terça-feira, 21 de maio de 2013

Lutas políticas no Botafogo: 17 anos para o regresso a casa


A demolição de General Severiano foi uma grande perda para o futebol nacional. Foi naquele gramado que surgiram ídolos como Garrincha e Nilton Santos. Ainda garoto, Jairzinho assistia aos treinos do Botafogo no mesmo local. Além disso, o local foi o berço do clássico entre Botafogo e Flamengo.”Thiago Santos, historiador.


Sobre Carlos Vilarinho, autor dos comentários publicados

Carlos Vilarinho é um botafoguense de sempre, sócio-proprietário e historiador que inclui nas suas investigações histórico-políticas a trajetória do Botafogo de Futebol e Regatas, analisada pelo prisma das ‘lutas políticas’ no interior do clube e com base no ‘método científico’ de pesquisa em busca da ‘verdadeira verdade’, quase sempre oculta.

Conheci Carlos Vilarinho em 2009, durante um almoço em Vila Isabel, e impressionou-me positivamente as suas aguçadas observações sobre diversos assuntos do Glorioso e os pormenores dos seus conhecimentos. Estou em crer que, atualmente, Carlos Vilarinho é a pessoa que mais conhece o desenrolar dos bastidores do Glorioso ao longo da sua saga desportiva.

Esta linhas introdutórias vêm a propósito de Carlos Vilarinho ter efetuado diversos comentários neste blogue sobre um artigo que publiquei defendendo a mudança de nome do Engenhão para ‘Estádio Olímpico João Saldanha’.

O seu depoimento é muito importante, porque evidencia claramente a inoportunidade da atribuição desse nome ao Engenhão. Com a sua autorização, compilei os seus comentários e sequenciei-os como me pareceu mais adequado.

Carlos Vilarinho é o autor do livro ‘Quem Derrubou João Saldanha’, editado em 2010.

Segue-se o depoimento fundamental de Carlos Vilarinho, usando-se aspas. Os comentários do editor do Mundo Botafogo encontram-se entre parêntesis reto.

A posição sobre a mudança de nome do Engenhão

“O Botafogo não deve escorregar na casca de banana lançada pelo prefeito. A responsabilidade de manter ou alterar o nome do Estádio Olímpico é exclusivamente dele. Agora, o Botafogo não deve apoiar a sugestão de quem desconhece inteiramente o papel de cada um tanto na venda da sede e do estádio quanto na sua reconquista.”

“Batizar o Engenhão com o nome de João Saldanha seria um prêmio indevido a quem detestava a convivência do futebol botafoguense com os esportes olímpicos; e um desrespeito a todos que lutaram (por 17 anos) para que o Botafogo voltasse para casa.”

[Nota de Mundo Botafogo: a expressão “voltasse para casa” significa o regresso do Botafogo a General Severiano, que havia sido perdido em 1976 e somente foi recuperado em 1993, superando-se então o trauma de uma torcida que durante tantos anos resistiu sem comemorar títulos oficiais e sem usufruir da sua ‘casa natural’.]

As votações dos vereadores

“Os vereadores e deputados do PSOL deveriam priorizar a luta em defesa do futebol carioca, indo a fundo nas investigações do que está por trás da interdição do Engenhão, cujos efeitos são desastrosos para o Botafogo. A atitude subalterna da diretoria do Botafogo a coloca numa posição insustentável. Este movimento de mudança de nome cheira a manobra de gente que não tem nada a ver com o Botafogo e seus problemas. O nome que se dane! A prioridade é reabrir o Engenhão!”

“Devemos pressionar o Ministério Público para se pronunciar a respeito da suspeita interdição.”

[Nota de Mundo Botafogo: Deve-se realçar estas três afirmações de Carlos Vilarinho para o debate sobre o Engenhão: (a) “indo a fundo nas investigações do que está por trás da interdição do Engenhão, cujos efeitos são desastrosos para o Botafogo”; (b) a atitude subalterna da diretoria do Botafogo a coloca numa posição insustentável; (c) a reabertura do Engenhão.]

“Esses caras são velhos inimigos do Botafogo. Esse movimento tem outros fins, que passam longe do Rio de Janeiro. São interesses – digamos assim – federais.”

“Lembro que o Botafogo só voltou para casa porque a Câmara dos Vereadores aprovou, em 1991, a elevação do gabarito das construções na praia de Botafogo, condição sine qua non para que a Companhia Vale do Rio Doce aceitasse fazer negócio com o Botafogo.”

