As minhas
observações ao jogo têm em consideração que estamos à beira de entrar na Taça
Libertadores, que privilegiamos, e não em busca de um simples título carioca.
Se o objetivo
fosse o campeonato carioca, eu diria que a equipa deu boas indicações de
evolução futura e certamente estaria em condições de atingir o auge da sua
forma nas semifinais e finais do campeonato carioca, embora o seu treinador
tivesse que fazer um grande aprendizado ao longo desse percurso e a equipa
tivesse que realizar um esforço grande jogando sem suplentes à altura do time
principal.
Porém, o
objetivo é a Taça Libertadores, e os erros que a precedem são enormes.
Em primeiro
lugar, deve-se realçar que Chico Fonseca garantiu que tínhamos a equipa formada
até ao Natal de 2013, mas a verdade é que ainda temos como referência atacante…
Henrique!!!
Em segundo
lugar, há um erro de nomeação de um treinador sem qualquer experiência de
direção de uma equipa principal, que tem mostrado a sua inexperiência nos três
jogos que fizemos, designadamente ontem quando desarticulou a equipa com uma
substituição mais ou menos absurda para quem está a ganhar por 2x0, tem o jogo
na mão e lhe basta gerir o tempo.
Em terceiro
lugar, a equipa deveria ter rumado mais cedo para Quito e feito jogos-treino
locais; a não fazê-lo, identifica-se o quarto erro, porque tendo ficado no Rio
de Janeiro, e não havendo ainda uma equipa entrosada, o time principal deveria
ter disputado o 1º e o 3º jogos do campeonato carioca para ganhar ritmo e
entrosamento.
Em suma, estamos
perante uma gestão absolutamente amadora e desastrosa em vésperas de
Libertadores com a agravante de a diretoria permitir mais um desmanche do time,
quando a ideia seria reforçá-lo. Uma gestão que implicitamente promete ‘mundos
e fundos’ ao deixar passar para a comunicação social negociações com atletas
que depois se diz que não é possível contratar porque o seu salário é elevado.
Ora, a diretoria não sabia isso previamente? Pensa a diretoria que assim consegue
cobrir de poeira os olhos dos torcedores? Na verdade, torna-os ainda mais
descontentes por identificarem uma gestão desastrosa, sem quaisquer planos, na esteira
de todos os anos anteriores em que apenas conseguiu planear bem uma única contratação:
a de Clarence Seedorf. No mais, ou contratou atletas pífios, ou teve sorte
nalgumas contratações, como foi o caso de Loco Abreu, oferecido ao Glorioso a
custo zero, ou a influência de Loco Abreu sobre Lodeiro, trazendo-o para o
Botafogo.
Quanto ao desempenho
do jogo de ontem, em vésperas de Taça Libertadores, considero que fica muito
aquém do apuramento de forma que deveríamos ter. Sente-se que este já não é,
globalmente, o Botafogo de Oswaldo Oliveira, que viveu quase exclusivamente da
inteligência e da qualidade de Seedorf. Este futebol parece mais solto e eu não
diria que é um 4x5x1 como foi anunciado pela imprensa. Inclino-me mais para que
seja um 4x3x2x1, que pode variar em 4x5x1, é certo, mas, sobretudo, tem a
potencialidade de se poder alongar num 4x3x3 com os contributos de Lodeiro e de
Jorge Wagner pelas pontas. É claro que não temos time propriamente para isso,
porque não temos pontas de raiz, mas creio que qualquer desses dois atletas
pode dar contributos nesse sentido, fazendo num trio avançado com El Tanque.
El Tanque é,
neste momento, a grande incógnita e, quiçá, a peça decisiva para o sucesso ou
insucesso já nesta 1ª fase da Libertadores. A sua presença é fundamental, mas
não se sabe se estará presente, nem se estará em forma, arriscando-nos a termos
no ataque a referência de… Henrique!
Neste jogo
viu-se que Jorge Wagner e Bolatti podem trazer contributos importantes, assim como
Lodeiro, se subir de forma e se decidir ficar no Botafogo. Porém, o caso do J.
Wagner deve ser tratado com ‘pinças’, porque com 35 anos está realmente ‘velho’
para um futebol competitivo, mostrando dificuldades físicas na 2ª metade da
partida e perdendo muitas jogadas no corpo a corpo. Ainda assim, dos seus pés
saíram bons lances e uma estreia divinal com um belíssimo gol, que teve a sorte
da barreira ter errado ao desmanchar-se antes de tempo. Aliás, é fundamental,
no futebol de hoje, termos atletas bons na cobrança de faltas, coisa que não
ocorreu nos últimos anos e agora ocorre com J. Wagner e Edílson – e que nos pode
garantir pontos preciosos.
Bolatti
mostrou-se muito importante com a liberdade que lhe foi dada pelo treinador,
podendo derivar para qualquer parte do terreno e abrir brechas nas defensivas
contrárias. Ontem, apesar de um jogo apenas razoável, contra um adversário
cansado, não ganhamos por 3 ou 4 gols porque não existe referência de ataque.
