sábado, 26 de fevereiro de 2011

Jogos inesquecíveis: Botafogo 4x4 Juventus


O Botafogo obteve a sua mais espetacular conquista internacional em torneios não oficiais no ano de 1996 quando conquistou o cobiçado Troféu Teresa Herrera, após uma marcha fantástica do placar.

Foi um jogo a todos os títulos original, começando por o time envergar a camisa do La Coruña para não se confundir com a camisa da Juventus. Lembremo-nos que as listras do Botafogo foram inspiradas nas listras da Juventus em 1906.

A Juventus esteve quase sempre à frente do Botafogo durante o tempo regulamentar e durante a prorrogação. Na verdade, o Botafogo só esteve à frente durante a marcação das grandes penalidades – e nessa modalidade esteve sempre à frente.

Vieri começou por abrir o marcador aos 23’, mas no segundo tempo Túlio ‘Maravilha’ empatou logo aos 49’, após receber um centro da direita e, de cabeça, balançar as redes italianas.

Porém, após bobeada da defesa, Amoruso fez 2x1 aos 73’. Finalmente, dois minutos após, na cobrança de escanteio, a bola sobra para fora da área e, da meia-lua, França chuta para decretar o empate de 2x2 no tempo regulamentar.

Eis que na prorrogação, inspirado, Amoruso coloca novamente a Juventus em vantagem aos 93’: 3x2. Mas o nosso Botafogo, com uma enorme raça, torna a empatar aos 110’. Souza cobra falta fora da área, o goleiro espalma para a frente e, na corrida, Túlio confere: 3x3.

Novamente Amoruso, num dia de inspiração, parece decretar o placar final ao estabelecer 4x3 para a Juventus aos 117’. No entanto, ao cair do pano, precisamente sobre os 120’, Túlio entra no miolo da área, é rasteirado e o árbitro marca grande penalidade. Chamado a converter, Túlio fecha a contagem em 4x4. A disputa vai para a marca de 11 metros.

O primeiro tiro pertence ao Botafogo e Jefferson desperdiça para a defesa de Peruzzi. A Juventus parece levar vantagem, mas, no momento seguinte, o grande Wagner pegou o chute de Amoruso.

À segunda marcação, Wilson Goiano converte (1x0) e, a seguir, Wagner pega outra grande penalidade, cobrada por Di Lívio; à terceira oportunidade Wilson Gottardo converte (2x0) e o italiano Jugovic chuta para fora.

Na quarta marcação Souza toca ao estilo de Loco Abreu e a bola entra no ângulo superior esquerdo do guardião adversário: Botafogo 3x0 conquista o Troféu Teresa Herrera com a camisa do La Coruña!

FICHA TÉCNICA
Botafogo 4x4 Juventus [2x2 no tempo regulamentar; 2x2 na prorrogação; 3x0 nas grandes penalidades]
» Gols: Túlio ‘Maravilha’ 49’ e 120’, França 75’ e Ferrara (contra) 110’ (Botafogo); Amoruso 73’, 93’ e 117’ e Vieri 23’ (Juventus); grandes penalidades: Wilson Goiano, Wilson Gottardo e Sousa.
» Marcha do placar: 0x1 (23’), 1x1 (49’), 1x2 (73’), 2x2 (75’), 2x3 (93’), 3x3 (110’), 3x4 (117’), 4x4 (120’)
» Competição: Troféu Teresa Herrera
» Data: 10.08.1996
» Local: Coruña
» Árbitro: Não informado
» Botafogo: Wagner, Wilson Goiano, Wilson Gottardo, Grotto e Jefferson; Souza, Otacílio, Marcelo Alves (Marcos Aurélio 90') e França (Zé Carlos 87'); Sorato (Mauricinho 56') e Túlio Maravilha. Técnico: Ricardo Barreto.
» Juventus: Peruzzi, Ferrara, Torricelli, Porrini e Montero; Jugovic, Di Lívio e Dechamps; Vieri (Boksic 45’), Del Piero (Amoruso 45') e Padovano (Ametrano 45'). Técnico: Marcelo Lippi.

Pesquisa de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo)

9 comentários:

Émerson disse...

Rui,
Mudando um pouco de assunto, meu pai escreveu um texto sobre os dirigentes do futebol brasileiro, que transcrevo abaixo. A propósito, não achas que o nosso presidente está se abaixando demais, enfileirando-se ao lado dos seus maiores algozes (o conluio Globo-CBF-arbitragens)?

ABAIXO A DITADURA!

