sexta-feira, 13 de junho de 2014

Tiro 'homicida' à Copa do Mundo

Entre os leitores do blogue existe uma salutar não unanimidade sobre determinadas posições do editor. Por exemplo, uns, apoiaram sempre o combate sucessivo que o Mundo Botafogo fez à nossa diretoria nos últimos 5 anos após o famoso almoço BFR / CRF em véspera da Taça Rio 2009; outros, tomaram posições de concordância ou discordância em diferentes momentos; outros ainda, sempre apoiando a Administração do clube, pensavam que o Mundo Botafogo era exagerado nas críticas, mas estão agora afinando pelo nosso diapasão quando se verifica que esta diretoria levou o Botafogo à pior depressão desde a descida de divisão em 2002 e ao seu mais periclitante desequilíbrio financeiro de sempre.

O Mundo Botafogo assumiu que não havia nem pessimismo nem otimista nas suas palavras, mas tão-somente realismo. Saber olhar com inteligência para as pessoas e as coisas é um bem que se faz a quem se ama. E eu amo o Botafogo.

Calar a insensatez e a estupidez dos homens sobre pessoas ou coisas que amamos é profundamente inqualificável do ponto de vista do contributo que poderíamos dar, porque a opção de omissão acaba geralmente por fazer com que o tiro saia pela culatra do revólver de quem dispara.

Amo o Botafogo, sou simpatizante do Sporting e gosto de ver as seleções de Portugal e do Brasil ganharem. Aliás, gosto de ver ganhar qualquer seleção dos países da lusofonia, porque todos os cidadãos cuja língua materna é o português, são meus irmãos. O que não gosto e dificilmente suporto é que as cores que amo, simpatizo ou gosto, caiam na insensatez e na estupidez da insanidade dos homens.

Foi o que aconteceu ontem na abertura da Copa do Mundo 2014.

Sejamos claros: é marcado um penalty inexistente no momento em que a Croácia começava a tomar conta jogo; no final, quando a Croácia tenta usar as suas últimas armas para empatar, o juiz vê outra falta inexistente que dá origem ao 3º gol brasileiro.

É de uma estupidez descomunal beneficiar a seleção do Brasil no jogo inaugural da Copa visto por milhões de pessoas em todo o mundo.

E, permitam-me os meus irmãos brasileiros, sejamos claros: a fama do Brasil além-fronteiras não é boa no quer concerne à corrupção existente, à alta criminalidade e aos clássicos desmandos políticos.

A Copa tem sido rodeada de críticas: ou porque se gastaram bilhões desnecessários; ou porque a FIFA apontou o dedo à má execução dos prazos de construção dos estádios; ou porque os alemães – jogadores e adeptos – estão receosos do que se possa passar com as manifestações e a criminalidade; ou porque os italianos estão num hotel em que dezenas de produtos foram retidos pela fiscalização devido a encontrarem-se fora do prazo; ou, finalmente, porque os mais pessimistas no que respeita ao desenvolvimento do país apontam desde há muito tempo que “a Copa foi comprada e o Brasil já a ganhou antes de começar”.

Portanto, para preservar a imagem do país e da seleção, todos deveriam estar de sentinela a qualquer indício de violação intencional das regras do jogo e combatê-lo. Em primeiro lugar, a FIFA, promotora do torneio, e as suas arbitragens; em segundo lugar, as entidades do país organizador; em terceiro lugar, os responsáveis da Seleção Brasileira; em quarto lugar, os próprios atletas para preservação da sua imagem. Ainda há um quinto responsável, embora mais disperso e menos diretamente interventor: o povo adepto do futebol.

Não sabemos o que se passou com o árbitro que não pode ter visto as faltas que originaram dois gols do Brasil, pela simples razão de não existirem. E se um árbitro não vê, não pode marcar uma falta porque lhe “pareceu” ser falta. É um pouco como o condenado americano à cadeira elétrica: muitas vezes a condenação ocorre com provas circunstanciais e apenas porque aos olhos do júri o réu lhe “parece” culpado; é executado e, mais tarde, sabe-se que não foi ele que cometeu o crime. Ou seja, é muito mais aceitável que um árbitro não marque faltas que efetivamente existiram porque “não viu” do que marcar faltas inexistentes que jamais poderia ter visto.

