia.org/
http://www.ferroviariadeararaquara.com.br/

sábado, 22 de dezembro de 2007

Carlito Rocha e os tónicos

Enquanto foi presidente do Botafogo, Carlito Rocha teve épocas que, em General Severiano, dava mel na boca dos jogadores para os tornar mais fortes. Noutras épocas, Carlito optava por dar-lhes gemada também para os fortificar.

Mas uma das mais sofisticadas estratégias de Carlito refere-se à tentativa de evitar que os jogadores tomassem bebidas alcoólicas.

Treinando a Selecção Carioca, Carlito descobriu que os atletas tomavam doses cavalares de cachaça num botequim próximo do local de treino. Então, apareceu com um punhado de mangas, rosadas e carnudas, dizendo aos jogadores que comessem à vontade, porque faziam bem à saúde e aumentavam a resistência física.

Depois da comilança fez apenas uma recomendação, ao mesmo tempo que derramava cachaça sobre um pedaço da fruta, a qual escureceu imediatamente: “A fruta faz bem, mas não esqueçam que, se misturada com cachaça, faz um mal terrível. Vejam só com que cor esta ficou”.

Carlito inspirou-se, quase seguramente, na conversa dos senhores de escravos que, outrora, para os controlarem diziam que “manga com cachaça seria morte certa”. Porém, no dia seguinte, ninguém tocou nas frutas.

Fonte principal
http://fotolog.terra.com.br/luizd:354
http://www.futebolimaginario.com.br/index.php?sec=historiaFutebol&opc=historiasPitorescas
http://www.gargantadaserpente.com/veneno/ivanicunha/02.shtml

Originalidades, Botafogo versus FIFA

"Não há clube de mais sensibilidade à flor da pele, com mais orgulho de Grande de Espanha do que o Botafogo” – Mário Filho

BOTAFOGO ELEITO PELA FIFA. O Botafogo foi eleito pela FIFA, em 2000, um dos melhores clubes do séc. XX, juntamente com Real Madrid (Espanha), Manchester United (Inglaterra), Bayern Munique (Alemanha), Barcelona (Espanha), Santos (Brasil), Ajax (Holanda), Juventus (Itália), Peñarol (Uruguai), Milan (Itália), River Plate (Argentina), Flamengo (Brasil), Arsenal (Inglaterra), Benfica (Portugal), Boca Juniors (Argentina), Independiente (Argentina), Internazionale (Itália), Liverpool (Inglaterra).

BOTAFOGUENSES ELEITOS PELA FIFA. Quatro futebolistas brasileiros foram eleitos pela FIFA para a selecção mundial de todos os tempos no século XX: o “rei” Pelé (Santos) e… os botafoguenses Garrincha, Nílton Santos e Carlos Alberto Torres (que também foi jogador do Santos). Equipa eleita: Yashin; Carlos Alberto Torres, Bobby Moore, Beckenbauer e Nílton Santos; Cruyff, Platini e Maradona; Garrincha, Pelé e Di Stefano.

OUTROS BOTAFOGUENSES ELEITOS. Os botafoguenses Didi, Jairzinho e Gérson também foram eleitos em outras votações para as melhores selecções mundial e sul-americana.

BOTAFOGUENSES ELEITOS MELHORES JOGADORES. O Botafogo foi o único clube brasileiro que teve dois jogadores eleitos os “melhores jogadores da Copa do Mundo” – Didi em 1958 e Garrincha em 1962.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Carlito Rocha, superstição pura

Carlito Rocha era paixão pura pelo Botafogo. Enquanto jogador chegou a entrar em campo com 40º de febre à beira de uma tuberculose que quase o matou; enquanto presidente do clube foi o mais aficionado dirigente botafoguense. E também o mais supersticioso como nunca ninguém vira.

Se Carlito entrasse num táxi e o motorista, por qualquer razão, fizesse marcha a ré, pedia para sair e tomava outro táxi. Se, por acaso, em dia de jogo à tarde, o dia amanhecia nublado Carlito praguejava: “Hoje vamos perder. Ele não nos está olhando.”

Entre outras superstições, costumava pedir ao roupeiro Aloísio, outro notável supersticioso que há-de ser referência noutros sítios do blogue, o seguinte: “Aloísio, sopra as nuvens que estão cobrindo o Cristo. Do jeito que está ele não enxerga o nosso Botafogo”.

Por incrível que pareça, Carlito assistia aos jogos do Botafogo sempre com a mesma roupa: terno escuro com o escudo do River Plate e um gigantesco alfinete de fraldas com mais de cinquenta medalhinhas de santo na lapela e um punhado de açúcar no bolso do paletó. Na mão, Carlito levava um rosário para as orações que desfiava durante a partida. E diz-se que sempre que o árbitro entrava em campo, Carlito olhava para o céu e implorava em murmúrio: “Minha Nossa Senhora da Aparecida! Fazei com que este ladrão roube hoje para o nosso lado.”

As superstições de Carlito chegavam a raiar situações de ridículo. João Máximo descreve que Carlito Rocha foi informado, em certa ocasião, por acidente, um jogador urinara no pé de outro antes de entrarem para a segunda parte do jogo. Como o Botafogo virou jogo a seu favor, Carlito meteu na cabeça que o jogador devia urinar no pé do companheiro antes de entrar em campo.

Fontes principais
João Máximo (1996), João Saldanha, Rio de Janeiro: Relume Dumará
http://www.futebolimaginario.com.br/index.php?sec=historiaFutebol&opc=historiasPitorescas

As superstições botafoguenses

“Supersticioso, eu? Por quê? Só porque vou a todos os jogos de paletó e gravata?” – Salim Simão

O Botafogo é, provavelmente, o clube mais supersticioso do Brasil, quiçá de todo o mundo, especialmente desde tempo em que Carlito Rocha, seu presidente, lançou mão de todas as superstições com vista a ser campeão.

Sucede que Carlito Rocha, após 13 anos de jejum de títulos, levou o Botafogo, em 1948, a um título de campeão carioca bastante improvável contra a máquina vascaína conhecida por ‘expresso vitória’ – a mais temida equipa sul-americana da época.