“Pois bem, na primeira votação, em 28/11/1991, a aprovação foi unânime. O então vereador do PT, Eliomar Coelho se retirou do plenário. Na segunda votação, em 05/12/1991, ele e Chico Alencar (PT) votaram contra, mas foram esmagados. Deu Botafogo na cabeça!”

“Também devemos exigir um pronunciamento desses politiqueiros, cuja conduta, no passado, sempre foi marcada pela hostilidade ao Botafogo.”

[Nota de Mundo Botafogo: Chico Alenquer foi quem lançou agora a sugestão de o Engenhão passar a chamar-se ‘Estádio Olímpico João Saldanha’, e Eliomar Coelho, do PSOL, foi um dos três vereadores que apresentou o Projeto de Lei para a efetivação dessa mudança.]


Saldanha contra a história e a ideologia do Botafogo

“Voltando à sugestão da troca do nome de Havelange por Saldanha, permita-me firmar a seguinte posição.”

“O nome do Engenhão (Estádio Olímpico) não deve ser dado a quem sempre combateu (com todas as armas, lícitas ou não) os esportes olímpicos amadores praticados por atletas botafoguenses. Saldanha era o ideólogo da corrente que não aceitava a fusão do Futebol com o Regatas, sempre pintado como um covil de tricolores. Isto é uma grossa mentira.”

[Nota de Mundo Botafogo: Os detratores dos esportes olímpicos sempre fizeram passar a ideia que o Club de Regatas Botafogo era um covil de tricolores, mas efetivamente não é verdade. A fusão de 1942 do Club de Regatas Botafogo (CRB) com o Botafogo Football Club (BFC) nunca se daria se os tricolores dominassem o CRB. Havia alguns tricolores, nada mais, que acabaram por desaparecer com a fusão. Os detratores dos esportes olímpicos nunca desejaram nem o remo nem outras modalidades, defendendo exclusivamente o futebol como prática desportiva. Aliás, isso é bem patente em inúmeros casos em que a fundação do BFR aparece com a data de 1904, ao contrário do que o estatuto designou aquando da fusão em 1942, que além de consagrar o futebol e o remo como modalidades para sempre, também determinou a comemoração das duas datas fundadores do CRB e do BFC e a fusão, nas camisas de futebol, das listras alvinegras do BFC e da Estrela Solitária do CRB, ficando o remo com o uniforme negro. E foi a existência do CRB que nos permite termos o escudo mais belo do mundo com a sua Estrela Solitária e que nos faz ser o único clube multiesportivo brasileiro campeão em três séculos, em virtude da vitória estadual do remo em 1989 pelo CRB. Ademais, o grande ideólogo da fusão, a qual já era assunto desde pelo menos 1938, foi Augusto Frederico Schmidt, presidente do Club de Regatas Botafogo entre 1941-42 e indiscutivelmente um dos maiores botafoguenses de sempre, além de um ilustre poeta, escritor, político, editor e empresário.]


Início das lutas políticas na década de sessenta

“Já em fins de 1959, Saldanha dava claros sinais de sua disposição em romper com o Botafogo, com sua história e sua ideologia. No período de 1965-1967, Saldanha, Rivinha e Cia moveram uma guerra suja contra a Velha Guarda com o objetivo de liquidar os esportes amadores.”

“Em 15/02/1967, Saldanha apoiara a decisão do Flamengo de vender a sede do Morro da Viúva: “Aquilo está pessimamente alugado e não rende coisa alguma”. Sobrou para o Botafogo quando acrescenta: “Um estádio e sede obsoletos não foram atualizados porque os que construíram querem que suas obras fiquem para a eternidade. O clube que se dane. O importante e que fala mais alto é a vaidade de meia dúzia de homens que estacionaram. Aliás, esta a razão principal do atraso em que se encontram os clubes cariocas de futebol. Muita moleira fechada e o diabo é que eles mandam”.”

“Aqui, a palavra não serve para comunicar, mas para confundir. O Botafogo não é um clube de futebol, mas uma associação esportiva (fundamentalmente amadorista) com um setor profissional de futebol. Saldanha estava bem a par das providências tomadas pelo Clube para construir um novo estádio na Avenida Brasil, abrindo espaço em General Severiano para uma moderna sede social. Preservando, naturalmente, o Palacete, que Saldanha considerava “obsoleto”, devendo ser posto abaixo. A defesa genérica do Clube não passava de recurso vocabular para atingir o objetivo de eliminar a Velha Guarda como força política, removendo a barreira de proteção dos esportes olímpicos.”

