especialmente para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário e historiador do
Botafogo de Futebol e Regatas
Faltavam 5 dias para as eleições
do Conselho. A propósito do 24º aniversário da fusão de 1942, Saldanha deu o
seguinte toque: “Amanhã [8/12/1966],
o Botafogo marca mais um aniversário da fusão do FUTEBOL com o REGATAS. Pena
que, a propósito, um associado alvinegro, ao ler o boletim do clube, escreveu
para o Jornal dos Sports reclamando
que a publicação fala em tudo, menos em FUTEBOL E REGATAS. Realmente, a
concentração que o Botafogo de hoje faz no vôlei, atletismo, basquete e outros
esportes conduz fatalmente a estes esquecimentos. Lógico que isto é muito
perigoso. Toda a vez que o Botafogo ficou enfraquecido em futebol, os outros
esportes foram para o buraco e ainda mais: o corpo social contribuinte deu no
pé. Em 1932, o Botafogo tinha quase dez mil sócios e um timaço. Em 1933, com um
timinho, chegou a ficar com menos de duzentos sócios quites. Nos anos
subsequentes, a coisa foi mais ou menos parecida. Quem quiser, consulte os
arquivos do clube”.
Em primeiro lugar, Saldanha
deveria ter explicado ao leitor o que aconteceu em 1933 para transformar o
“timaço” num “timinho”. Traído por Flamengo, São Cristóvão e Vasco, que foram
se juntar ao Fluminense e associados (América e Bangu), o Botafogo ficou
sozinho com os clubes pequenos, mas avisou que “jogaria enquanto houvesse
adversários”.
O Glorioso pagou um alto preço
pela fibra. Martim Silveira e Paulinho Goulart, por terem defendido um time
universitário num amistoso contra profissionais, na Argentina, foram punidos
pela CBD com a perda do registro de amador. Repudiando o Fluminense, Martim se
profissionalizou e assinou com o Boca Juniors. Paulinho abandonou o futebol,
enojado com a situação em que foi envolvido. Benedicto e Álvaro foram para o
Fluminense. Almir, para o Vasco. Em fins de julho, Canali se transferiu para o
Torino. O Botafogo lhe ofereceu um banquete de despedida. Em 5/11/1933, o
Botafogo sagrou-se bicampeão carioca.
Em março de 1934, Martim Silveira
e Canali romperam o contrato com o América e retornaram ao Botafogo, cujo
solitário apoio permitiu que o Brasil disputasse a Copa do Mundo. Em 2/12/1934,
o Botafogo sagrou-se tricampeão.
Na mesma época, o Vasco, Bangu,
São Cristóvão, Carioca e Madureira abandonaram a Liga pirata. A FMD (Federação
Metropolitana de Desportos) sucedeu a AMEA (Associação Metropolitana de
Esportes Atléticos). Em 26/01/1936, o Botafogo sagrou-se tetracampeão carioca
(1932-1935).
Com a pacificação (29/07/1937),
surgiu a LFRJ (Liga de Futebol do Rio de Janeiro), regida pelo sistema misto, o
mesmo da FMD, defendido pelo Botafogo desde o início. Os anos 1933-1934 foram
de luta e sofrimento para o Botafogo, mas só os fracos (e os dissidentes)
pularam fora do barco.
Poucos leitores da Última Hora conheciam certas passagens
da biografia esportiva de Saldanha. Em dezembro de 1937, na qualidade de sócio
do Guanabara, ele foi eleito pelo Conselho Deliberativo para o posto de diretor
de voleibol. Em agosto de 1938, ele defendeu (na reserva) o Botafogo FC no
campeonato de basquete. O Botafogo foi vice-campeão. Em maio de 1939, trocou outra
vez de camisa, transferindo-se para o Olympico Club (campeão de 1938). Deu
azar, pois o título ficou com o Botafogo FC.
Passagem
autorizada pelo autor, extraída de: VILARINHO, C. F. O Futebol do Botafogo
1966-70. Rio de Janeiro: Edição do Autor, no prelo.
[O primeiro volume, O
Futebol do Botafogo 1951-1960, pode ser adquirido nas melhores livrarias do Rio
de Janeiro e a partir do sítio www.ofuteboldobotafogo.com]
Sem comentários:
Enviar um comentário