Os acontecimentos estranhos foram sempre apanágio do clube, desde a fundação do Club de Regatas Botafogo, passando pela Tragédia da Piedade e o abandono da liga carioca em 1911, até à fusão dos dois Botafogos após o falecimento súbito de um atleta de basquetebol durante um jogo entre ambos os clubes do bairro.

Os acontecimentos bem estranhos levaram a que o jornalista Armando Nogueira eternizasse a frase “Há coisas que no universo só acontecem ao Botafogo”.

Efectivamente, o Botafogo conquistou os títulos mais inesperados e perdeu os que pareciam mais seguros. Por exemplo, foi vice-campeão brasileiro em 1972 e em 1992, apesar de conquistar mais pontos que os campeões Palmeiras e Flamengo, devido à regra de decisão em finais. Durante a gloriosa Era de Garrincha e de um ataque formidável que foi bicampeão do mundo pelo Brasil, o Botafogo não conquistou nenhum título internacional, mas em 1993, com uma equipa mediana, tornou-se campeão da copa sul-americana (Conmebol). O Botafogo ganhou campeonatos inesperados, tal como a final imposta à poderosa equipa do Fluminense, em 1957, com uma goleada de 6x2, e perdeu competições “quase certas”, como a final da Copa do Brasil, em 1999, na qual o Botafogo não conseguiu, no Maracanã, perante um público superior a cem mil alvinegros, mais do que um empate a 0x0 que deu o título ao Juventude.

Acrescentando as tragédias que ocorreram com elementos das equipas do Botafogo, a perda de sedes e de estádio, as arbitragens maioritariamente desfavoráveis, as originalidades mais inesperadas, etc., estamos perante um clube com uma história indubitavelmente notável, mas recheada de estranhezas que reforçam o ditado de que “há coisas que só acontecem ao Botafogo”.

No Botafogo não são apenas as superstições que fazem carreira. Também os sonhos premonitórios da sorte ou as pragas prenunciadoras do azar estão presentes.

No primeiro caso há o exemplo do sonho ocorrido com José Lins do Rego, em 1945, citado por Milton Coelho: “O escritor acordou sobressaltado na noite da sexta-feira para o sábado. Sonhara que o Vasco vencia o jogo por 1x0. Achou que o sonho tinha sido interrompido e resolveu voltar a dormir para sonhar o resto. Vasco 2x0. José Lins do Rego voltou a acordar, com o coração batendo aflito. Mas seu otimismo não se alterou e ele fez todo o esforço para pegar de novo no sono. Quando despertou definitivamente, tinha um sorriso nos lábios: o Botafogo reagira e empatara por 2x2. No domingo não deu outra coisa”.

No segundo caso, o Botafogo foi alvo de uma das pragas mais conhecidas e antigas no futebol, que ocorreu em 1909 quando o Botafogo aplicou a goleada de 24x0 no Mangueira. No final do jogo, o diretor mangueirense praguejou: ‘Durante vinte anos vocês hão de sofrer’. A praga foi de efeito retardado, pois ainda no ano seguinte, o Botafogo conquistou o título. Mas só em 1930 foi novamente campeão carioca”. [ambos os casos in Thelma Linhares, Superstições no futebol brasileiro, em http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/historia/hist27.htm]

Provavelmente, o Botafogo é o clube com a mais rica mitologia de todos os clubes brasileiros, possuindo ícones próprios, manias, superstições e rituais que fazem parte da história do clube e da sua torcida. Por isso se abre uma nova rubrica sob o título ‘sortilégios’, por serem tantas e com tão notáveis ocorrências.

Originalidades, Botafogo versus Selefogo


“Aquela estrela no peito é uma predestinação, símbolo ao mesmo tempo de fulgor e solidão” – Luiz Fernando Veríssimo

· RECORDE DE SELECCIONADOS. O Botafogo foi o clube que mais jogadores cedeu à selecção brasileira de futebol durante o século XX, totalizando 92 jogadores.

· RECORDE DE SELECCIONADOS DE UMA VEZ. O Botafogo é recordista no número de jogadores cedidos de uma só vez à selecção nacional. Em 1934 o clube cedeu os seguintes nove jogadores: Pedrosa, Germano, Martim, Canalli, Octacílio, Ariel, Waldyr, Carvalho Leite, Áttila.

· SELEFOGO. Botafogo é co-recordista, com o Santos, na cedência do maior número de jogadores de uma só vez num jogo como titulares do seleccionado nacional (oito) no famoso “jogo do olé”, realizado no Maracanã a 7 de Agosto de 1968, quando o Brasil venceu a Argentina por 4x1 com gols de Roberto Miranda, Valtencir, Paulo César e Jairzinho. O Brasil, ou a ’selefogo’, conforme foi designada a fabulosa equipa alvinegra, colocou os adversários na roda e ficaram batendo bola durante vários minutos, aplicando um olé de 53 passes que terminou com o quarto gol, apontado por Jairzinho, sob o delírio da torcida. A ‘selefogo’ alinhou com: Félix; Moreira (BFR), Brito, Leônidas (BFR) e Valtencir; (BFR) Carlos Roberto (BFR) e Gérson (BFR); Jairzinho (BFR), Roberto Miranda (BFR), Paulo César "Caju" (BFR) e Nado. O treinador era o botafoguense Mário Zagallo.

· A QUINTESSÊNCIA. O Botafogo foi a quintessência dos campeonatos mundiais conquistados pelo Brasil na Suécia (1958), no Chile (1962) e no México (1970). Suécia: Nílton Santos, Didi, Garrincha e ainda o preparador físico Paulo Amaral; Chile: Nílton Santos e todo o ataque brasileiro composto por Didi, Garrincha, Amarildo e Zagallo [Garrincha e Amarildo foram os artilheiros com 4 gols cada], além de Paulo Amaral como preparador físico; México: Jairzinho – o Furacão da Copa [artilheiro com 7 gols], Paulo César Caju, Roberto Miranda e Rogério, além do técnico Mário Lobo Zagallo, do preparador físico Admildo Chirol e do médico Lídio de Toledo – que conquistaram em definitivo a Taça Jules Rimet.