“Ora, isto significava ir contra a essência do Botafogo. Além disso, alimentava o racha, plantando a semente do ódio de amplos setores do Clube contra o futebol. Nas eleições de 1966 (para o Conselho Deliberativo), esse grupo chegou a aliar-se com Charles Borer, justamente o coveiro do futebol botafoguense. O grupo de Saldanha, com as suas teorias insanas e demagógicas, isolou o futebol, fornecendo valiosa munição aos verdadeiros inimigos do futebol dentro do corpo social. Foi o que ocorreu em 1975.”

“Estou convencido de que para Saldanha a liquidação do Palacete de Wenceslau Braz representava o tiro de misericórdia na Velha Guarda. Por esta razão, tinha horror à ideia do retorno do Botafogo para General Severiano e via com bons olhos a compra do terreno de General Severiano pela Prefeitura. Felizmente, ficou falando sozinho, pois os verdadeiros botafoguenses, jovens ou velhos, sabiam que o Botafogo precisava reencontrar-se consigo mesmo. E a História provou que eles estavam certos.”

[Nota de Mundo Botafogo: A noção de “reencontrar-se consigo mesmo”, relatado por Carlos Vilarinho, sublinha a importância crucial de recuperação da nossa casa e da nossa identidade, desorientada por 17 longos e ásperos anos.]


Saldanha combate a reconquista de General Severiano

“A partir de 1982, Saldanha combaterá com unhas e dentes o movimento pela reconquista de General Severiano, sustentando a inutilidade de um clube de futebol ter sede social. Vejamos.”

“Permita-me mais uma transcrição: "No início do ano (1982), possivelmente de posse de informações que faltavam ao torcedor comum, Saldanha decretou que havia chegado a hora de o Botafogo “esquecer a sede de General Severiano, que doravante não passa de um investimento imobiliário e que muito pouco tem a ver com o time”. Zombando do movimento que vinha desde janeiro de 1976 (liderado pela Velha Guarda), ele lançou a pérola: “Os clubes cariocas que pretendem ser clubes sociais, de recreação, estão iludidos. Podem alugar seu patrimônio. Tudo bem. Mas pretender dar recreação a sócios é brincadeira. O sócio de recreação não procura mais o clube de futebol.” (JB – 27/03/1982).”

“Num artigo em que propunha desapropriações na Zona Sul para eliminar engarrafamentos e criar áreas de lazer, ele escreveu: “Com esta fabulosa área [do Jóquei Clube], com o remanejamento das pistas de trânsito no Aterro e com o terreno de General Severiano, lazer e outros problemas da Zona Sul estariam resolvidos e a população eternamente agradecida ao Senhor Miro Teixeira, que pediu ideias e sugestões.” (JB – 06/08/1982).”

“Três semanas depois, supondo que o Botafogo desistira da luta, comemorou: “Creio que agora ficará mais fácil de o Botafogo se conscientizar de que o futebol é o carro-chefe e não se deixar levar por pequenos grupos carregadores de interesses mesquinhos. (...) Falam muito de General Severiano. Pois saibam que General Severiano nunca foi muito mais do que uma sede, pequena relativamente, um muro e duas balizas.” (JB – 25/08/1982).”

“Seis meses depois, novamente preocupado, voltou à carga: “A meta do Botafogo não é apenas uma sede social? Para quê? Para meia-dúzia se reunir? General Severiano, atualmente, não serve mais nem para futebol soçaite. (...) Que trate de fortalecer Marechal Hermes, o que ainda é bem viável, e que forme um bom time. Os falsos amadoristas não encontrarão dificuldades para ir para outros clubes”. (JB – 02/02/1983).”

“No ano seguinte, alarmado com o progresso do movimento, cujos componentes chamou de “grupinho que quer o clube como o prosseguimento do quintal de suas casas e para suas famílias”, condenou o “ridículo sonho de recuperar General Severiano” (JB – 06/04/1984).”


Um final feliz para a história e a glória do Botafogo

“Em fevereiro de 1993, após 17 anos de luta, o esforço titânico do Botafogo será recompensado.” [Nota de Mundo Botafogo: foi o sonhado ‘regresso a casa’.]

“Um sujeito como João Saldanha não pode dar o nome ao Engenhão. Já é hora de os botafoguenses abandonarem a mitologia. A História verdadeira do Botafogo é maravilhosa, mas muito pouco conhecida dos jovens, que são levados, pela repetição, a cultuarem pessoas que não merecem a fama que possuem, falsos beneméritos, ídolos de barro.”

