segunda-feira, 9 de maio de 2011

Caio Júnior dixit

A lucidez de Caio Júnior deve-se realçar. A sua convicção e as suas acertadas observações dão-me alguma confiança. Eu gostaria que a torcida lhe desse pelo menos todo o ano de 2011 para mostrar os seus progressos, embora treinador brasileiro não dure em nenhum clube nacional – pelas ‘panelinhas’ dos jogadores, pela falta de coragem dos dirigentes e ou pelos excessos emocionais de torcidas culturalmente mal preparadas para interiorizar o futebol moderno.

Há dúvidas sobre isso? Não tenho nenhumas: Muricy Ramalho foi corrido do São Paulo apesar do tricampeonato… (e o São Paulo não tornou a ser campeão, mas Muricy foi em 2010) Matt Busby treinou o Manchester United durante 24 anos e Alex Ferguson já vai em 25 anos… e nem por isso o Manchester deixou de ganhar e de inovar…

A ideia do torcedor brasileiro de que uma equipa de futebol deve ser ataque, ataque, ataque (mesmo não havendo já Pelé, Garrincha, Quarentinha, Amarildo, Jairzinho…), esbarra com o provérbio popular de que “um bom ataque é capaz de ganhar jogos, mas é uma defesa segura quem costuma vencer campeonatos.”

Mas apreciemos as palavras de Caio Júnior acerca da dificuldade dos treinadores brasileiros em treinarem jogadores brasileiros no próprio país e raramente serem chamados a treinar clubes europeus:

“A gente vê grandes equipes do futebol europeu que têm uma posse de bola, uma aplicação tática, por causa dos treinamentos. Não é só ir a campo, que a coisa surge. Tem que repetir, treinar. Acho que a maior dificuldade do treinador no Brasil é cultural. Você tem que ter muita paciência, mostrar no vídeo, mostrar no campo. Ainda assim eles têm muitas dificuldades de aplicar no jogo. Quem quer implantar coisas diferentes, mais modernas, encontra muitas dificuldades.”

(…)

“O que é o rachão? Qual é a ideia? É a descontração. Acho que não é uma coisa errada, mas você não precisa fazer só isso. O jogador, quando sabe que é só isso, nem se prepara para o treino, não se cuida. Então se pode fazer um treinamento recreativo durante o treinamento. Isso pode ser uma parte do treinamento. Na véspera de um jogo é muito importante fazer uma bola parada, ou um trabalho tático.”

(…)

“Tenho uma linha. No aspecto tático, evolui bastante. Acompanho muito o futebol europeu e acho que a evolução está aí. Temos que admitir que eles estão mais preparados, estudam mais, e acreditam muito na parte tática. Essa é a grande diferença do treinador europeu para o brasileiro. O europeu treina e determina para os jogadores, que acreditam e fazem. No Japão, por exemplo, era impressionante. A determinação, aplicação e disciplina tática me deixavam impressionado. Se você pede uma coisa, o cara faz aquilo rigorosamente. Não muda uma vírgula. Essa é uma diferença. Você pede uma coisa para o jogador brasileiro, e ele faz um pouquinho diferente, até pelo talento.”

(…)

“Fiquei chateado com uma declaração do Jorge Jesus, que é treinador do Benfica. Ele citou os italianos, portugueses, alemães, argentinos, mas coloca o treinador brasileiro como um dos últimos. Por que ele acha que é muito fácil ser treinador no Brasil? Porque aqui tem muito talento. Ele esquece que aqui tem uma pressão absurda no dia a dia, em nenhum lugar do mundo é assim. Ser treinador no Brasil é muito mais difícil, pela pressão e pela cultura do jogador brasileiro. Na Europa, os caras são avaliados de dois em dois anos. Pelas dificuldades que passamos, o treinador brasileiro tem de ser mais valorizado no futebol mundial. Mas ele não é visto assim. O treinador brasileiro trabalha no mundo todo, menos na Europa.”

4 comentários:

Anónimo disse...

GRANDE IRMÃO
SABES BEM QUE CONHEÇO A PERSONALIDADE DESTE RAPAZ O CAIO JR POR TER TRABALHADO COM ELE NO PARANÁ E A SUA FAMÍLIA.
COMO TREINADOR NO PARANÁ ERA EXTREMAMENTE DIDÁTICO E PRÁTICO, ATÉ POR ISSO O PARANÁ CHEGOU ONDE CHEGOU.
MAS SE DEMOS UM ANO A JS PORQUE NÃO AGUARDAR O QUE CAIO JR PODE PRODUZIR PARA O CLUBE.
DE UMA COISA TENHO CERTEZA
JAMAIS VEREMOS O BOTAFOGO COVARDE NOVAMENTE
SE CHEGAR 3 OU 4 CONTRATAÇÕES BEM FEITAS ELE ARRUMARÁ A CASA PODE TER CERTEZA DISSO

SAUDAÇÕES ALVINEGRAS GLORIOSAS

MARCOS VENICIUS

Ruy Moura disse...

Sei disso, irmão. E desejo que tenhas toda a razão do mundo! Mas se a diretoria não contratar... que poderá ele fazer?

Embora eu não goste do Joel Santana, percebe-se hoje mais claramente as razões do 8-0-2 do Joel. É que tal como o Caio diz, não há armadores! Criatividade não existe no meio-campo botafoguense!

E a retranca do Joel não podia ser de outra maneira: com time tão ruim só a retranca pode ganhar alguns pontos.

Confesso que acho que o Botafogo além de não ter meio campo, também não tem uma defesa capaz e ataque ainda menos. Eu gosto do Loco, é sabido. Mas mais pela sua personalidade e pelas suas 'loucuras' em campo do que pelo futebol que não tem. Loco precisa de emparelhar com gente de ataque criativa, senão... Herrera e Caio são fracos demais...

Abraços Gloriosos!

Lorismario disse...

Caro Rui. As declaraçõesa do Caio me fizeram lembrar daquelas funções para cada posição que foram delineadas para serem treinadas Você se lembra da cópia que lhe enviei? Treino com execução e feed-back para os resultados do treino. Eis a questão. Loris

Ruy Moura disse...

Claro que me lembro, Loris. É assim que os treinadores europeus trabalham. No Brasil é que os treinadores ex-jogadores insistem num empirismo absolutamente anódino.

Abraços Gloriosos!

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