· TETRACAMPEÃO. Zagallo é o único tetracampeão mundial pela Selecção Brasileira e um dos maiores nomes da história do Botafogo. Bicampeão carioca como jogador em 1961/1962, Zagallo iniciou a sua carreira de treinador no alvinegro, conquistando outro bicampeonato em 1967/1968.

· RECORDE A DIRIGIR A SELECÇÃO. Zagallo foi o técnico que mais tempo esteve à frente da Selecção Brasileira de Futebol (2668 dias no século XX) e que mais partidas disputou (124), com um saldo positivo de 89 vitórias, 25 empates e apenas 10 derrotas.

· RECORDE DE COLABORADORES. No século XX o Botafogo estabeleceu o recorde de colaborações com a selecção brasileira ao contribuir, no conjunto, com 728 botafoguenses nos mais diversos cargos.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Originalidades, outros recordes

“Quem é Botafogo Deus abençoa! Quem não é Deus perdoa!” – Carlos Alberto Bento

· RECORDE DE ARTILHEIROS. O Botafogo é o clube com maior número de artilheiros na história do Campeonato Estadual no século XX: 27 vezes. Carvalho Leite (36/38/39) e Quarentinha (58/59/60) são os recordistas do clube. Quarentinha é o artilheiro absoluto do Rio-São Paulo com 36 gols.

· MAIOR SEQUÊNCIA DE ARTILHEIROS. O Botafogo é o clube com maior sequência de artilheiros na história do Campeonato Estadual no século XX: 5 vezes. Paulo Valentim (1957, 22 gols), Quarentinha (1958, 20 gols; 1959, 25 gols; 1960, 25 gols) e Amarildo (1961, 18 gols).

· RECORDE DE JOGOS INTERNACIONAIS EM CEM CIDADES. O Botafogo foi o clube carioca que disputou mais partidas internacionais de futebol durante o século XX, totalizando próximo de cinco centenas de jogos em 100 cidades espalhadas por todo o mundo:

ÁFRICA (1)
Marrocos (1): Casablanca.

AMÉRICA CENTRAL (11)
Antilhas Holandesas (1): Wllenstad; Araba (1): Orajestad; Cuba (1): Havana; Jamaica (1): Kingston; Costa Rica (1): San José; El Salvador (1): San Salvador; Guatemala (1): Cidade de Guatemala; México (4): Cidade do México, Guadalajara, Leon, Vera Cruz.

AMÉRICA DO NORTE (3)
Estados Unidos da América (3): Chicago, Nova York, Saint Louis.

AMÉRICA DO SUL (16)
Argentina (1): Buenos Aires; Bolívia (2): Cochabamba, La Paz; Chile (2): Santiago, Viña del Mar; Colômbia (3): Bogotá, Cali, Medelin; Equador (2): Guaiaquil, Quito; Paraguai (1): Assunção; Peru (1): Lima; Suriname (1): Paramaribo; Uruguai (1): Montevideu; Venezuela (2): Caracas, Puerto Ordaz.

ÁSIA (4)
Coreia do Sul (1): Ulsan; Japão (3): Kobe, Osaka, Tóquio.

EUROPA (65)
Alemanha (6): Dusseldorf, Essen, Karishue, Nuremberg, Oberndorf, Saarbrucken; Áustria (1): Viena; Bélgica (1): Liége; Dinamarca (2): Copenhaga, Umea; Espanha (16): Barcelona, Bilbao, Cádiz, Córdoba, Elche, Huelva, La Coruña, Madrid, Málaga, Múrcia, Oviedo, Palma de Mallorca, Santa Cruz de Tenerife, Sevilla, Valência, Vigo; Eslováquia (1): Bratislava; França (8): Caen, Havre, Lens, Nantes, Paris, Reims, Rouen, Troyes; Holanda (5): Amsterdam, Antuérpia, Gleen, Roterdam, Tilburg; Hungria (1): Budapeste; Inglaterra (4): Brentford, Burnley, Londres, Plymouth; Irlanda do Norte (4): Ballymoney, Coleraine, Limavad, Protrush; Itália (3): Milão, Roma, Turim; País de Gales (1): Aberystwyth; Portugal (1): Lisboa; República Tcheca (3): Brno, Ostrava, Praga; Rússia (1): Vladikavkas; Sérvia e Montenegro (1): Novi Sad; Suécia (3): Estolcomo, Gotemburg, Malmoe; Suiça (3): Berna, Genebra, Zurich.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Originalidades, década de 2000

“O senhor sabe lá o que é um choro do Pixinguinha? O senhor sabe lá o que é ter uma jaboticabeira no quintal? O senhor sabe lá o que é torcer pelo Botafogo?” – Vinícius de Moraes [resposta do poeta à insistência para permanecer nos EUA]

· HINOS DE BOTAFOGUENSES. Os botafoguenses Izzo Rocha e Vilson Santos são os autores do Hino do Penta do Brasil na Copa 2002 e do Hino ao Centenário do Botafogo em 2004.

· CAMPEÃO DO CENTENÁRIO DO CAMPEONATO CARIOCA. O Botafogo conquistou o título de campeão no ano do centenário do campeonato carioca de futebol, em 2006, arrecadando a taça centenária comemorativa – o Troféu Luiz Zveiter. Ao 18º minuto de jogo um gol de Dodô arrancou o Botafogo para o seu 18º título… Coincidências na vida do clube… No final, o Botafogo venceu o Madureira por 3x1, com dois gols de Dodô e um de Reinaldo e a equipa jogou com Lopes, Ruy, Rafael Marques, Scheidt e Bill (Júnior César); Thiago Xavier, Diguinho, Joílson (Gláuber) e Zé Roberto; Reinaldo e Dodô.