O que sabemos é que ontem a Copa perdeu mais credibilidade e o que ocorreu dá argumentos a todos aqueles que apontavam o Brasil como vencedor antecipado por razões alheias ao jogo. Terá sido coisa da FIFA, que lucrará de 15 bilhões não sujeitos a impostos pela primeira vez na história das Copas do Mundo? Terá sido por alguma intervenção de bastidores de entidades brasileiras? Terá sido porque o juiz é realmente incompetente e adotou a posição fácil de favorecer os da casa? Terá sido Fred, que na sua simulação absolutamente elementar está nas páginas do mundo na posição classicamente atribuída ao ‘malandro carioca’?

O que se passou realmente, não sei. Mas sei que o que se passou reitera o que muitos estrangeiros pensam do Brasil, dá imensos argumentos aos críticos da Copa, recoloca na ordem do dia a problemática das arbitragens, condena definitivamente a estupidez elementar de Fred.

Seja o que for que tenha acontecido, favorecer o Brasil em dois gols na abertura da Copa, sabendo-se que teoricamente vai ganhar ao México e a Camarões e que a sua classificação não estaria ameaçada pelo empate, é de uma enormíssima estupidez. Quanto a mim, devido a dois responsáveis diretos dos acontecimentos: o juiz da partida que apitou o que não viu de forma alguma; a falta de neurônios de Fred ao simular tão elementarmente uma falta inexistente dentro da área.

Em suma, pelo menos o juiz e Fred foram profundamente estúpidos e insensatos, queimando a arma ‘arbitragem’ logo no início da Copa, quando, na pior das hipóteses, isto é, exercê-la, só poderia acontecer em momento decisivo e fatal para a Seleção Brasileira. E em duas condições: ou uma arbitragem ‘inteligente’ que trava ou favorece jogadas a meio campo, e nunca dentro da área, ou um atleta que saiba, no mínimo, simular uma falta inexistente usando a inteligência com a qual Fred não foi favorecido à nascença.

E mal a Copa começou, os críticos brasileiros e o mundo inteiro – ou pelo menos os órgãos de comunicação social dos ‘países do futebol’ – podem encher as redes sociais e os títulos dos jornais com justas críticas e ironias arrasadoras.

No que respeita às críticas sobre Fred, até os adeptos fluminenses usaram as redes sociais para ridicularizar o seu ‘ídolo’. Nos ‘países do futebol’ o assunto é notícia de 1ª página, só escapando à crítica aberta na comunicação social portuguesa, certamente pelo amor e consideração que os portugueses têm pelos brasileiros (no que, aliás, são correspondidos pelos brasileiros, como se viu na receção à Seleção Portuguesa).

QUANDO NÓS NÃO NOS RESPEITAMOS, QUEM NOS RESPEITA POR NÓS?

Veja-se o exemplo da comunicação social em cinco países:

Olé – Argentina

Marca – Espanha

L’Équipe – França

Daily Mail – Inglaterra

Corriere dello Sport – Itália

Agora veja-se a paródia com que as redes sociais tratam o assunto:


Se não deu para pegar, deu para se jogar. Passou 96 minutos pedindo a bola e quando chegou perto… caiu. Se não pegou dessa vez, quem sabe pega na próxima.” – PC Guimarães, botafoguense (Portal Terra).


O Fred levou mesmo a sério esta história de não ter Copa. Tão a sério, mas tão a sério, que esqueceu de ir ao itaqueirão. Dormiu e sonhou com uma piscina. Aliás, as encenações já manjadas no Fluminense, foram as únicas ‘jogadas’ do artilheiro.” – Alex Calheiros, vascaíno (Portal Terra).


Parecia uma fusão de Alecgol com Brocador. Mas como já dizia o outro, centroavante não joga bem, centroavante faz gol. Ou cava pênalti. Fred, que passou a partida todo quietinho, como um bom mineiro, usou da malangragem carioca para ser decisivo.” – Carlos Henrique Andrade – flamenguista (Portal Terra).


