segunda-feira, 30 de junho de 2014

De craque para craque – Parte 8

[Paulo Marcelo Sampaio é o autor destas crônicas, interpretando os protagonistas pelos quais assina; as crônicas publicadas no Mundo Botafogo são uma gentileza do autor.]

Do céu para a França
25/junho/2014

Michel, meu caro!

No começo até me zanguei. Mas tomei para mim os ideais daquela nossa antiga revolução: liberdade, igualdade e fraternidade. Alegaram congestionamento no Sky Mail, o correio aqui de cima. Não acreditei muito, mas resolvi não esquentar. Sou o último a mandar palavras de incentivo, embora elas, à essa altura, não sejam lá mais necessárias.

Quando vi meus amigos escrevendo essas missivas, me incomodei um pouco. Desde aquela entrada maldosa de Vavá, que me obrigou a jogar até o final do primeiro tempo com muitas dores aquela semifinal da Copa de 58, guardo uma certa mágoa do Brasil. Aquela Copa, com o Just tinindo, era nossa. Deixei isso pra lá. Como reza uma música bem bossa-nova que caíria bem na voz aveludada do Aznavour – ou de Chevalier talvez – brigas nunca mais. Mas a cada Mundial iniciado, corria nas minhas veias a sede de vingança. Três delas eu ainda estava por aí.

Ficamos, é verdade, em terceiro lugar quando o Brasil foi campeão. Mas de lá até aqui viramos a pedra nos sapatos, ou melhor, nas chuteiras deles. Me deu um frio na barriga quando você, Platini, isolou aquele pênalti. Mas eles estavam com pontaria pior. E contamos com as santas costas de Carlos, o arqueiro deles. Nunca tinha visto um gol contra em pênalti. Pois lá no México, em 1986, aconteceu.

Fregueses de caderninho. É o que tenho a dizer dos anfitrões dessa Copa, a Copa da alta média de gols, a Copa das zebras, a Copa cruz dos favoritos, a Copa dos latino-americanos. Vivi 83 anos até que bem vividos. Fiz algum sucesso naquela geração de ouro do Stade Reims. Mas nunca fui protagonista como você e o Zinedine. Ah, o Zidane! Que jogador esse jogador de sangue argelino.

Falam muito do nosso título em casa, mas com que alegria vi a atuação de Zidane contra nossas vítimas nas quartas-de-final de 2006. Quem esteve no estádio não acreditava em tanta categoria. Ali ele jogou o fino, como você jogou, Michel. Agora vivemos a era do Karim Benzema, mais um francesinho-argelino a nos encantar. Amanhã ele estará onde eu sempre quis estar: no templo do futebol, o Maracanã. Vai ser bom jogar sem pressão. Assim a chance de espetáculo será maior.

Esperando pela segunda estrela dos Bleus, te abraça o
Bob Joquet

Sem comentários:

Botafogo no pódio nacional de basquete 3x3

Último ponto para o pódio. Fonte: Youtube Jean Thomps. por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo O Botafogo foi o único clube carioca a a...