· BEIJO NO ÁRBITRO. Na decisão da Taça Rio de 2007 o Botafogo venceu a Cabofriense por 3x1, com gols de Túlio, Dodô e Zé Roberto. A equipa jogou com Júlio César; Joílson, Juninho, Alex e Luciano Almeida; Leandro Guerreiro, Túlio, Lúcio Flávio (Diguinho) e Zé Roberto (Juca); Jorge Henrique (André Lima) e Dodô. O título foi para o Botafogo, mas a originalidade esteve do lado da Cabofriense. O zagueiro Cléberson da Cabofriense, inconformado com a marcação de uma falta clara sobre o alvinegro Joílson, surpreendeu todos ao tascar um beijo na bochecha do árbitro Ubiraci Damásio. Com direito a mãozinha na nuca e tudo. A manifestação explícita de carinho rendeu ao zagueiro o cartão amarelo. Se fosse apenas pela infracção, o jogador não teria sido advertido. Mas, ao levar o beijo, Ubiraci Damásio não pensou duas vezes e amarelou o jogador do Cabofriense: - “Você não pode me beijar” – disse o árbitro no momento em que aplicava o cartão. Jamais houve uma frase tão distinta, tão pueril, tão improvável num jogo de futebol.

· INAUGURAÇÃO DO ESTÁDIO OLÍMPICO JOÃO HAVELANGE. O Botafogo conquistou o Troféu João Havelange da inauguração do Estádio Olímpico João Havelange, o ‘Engenhão’, ao vencer, a 30 de Junho de 2007, o Fluminense por 2x1, com dois gols de Dodô. A equipa jogou com Júlio César, Joílson, Alex, Juninho, Luciano Almeida (R. Silva), Leandro Guerreiro, Túlio (Diguinho), Lúcio Flávio, Ricardinho (André Lima), Zé Roberto e Dodô.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Originalidades, décadas de 1970-1980-1990

.
“O clube da estrela solitária (…) encarna com maior consistência todas essas metafóricas relações com o elemento que mais contribuiu para civilizar o homem primitivo: o fogo" – Sérgio Augusto.

· O FURACÃO. Jairzinho, denominado o “furacão” da Copa de 70, é o quinto artilheiro da história do Botafogo, com 189 gols. Em 1970, no México, o atacante conseguiu, como titular da selecção brasileira na Copa do Mundo, uma façanha até hoje única: é o único jogador a marcar em todos os jogos de um mesmo Mundial. É também o jogador do Botafogo recordista pelo Brasil: actuou 101 vezes e fez 42 gols.

· RECORDE DE INVENCIBILIDADE. O Botafogo é co-recordista, com o Flamengo, de invencibilidade no Brasil, em futebol, com 52 jogos sem perder durante dez meses entre 16/10/1977 e 16/7/1978, bem como detém o recorde absoluto de invencibilidade em campeonatos brasileiros com 42 jogos invicto (25 vitórias e 17 empates). A campanha da invencibilidade no Campeonato Brasileiro foi a seguinte: em 1977 – 0x0 Vila Nova, 1x0 Brasília, 3x1 Goiás, 1x1 Goytacaz, 3x1 Atlético-PR, 3x0 Americano, 0x0 Vasco da Gama, 3x0 Londrina, 1x0 Goiânia, 2x2 Botafogo-SP, 1x1 Operário, 1x0 Fluminense-RJ, 3x1 CSA, 0x0 Bahia, 2x0 América-RN, 0x0 Atlético-MG, 3x0 Cruzeiro, 3x1 Fast; em 1978 – 2x0 Itabuna, 1x1 Bahia, 5x1 Sergipe, 1x0 Volta Redonda, 1x0 Ponte Preta, 0x0 Vasco da Gama, 3x0 Vitória, 1x0 Confiança, 0x0 CSA, 1x0 CRB, 1x1 Guarani, 2x0 América-RJ, 1x1 Flamengo-RJ, 2x2 Botafogo-SP, 2x1 Corinthians, 0x0 Operário/CG, 2x1 Sport, 3x0 Comercial-SP, 3x0 Juventude, 1x1 Flamengo-RJ, 3x1 América-RJ, 0x0 Coritiba, 1x1 Noroeste, 2x1 Palmeiras. Renato Sá foi o ‘carrasco’ que interrompeu as duas marcas de 52 jogos invencíveis do Botafogo e do Flamengo: primeiro, jogando pelo Grémio, marcou dois gols na vitória de 3x2 contra o Botafogo; depois, anos mais tarde, jogando pelo próprio Botafogo, fez o gol da vitória por 1x0 contra o Flamengo.

· ENSINAR A COBRAR PENALTY. Em 1984 o Botafogo foi derrotado pelo Operário (MT) por 1x0, mas teve a oportunidade de empatar através da cobrança de um pênalti, que Cláudio Adão desperdiçou ao chutar fraco no meio do gol e permitir a defesa do goleiro. Então, o aficionado cantor Agnaldo Timóteo invadiu o campo e interrompeu o curso da partida para ensinar ao “pereba” como bater pênalti.

· 100% DE VITÓRIAS. O Botafogo foi campeão da Taça Guanabara de 1997 com 100% de aproveitamento – 12 vitórias em 12 jogos.

· REBOLADA. No primeiro jogo da final do campeonato estadual de 1997, o jogador do Vasco Edmundo debochou com o zagueiro Gonçalves, colocando as mãos nos joelhos e dando uma rebolada antes de tentar o drible. No jogo final contra os cruzmaltinos, em que o Botafogo foi campeão, após o último apito do árbitro, o capitão Gonçalves, com quase todos os jogadores, incluindo os reservas, comemorou o campeonato rebolando em frente à torcida do Vasco da Gama.

Leônidas da Silva, o ‘diamante negro’


Leônidas da Silva nasceu a 6 de Setembro de 1913 no Rio de Janeiro e faleceu a 24 de Janeiro de 2004 em Cotia. Apelidado de ‘Diamante Negro’, face ao seu virtuosismo e etnia, e de ‘Homem Borracha’ devido à sua elasticidade, foi um dos mais extraordinários jogadores de todos os tempos. Jogou pelo Botafogo em 1935 e foi campeão no quarto título carioca consecutivo do clube. Jogou também no São Cristóvão F. R. (1929), Sírio e Libanês F. C. (RJ) (1929 a 1930), Bonsucesso F. C. (RJ) (1931 a 1932), C. A. Peñarol (URU) (1933), C. R. Vasco da Gama (RJ) (1934), S. C. Brasil (RJ) (1935), C. R. Flamengo (RJ) (1936 a 1941), São Paulo F. C. (SP) (1942 a 1951), bem como na Selecção Brasileira (1934 e 1938).