O trio de
volantes pode ser uma boa solução, mas as exigências a Gabriel são muitas, já
que joga no lado contrário da sua preferência, o que só não se torna um erro
porque Gabriel é muito versátil e batalhador.
Na 2ª parte, a
substituição de Bolatti por Sassá pode ser considerado um estudo de caso em
como um treinador pode ser peça fundamental na vitória ou na derrota. O trio de
volantes que segurava a defesa atrás de Bolatti fazia sentido com o esquema montado
por Húngaro, mas deixou de funcionar quando se abriu um buraco descomunal no
meio campo por onde o Madureira penetrou de uma forma absolutamente
ESCANDALOSA! Isto é, o Botafogo deixou de ter relacionamento entre o trio de
volantes e os dois atacantes em campo, permitindo que um atleta de um clube
pouco competitivo corresse 30 ou mais metros sempre a meio do campo (!!!), em
direção ao gol, sem ser intercetado ou importunado, e tendo tempo para escolher
o estilo de remate e o canto da baliza onde enfiar a bola. Em três minutos a
desorientação foi de tal ordem que o Madureira, com um pouco mais de sorte,
poderia ter empatado e talvez mesmo virado o resultado. Ora, isto é
INACEITÁVEL!
A situação
ocorreu devido à absoluta inexperiência de Húngaro, que destruiu o seu próprio
esquema ao substituir Bolatti por um avançado, coisa que ainda estou para
compreender a razão. Em qualquer jogo com uma equipa competitiva, nunca mais
nos encontraríamos até ao final da partida e teríamos outro desastre à moda do
River Plate em 2007. Por outro lado, deve-se realçar a 'inocência' da equipa, porque jogadores experientes internacionalmente cometeriam uma falta, punível com cartão amarelo, a meio percurso por onde Carlinhos corria, anulando o contra-ataque.
Identificando o
seu erro, Húngaro retratou-se imediatamente, retirando Sassá que entrara e
substituindo-o por Fabiano para segurar o resultado. Duas conclusões saem
daqui: Eduardo Húngaro assumiu o seu erro e procurou colmatar a falha quando se
apercebeu dela, o que mostra o seu caráter. Caráter completamente contrário ao
de Oswaldo Oliveira, que não assumiria o erro, persistiria nele e acabaria por
empatar ou perder a partida, atribuindo à fraca torcida presente a derrota que
seria exclusivamente sua. Portanto, neste capítulo, conclui-se que Húngaro
mostrou que não é o treinador adequado nesta fase; que Húngaro é honesto ao
reconhecer o seu erro e redimir-se; que pode trazer um problema sério a Sassá
se não assumir, perante os jogadores, o seu erro, ilibando Sassá de qualquer
responsabilidade.
Em suma, se
tivermos a sorte de passarmos esta fase da Libertadores e termos mais alguns
reforços, poderemos fazer uma boa Libertadores se priorizarmos, efetivamente,
esta competição, e não o campeonato carioca. Mas é fundamental, entre outras
necessidades, que Wallyson ou qualquer outro mostre atleta qualidade de ataque,
capacidade de parceria com El Tanque e boa definição no remate final.
Uma palavra final sobre Eduardo Húngaro. Ele é o treinador que temos, mostrou-se completamente diferente da desonestidade intelectual de Oswaldo Oliveira e vamos apoiá-lo nesta tarefa árdua de montar uma equipa sem tempo útil para o fazer. Boa sorte, Duda!
Escrevi demais. Fico-me por aqui por hoje.
Escrevi demais. Fico-me por aqui por hoje.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x1 Madureira
» Gols: Jorge Wagner, aos 27' e Henrique, aos 46’ (Botafogo); Carlinhos, 81'
» Competição: Campeonato Carioca
» Local: Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro (RJ)
» Data: 23.01.2014
» Árbitro: João Batista de Arruda (RJ); Auxiliares:
Carlos Henrique Alves de Lima Filho (RJ) e Francisco Pereira de Sousa (RJ)
» Disciplina:
cartão amarelo – André Oliveira (Madureira)
» Público: 2.208 pagantes
» Renda: R$ 45.295,00
» Botafogo: Jefferson; Edilson, Bolívar, Dória e Julio Cesar; Bolatti (Sassá, 68' /
Fabiano, 88'), Marcelo Mattos, Gabriel, Jorge Wagner e Lodeiro; Henrique
(Yguinho, 61'). Técnico: Eduardo
Húngaro.
» Madureira: Yan; Marquinhos, Leozão, André e Gabriel (Luiz Paulo, Intervalo); Victor
Bolt, Gilson, Ryan e Carlinhos; Vitor Borges (Allan, 37') e Robert (Tiago
Barreiros, 57'). Técnico: Antonio
Carlos Roy.