O reposicionamento do Mundo Botafogo

Perante tais argumentos, o editor do blogue Mundo Botafogo, desconhecedor das posições anti-sociais e anti-modalidades olímpicas de João Saldanha, retrata-se e recua na sua posição de favorecer a atribuição do nome de João Saldanha ao nosso Estádio Olímpico.

Nos comentários trocados, e em busca de um nome abrangente, Carlos Vilarinho sugeriu os nomes de Nadim Marreis e Célio de Barros. O primeiro foi um brilhante lançador de martelo, disco e peso, várias vezes campeão carioca e brasileiro e medalha de bronze no pan-americano de 1951; o segundo foi, nas palavras de Carlos Vilarinho, o mais importante dirigente desportivo brasileiro de todos os tempos. Era botafoguense até à raiz dos cabelos.

Porém, nenhum dos dois nomes é atualmente conhecido do grande público. Por isso fiz uma contraproposta, com a qual Carlos Vilarinho concorda, que remete para a maior atleta do Botafogo de todos os tempos: Aída Menezes dos Santos, 76 anos, várias vezes campeã carioca e brasileira, duas medalhas de bronze em pan-americanos e um 4º lugar olímpico em 1964, além de ser uma mulher extraordinária.

O nome de Aída dos Santos permite abranger todo o ideário multiesportivo do Botafogo. Em 2006, Aída dos Santos recebeu o Troféu Adhemar Ferreira da Silva no Prêmio Brasil Olímpico e em 2009 foi agraciada com o Diploma Mundial Mulher e Esporte, uma premiação especial do Comitê Olímpico Internacional.

‘Estádio Olímpico Aída dos Santos’ ou ‘Estádio Olímpico Aída Menezes dos Santos’ é o nome que proponho para o nosso ‘Engenhão’. 

26 comentários:

Lorismario disse...

Caro Rui. Com todo respeito à posição do SR. Carlos Vilarinho e à sua posição, tenho alguns comentários a fazer. Ei-los:
1- Ninguém, em lugar nenhum do mundo deve se valer da condição de autoridade para impor suas ideias/desejos. Saber muito sobre o Botafogo, ou sobre João Saldanha implica também em mostrar os pontos positivos do jornalista em defesa do Botafogo e também seus defeitos. Será que Saldanha não fez nada de significativo para e pelo Botafogo?
2- Jamais fui favorável em se colocar nome de jornalistas em monumentos futebolistas. É que eles são acima de tudo jornalistas e consequentemente tem seus interesses pessoais. Quem não os tem?
3- Não é incompatível que os políticos "descubram" os três motivos apontados pelo Sr. Vilarinho para a interdição do Engenhão com a escolha de um novo nome. O que não pode ocorrer é continuar com o nome de João Havelange.
4- O nome do estádio já é Engenhão. Queiramos ou não é e será chamado de Engenhão. Ou seria Estádio Olímpico Engenhão João Havelange?
5- Bem que o estádio poderia ser chamado de "Largo dos Leões" ou "Estrela Solitária". Este último tem minha preferência. Não carrega o nome de nenhum humano e assim está livre de suas virtudes e também dos seus defeitos. Além do que identifica o escudo mais bonito do mundo. Forte abraço. Loris

Ruy Moura disse...

Estimado, Loris

Não entendi inteiramente o ponto 1. A que 'condição de autoridade' se refere?

Nesse ponto 1, ainda quero referir que já existe o Centro de Treinamento João Saldanha, e que essa é uma homenagem por tudo aquilo que João Saldanha fez pelo Botafogo. Sendo ele defensor intransigente da exclusividade do futebol, adequa-se que ao Centro de Treinamento de futebol tenha sido atribuído o seu nome, mas, em minha opinião, não faz sentido atribuir a um estádio olímpico o nome de uma pessoa que é contra os desportos olímpicos.

Pontos 2, 3 e 4, ok. Ponto 5: Estrela Solitária é um bonito nome e na medida em que é oriundo do remo, representa os desportos olímpicos. Mas eu ainda fico com a preferência da Aída dos Santos. É um gosto pessoal: sou fã do atletismo, o verdadeiro desporto rei de sempre.

Finalmente, Loris, gostaria que ficasse claro que eu APRECIO MUITO João Saldanha. É o botafoguense mais frontal que se conhece, e isso agrada-me muito. Aliás, o blgue tem uma rubrica designada Memorial João Saldanha, que reúne notícias sobre ele.

A minha 'retratação' tem exclusivamente a ver com joão Saldanha ser contra os desportos olímpicos - eu não sabia - e não deve, por isso, dar nome a um estádio olímpico. Eu sou completamente favorável ao ecletismo desportivo do Botafogo.