Leônidas foi uma destacada figura nas décadas de 1930 e 1940, tendo começado a jogar no São Cristóvão. A sua habilidade velocidade e sentido de oportunidade valeram-lhe ser convocado para a Selecção Brasileira aos 19 anos, dois anos após iniciar-se no São Cristóvão.

Leônidas da Silva fez 36 jogos e 23 gols pelo Botafogo, entre 1935 e 1936, sendo tetracampeão carioca em 1935.

Estreia no Botafogo:

BOTAFOGO 6x3 BANGU
Gols: Carvalho Leite (4) e Nilo (2) p/o Botafogo; Julinho (2) e Plácido p/o Bangu.
Competição: Amistoso
Data: 02/06/1935
Local: General Severiano, Rio de Janeiro
Árbitro: Virgílio Fedrighi
Botafogo: Alberto, Albino e Nariz; Affonso, Martim e Canalli; Álvaro, Caldeira (Leônidas da Silva), Carvalho Leite, Nilo e Patesko
Bangu: Euro, Mário e M. Freitas “Né” (Sá Pinto); Brilhante, Manoelzinho (Paulista) e Médio; Luizinho, Buza, Plácido, Julinho e Dininho
Obs: 1) Estreia de Leônidas da Silva; 2) Faltando 5’ para o fim do cotejo, Álvaro e Sá Pinto brigam, a equipe do Bangu retira-se de campo e acaba a partida. [Fonte: A Noite]

Estreia pelo Botafogo em jogos oficiais:

BOTAFOGO 4x1 CARIOCA
Gols: Vianna, Carvalho Leite e Patesko (1° tempo); Álvaro e Carvalho Leite (2° tempo)
Competição: Campeonato Carioca
Data: 07/07/1935
Local: General Severiano, Rio de Janeiro
Árbitro: Lóris Cordovil
Botafogo: Alberto, Octacílio e Nariz; Affonso, Martim e Canalli; Álvaro, Leônidas da Silva, Carvalho Leite, Russinho e Patesko
Carioca: Jaguaré, Lino e Vianna; Jayme (Bené), Otto e Alcides; Roberto, Deco, Moacyr, Gentil e Popó
Obs: 1) Estreia em jogos oficiais de Leônidas da Silva; 2) Álvaro perdeu um pênalti, cobrou na trave. [Fonte: O Jornal]

Jogo do título de 1935:

BOTAFOGO 5x4 ANDARAHY
Gols: Chagas e Álvaro (2), no 1° tempo; Patesko, Mineiro (2), Bianco, Carvalho Leite e Russinho, no 2° tempo
Competição: Campeonato Carioca de 1935
Data: 26/01/1936
Local: São Januário, Rio de Janeiro
Árbitro: Lóris Cordovil
Botafogo: Alberto, Octacílio e Nariz; Affonso (Luciano), Martim e Canalli; Álvaro, Leônidas da Silva (Eurico Viveiros), Carvalho Leite, Russinho e Patesko
Andarahy: Diógenes, Bahiano (Gomes) e Cazuza; Bethuel, Baby e Venerotti; Chagas, Astor, Romualdo, Bianco e Mineiro
Obs: Com esse resultado, o Botafogo conquistou o tetracampeonato do Rio de Janeiro (1932-1933-1934-1935). [Fontes: A Noite e O Jornal]

Durante a sua carreira, Leônidas foi campeão carioca pelo Vasco da Gama (1934), pelo Botafogo (1935) e pelo Flamengo (1939), tendo neste clube conquistado também o Torneio Rio-São Paulo (1940). Pelo São Paulo conquistou os campeonatos paulistas de 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949. Foi ainda campeão brasileiro de seleções em 1938 e 1940 representando o Estado do Rio de Janeiro e em 1942 representando o Estado de São Paulo. Leônidas foi, ainda, o artilheiro da Copa do Mundo de 1938, com 7 gols.

A Leônidas da Silva foi atribuída a invenção do gol de ‘bicicleta’.

Fontes principais
Acervo e pesquisa de Pedro Varanda
Acervo e pesquisa de Rui Moura
Castro, Alceu Mendes de Oliveira (1951), O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro: Gráfica Milone
Jornais A Noite e O Jornal

Carvalho Leite, a ´maravilha da serra’


Carlos Antônio Dobbert de Carvalho Leite nasceu a 26 de Maio de 1912 em Niterói e faleceu a 19 de Julho de 2004 no Rio de Janeiro. Carvalho Leite foi um atacante poderoso e goleador, que durante os doze anos de sua carreira (1928-1941) apenas actuou pelo Botafogo. O craque abandonou as chuteiras em virtude de uma lesão.

O artilheiro foi campeão carioca em 1930, 1932, 1933, 1934 e 1935, sendo um dos grandes craques do tetracampeonato estadual. Além disso, Carvalho Leite integrou a Selecção Brasileira nas copas de 1930 e 1934 e tornou-se o maior artilheiro do Botafogo, apenas ultrapassado mais tarde por Quarentinha, que jogou no Botafogo nas décadas de 1950-60. O craque assinalou 261 gols em 303 jogos e foi artilheiro do campeonato carioca em 1930 (14 gols), 1931 (13 gols), 1932 (20 gols), 1935 (16 gols), 1936 (15 gols), 1937 (21 gols), 1938 (16 gols), 1939 (22 gols) e 1940 (10 gols).

Após abandonar o futebol, o craque, apelidado de ‘Maravilha da Serra’ por ter nascido em Petrópolis, e ‘Crack Gallant’, especialmente depois do romance com a Miss Botafogo e Miss Brasil Vânia Pinto, entrou para o Departamento Médico do Botafogo, porquanto se formara em medicina. Carvalho Leite afirmou em entrevista: “O Botafogo representa tudo para mim. Afinal eu só joguei no Botafogo e me orgulho muito disso. Ainda mais por ter ajudado a acabar com um jejum de 20 anos sem títulos, que se arrastava desde 1910”.

