“Botafogo
não deve contratar ninguém.”
– Aníbal Rouxinol, gerente executivo
do futebol do Botafogo.
Face à
declaração de Aníbal Rouxinol, creio que já se pode conversar um pouco sobre o
decorrer da restante temporada, embora tenhamos a partir de quinta-feira um
enigma a decifrar: Hyuri, ao jeito de Garrincha!
Estou com o
time. Completamente. Merece o meu apoio por tudo o que tem feito, remando
contra as marés internas e externas adversas. Nenhum outro time botafoguense
neste século XXI foi tão brioso como o atual. Mas por isso mesmo não devo pedir
ao time o que somente se deve pedir a um elenco: ser campeão brasileiro.
Peço-lhe alegria
a jogar futebol, respeito pelo clube e pela torcida, profissionalismo,
competência, empenhamento e orgulho. Há quem peça aos outros o impossível no
pressuposto de que o possível qualquer um faz. Porém, como dizia um amigo meu
acerca das suas aulas, elas eram sempre diferentes e imprevisíveis, mas…
treinava tanto para isso!
Pois é,
amigos, a concretização do impossível treina-se e exige que haja condições
objetivas da sua exequibilidade.
Ser campeão
de um país é elaborar um plano anterior ao campeonato e segui-lo à risca, é ser
regular, é estar focado, é ter suplentes para a reposição adequada das peças
que por motivos de cansaço, suspensão ou lesão estão fora do time principal.
Quanto ao impossível… vem no decorrer da competição quando os jogadores se
transcendem.
Em minha
opinião, a comissão técnica e o time estão se excedendo briosamente face ao que
a diretoria lhes dá. Efetivamente, mais uma vez se comprova não termos feito um
plano capaz para o campeonato nacional, deixando a equipa à mercê de um
desmanche absurdo para quem anunciou que lutaríamos pelo título. Quem o disse,
por mais de uma vez, foi Chico Fonseca, vice-presidente para o futebol, mas
depois de tal afirmação saíram Márcio Azevedo, Fellype Gabriel, Jadson,
Andrezinho, Antônio Carlos, vitinho e Henrique. Fellype Gabriel seria titular
indiscutível e vitinho uma arma poderosa para a segunda metade dos desafios,
enquanto os demais seriam peças de reposição ‘aceitáveis’ às quais acresciam
outros suplentes. Ainda estamos por saber se as chegadas de Alex e Elias farão
alguma diferença no ataque e se, após o extraordinário desempenho contra o
Coritiba, Hyuri confirma que preenche bem o lugar vago de Fellype Gabriel,
primeiro, e de vitinho, depois.
Portanto,
estamos perante um desmanche inacreditável que não condiz com um plano
pormenorizado de conquista do título de campeão nacional, e o treinador tem que
reinventar com novas peças que está lançando extemporaneamente contra a sua
vontade – Hyuri e Octávio, por exemplo –, porquanto deveriam entrar
paulatinamente nos jogos, mas a falta de elenco obriga Oswaldo a ‘jogar’ com o
que tem, correndo o risco de falhanço dos jovens. Não ficarei admirado se
cederemos terreno para o 1º colocado nas próximas rodadas. Se isso se
verificar, então a priorização é estritamente necessária.
Também não
me admirarei que a sorte nos sorria e as lesões não aconteçam, porque encontrar
vitinho foi um achado, e substituí-lo por Hyuri foi um super-achado.
Embora antes
do próximo compromisso pela Copa do Brasil tenhamos cinco jogos, talvez
possamos começar a pensar nas hipóteses de priorização de uma das duas
competições que disputamos para que não sejamos surpreendidos.
Com
antecedência às quartas-de-final da Copa do Brasil, importa que seja feito um
plano credível de priorização para o caso de nos estarmos afastando do título
Brasileiro. Se fizermos como nos anos anteriores nos quais não pensámos sequer
em priorizar nenhuma competição, o mais provável é não obteremos nenhum título
nacional. Custa escrever isto e custará certamente ler – e custará ainda mais
se acontecer –, pela simples razão que gostaríamos de ter um elenco capaz de
disputar um título difícil, mas se como torcedores não deixamos de parte um apelo
em cada jogo à emocionalidade de sermos campeões ‘na raça’, como pessoas pensantes
não podemos nos afastar da racionalidade de sermos campeões ‘na competência
técnica’, que é o que ocorre na esmagadora maioria dos títulos conquistados no
futebol.