Abraços Gloriosos!

Anónimo disse...

Rui...

Se esse senhor conheceu João Saldanha,talvez não tenha sido o mesmo que eu conheci.
O mesmo que privei da intimidade de sua familia e amigos...
E tive a oportunidade de ver comprovadamente seu amor ao Botafogo e a defesa do clube...
Inclusive era fato que ele odiava Marechal Hermes e não aceitava de forma nenhuma a dita promoção de General para Marechal,coisa que seu sobrinho Paulo Roberto tb odiava...
Não vejo maldade nas linhas escritas por esse senhor...
Mas o joão Saldanha que ele se refere,não era o mesmo amigo que eu tive e conheci...

Abraços...Henrique

Ruy Moura disse...

Caro Henrique, talvez a escrita de Carlos Vilarinho, embora sem maldade, seja aqui e ali rude para com João Saldanha, mas eu penso que tal como o 'nosso' João era polémico, o Vilarinho também é. Daí pode nascer mais luz.

Eu creio que não está em causa a figura do J. Saldanha - que eu muito admiro -, mas a sua postura polémica para com os desportos olímpicos. Na verdade, Vilarinho cita fontes jornalísticas sobre o que João Saldanha disse, e é nessas linhas que, sem dúvida, se comprova que Saldanha era contra o ecletismo desportivo. E o que está em causa para o nome de um estádio olímpico é ter a designação de uma figura que represente esse olimpismo, contra o qual Saldanha estava.

É nesse âmbito que o Vilarinho faz os comentários. Não me parece que ele entre em questões mais íntimas. Na verdade, o intimismo com o João Saldanha foi o Henrique que teve o privilégio de poder usufruir. O texto do Vilarinho não coloca em causa, julgo eu, a qualidade da amizade e da pessoa de Saldanha. Quero com isto dizer que muito provavelmente Vilarinho não privou com João Saldanha. O que ele faz é discordar de um homem polémico como J. Saldanha. Eu que o aprecio muito, também discordo do Saldanha sobre o olimpismo.

Abraços Gloriosos!

Daniel Pablo disse...

Belo texto, e muito legal a postura do Blogueiro de rever seus pontos de vista. Antes também apreciava a ideia de nomear o estádio olímpico de João Saldanha, passo a preferir outro nome relacionado ao Botafogo (Heleno de Freitas, Didi, Nilton Santos.., são tantos a homenagear...).

Sobre a passividade da diretoria eu tenho algumas hipóteses:

a) incompetência dos cartolas
b) covardia dos dirigentes
c) interesses próprios
d) rabo-preso
e) todas as alternativas anteriores

abraços !


Daniel Pablo


Anónimo disse...

Rui:

Com todo o respeito. O Engenhão foi batizado de estádio olímpico devido ao evento do Pan-Americano de 2007. Mas é um estádio olímpico apenas por ter uma pista de atletismo? Não sei não... Não é um estádio poliesportivo. Não tem espaço para vôlei, basquete, boxe, etc.
Ademais, esse pessoal dos esportes olímpicos também votou em massa, diga-se de passagem, na maldita e fatídica reunião do Conselho Deliberativo do BOTAFOGO, a favor da venda de General Severiano. Apenas cinco votos contra: Carlito Rocha, Hans Grumfeld (acho que a grafia é esta) e mais três de cujos nomes não me lembro (talvez Carlos Vilarinho saiba quais são).
O BOTAFOGO não utiliza o Engenhão para competições de atletismo. Aliás, quantas já ocorreram lá? Para mim, e creio que para a imensa maioria da nossa torcida, o Engenhão é um estádio de futebol. E vem daí (do futebol) o imenso prejuízo que nosso clube está tendo com o fechamento do estádio.
Com toda a imensa admiração por nossa heroína, Aída,com quem tive o prazer de conviver e trocar opiniões sobre nosso amado BOTAFOGO quando éramos colegas de Conselho Deliberativo, penso que, se for para escolher um nome desconhecido do grande público, prefiro Carlito Rocha. Este, se vivo fosse, estaria a se bater como um leão contra a interdição de nosso estádio; e não aceitaria cordeiramente, como está sendo feito agora, esta agressão ao BOTAFOGO.
Carlito seria um ótimo nome. Mas, democraticamente, em respeito à, creio eu, maioria da nossa torcida, fico com João Saldanha. Não por ter sido um jornalista botafoguense, mas por ter sido o técnico de uma das mais memoráveis conquistas do Clube: o Campeonato de 1957, quando esmagamos o Fluminense por 6x2 na final com 5 gols de Paulinho Valentim. Outro ótimo nome para um estádio de futebol do BOTAFOGO.

