por AURIEL DE ALMEIDA
Investigador esportivo
especialmente para o Mundo
Botafogo
A campanha do Botafogo no
primeiro estadual da década
[1990] foi quase perfeita – apenas uma
derrota em 123 partidas, impedindo que o clube repetisse a marca de 1989,
quando foi campeão invicto. […]
Mas se em campo o Glorioso não
encontrou adversários, o mesmo não s epode dizer fora dele. A dobradinha
fisiológica […] personificada nas figuras de Eduardo Vianna
(o Caixa D’ Água) e Eurico Miranda […] já
começava a ser perigosa. […]
Os dirigentes vascaínos, com as
costas devidamente cobertas pela Federação, resolveram alterar em conselho
arbitral a interpretação de um ponto crucial do regulamento, que definia as
vantagens para a finalíssima. […]
A proposta abusada no conselho
arbitral: o Vasco defendia que, caso vencesse a semifinal, somaria mais dois
pontos aos conquistados no primeiro turno e passaria a ser a equipe com melhor
pontuação, superando o Botafogo. […]
A ideia era absurda. O
regulamento dizia claramente que a pontuação era referente apenas à primeira
fase. […] Os Botafoguenses, indignados, prometeram
disputar a final de acordo com as regras originais. […]
Aos 34 minutos [da segunda parte], quando tudo indicava que o placar não sairia
do zero a zero, […] Carlos Alberto,
na corrida, já havia chegado na bola e emendou: 1 a 0 para o Glorioso, gol que
naquelas circunstâncias definiu a partida. […]
Conforma prometido, o Alvinegro
recusou-se a jogar a prorrogação, recebeu o troféu […] e deu a volta olímpica. […] Os
vascaínos esperavam sentados. Após a festa botafoguense o juiz Cláudio Garcia
encerrou oficialmente o jogo, anotando na súmula uma vitória do Vasco na
prorrogação por desistência do rival. […]
A sentença do Tribunal da
Federação foi rápida e assustadora: o título era do Vasco, e o Botafogo foi
imediatamente desfiliado da entidade. Chocados, os alvinegros recorreram no
Supremo tribunal de Justiça Desportiva, que no dia 9 de Agosto anulou a decisão
da FFERJ. […]
No fim, valeu a palavra do STJD:
“Se o Botafogo não fosse proclamado o campeão, a moralidade esportiva estaria
comprometida”.
[Além da
narração de partes do jogo, Auriel de Almeida ainda faz dois destaques dedicados
a Carlos Alberto Dias e Wilson Gottardo.]
Excerto
autorizado pelo autor. In: ALMEIDA, A. (2012). Jogos Memoráveis do Botafogo.
Rio de Janeiro: ed. iVentura, pp. 157 a 160 (à venda nas livrarias Travessa e
Saraiva ou no portal www.iventura.com.br
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