segunda-feira, 23 de março de 2015

Fragmentos ‘futebol no botafogo 1966-1970’: atribulações de João Saldanha no Botafogo [5]


por CARLOS VILARINHO
especialmente para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário e historiador do Botafogo de Futebol e Regatas

Faltavam 5 dias para as eleições do Conselho. A propósito do 24º aniversário da fusão de 1942, Saldanha deu o seguinte toque: “Amanhã [8/12/1966], o Botafogo marca mais um aniversário da fusão do FUTEBOL com o REGATAS. Pena que, a propósito, um associado alvinegro, ao ler o boletim do clube, escreveu para o Jornal dos Sports reclamando que a publicação fala em tudo, menos em FUTEBOL E REGATAS. Realmente, a concentração que o Botafogo de hoje faz no vôlei, atletismo, basquete e outros esportes conduz fatalmente a estes esquecimentos. Lógico que isto é muito perigoso. Toda a vez que o Botafogo ficou enfraquecido em futebol, os outros esportes foram para o buraco e ainda mais: o corpo social contribuinte deu no pé. Em 1932, o Botafogo tinha quase dez mil sócios e um timaço. Em 1933, com um timinho, chegou a ficar com menos de duzentos sócios quites. Nos anos subsequentes, a coisa foi mais ou menos parecida. Quem quiser, consulte os arquivos do clube”.

Em primeiro lugar, Saldanha deveria ter explicado ao leitor o que aconteceu em 1933 para transformar o “timaço” num “timinho”. Traído por Flamengo, São Cristóvão e Vasco, que foram se juntar ao Fluminense e associados (América e Bangu), o Botafogo ficou sozinho com os clubes pequenos, mas avisou que “jogaria enquanto houvesse adversários”.

O Glorioso pagou um alto preço pela fibra. Martim Silveira e Paulinho Goulart, por terem defendido um time universitário num amistoso contra profissionais, na Argentina, foram punidos pela CBD com a perda do registro de amador. Repudiando o Fluminense, Martim se profissionalizou e assinou com o Boca Juniors. Paulinho abandonou o futebol, enojado com a situação em que foi envolvido. Benedicto e Álvaro foram para o Fluminense. Almir, para o Vasco. Em fins de julho, Canali se transferiu para o Torino. O Botafogo lhe ofereceu um banquete de despedida. Em 5/11/1933, o Botafogo sagrou-se bicampeão carioca.

Em março de 1934, Martim Silveira e Canali romperam o contrato com o América e retornaram ao Botafogo, cujo solitário apoio permitiu que o Brasil disputasse a Copa do Mundo. Em 2/12/1934, o Botafogo sagrou-se tricampeão.

Na mesma época, o Vasco, Bangu, São Cristóvão, Carioca e Madureira abandonaram a Liga pirata. A FMD (Federação Metropolitana de Desportos) sucedeu a AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos). Em 26/01/1936, o Botafogo sagrou-se tetracampeão carioca (1932-1935).

Com a pacificação (29/07/1937), surgiu a LFRJ (Liga de Futebol do Rio de Janeiro), regida pelo sistema misto, o mesmo da FMD, defendido pelo Botafogo desde o início. Os anos 1933-1934 foram de luta e sofrimento para o Botafogo, mas só os fracos (e os dissidentes) pularam fora do barco.

Poucos leitores da Última Hora conheciam certas passagens da biografia esportiva de Saldanha. Em dezembro de 1937, na qualidade de sócio do Guanabara, ele foi eleito pelo Conselho Deliberativo para o posto de diretor de voleibol. Em agosto de 1938, ele defendeu (na reserva) o Botafogo FC no campeonato de basquete. O Botafogo foi vice-campeão. Em maio de 1939, trocou outra vez de camisa, transferindo-se para o Olympico Club (campeão de 1938). Deu azar, pois o título ficou com o Botafogo FC.

Passagem autorizada pelo autor, extraída de: VILARINHO, C. F. O Futebol do Botafogo 1966-70. Rio de Janeiro: Edição do Autor, no prelo.

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