Abraços,
Marcelão

Anónimo disse...

Rui...

Quando se priva de amizade,se sabe a realidade de uma pessoa...

Fui amigo do João...

Sou amigo da família...

Sou amigo do sobrinho dele...

Quanto a tudo q foi escrito demoraria demais para relacionar,discutir e rebater ponto a ponto...

Quanto ao nome do estádio...o nome João Havelange deve ser retirado de qualquer maneira...

Há sugestões de nomes para o estádio...várias...

Mas nome de estadio de futebol não deveria ser de jornalista...

Mas com certeza João Saldanha seria mutio bem aceito por mim...

Até pq o estádio não é do Botafogo e nutro um sonho de o clube ainda ter um...

E poder batizar de Nilton Santos...

Se o for feito agora na construção do estadio Botafoguense não se poderia colocar "ESTADIO NILTON SANTOS"...pois ficariam os dois estádios com o mesmo nome...

Portanto acho perfeito a colocação de João Saldanha se for aceita...

Teriamos dois estádios na cidade com nomes de botafoguenses universais...

Me perdoe novamente...mas esse senhor não sabe o q diz...

Lamento...

Abraços...Henrique

PS;Só para lembrar...é esse quadro social que está levando o clube a situação que se encontra...

Quadro social e futebol...separação já!

Nesse ponto o que esse senhor escreveu está totalmente correto...



Anónimo disse...

E mais uma coisa...

O Botafogo é uma clube de familias...famílias falidas

As que não conseguem entrar no Country são sócias do Botafogo...

Perceba Rui que o Botafogo virou tudo que o João disse....

Onde estão as contas?Onde está o contrato do shopping?Onde estão os alugueis superfaturados mas que o clube não recebe?Cadê os contratos do Estádio?Cadê o contrato do Seedorf?Os jogadores da base são de quem?

O Botafogo é clube de bairro...de famílias que tem medo que o sócio torcedor tenha direito a voto...

O Botafogo virou o que o João temia...

Dar uma luz?Dar luz a quem ou a o que?

Chamar João Saldanha de sujeito?Í dolo de barro?

Esse senhor faz parte do conselho deliberativo?É colega...parceiro...do Nininho do Lido?

É contra a família do Bebeto?

Que coloca coisas levianamente sem ter com quem argumentar?

Pq o João Saldanha está morto...

E talvez se tivesse vivo faria com ele o que fez com o Manga...

Idolo de barro e sujeito é o dito presidente eterno...testa de ferro de sua empresa e que se contrato do shopping for achado...esse sim será expulso do clube...

Todos lá dentro coniventes com tudo isso...os Corleone...

Isso tudo tinha q ser evitado...

Se tivemos algum dia um estádio deve-se ao Bebeto...

E sei o trabalho que deu pq tive participação ativa no aluguel do estádio...

Lamento muito isso tudo Rui...

E espero que vc procure a família do João de chance de defesa a ele...

Abraços...Henrique.

Ruy Moura disse...

Caro Daniel, também partilho da opinião de que a diretoria é muito passiva na defesa dos interesses do BFR quando se trata de instituições.

As origens dessa passividade podem ser eventualmente várias, mas uma certamente é: a equipa que tomou conta do Botafogo confessou logo de início que não percebia de futebol. Disse-o André Silva, e Assumpção disse que a sua experiência vinha do futebol de praia.

Assumpção até foi fazer uma pós-graduação em gestão desportiva. Não sei muito bem o que aplica relativamente ao que aprendeu...

Abraços Gloriosos!

luiz sergio cunha disse...

RUI,

sob risco de ser apedrejado, não sou admirador do joão saldanha, a quem achava prepotente, vaidoso e mentiroso, pois inventava histórias nas quais sempre se colocava como o herói e a mais célebre foi o convite de mao tsé tung, para assistir o desfile de comemoração da revolução em pequim.

reconheço seu botafoguismo, mas lhe carecia a humildade.

nunca convivi com êle, mas diversas vezes escutei criticas de companheiros seus, que o colocam como intratável.

sou a favor de que seja um atleta e para mim, embora o garrincha tenha sido o melhor, o maior foi o nilton santos, cujo nome não pode ser dado, pois ainda está vivo.

dos dirigentes, sem dúvida, quem construiu a identidade do botafogo, com superstições e acasos, foi o carlito e nesse grupo, ninguem melhor do que êle.

tambem acho que se estivesse vivo, no mínimo estaria em greve de fome em frente a prefeitura, por conta da interdição do engenhão.

abraços,

lscunha

Ruy Moura disse...