Efetivamente,
não me parece humanamente possível conquistar o Campeonato Brasileiro e a Copa
do Brasil com onze titulares e praticamente nenhuma peça de reposição que
satisfaça o preenchimento das posições necessárias para um calendário onde
teremos pela frente cansaço, suspensões e lesões. Estaremos a jogar duas vezes
por semana até novembro, o que se afigura gravoso para um time que não tem
plantel à altura dos titulares.
Não
priorizar nas circunstâncias acima descritas, significa que teremos que jogar a
todo o gás com todos os titulares possíveis duas vezes por semana, pelo menos
até ao início de novembro. As minhas questões principais são: temos condição
física para aguentar? temos suplentes adequados para suprir lesões, suspensões
e cansaço?
Sem
desmanche, ainda poderíamos optar pelo campeonato brasileiro; com desmanche,
creio que a decisão mais sensata – face ao futuro que consigo escrutinar – é pensarmos
seriamente na possibilidade de priorizar a Copa do Brasil e procurar uma
posição honrosa no G4, que mesmo essa nunca é fácil de obter.
Efetivamente,
ganhar a Copa do Brasil ou ficar no G4 são duas coisas que não conseguimos
desde 1995 – conquistar a Copa do Brasil e ganhar a vaga para a Taça
Libertadores das Américas parece-me sensato.
Em
consequência, a prudência sugere que o departamento de futebol opte
adequadamente quando chegar à altura devida, com a antecedência possível, porque
não o fazendo vai comprometer qualquer conquista.
Eu sou claramente
a favor da priorização da Copa do Brasil na convicção de que não temos plantel
para disputar o título de campeões brasileiros. Além das razões anteriormente
citadas, sintetizo porquê:
(1) Se o
Botafogo jogar ao seu nível nas quartas de final, sem cansaço, vencerá o
flamengo.
(2) Se o
Botafogo jogar ao seu nível nas semifinais, sem cansaço, vencerá o Vasco da
Gama ou o Goiás.
(3) Na final
– e uma final é sempre difícil – é que a coisa é mais complicada: Atlético
Paranaense, Corinthians, Grêmio ou Internacional são equipas difíceis.
(4) Mas se
fizermos um planea(j)amento adequado poderíamos ter o time principal intacto
nas datas necessárias, porque os titulares constituem um time que, em minha
opinião, não é inferior a nenhum outro no Brasil.
(5) Ademais,
o Botafogo costuma dar-se bem com decisões nos últimos anos – quando os
árbitros não jogam…
(6) E… é um
título nacional com direito a classificação para a Taça Libertadores das
Américas 2014.
Creio que se
o Botafogo conseguisse ‘sobreviver’ a tantos jogos pelo campeonato brasileiro
nos próximos três meses e se sagrasse campeão brasileiro, seria caso para se
pensar na canonização futura de toda a comissão técnica e de todos os jogadores
campeões. Como diz o nosso amigo Aurélio Moraes, “após ganharmos a Copa do
Brasil, o que vier é ganho!
As próximas
rodadas poderão indiciar o que devemos fazer, mas, entretanto, aceita-se a
chegada da sua opinião a favor ou contra a priorização.
Ah… e estou
louco por ver novamente Hyuri jogando. Se conseguir atuar como na quinta-feira
passada, temos muito que conversar…
8 comentários:
ACHO Q NAUM TEMOS ELENCO PARA DISPUTAR AS DUAS COMPETICOES, MAS VC ESTÁ CERTO QUANDO DIZ Q ESSE TIME É O MAIS BRIOSO E MESMO Q NAUM GANHE NADA, TERÁ TODO O MEU RESPEITO.SEEDORF TEM FEITO MUITO BEM AO BOTAFOGO, ATÉ MAIS FORA DE CAMPO DO Q DENTRO.É PRIMORDIAL Q O BOTAFOGO APROVEITE AO MAXIMO ESSA SUA PASSAGEM POR GENERAL SEVERIANO, PRINCIPALMENTE PARA Q SE MUDE A MENTALIDADE DENTRO DO CLUBE.Q TENHAMOS UMA MENTALIDADE VENCEDORA IMPLANTADA DENTRO DE GENERAL SEVERIANO E COLOCARMOS PARA FORA DO CLUBE O DERROTISMO , Q A MUITO NOS IMPEDE DE SEGUIR O NOSSO CAMINHO DE GLORIAS.
Dia 22/09 Botafogo pega o Bahia no Maracanã, dia 25/09 o flamengo e dia 28/09 a Ponte Preta também no Maracanã. Ter pego o flamego nos poupou pelo menos de uma viagem desgastante, e se pegarmos o vasco na semi teremos também essa vantagem.