Não! Não é nenhum comando mordaz partido de lábios de estudantes indignados. É a indignação de todos quantos, munidos de um pouco que seja de sentimento de justiça e de vergonha, estão saturados da hipocrisia melíflua, egoística, gananciosa da maioria dos dirigentes do futebol brasileiro.
É com inolvidável sensação de nojo, de repulsa, de repugnância e, por outro lado, de comiseração, de dó dessas pseudo-intocáveis figuras que, certamente, mais dia, menos dia, colherão, nesta ou em futura, os indigestos frutos de suas perniciosas semeaduras.
Facciosamente, burlando, atropelando, urdindo maquiavelicamente, privilegiam Individualidades Polutas e Clubes de passado e de presente azevichados.
Onde estamos? Que país é esse? Não é ESSE; é ESTE!
-É Brasil, em que temos insidiosas e nauseabundas oportunidades de VER, em toda a grande mídia sediciosa aparições pestilentas e escabrosas de figurões do Futebol, que, se em outro país fosse seria tão-somente para, após a confissão de seus crimes de lesa-pátria, lesa-futebol, deflagrar tiro de misericórdia nos próprios tóraxes;
- É Brasil, em que empresas nacionais injetam milhões de reais hauridos do suor e do sangue de seu pobre povo para clubes de futebol prenhes de dirigentes de moral pouco ou nada ilibada;
- É Brasil, que tem até comissão conhecida como Bancada da Bola, resquício de um país ainda não totalmente passado a limpo;
- É Brasil, país de Clubes de Futebol pobres e endividados e de dirigentes vitalícios;
- É Brasil, em que determinado dirigente vai à mídia teleguiada afirmar que, apesar de ter filhos torcedores de determinado Clube, esse mesmo Clube NÃO pode ser considerado campeão brasileiro de 1.987 e, cerca de um ano depois, desdizer o que disse;
- É Brasil, que, afinal, é constituído de um povo heróico e bravo. Ou o será de uma imensa legião de lesos, paspalhos e marionetes?
Será o Sr. Ricardo Teixeira mais sedutor, mais pródigo, mais forte, mais poderoso, mais truculento que Hosni Mubarak, Muamar Kadafi e demais ditadores vitalícios da África, do Oriente Médio? A propósito, proponho uma enquete:

Quem durará mais no Cargo:
Kadafi?
Ricardo Teixeira?
Empate?

Atenção, brasileiros!
Abaixo as Ditaduras!
Aprendamos com nossos irmãos oprimidos do Oriente Médio!
Salvemos o Futebol Brasileiro dessa morte anunciada, desse sepultamento lento, sádico, mal disfarçado.

Émerson disse...

Grande Rui, se você conhece o texto abaixo, de João Saldanha, vale a pena reler, é muito engraçado! (Texto extraído do livro Antologia Brasileira de Humorismo, de Paulo Mendes Campos, 1965, Editora do Autor, p. 177 a 183).

JULGAMENTO EM COSTA RICA

"Bola vai, bola vem e fizemos um a zero. Mas o Saprisa empatou logo depois. Nosso time ainda não estava recuperado, mas já dava para ganhar. Além do mais, no segundo tempo jogaríamos a favor do vento muito forte e permanente. Isto acontecia porque São José fica no alto de um planalto, com altitude que varia de mil a mil e duzentos metros, e o campo é situado numa colina descampada. As arquibancadas de cimento, bem altas, abertas na linha de fundo do campo, canalizavam o tal vento. Nunca vi tão forte. Num tiro de meta batido com elevação, a bola parava no ar e chegava a voltar. Mas era igual para os dois. Um tempo para cada um e agora seria a nossa vez. Os entendidos locais, quando viramos, concordavam que o Saprisa estava liquidado porque não tinha obtido vantagem no primeiro tempo a favor do vento.
Virou, mexeu, e logo de saída começamos a pressionar. Paulo Valentim entrou na área, passou na corrida por um e, chegando perto do goleiro, deu um leve toque, empurrando para dentro. Os do Saprisa abaixaram a cabeça, o placar eletrônico marcou o nosso gol, o goleiro deu a volta por trás do gol e apanhou a bola que estava ligeiramente saída pelo fundo da rêde. Jogou-a com a mão para o meio do campo. Dois a um para nós. A banda de música, contrafeita, mas por obrigação, atacou um merengue, infalível após qualquer tento.
Quando o jogador do Saprisa se preparava para dar a saída, o juiz, Mr. McKenna- um inglês pequenino, com cara de pau-d'água, que já apitou em toda a América Latina-, fêz um sinal que não era gol e mandou cobrar tiro de meta. Os próprios jogadores do Saprisa não entendiam. Os nossos estavam parados e arrumados em posição de saída. Então McKenna pegou a bola no centro do campo e foi até o tiro de meta do Saprisa. Pampolini perguntou o que era e êle respondeu que a bola não tinha entrado. Tinha sido por fora. O tempo ficou quente. Beto e Tomé partiram num pique com intenções muito conhecidas. Eu, que estava sentado na pista, pertinho do campo, corri também para o bôlo. McKenna já estava levando uns encontrões, mas consegui acalmar o ambiente dizendo: "Deixa pra lá. Êste time não é de nada. Vamos fazer mais uns três para ver se êle marca um. Com este vento êles não estão passando nem do meio do campo." Peguei o juiz, tirei-o do meio do bôlo e fui chegando até perto da linha lateral, na altura do centro do campo. A polícia não tinha entrado mas estava alerta, tôda concentrada na direção em que eu ia com o inglesinho. Os jogadores já estavam mais calmos e se limitavam a chamá-lo de vigarista, ladrão, mas sem dizer palavrões. Quando nos aproximamos da linha lateral, o homenzinho, que vinha muito calmo ao meu lado, virou bicho. Mas o gozado é que não falava nada. Gesticulava como orador da revolução francesa. Só fazia mímica e mostrava "enérgico" para mim o lado de fora. Quem estivesse de longe, pensaria que aquêle pedacinho de gente estava me dizendo o diabo e me expulsando do campo como indesejável.