Estimado Henrique, obrigado pelos seus importantes contributos para o debate, gerado a partir de comentários de Vilarinho.

Para mim é difícil responder às suas questões, porque à distância há muitas coisas que não sei. Posso intuir, por exemplo, que há muito receio que o sócio-torcedor vá a votos e renove os quadros antigos do Botafogo, entre os quais ex-presidentes que tiveram mandatos absolutamente desastrosos para o clube nos finais da década de 1990 e inícios da década de 2000, e que permanecem influentes no clube.

A vitória de Bebeto de Freitas foi uma lufada de ar fresco, mas o combate interno foi sempre minando o seu espaço como presidente, até sair da forma inadequada como saiu.

Escrevi várias vezes, contra os defensores de CA Montenegro, que B. Freitas teve erros de gestão, que critiquei, mas provavelmente foi o melhor presidente depois da venda de General Severiano, conseguindo resgatar em parte o orgulho botafoguense. Foi com ele que se iniciou o caminho inverso relativamente à perda de credibilidade até à baixa de divisão. Sei, por exemplo, que em 2002/2003 não havia dinheiro sequer para as despesas do dia a dia de instalações administrativas, quanto mais de instalações desportivas.

Ademais, o 2º mandato de Bebeto de Freitas conseguiu o Engenhão. Provavelmente outras pessoas contribuiram para isso, como o Henrique, mas certamente Bebeto foi crucial para o obter. E esse esforço teria sido completamente inútil se alguém tivesse dado ouvidos a CA Montenegro quando extemporaneamente veio defender a devolução do estádio. E mais: garantiu, numa segunda-feira, que a reunião da quinta-feira seguinte seria um pró-forma para a devolução que já estaria decidida. Decidida por quem???

Sobre o olimpismo do estádio, eu sou de opinião que é olímpico, porque permite realizar provas de atletismo diversificadas (corridas, arremessos, saltos, etc.). E se não tem utilização deve-se à incapacidade de esta diretoria cumprir com o que prometera: uma equipa de atletismo. Foram buscar Manuel Ângelo da Luz para coordenar todos os desportos olímpicos, incluindo a contratação de atletas para constituição de uma equipa de atletismo, mas ele acabou por sair sem ter contratado um único atleta para essa dita equipa. Em minha opinião, isso não invalida que seja um estádio olímpico. Há muitos outros estádios olímpicos nas mesmas condições por todo o mundo. [CONTINUA]

Ruy Moura disse...

Sobre contas, contratos, etc., tenho dito que não me parece que o BFR seja tão transparente quanto seria desejável. Na verdade, nunca sabemos os montantes dos negócios realizados, e deveríamos saber para que não houvesse dúvidas sobre questões financeiras no clube. Esse é um ponto muito fraco da gestão atual.

Sobre Carlito Rocha a minha opinião é SIM! Também é um grande nome, porque Carlito defendeu o BFR até à ponta dos cabelos. Por exemplo, jogar com altíssima febre para não desfalcar o Glorioso é algo inexcedível. O BFR era sagrado para ele, e o seu nome é seguramente abrangente – a não ser que também fosse contra os desportos olímpicos.

Finalmente, Henrique, gostaria de lhe dizer que o espaço Mundo Botafogo é profundamente democrático e a pluralidade faz parte das orientações editorias do blogue. Por exemplo, já publiquei comentários do movimento ‘Mais Botafogo’ criticando as contas do clube, e manifestei que estaria disposto a publicar a versão da diretoria. Mas ninguém apareceu para o efeito.

Não sei como contatar a família de João Saldanha, mas se o Henrique o pudesse fazer eu lhe ficaria muito grato. Se a família quiser responder ao assunto, o espaço do Mundo Botafogo está aberto a isso. Não apenas pela linha editorial, mas pelo apreço em que tenho por João Saldanha, a quem dedico a rubrica “memorial j. saldanha”. É o único ‘não jogador’ que faz parte dos memoriais do blogue.

Na verdade, este blogue não publica politiquices, palavrões, ofensas pessoais e outras coisas inadequadas para um meio de comunicação público, mas o debate político sobre o Botafogo parece-me essencial e é um dos grandes anseios do blogue. Porém, não tem havido candidatos para isso. Os únicos que apareceram até agora – provavelmente porque estiveram e ou estão muito por dentro dos bastidores do Glorioso – foram o Henrique e o Vilarinho.

