Blog no Alto da Montanha:
João é botafoguense, apesar do pai
rubro-negro. Rubro-negro sadio, não doente, graças a Deus, senão o infarto
seria o caminho natural das coisas.
O interessante é que ele possui mesmo a
personalidade do botafoguense. Aquele pessimismo característico, quase covarde
dos alvinegros.
O jogo pode estar 5x0 para o
Botafogo, que com 45 minutos do segundo tempo a torcida ainda está apreensiva,
ninguém comemora, com medo de uma (im)possível virada, todos aguardando o apito
final desesperadamente para soltar o grito de vitória.
Que quase sempre é sofrida... assim
como a torcida.
Assim como aquela frase que define o
time: “Tem coisas que só acontecem ao Botafogo.” Acho que foi outro João quem
disse isso, o Saldanha.
E assim, como milhares de
botafoguenses, João não liga muito para futebol. Não gosta. Não sabe quando o
Botafogo joga ou jogou. Não se interessa em saber se ganhou ou perdeu. Não sabe
qual o campeonato que está disputando. Mas possui uma atração irresistível por
aquela estrela solitária.
O curioso é que isso é inerente a
personalidade dele, é algo verdadeiro. Vejamos alguns diálogos:
“- Olha pai, o Botafogo está ganhando,
quem diria?!”
“- João, o Botafogo ganhou do Vasco.”
“- Pô, pai, esse Vasco deve ser muito
ruim, pra perder do Botafogo!”
“- João, o Botafogo é o líder do
campeonato!”
“- Ah, vou comemorar não, deve ser
passageiro.”
Parêntesis. E como todo botafoguense,
adora quando o Flamengo perde. A derrota do Flamengo acaba sendo mais
importante que a vitória do Botafogo, ou até mesmo que a existência do
Botafogo. É, acho que o infarto não está descartado. Fecha parêntesis.
Acho que sinto até inveja desse
desinteresse futebolístico. Pois o apaixonado pelo futebol, pelo seu time,
sofre com as derrotas na mesma intensidade com que vibra com as vitórias.
Certamente ele vai ser poupado de muitos dissabores ao longo da vida, em função
da bola.
Até porque, têm coisas que só acontecem
ao Botafogo.
E coisas que só acontecem comigo.
Parabéns, filho! O Fogão foi campeão!!!
PAPAI TE AMA! FOGOOOOOOO!
[ Nota de Mundo Botafogo: Se achou engraçado o texto, independentemente de eventuais discordâncias sobre algumas considerações acerca do Botafogo, divirta-se lendo
outros neste blogue. Por exemplo, as respostas do blogueiro acerca das
perguntas do filho sobre os peitos dos homens:
2 comentários:
Rui, promovi a estreia em estádios de futebol do João Miguel, filho de um grande amigo meu. Era o primeiro jogo do Seedorf com nossa camisa e o Botafogo perdeu de 1 x 0 para o Grêmio. E jogaram mal, tanto o Botafogo quanto o Seedorf.
O jogo foi horroroso, o Botafogo perdeu e passamos por problemas enormes na saída do estádio. Mas o João disse que adorou e queria voltar mais vezes.
Este João, o Miguel, escolheu o time por si mesmo, acho que dos quatro pros cinco anos. É torcedor ferrenho, daqueles que começam cedo -- na idade e no empenho --, já procurando as notícias esportivas no dia seguinte das partidas.
O pai é botafoguense e sei que não influenciou na escolha do filho, porque é pouquíssimo ligado ao futebol.
Mas o João Miguel, não. Sua paixão pelo Botafogo trouxe o pai pra perto das coisas do esporte, fez a irmã gêmea virar a casaca -- que era vermelho e preta --, forjou o botafoguismo no irmão mais novo e está prestes a "converter" a mãe.
Todo João botafoguense tem algo em comum. Mesmo que grandes diferenças ou nuances que a fantástica diversidade humana nos presenteia separe um do outro através de suas individualidades, jamais será um "João do Garrincha". Porque todo o João botafoguense tem o Garrincha ao seu lado, o que é muito diferente de ser um dos outros "joões'.
Saudações botafoguenses!
Que fantástico é o João Miguel. É sempre uma boa recordação ter levado um garoto assim ao seu primeiro jogo de futebol. Seria bom que ele lesse o Mundo Botafogo.
Abraços Gloriosos!
Enviar um comentário