O ‘crack gallant’ exerceu a sua profissão no Botafogo até aos 84 anos, dirigindo o Departamento Médico da Sede do Mourisco e atendia os alunos dos desportos amadores.

Fontes principais:
Castro, Alceu Mendes de Oliveira (1951), O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro: Gráfica Milone.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carvalho_leite
http://www.botafogocentenario.kit.net/idolos.htm
http://www.botafogopaixao.kit.net/idolos.htm

Nilo, um ‘pequeno gigante’ goleador

Nilo Murtinho Braga nasceu a 3 de Abril de 1903 no Rio de Janeiro e faleceu a 5 de Fevereiro de 1975 na mesma cidade. Nilo iniciou a sua carreira no clube América do Rio Grande do Norte, mas foi no Botafogo que fez a sua carreira.

Em 1922 o craque teve alguns desentendimentos e saiu do Botafogo, mas tomou uma atitude inusitada transferindo-se para o Sport Club Brasil da Série B da 1ª Divisão do Campeonato Carioca porque não gostaria de enfrentar o seu clube do coração.

“Pequeno, no tamanho, gigante quasi na atuação”, foi a notícia que “O Jornal” publicou sobre a estreia do atacante Nilo na equipe principal do Botafogo a 4 de Abril de 1920, no Torneio Início do Campeonato Carioca, disputado no estádio do Fluminense. A velocidade, a habilidade e a facilidade de marcar gols destacaram Nilo logo desde o início, transformando-se num dos principais craques durante duas décadas.

Nilo era um botafoguense de raiz, tendo começado a gostar do clube porque acompanhava o tio Oldemar Murtinho aos jogos no campo da Rua São Clemente, no qual o clube realizava os seus jogos no campeonato de 1912. Após ser campeão infantil pelo Fluminense, em 1916, Nilo ele estreou-se no alvinegro num jogo dos terceiros quadros, no Campeonato Carioca de 1919, com vitória de 1x0 sobre o Flamengo, em General Severiano. Até 1921, Nilo continuou nas equipas secundárias, mas saiu em 1922 após algumas brigas. O tio Oldemar Murtinho foi afastado do Botafogo, Nilo não concordou e saiu então para o SC Brasil da segunda divisão, em 1922.

Retornou no ano seguinte, mas outra briga levou o craque novamente para o Fluminense, em 1924. Aí Nilo foi campeão carioca, disputando ainda os torneios de 1925 e 1926. O craque regressou a General Severiano em 1927, justamente quando o clube começou a formar uma super-equipa que ganhou cinco títulos no início da década de 30, quatro dos quais seguidos.

Nesse ano, Nilo marcou 30 dos 67 gols botafoguense, quatro dos quais numa fabulosa goleada de 9x2 sobre o Flamengo, a maior da história do clássico. Nilo realizou 201 jogos e assinalou 190 gols, Nilo foi o maior artilheiro do Botafogo até à sua saída e o sexto maior artilheiro botafoguense de todos os tempos. O craque detém o recorde de média de gols por jogo (0,95) e o recorde de média de gols numa temporada ao assinalar 42 gols em 28 jogos em 1927, à média de 1,5 gols por partida.

O craque foi artilheiro do campeonato carioca em 1923, 1927, 1929, 1933 e 1934, campeão carioca em 1932, 1933, 1934 e 1935, marcando 69 gols na campanha do tetracampeonato, cinco vezes campeão brasileiro pela Selecção Carioca e disputou a I Copa do Mundo, em 1930, no Uruguai.

Pela Selecção Brasileira actuou em 19 partidas e assinalou 11 gols. A 16 de Maio de 1938, o 'pequeno gigante' Nilo realizou o seu último jogo que terminou empatado em 2x2 com o Olaria. Fontes principais Castro, Alceu Mendes de Oliveira (1951), O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro: Gráfica Milone http://pt.wikipedia.org/wiki/Nilo_Murtinho_Braga http://www.botafogopaixao.kit.net/idolos.htm

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Botafogo F. R. 2007 - como foi?

Resultados da enquete:

Óptimo: 0 votos (0%)
Globalmente positivo: 14 votos (78%)
Globalmente negativo: 3 votos (17%)
Péssimo: 1 voto (5%)

[Votação entre 10-16/Dezembro/2007]

domingo, 16 de dezembro de 2007

Pato Donald, o lutador elegante


A primeira mascote conhecida no Botafogo refere-se ao Pato Donald. O chargista argentino Lorenzo Mollas associou, na década de 1940, o Pato Donald ao Botafogo, porque a figura da Disney reclama os seus direitos, luta, briga e defende-se, exactamente como os dirigentes botafoguenses da época. E, segundo Mollas, “sem perder a sua elegância ao deslizar pelas águas”.

A torcida do Botafogo gostou do ‘boneco’ e adoptou-o. Todavia, a figura pertencia à Walt Disney e a sua utilização ficava muito cara ao Botafogo, pelo que a mascote não pode ser oficialmente adoptada. No entanto, a figura do Pato Donald, quer se queira quer não, continua a estar indissociavelmente ligada ao que o Botafogo representa como equipa de luta, de briga e de defesa dos seus direitos.

Fontes principais
http://www.botafogonocoracao.com.br/historia/d_index.asp?idn=616
http://pt.wikipedia.org/wiki/Botafogo_de_Futebol_e_Regatas#Mascotes

Biriba, a mascote viva


Porém, pouco tempo faltaria para que o Botafogo tivesse a sua mascote oficial. O Presidente do clube na década de 1940, Carlito Rocha, era completamente devotado ao clube, já desde o tempo em que como jogador era capaz de entrar em campo com 40º de febre para defender as cores do seu coração.

Carlito era muito supersticioso e durante um jogo em que a equipa de reservas do Botafogo venceu o Madureira por 10x2, em 1948, um cãozinho preto e branco invadiu o campo como que a comemorar o 10º gol. Aquela cena bastou para que Carlito, muitíssimo supersticioso, considerasse ter sido um ‘sinal’. Então, adoptou o Biriba como mascote oficial, cujo dono era o ex-zagueiro Macaé do Botafogo.