Fred não pegou ninguém! Aliás, Frederico pegou o nosso amigo japonês… o juizão!!! Grande ator o nosso 9, hein!” – Raphael Abreu, fluminense. (Portal Terra)

FIZ A MINHA OBRIGAÇÃO: ALERTAR PARA O DESPRESTÍGIO DO PAÍS NOS ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO MUNDO INTEIRO E PROCURAR GANHAR PARA A CAUSA DO FUTEBOL OS BRASILEIROS QUE, TENHAM MUITA OU POUCA FORÇA E AUTORIDADE, POSSAM CONTRIBUIR DE ALGUM MODO PARA A CAUSA DE UM ESPORTE QUE APAIXONA MULTIDÕES.

Nota: Confesso o meu constrangimento ontem na CulturaFNAC ao comentar a partida no que respeita especialmente ao pseudo penalty, porque não esperava tão grande estupidez na inauguração da Copa e fui efetivamente surpreendido. Por isso fui brando, para não cometer a insensatez de comentários irreparáveis sob efeitos emocionais. Mas no Mundo Botafogo, após reflexão, aumentei o meu grau de liberdade crítica.

5 comentários:

Sergio Di Sabbato disse...

Meu caro Rui, você sabe o apreço e admiração que tenho pelo seu blog e pela sua pessoa que tive o prazer de conhecer aqui em Petrópolis em 2009 e quero parabeniza-lo por este brilhante e lúcido artigo. Infelizmente a imagem dessa nação foi mais uma vez manchada e, nós que gostamos do esporte queremos que seja disputado com dignidade, nos sentimos ofendidos com atitudes tanto de atletas quanto dessa arbitragem desastrosa com foi a de ontem. Infelizmente a malandragem ou o jeitinho brasileiro só são possíveis ou com árbitros despreparados como o de ontem, ou suspeita de coisa pior. Infelizmente esse tipo de atitude só é possível num país cuja ética é prá lá de duvidosa. Infelizmente o ocorrido no jogo de ontem levanta uma série de suspeitas que só denigrem a copa do mundo. Para piorar as suspeitas no jogo de hoje do México 1X0 Camarões a arbitragem foi um desastre: dois gols legítimos anulados do México, ou seja, validados os gols, o México seria o 1º do grupo. Vale lembrar que o México é do mesmo grupo do Brasil. Nossa seleção tem sido muito privilegiada pela arbitragem em jogos de aberturas. Muito rapidamente, me lembro de da copa de 82, quando a antiga URSS foi tremendamente prejudicada quando vencia por 1X0, não tendo sido assinalado um penalti a seu favor e, mesma na derrota para a Itália, esta teve um gol legítimo anulado. Em 94 a mesma URSS, acho que novamente Rússia foi novamente prejudicada por um penalti inexistente, graças a malandragem do Romário, que segurou o braço do defensor e se atirou ao chão, o juiz foi na conversa. E como esquecer o jogo de abertura em 2002, quando o árbitro deu um penalti contra a Turquia quando o lance ocorreu fora da área. Nesse mesmo ano a Bélgica teve um gol legítimo anulado contra a seleção da cbf e o pior, adversários de qualidade, Itália e Espanha, que poderiam atrapalhar o penta, foram vergonhosamente eliminados contra a Coréia com erros de arbitragem que fariam corar um torcedor cathiforme. Provavelmente eu seja uma pessoa fora de sintonia e antiquada com a cultura do nosso país, pois acho inadmissível que se deva vencer dessa forma, e gosto do futebol com um esporte de beleza plástica, das jogadas bonitas, das tramas bem feitas, da individualidade que destroça defesas unicamente pela habilidade. Vitórias como a de ontem e vitórias construídas ao acaso e com erros grosseiros da arbitragem em vários lances pouco importam. Para mim o importante é ver um belo espetáculo. Eu até comparo uma partida de futebol com um espetáculo de arte: de que adianta ir a um espetáculo onde está tudo certinho mas não há emoção. Quantas equipes são campeãs e o que se viu foram partidas deprimentes. Repito, sou antiquado e gosto do futebol como espetáculo, não apenas o resultado. Mas enfim é apenas a minha visão. Infelizmente o futebol em copas do mundo de 78 até hoje, em termos de um futebol bem jogado, bonito de se ver tem sido um desastre. Na minha opinião a última grande copa, com um futebol digno de espetáculo foi em 74 e, apesar da seleção de futebol mais bonito não ter sido campeã, não se pode negar os méritos a seleção campeã, com jogadores extraordinários que tinha a seleção alemã. Desculpe o longo comentário, mas como torcedor do Botafogo, clube tão prejudicado ao longo de sua existência dentro e fora de campo não podia deixar de manifestar a minha indignação e esse desabafo com esse tipo de coisa e mais ainda, com as suspeitas de resultados armados na copa mais cara e imunda de todos os tempos. Já chega ver tanta falta de vergonha no dia a dia de nossa nação, e naquilo que deveria ser um prazer, uma diversão, vira um verdadeiro atentado a dignidade e o bom senso e nos transforma em motivo de chacota. Rejeito e acho repugnante o jeitinho brasileiro, a malandragem, mas enfim, sou antiquado. Atitudes como a de ontem deveriam ser exemplarmente punidas pela fifa: o fred eliminado da competição por simulação e o juiz mandado de volta para o Japão. Dessa forma provavelmente a fifa ainda manteria um mínimo de credibilidade. Abs e SB!

