por Cosme Rímoli
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Liderados por Seedorf e Jefferson, jogadores do Botafogo dão uma lição de profissionalismo. Foram campeões do Rio e estão jogando ótimo futebol sem receber. Um episódio que escancara o amadorismo dos dirigentes no Brasil...
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Liderados por Seedorf e Jefferson, jogadores do Botafogo dão uma lição de profissionalismo. Foram campeões do Rio e estão jogando ótimo futebol sem receber. Um episódio que escancara o amadorismo dos dirigentes no Brasil...
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"Aqui não tem
mercenário. Aqui não tem jogador que só pensa
em dinheiro. Aqui tem pais de
famílias."
O desabafo é do
goleiro Jefferson.
Ele mostrou sua
indignação antes de se apresentar à Seleção.
Sua queixa é
inacreditável.
Mostra como os clubes
grandes brasileiros são administrados.
O Botafogo ganhou o
Campeonato Carioca de forma impressionante.
Venceu os dois turnos.
Não deixou espaço para
Flamengo, Vasco e Fluminense.
Não houve nem final.
A superioridade dentro
de campo foi absoluta.
O time teve sete
atletas na seleção do torneio.
E Oswaldo de Oliveira
como melhor treinador.
Qual foi o prêmio que
a equipe recebeu por este domínio do Rio?
Dois meses de salários
atrasados.
Ou seja, enquanto
comemoravam o título, os atletas sabiam.
Não recebiam pelo
trabalho.
A Federação Carioca
não se manifestou.
O Sindicato dos
Atletas do Rio de Janeiro também não.
Como se tudo fosse
normal.
Os líderes do time
resolveram protestar.
Não se concentraram
para a partida contra o campeão mundial Corinthians.
Foram ao clube no
sábado e embarcaram para São Paulo.
Jogaram com toda a
dedicação.
E foram até melhor do
que o adversário em pleno Pacaembu.
Empataram em 1 a 1,
mais uma premiação que não receberam.
A tabela apontava
quarta-feira partida contra o Santos.
A diretoria esperava
novamente que o time não se concentrasse.
Mas Seedorf e
Jefferson, líderes do elenco, procuraram a direção.
E avisaram que o time
queria sim se concentrar.
Alegaram que a
logística seria facilitada, já que o jogo será em Volta Redonda.
Está sendo uma
sucessão de demonstração de profissionalismo incrível.
Comprometimento com o
clube, com a profissão.
Algo raro no futebol brasileiro.
A situação do
financeira do Botafogo é lamentável.
Um levantamento da Pluri
Consultoria aponta.
São mais de R$ 566
milhões.
A interdição do
Engenhão foi um golpe terrível.
O clube conseguia
pagar os jogadores com o aluguel do estádio.
Os dirigentes estavam
para fechar um acordo de R$ 30 milhões por ano.
Iria vender o naming
rights do Engenhão.
Com a ameaça de
desabamento da cobertura, o estádio foi interditado.
O clube deixa de
ganhar também o dinheiro dos camarotes.
A situação está tão
ruim que a direção resolveu fazer o que não queria.
Está negociando Doria,
sua maior revelação em anos com o grupo DIS.
Mistura firmeza,
antecipação e técnica.
Uma promessa de apenas
18 anos.
Recebeu a proposta de
oito milhões de euros, cerca de R$ 21 milhões.
Dirigentes insistem
que não há solução a não ser vender o atleta.
E com esse dinheiro
pagar os salários dos jogadores até o final do ano.
Eles querem vender e
apenas tentam demover o grupo de levar Doria.
O plano dos
empresários é usar o Cruzeiro como vitrine para o beque.
Acreditam que atuando
ao lado de Dedé, ele conseguirá maior valorização.
A venda está para ser
fechada entre hoje e o final de semana.
Os jogadores estão
acompanhando tudo de maneira digna.
Até se reunindo com
chefes de torcidas organizadas.
Tudo acontece de
maneira clara.
Com muito profissionalismo
por parte dos atletas.
Seedorf e Jefferson
mostraram como se age em um momento de crise.
Se os atletas se
entregassem, sabotassem seu trabalho, seria tudo pior.
O time foi campeão sem
salários.
É um exemplo de
dedicação.
E mais um motivo para
vergonha da organização do futebol brasileiro.
O Botafogo é um clube
de grandes conquistas.
Base de Seleções
Brasileiras campeãs do mundo.
Mas não se estruturou.
Se atolou em dívidas.
Chegou a vender
General Severiano, sua sede, para a Companhia Vale do Rio Doce.
Só a conseguiu de
volta dando o seu ginásio coberto no Mourisco.
Mesmo assim, as
dívidas só aumentaram.
E quase todo ano a
situação é a mesma.
A diretoria atrasando
salários.
A grande diferença em
2013 partiu dos jogadores.
Eles estão tendo uma
atitude digna.
Marcam posição
pública, mostram que estão sem receber salário.
Mas se desdobram em
campo.
Amadorismo do lado dos
dirigentes.
Incapazes de manter a
folha de pagamento em dia.
E emocionante
demonstração de profissionalismo de outro.
De jogadores que só
querem ter o direito de receber por seu trabalho...
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