8 comentários:
O time parece bem acertado. O esquema têm falsos 3 volantes. O Bollati se movimenta bem e até o Gabriel apareceu no ataque. Gostei do Jorge Wagner, parece estar em forma.
Júlio César bem, acertou um cruzamento milimétrico na cabeça do Henrique. Só errou o Eduardo Húngaro ao tirar um volante e abrir o meio na hora errada, colocando o Sassá e depois tendo que tirá-lo, mas este tipo de erro o Oswaldo cansava de cometer e outros técnicos também.
E o Henrique mostrou que não desaprendeu a fazer gol. Pode ser que aconteça o mesmo o que ocorreu com o Rafael Marques.
Lodeiro correu, mostrou alguma vontade..jogou na média.
Com o Ferreyra, Wallyson e quem sabe Jadson, dá para o time marcar mais gols e mostrar um futebol mais redondo ainda.
Parece que o Jadson está vindo mesmo.
Acompanho bastante o futebol paulista e vejo que ele pode ser muito útil ao time. Faz muitos gols e apoia bem.
O Botafogo jogou razoavelmente e o Húngaro mostrou que teve tempo para dar cara e um padrão tático ao time.
Não esqueçamos que foi o primeiro jogo da temporada e ter mostrado algum padrão tático, sem copiar o xiliquento do Oswaldo, foi bom.
Aurélio, Húngaro mostrar-se honesto depois de dois anos com um sujeito intelectualmente desonesto, é algo que deve ser realçado positivamente.
Não sou tão otimista quanto ao acerto do time pela simples razão de temer que a escassez de tempo para entrosar a equipa, por absoluta incompetência da diretoria em montar um time atempadamente, possa ser decidiva para a nossa eliminação precoce. Se passarmos, então, sim, poderemos pensar que o acerto vai acontecer á medida das necessidades. Se, atenção, tivermos suplentyes à altura dos titulares e se a Libertadiores for mesmo priorizada.
Posto isso, concordo genericamente com as suas observações, com as ressalvas de (1) J. Wagner estar em forma para sua idade, mas não para as nossas necessidades, porque não tem o vigor de outrora e (2) Henrique não tem a 'elasticidade' de Rafael Marques e não terá lugar na equipa principal, em minha opinião.
Abraços Gloriosos!
Eu gostei do time e da sua movimentação acho que a defesa se mostrou mais segura apesar da fragilidade do Madureira. O que me preocupa são algumas coisas
Primeiro, quando tínhamos o Seedorf eu não me preocupava com a questão do técnico. Hoje não, sem o holandês não vejo o Húngaro em condições de conduzir a equipe.
Segundo, temos que desde já ter um plano B para questão tática. O Osvaldo fez um belo trabalho mas era um time que jogava numa nota só.
E finalmente o time toca, toca toca... Mas não tem alguém realmente efetivo para colocar a bola para dentro do gol. O Henrique tinha tudo para ser um grande jogador, talvez ate tenha tempo para isso, mas positivamente não é o centro avante que HOJE nós precisamos.
Marco, segundo li, o Húngaro pretende montar uma defesa sólida, e eu concordo em absoluto que as viotórias começam por um bom goleiro e uima boa defesa. Temos tido defesas desastrosas, e só mesmo em 2013 a defesa foi razoável. Mas precisamos de uma que seja boa. Foi nessa base, e muitas vezes em contra-ataques rápidos, que as nossas equipas da década de 1960 foram campeãs. nesse iotem a realidade do futebol permanece a mesma. Sem defesa não há campeões.
Também achei a movimentação boa, mas sem o entrosamento necessário para um jogo pela Libertadores para a semana. Esperemos que o Quito tenha feito más contratações (foram 17) e que a crise deles continue bem viva.
Também temo a capacidade de liderança do treinador. Em campo não sei s eo J. Wagner poderia cobrir, de algum modo, a falta das orientações do Seedorf.
O ataque continua um desastre. Ou resolvemos isso super-rapidamente, ou não temos chance na Libertadores.
Abraços Gloriosos!
Considero que Wallyson, se mostrar seu verdadeiro futebol (o do Cruzeiro), pode ser muito util. Se Jadson vier, como parece que vem, também será muito importante.
E tenho certeza que se ontem fosse o Oswaldo, manteria o erro e tomariamos o empate..
Aurélio, não sei se a forma dessas dois estará 'famosa', mas vamos esperar que sim e que sejam úteis.
Quanto à sua nota sobre o Oswaldo também tenho a CERTEZA ABSLOTUTA que não chegaráimos ao fim com a vitória.
Abraços Gloriosos!
Oswaldo diria:
"Empate bom..não estou preocupado..estou tranquilo...esses desocupados me vaiam porque não têm o que fazer.."
Exatamente, Aurelio. Palavra por palavra era isso que ele diria.
Abraços Gloriosos!
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