A partir daí Carlito levou o vira-latas Biriba a todas as partidas do Botafogo no campeonato de 1948, o qual acabou por ganhar espectacularmente na decisão com o ‘expresso vitória’ – a super-equipa do Vasco da Gama. O cachorro tinha lugar privilegiado no banco de suplentes da equipa e participava na comemoração dos gols.


Carlito considerava que o cachorro dava sorte e ninguém conseguia barrar o animal, fosse onde fosse. A directoria do Vasco da Gama ainda tentou impedir a entrada de Biriba em São Januário, mas Carlito Rocha colocou o cachorro debaixo do braço e desafiou: - “Ninguém impede o presidente do Botafogo de entrar onde quer que seja e quem estiver com ele entra, com certeza”. E lá foi, com o Biriba ao colo.

Durante o campeonato de 1948, com a presença de Biriba, o Botafogo registou 17 vitórias e 2 empates, sagrando-se campeão após 13 anos.

Ainda hoje, o símbolo mais propagandeado do Botafogo é o cachorro, que foi sofrendo alterações ao longo dos anos e é desenhado das mais diversas formas. A torcida organizada ‘Fúria Jovem’ divide-se actualmente em ‘canis’ e as torcidas adversárias apelidam os botafoguenses de ‘cachorrada’. A história do Biriba é pormenorizada na secção ‘superstições’.

Fontes principais
http://www.botafogonocoracao.com.br/historia/d_index.asp?idn=616
http://pt.wikipedia.org/wiki/Botafogo_de_Futebol_e_Regatas#Mascotes

Manequinho, o irreverente


Mas outra mascote estava na calha do Botafogo, exactamente no título seguinte de 1957. Trata-se do ‘Manequinho’, figura original da Bélgica, actualmente exposta numa artéria principal de Bruxelas, com o nome de Manneken Pis. Trata-se de uma criança urinando para a bacia da fonte. Nas festividades da cidade a estátua é vestida com uma centena de disfarces.

No Rio de Janeiro fez-se uma réplica da estátua, que foi inaugurada em 1922 em frente à sede do Mourisco. Mais tarde roubaram e destruíram a estátua, mas foi construída outra réplica, actualmente exposta em frente da sede social do Botafogo. A irreverente figura passou a estar associada ao Botafogo quando, em 1948, um torcedor vestiu a estátua com a camisa do alvinegro. Porém, a tradição havia de ser consagrada por Didi, após a famosa goleada do Botafogo sobre o Fluminense na decisão do campeonato do Rio, quando, durante a prometida caminhada do Maracanã para casa a pé (se fosse campeão), o 'Príncipe Etíope' tornou a vestir o Manequinho ao passar pela praia de Botafogo – onde a estátua estava à época.
.


A mascote constitui mais um símbolo de irreverência do Botafogo. E sempre que o Botafogo é campeão a estátua torna a ser vestida de preto e banco. A estátua é uma fonte da qual alguns torcedores bebem da água para comemorar.

A visita virtual à estátua do Manneken Pis pode ser realizada através do seguinte endereço, incluindo os cem disfarces que constituem o guarda-roupa do ‘Manequinho’: http://www.ilotsacre.be/images/virtualvisit/manneken_pis.htm

Fontes principais
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manneken_Pis
http://www.botafogonocoracao.com.br/historia/d_index.asp?idn=616
http://pt.wikipedia.org/wiki/Botafogo_de_Futebol_e_Regatas#Mascotes

sábado, 15 de dezembro de 2007

Sede de General Severiano

.


General Severiano é um antigo palacete construído em terreno cedido pela prefeitura para sede do Botafogo, em 1912. O casarão foi inaugurado com baile de gala para a alta sociedade carioca, mantendo-se praticamente o mesmo desde essa época.

O General de Brigada Médico Doutor João Severiano da Fonseca nasceu na velha cidade de Alagoas, actualmente Marechal Deodoro, em homenagem ao irmão, o Proclamador da República e seu Primeiro Presidente. Concluiu o curso de Medicina do Rio de Janeiro e ingressou no Exército Imperial como 2º Cirurgião Tenente. De 1864 a 1870 participou da Campanha do Uruguai e esteve presente em toda a Campanha da Tríplice Aliança. De regresso ao país foi promovido a Capitão e designado para servir no Hospital Militar da Guarnição da Corte. Foi o primeiro médico militar a ser membro efectivo da Academia Imperial de Medicina. A República encontra-o na direcção interina do Hospital Militar da Corte. É então professor da Academia de Ciências Físicas e Naturais do recém-instalado Imperial Colégio Militar. Como Coronel exerceu funções de Inspector do Pessoal do Serviço Sanitário e, em 1890, como General-de-Brigada, assumiu a Inspecção-Geral do Serviço Sanitário, actual Directoria de Saúde. Tomou assento, em 1890, no Conselho Supremo Militar de Justiça e, no ano seguinte, foi eleito Senador. Faleceu em 1897.

Em General Severiano, onde se encontra a sala de troféus do clube, existia o antigo estádio do clube (Estádio General Severiano). Em 1937 começou a Campanha do Cimento, que consistia num livro de ouro para doações de torcedores. A construção do estádio foi concluída em 1938 e a inauguração foi feita a 28 de Agosto. Na cerimónia de abertura foi desenhado no centro do relvado um mapa do Brasil com terra originada em cada Estado do país. Na inauguração o Botafogo venceu o Fluminense por 3x2 com dois gols de Patesko e um de Perácio. O Botafogo alinhou com Aymoré, Bibi e Nariz; Zezé Moreira, Martin (Del Popolo) e Canali; Théo, Paschoal (Nelson), Carvalho Leite, Perácio e Patesko.

Porém, o estádio foi demolido quando o clube perdeu a posse do terreno na década de 1970. Efectivamente, em 1977, a sede foi vendida para a Companhia Vale do Rio Doce e o Botafogo mudou-se para o Mourisco Pasteur, onde ficou de 1977 a 1992. Entretanto, o futebol foi para Marechal Hermes e foi construído um novo estádio. Após um longo processo de luta, o Botafogo retornou à sede de General Severiano, porquanto o edifício foi desclassificado pelo património histórico. Não interessando mais à Companhia Vale do Rio Doce, o clube fez uma troca com a empresa: retornou a General Severiano e a Vale do Rio Doce estabeleceu-se no Mourisco Pasteur.