Sergio Di Sabbato disse...

Rui, depois do meu longo comentário esqueci do seguinte: ontem ficou provado a máxima do futebol que diz que um bom time começa com um bom goleiro. Aquele goleiro da Croácia me fez lembrar os piores momentos do Max,Castillo e outros frangueiros que passaram pelo Botafogo. Fosse o goleiro croata o Jeferson, a fatura estaria garantida. Abs e SB!

Gil disse...

Rui,

Nada acrescentar ao ridículo do jogo!
Permita comentar sobre outro episódio que tenho certeza está sendo comentado no mundo, o xingamento a "entidade presidente de um país"!

Faz tempo que anulo ou voto em branco, pois atualmente as opções são nos menos corruptos.
Ontem, demos mais um vergonhoso e péssimo exemplo ao mundo em todos os níveis, infelizmente!
Outra situação é que a maioria, presente no estádio, eram convidados!

Abs e Sds, Botafoguenses!!!

Ruy Moura disse...

Concordo ponto por ponto, vírgula por vírgula, com o seu texto Sergio. E ao contrário do que pensa, não somos antiquados, porque a história da humanidade tem sido feita de mentiras, aldrabices, assssinatos, genocídeos e muito mais. O que somos é futuristas, esperançosos que um dia a humanidade abandone essa estupidez natural de se cilindrar a si própria, de se assassinar a si própria.

Essa estupidez humana é tão grande que muitos torcedores cujos clubes pelos quais torcem são humilhados por arbitragens favoráveis, por exemplo, aos cathartiformes do Rio Paulo e aos gambás paulistas, acabam 'esquecendo-se' desse 'sofrimento' de domingo após domingo e apoiam a malandragem dos jogadores da seleção e das arbitragens ou incompetentes ou corruptas. Quer dizer, se esses torcedores estivessem no poder faziam igual ou pior do que aqueles que criticam.

Sinceramente, sinto nojo de quem defende tal imoralidade e até se ufana de títulos escandalosamente conquistados. É bom lembarr, a quem nos acusa de termos um título brasileiro com um gol ilegal, que no 1º jogo no Maracanã o Santos teria perdido por 3x1 se não tivessemos sido prejudicados pekla arbitragem. O gol irregular em São Paulo foi a reposição da verdade.

A propósito de goleiros: hoje deu para perceber inteiramente porque razão é que José Mourinho afastou Casillas das redes madridistas quando treinava o Real Madrid.

Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Caro amigo Gil, sobre questões políticas do país não me pronuncio. Mas posso referir que participei em dois governos em Portugal acreditando piamente no que fazia e nos dias, noites e fins-de-semana em que trabalhava nos gabinetes ministeriais em prol de políticas boas para o país (Portugal) até altas horas da madrugada. Depois disso vieram governos inqualificáveis e, sem mais comentários, digo-lhe que atualmente nem me dou ao trabalho de anular um voto: simplesmente não votei nas últimas eleições presidenciais, nem nas legislativas, nem nas europeias. Só voto nas eleições municipais de Lisboa porque o presidente é, em minha opinião, a única figura em que eu votaria para governar Portugal e tem governado bastanmte bem a cidade de Lisboa, que está um 'brinco', segundo opinião dos próprios turistas. Nenhum mais leva o meu voto. Deixei de acreditar em partidos para só acreditar em individualidades, se acaso aparece alguma credível.

Abraços Gloriosos.

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