Rui , concordo com você que devemos priorizar a copa do brasil e que a liderança final do brasileirão é utópica. Mas, se me permite uma dose do meu peculiar pessimismo, acrescento que devemos ter flexibilidade na nossa lista de prioridades, cuja composição, neste momento do campeonato, enxergo assim:
1: G4 (Esse é o saldo mínimo que, apesar das dificuldades é "obrigatório" a esse time, a essa temporada. Não ficar no G4 seria a grande catástrofe. A partir daqui, aí sim, o que vier é lucro.)
2: copa do brasil (priorizar uma competição de mata-mata é perigoso para um clube sedento por resultados nacionais expressivos, ainda mais quando se configura uma final com grandes equipes e quando se restará apenas 2 jogos do brasileirão após tal final. Em caso de derrota na final (algo completamente normal), será que teríamos tempo hábil de nos recuperarmos de uma queda no brasileiro?.
3: Brasileiro. (Aqui sim, é permitido sonhar!). Risos.
Portanto, concluo que em caso de uma inesperada queda de rendimento no brasileirão, seja por motivos alheios ou por priorização desta fase da copa do Brasil, devemos voltar as atenções ao G4! E, em caso de uma boa campanha nos próximos jogos até o final de outubro (data da decisão com o flamengo), alcançando uma boa estabilidade em relação ao 5º colocado, poderíamos sim priorizar estes jogos de VOLTA em detrimento de no máximo UMA partida do brasileiro, pois priorizar jogos também de IDA, pode ameaçar o G4.
Mestre, você tem informação sobre o que acontecerá com as vagas na liberta em caso do campeão da copa do brasil ficar no G4??
SA
Flávio, sou da mesma opinião quanto a Seedorf. Aliás, Seedorf e Loco Abreu foram os grandes acertos desta diretoria. Em ambos os casos deram-nos auto-estima, e Loco abriu de certo modo o caminho para Seedorf.
Mas a mudança de paradigma de Loco para Seedorf foi, a meu ver, fundamental para nós. Etamos começando a ganhar mentalidade no seio dos torcedores.
Abraços Gloriosos!
Compreendo o que quer dizer Marcos, mas ainda assim penso que dois jogos por semana é de rebentar qualquer estaleca de elenco, quanto mais de titulares. E o Seedorf não aguenta jogar duas partidas por semana. Mas, enfim, vamos torcer para que os três jogos no Maracanã sejam três vitórias. É bem possível, e se assim for 'complica-se' a vida entre priorizar ou não priorizar.
Abraços Gloriosos!
Está bem analisado, Flaviano, mas ainda assim eu não vejo que seja uma catástrofe ficar fora do G4 se ganharmos a Copa do Brasil. Se não ganharmos é que é fundamental o G4, porque quanto a mim existe uma grande prioridade: a presença na Taça Libertadores das Américas 2014.
Confesso que não tenho a certeza do que acontece nas vagas para a Liberta. Se transportarmos o campeonato barsileiro para a Europa, o que aconteceria é que o 5º classificado iria à Libertadores, mas não sei se o regulamento é igual ao Europeu.
Abraços Gloriosos!
Perfeito o seu texto Rui. Uma Pena que a mentalidade vencedora do Seedorf não tenha contagiado a diretoria, pois sem o desmanche feito por ela teríamos condições de ganhar as duas competições. Também acho que deveríamos priorizar a copa do brasil, mas quem sabe se a sorte não sorri prá gente como no caso do Hyuri e o Dedé, Otávio e outros garotos jogam no time principal e arrebentam. Quem sabe. Também estou doido prá ver o Hyuri novamente. Amanhã contra o Criciúma será um grande teste, pois o Botafogo vai com desfalques importante e o pior, com um goleiro que não inspira a menor confiança. mas como já vencemos com um time inteiro de reservas e certa vez um tal de Borrachinha fez uma partida memorável, quem sabe se amanhã o feito não se repete. Eu acredito> Abs e SB!
Esse jogo do Borrachinha é realmente memorável, Sérgio. Ele ficou na história só por isso.
Realmente, num campeonato brasileiro tudo é possível (felizmente ou infelizmente?), e quem sabe outros garotos ainda se mostrem este ano. Mas do ponto de vista racional é bem improvável.
Embora... já tenhamos este ano Dória, Gilberto, Gabriel, Jadson, vitinho e... Hyuri!
É como digo se ganhássemos o campeonato brsileiro - e com esta diretoria! - deveriam ser todos canonizados quando deixassem a vida. Um a um...
Abraços Gloriosos!
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