Émerson disse...

Continua...
Endoidei de raiva. Logo eu, que tinha livrado aquêle sem-vergonha de uma fria, estava bancando o palhaço na mão dêle. Não me contive e plantei-lhe uma bolacha de mão aberta, no meio da cara. Só dava para arder, mas êle atirou-se no chão e fingiu desmaio. Bem na frente da polícia. Não era a primeira vez que o vigarista tinha feito isto. Em Lima, quando êle apitava lá, num jôgo da seleção brasileira, roubou tanto que Eli (Eli do Amparo), que jogava de center-half, pegou a bola e atirou, com a mão, em cima do ratinho. Fêz a mesmo coisa: fingiu desmaio. A polícia entrou e baixou o sarrafo na nossa seleção. Comigo foi a mesma coisa. Juntaram em cima de mim e me deram uns safanões. Não chegaram a bater.
O campo ficou cheio de gente e imperou a confusão. Já estava tudo serenado, quando a polícia resolveu evacuar a cancha para depois serem tomadas providências de acordo com o ratazana. Só se ouviam os policiais gritarem: "Fuera! Fuera!"
Pouco a pouco, todos estavam saindo do campo. Nós, os do Saprisa e alguns torcedores que tinham entrado. Foi quando, bem junto a mim, um dos policiais, muito nervoso por sinal, empurrava um dos nossos. Como o rapaz não estivesse gostando de ser empurrado, pois já estava saindo, parou. Mas parou de costas para o "nervosinho" e êste desferiu-lhe um pontapé nas nádegas, com grande covardia. Eu não pude me controlar e dei-lhe uma "banda" que pegou bem. Juntou pé com cabeça e foi de cara na pista de carvão. Pra quê! Me abafaram e o tal que levou a banda veio com uma pistola "Mauser" segura pelo cano, para me dar com a coronha. Eu estava sem movimentos e vi aquêle troço descer na minha cara. A sorte é que o Paulo Amaral e o Comandante Leo, aviador da Cruzeiro do Sul, pularam nêle. Mesmo assim a coronhada ainda me pegou de raspão e tive uma pequena fratura no nariz. E o pau continou comendo. Êles eram pequeninos, mas eram muitos. Levamos uma bruta desvantagem. Mas o tal que começou o negócio levou bastante. Tôda a vez que nós conseguíamos uma brecha, íamos nêle. O azar nosso, entretanto, é que o tal sujeito , era apenas o Major Soto, Chefe de Polícia de Choque de São José. Estava uniformizado igual aos outros e não tinha letreiro na testa. Apanhamos muito. Muito mesmo.

Émerson disse...