Enquanto General Severiano passava por uma reforma, entre 1992 e 1994, o Botafogo ficou instalado no Mourisco Mar, regressando definitivamente a General Severiano em Maio de 1994,sob o comando do presidente Carlos Augusto Montenegro.

O regresso a casa foi uma espécie de ‘fim do exílio’, de uma luta de duas décadas. Foi o reencontro com a pátria alvinegra e, nesse dia, o Rio de Janeiro parou para dar lugar a bandeiras, camisas, faixas, balões, gritos, lágrimas e sorrisos.

Actualmente a sede concentra a directoria do Botafogo e toda a parte administrativa do clube, bem como dependências sociais, tais como piscina, quadras de voleibol e basquetebol, ginásio e escolinhas de desporto.

Na sede encontra-se, ainda, o Centro de Treino João Saldanha, inaugurado no centenário do clube de futebol (BFC), no qual os atletas dispõem de importantes estruturas, tais como a sala de fisioterapia, a sala de musculação, as piscinas para fisioterapia, o campo de treino e os alojamentos para os jogadores e a comissão técnica durante as concentrações.

Fontes principais
Castro, Alceu Mendes de Oliveira (1951), O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro: Gráfica Milone
http://pt.wikipedia.org/wiki/Botafogo_de_Futebol_e_Regatas#Sedes_e_est.C3.A1dios
http://www.botafogonocoracao.com.br/

Estádio Olímpico João Havelange, 'Engenhão'

.


O Estádio Olímpico João Havelange, designado popularmente por ‘Engenhão’ devido a localizar-se no bairro de Engenho de Dentro, na zona norte do Rio de Janeiro, homenageia João Havelange, ex-Presidente da FIFA, membro honorário do Fluminense e ex-jogador de pólo aquático do Club de Regatas Botafogo.

O estádio foi construído para os jogos pan-americanos de 2007 e inaugurado a 30 de Julho com o jogo Botafogo 2x1 Fluminense, válido para o campeonato brasileiro de futebol. Os gols do Botafogo foram assinalados por Dodô e a equipa jogou com Júlio César, Joílson, Alex, Juninho, Luciano Almeida (R. Silva), Leandro Guerreiro, Túlio (Diguinho), Lúcio Flávio, Ricardinho (André Lima), Zé Roberto e Dodô.

Após os campeonatos pan-americanos de 2007 o estádio foi a licitação e o Botafogo de Futebol e Regatas ganhou direitos de propriedade, em parceria com a empresa americana AEG, as portuguesas TBZ e BANIF, tendo obtido direitos por 20 anos.

O novíssimo estádio do Botafogo, considerado o mais moderno da América Latina, está ligado à estação ferroviária, que recebe um trem directo da Estação Central do Brasil para o estádio, e possui 45 mil lugares sentados (a arquibancada superior tem 18 000 lugares, a inferior 26 000 e os camarotes e área reservada à imprensa 1 300). O estádio também possui espaço para 1.020 convidados e a sua tribuna de honra tem capacidade para 135 pessoas. Existem 78 camarotes particulares, 16 cabines de rádio e 4 de televisão. Todos esses lugares são cobertos por uma estrutura de alumínio com tratamento acústico que protegem da chuva e do Sol. A cobertura é sustentada por tirantes presos a quatro grandes arcos de aço que ficam a 70 metros do solo no ponto mais alto. Este conjunto “flutuante” pesa aproximadamente quatro mil toneladas apoiado em colunas externas com 45 metros de altura.

O ‘Engenhão’ ocupa uma área de 200 mil metros quadrados, em 117 mil de área construída, espaço que abrigava oficinas de manutenção de locomotiva, vagões e peças da estrada de ferro da Central do Brasil. Todas as rampas para entrada dos torcedores tem inclinação adequada para locomoção de deficientes, são largas o suficiente para a passagem de viaturas e ambulâncias e permitem evacuação total do público em 10 minutos. Além das rampas, 11 elevadores completam as vias de acesso para todos os pontos do estádio. Uma área de 6 mil metros quadrados no anel de circulação do estádio está destinada à instalação de bares, restaurantes e lojas que vendem camisas dos clubes, bandeiras e lembranças.

A pista de atletismo tem 9 raias e uma camada superior vermelha, que é antiderrapante e altamente resistente a cravos, intempéries e radiação ultravioleta. A camada inferior, cinza, é responsável pelo amortecimento e impulsão dos atletas. Também confere uma boa fixação à base.

Além das pistas para corridas, saltos e arremessos dentro do estádio, do lado de fora, em cima de um edifício garagem de dois andares com capacidade para mais de 1600 carros, há uma estrutura com pistas iguais às de competição para aquecimento dos atletas. A arena terá 4 entradas (duas atrás dos gols e duas na linha do meio de campo) e amplos corredores para a circulação dos torcedores. Prevê-se completar a arquibancada superior, aumentando a capacidade do estádio para 60 mil lugares.

Após o Botafogo ter ganho a licitação, o primeiro jogo como proprietário do estádio realizou-se a 1 de Setembro de 2007 contra o River Plate, pela Copa Brigstone Sulamericana, tendo o Botafogo vencido por 1x0, com gol de Joílson e a equipa composta por Max, Renato Silva, Jninho e Alex; Joílson, Leandro Guerreiro, Túlio, Lúcio Flávio (Adriano Felício) e Zé Roberto (Athirson); Jorge Henrique (Reinaldo) e Dodô.

O projecto do ‘Engenhão’ foi idealizado pelo arquitecto Carlos Porto, irmão do jornalista Roberto Porto, ambos botafoguenses ‘fanáticos’.

Fontes principais
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estádio_Olímpico_João_Havelange
http://www.botafogonocoracao.com.br/
http://www.engenhao.com/

Botafogo campeão estadual de futebol sub-17 (com fichas técnicas)

Fonte: X – Botafogo F. R. por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo O Botafogo conquistou brilhantemente o Campeonato Estadual de Futebol...