por
PEDRO ARÊAS, 25/08/2014
Ops,
desculpa... De General Severiano para Marechal Hermes. Subida de patente?
Perdão, meu Neto, mas que caralhos! Aderimos de vez ao militarismo mais baixo e
sujo imaginável. Os verdes e encantadores picadeiros transformaram-se
repentinamente em campos de batalha barreados, repletos de barricadas e
armadilhas, campos minados, povoados por falsos humoristas sem censo de humor,
cabeças de bagre que atiravam aleatoriamente para todos os lados, mesmo quando
sangrava-lhes o peito. Pernas de pau mudaram completamente o sentido, não eram
mais aqueles compridos pedaços de madeira que faziam de um anão, um gigante,
eram os caras ruins de bola mesmo, dando caneladas e bicudas, destratando à
gorducha.
Grades
passaram a separar antigos amigos, como em currais, ingressos falsos passaram a
ser vendidos em valores mais altos por aproveitadores de plantão, policiais
desceram à marreta antes de dar boa tarde ou perguntar como anda sua família e
artistas que discordavam do processo passaram a ser bandidos subversivos.
Cadeia. Curral. Ao soar do apito inicial o adversário passou a ser inimigo, e
após o apito final, dependendo do resultado, tornava-se persona non grata. É guerra!
A
rivalidade elevou-se ao nível mais alto da irracionalidade. Como nosso
colonizado povo sempre tendeu a buscar ídolos cegamente, fomos atrás dos mais
atrozes militares do planeta, os do velho continente. Em torturas e massacres
eles são fantásticos! Napoleão Bonaparte, Adolf Hitler, Joseph Stalin, Antônio
de Oliveira Salazar, Francisco Franco, Benito Mussolini, Slobodan Milosevic....
Que time, hein? Haja metralhadoras e preconceitos. Por que diabos, não seguimos
os passos horizontais de Chaplin e seu desengonçado Carlitos? No campo da arte,
inserimos números, a maldita matemática entrou no espetáculo, passou a fazer
parte do show, passou a dominar o show. Tanto no aspecto financeiro em si,
quanto nos esquemas de guerra: 4-4-2, 3-5-2, 4-5-1, 4-2-2-2, 4-2-2-1-1.
As
trupes, de súbito, tornaram-se forças armadas. O improviso e a criatividade
brasileiras deram lugar aos duros esquemas destrutivos europeus, cavalaria
armada, sem jogo de cintura algum. Táticas aplicadas em funções defensivas,
estudo do adversário e suas possibilidades, fragilidades e suas variáveis. É
guerra! Como historicamente somos péssimos imitadores, pegamos o que havia de pior
deles, fomos nos assemelhando a animais irracionais. E os jargões dos novos
comandantes passaram a ser:
Morde, morde, morde!
Tem que comer grama nessa merda!
Chega junto, pega porra!
Dá uma patolada nesse otário!
Cospe na cara, taca areia no olho!
Desarma!
Faz falta seu imbecil!
Não pode passar de jeito nenhum, anta, essa porra é pra homem!
Enfia o dedo no cú dele!
Mata a jogada!
Tá limpinho por quê? O uniforme tem que estar sujo de lama,
caralho!
Dá-lhe uma dedada!
É guerra mesmo!
Chega por trás, ele tá de palhaçada!
Enfia à porrada!
Manda ele se foder!
Cai no chão, faltam só cinco minutos!
Urra de dor, finge que se machucou pra passar o tempo seu merda!
Espera à maca deitado, sua mula!
Estamos preparados para a batalha do século!
Esse é o jogo das nossas vidas, tem que dar sangue pelo time!!!!
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