Me agarraram, fui jogado dentro de um carro de presos e foram logo me levando. Rodamos uns dez ou quinze minutos e fui parar numa cadeia grande no centro da cidade e, logo de cara, levado para um cárcere dêstes que só se vêem em fita de cinema e que mais parece uma gaiola. Estava cheio de gente. Uns em pé, outros deitados no chão. Protestei e fiz uma bulha. Puxa pra lá, puxa prá cá e veio um chefão que mandou que me pusessem numa outra cela. Lá dentro tinha um cara que foi logo dizendo que era prêso polîtico. Era canadense. Louro, alto e forte. Bati um papo com êle de uns cinco minutos e chegeui à conclusão de que êle estava no lugar errado. Completamente maluco. Só falava inglês. Estavam à espera de um intérprete que na certa o mandaria para um sanatório. Mas enquanto não chegasse, estava "incomunicável".
Passados uns vinte minutos me chamaram ao telefone. Era do campo e o Renato Estelita me disse:"Você vai sair. O jôgo está parado. Só começa quando você chegar no hotel e telefonar para cá". E me deu um número de telefone.
Chegeui no hotel, que era perto da cadeia, e liguei avisando. Renato atendeu e mandou que eu desligasse para êle ligar de nôvo, "porque poderia ser que eu estivesse coagido." Conferiu e mandou prosseguir o jôgo. Fiquei escutando no rádio e Paulo Valentim fêz outro gol. Ganhamos do Saprisa.
Meia hora depois o time chegou ao hotel. Eu já tinha encomendado uns medicamentos na farmácia, porque estava todo dolorido. Carvalho Leite ainda consertou um buraco na minha cabeça quando Renato disse: "O Paulo Amaral está em cana. Na saída vieram uns quinze policiais e levaram êle. Já providenciei e o Peixoto Gomide, que é o secretário de nossa Embaixada, está se mexendo. Mas pombas! Vocês foram bater logo no Chefe de Polícia! Vocês não poderiam ter escolhido o sargento? Vai dar galho."
Era domingo, e o Peixoto Gomide, que estava respondendo como Embaixador, não pôde encontrar nenhum cartola local. Além do mais, estava lá há poucos dias e ainda não conhecia os figurões. Ficou acordado a noite inteira e nada feito. O remédio foi mandar uma comitiva levar sanduíches e cigarros para o Paulo. Eu não fui porque êles poderiam mudar de idéia a meu respeito.
Em Costa Rica, estas encrencas são resolvidas por um tribunal singular. Dêstes que têm jurisdição de "quarteirão" e resolvem as questões em primeira instância. O julgamento era logo de manhã. Veio um jipe e nos conduziu. Era perto do Estádio, pois atendia exatamente àquele distrito. Como o negócio tinha sido no campo, seria julgado ali.
O tribunal tinha um aspecto muito modesto. Era uma casa baixa, de rés-do-chão e compunha-se de apenas uma sala de uns quatro metros quadrados. Na porta, meio preguiçoso, estava recostado um guarda, que ficou indiferente à nossa passagem. Em seguida, chegou Peixoto Gomide acompanhado de um rapazote do corpo diplomático local.
Dentro da sala, sentado em frente a uma máquina de escrever que ficava sôbre uma uma mesa muito feia, estava um velhote de óculos de aro de metal, vestido com uma camisa cáqui e uma calça escura. Ninguém dava uma palavra.
Nisto, ouvimos o cacarejar de uma galinha choca vindo dos fundos da sala. Não pudemos conter o riso ao deparar com um ninho feito de um caixote de madeira. O velhote não se alterou e chamou o polícia que estava recostado na porta: "Castro! Castro! Ponga a la gallina en otro sitio! Allá, cerca de la ventana. A ella le gusta el sol".

Émerson disse...

Continua...
O Castro apanhou o caixote e colocou-o, carinhosamente, no lugar batido de sol. Nisto chegou um jipão e saltaram Paulo Amaral e uns três ou quatro policiais, com uniforme diferente do do Castro. Entraram e o ritual foi o mesmo à nossa chegada: não deram a menor bola.
Estávamos saudando Paulo quando chegaram uns três carros cheios de oficiais com o Major Soto à frente. Entrou sòmente o Major Soto, Chefe da Polícia de Choque. Cheio de esparadrapo e mercúrio-cromo. Parecia que um lotação tinha passado por cima dêle. Uma fotografia no jornal da oposição, ocupando meia página, estampava o Paulo dando uma gravata no major e rodando com êle para se defender de um montão de policiais. As pernas do major estavam lá no alto, acima da cabeça do Paulo.
Pensei comigo: o negócio está mal parado.
Os policiais que trouxeram Paulo e os oficiais que acompanharam o major não entraram. Ficaram no lado de fora olhando pela janela baixa. O Castro ficou na porta palitando um dente.
Então o velhote disse: "Vamos empezar. Primero usted"-falou dirigindo-se a mim.
Eu pensava que aquilo era um cartório ou coisa que o valha. E o velhote seria um escrevente ou amanuense. Contei o meu caso de forma simples porque não convinha complicar. Disse apenas que era mal-entendido de campo de futebol.
Depois foi a vez do Paulo. Falou da amizade panamericana e terminou dizendo que a briga de futebol terminava no campo.
Eu olhei lá fora e me pareceu que já tinham chegado mais colegas do major. Pisquei para o Renato, que também já tinha manjado.
O velhote tomou nosso depoimento de forma muito resumida porque escreveu muito pouco na máquina e eu fiquei pensando: "Como vamos em cana de qualquer jeito, êle não quer perder muito tempo..."
Depois falou o Major Soto em tom de discurso. Levantou tremendo libelo acusatório. Nós só olhávamos para a cara dele: com tanto esparadrapo no rosto, estava evidente que não se conformava e queria uma forra. E o major falava, falava. Durou uns vinte minutos. O velhote da máquina só escutando. Quando o major terminou, pedindo a nossa cabeça, o velhinho bateu na máquina uma meia dúzia de linhas. Terminou, puxou os óculos para a ponta do nariz e dali mesmo, do mesmo lugar em que estava sentado, disse, em tom agrssivo:
"La sentencia!"

Émerson disse...

Continua...
Pronto. E agora? Eu, que pensava que era uma escreventezinho e o velho era o juiz. O pior é que êle deveria estar bronqueado com a gozação do negócio da galinha choca. Eu e o Paulo estávamos fritos. Além do mais havia a pressão do Exército do lado de fora. No mínimo uns três meses de cana. O major tinha falado em honra do Exército que precisava ser desagravado. Não tinha saída. Não dava nem para correr. A turma lá de fora faria o serviço. Fogo na roupa.
Mas o velhote prosseguiu agressivo apontando enèrgicamente para o Major Soto:
"Estos de la Saprisa solo ganan por los árbitros. Yo soy del Heredia. Ustedes no conocen al Heredia. Es el mejor equipo que hay en Costa Rica. Pero estos del Saprisa- e apontava para o Major Soto- no nos invitaron para jugar. Ellos mandan en La Liga. Cuando no pueden ganar un partido, arman una tángana- como la de ustedes. Yo estaba en el partido."
E prossegui:"Bueno. La sentencia es que ustedes (eu e Paulo Amaral) deben pagar una multa. Lo máximo es cuatrocientos colons. Lo mínimo, cinco. Ustedes pagarán cinco."- E explicou solícito: "Mejor asi. Si yo no les aplico una sanción y absuelvo, estos de la Saprisa- e apontava de nôvo para o major- hacen un recurso a la instancia superior y ustedes se quedarán mal. En la superior ellos mandan. Pero, si no están conforme con la multa, si quieren, pueden hacer un recurso de la decisión. Sin embargo no los aconsejo. Mejor pagar la multa".
Concordamos rápido e o major quis protestar, mas o juiz deu a bronca. "El Tribunal está encerrado. Puede retirarse, mayor." O major bateu os calcanhares e saiu. O juiz arrumou os óculos e foi até a porta. Os oficiais apenas murmuraram uns resmungos e foram embora nos carros. Pagamos a multa e não mostramos intenção de sair dali.
O rapaz do corpo diplomático de Costa Rica nos acalmou:"No hay peligro. No se atreverán. Estaban alli solamente por solidariedade al mayor."

Ruy Moura disse...

Que tempos, Émerson! Há histórias fabulosas como essa no futebol. As pancadarias faziam parte do futebol desse tempo. Hoje não é bem pancadaria, é mais tipo violência gratuita de claques organizadas.

O seu pai escreveu com um misto de amor e revolta. Dói matarem tão brutalmente o que amamos... O seu pai, e muita, muita gente, está magoada com razão.

Abraços Gloriosos!

Aurelio Bulhões Pedreira de Moraes-Jornalista disse...

Diretoria incompetente e burra, que não levou as camisas brancas e pretas, que eram belíssimas na época, por sinal..

Ruy Moura disse...

Pois, as brancas já não se confundiam com as alvinegras da Juventus. O mais interessante é que o BFR sabia que iria quase de certeza defrontar a Juventus, em cujas camisas se inspirou...

Abraço Gloriosos!

20 Súmulas comentadas para a História Gloriosa (I)

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo Botafogo x Fluminense – Decisão antecipada do Campeonato Carioca de 1910 » Destaque. O Botafogo...