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Amigo Luiz Sérgio, espero que ninguém o 'apedreje' devido à sua opinião. Sem dúvida que João Saldanha era uma pessoa de difícil trato, mas parte dessa 'dificuldade' advinha, em minha opinião, da sua frontalidade. Aliás, não há nenhum sujeito frontal como o Saldanha que seja indiferente às pessoas. Saldanha era daquelas pessoas que só podia ser amada ou odiada. Sem meios termos, a preto e branco. Sem a cor cinza dos nossos meiões. É verdade que excedeu a simples assertividade, e só isso faz com que muitas vezes tenha sido arrogante, mas a frontalidade e o Botafoguismo evidenciado são, para mim, atributos essenciais.

Saldanha será sempre polémico. Ou para sempre.

Também penso que, no mínimo, Carlito Rocha estaria em greve da fome.

Inicialmente eu não era apreciador de Carlito Rocha, sobretudo devido ao caráter religioso e supersticioso que introduziu no Botafogo. Eu sou daqueles que acho absurdo a invocação de Deus ao desbarato - acredite-se ou não nele. Se houver Deus, creio que invocar o seu nome a propósito de meros jogos de futebol é despropositado, é menorizar Deus. Se Deus apoiasse cada jogador, cada treinador ou cada dirigente que o invoca jogo após jogo, Deus teria que optar pelo empate em todos os jogos. Deus não tem clube e sem trabalho humano jamais se ganham jogos.

Mas à medida que fui conhecendo melhor a figura comecei a nutrir por ele uma certa ternura, devido ao modo como tratava tão 'cavalheirescamente' os assuntos do Botafogo sem perder a determinação. Pelo menos é assim que o vejo. E que hoje o aprecio. O seu nome é muito bom para o Estádio. Se não tenho o nome dele nos memoriais do blogue é porque não descubro reportagens sobre a sua pessoa.

Uma nota final: pode-se atribuir o nome a um estádio mesmo que o sujeito esteja vivo. É o caso, aliás, de João Havelange. Em Portugal há, por exemplo, o Pavilhão Carlos Lopes, o Pavilhão Rosa Mota, etc., que correspondem a pessoas vivas e grandes atletas. Neste caso atletas que ganharam Ouro olímpico.

Abraços Gloriosos!

Gil disse...

Rui,
Embora more relativamente perto, não vivo e muito menos conheço a política do Botafogo. O que escrevo é como torcedor e constato que eleição após eleição a maioria dos sócios proprietários, beneméritos, grandes beneméritos e as tradicionais famílias praticam a politicagem. Uma politicagem em que acredito e se resuma na falta de candidatos em todos, ou na maioria dos pleitos. Na maioria das vezes apenas um candidato e já tivemos situações que quase não houve candidato.
Atualmente o que mais me preocupa é o fechamento do Engenhão e como todos já comentaram, o prejuízo que nos causa e a passividade, benevolência, principalmente dos dirigentes, sócios, beneméritos e grandes beneméritos. Está à espera da falência, insolvência?! Tenho certeza que existe algo escuso!
Leia essa matéria: http://blogs.lancenet.com.br/deprima/2013/05/22/somos-todos-manes-jogo-em-arena-de-brasilia-mostra-que-empresas-podem-faturar-alto-mas-torcedor-vai-pagar-a-conta/
Espero que tenhamos tempo e estádio para no futuro escolhermos o melhor nome para o Engenhão!

Abs e Sds, Botafoguenses!!!

Ruy Moura disse...

Tive um problema na edição do comentário do meu estimado amigo Lscunha e reproduzo agora o seu novo comentário tal e qual ele o escreveu:

RUI, quando era garoto, eu assistia as mesas redondas e aquele jeito do saldanha de estar sempre com a razão, me distanciou dele. eu preferia mais o botafoguismo gozador do Sandro ou o intelectual do armando nogueira. carlito né o dirigente do meu imaginário infantil, pois escutava deliciado a shistórias que pai e tios me contavam. ele foi mais que um dirigente, mas um personagem, uma mistura do ranzismo do pato donald com a ternura do manequinho e virou uma espécie de meu herói infantil, quando soube da história de ter adentrado na marra e com o biriba nos braços, na sede do vasco. acho, todavia que os artistas são os jogadores e aí o nilton consegue levar vantagem. li num periódico que há agora uma lei na constituição do estado, que homenagens desse tipo só podem ser efetuadas a pessoas que já faleceram e por isso estou meio confuso quanto ao nome de nílton. abraços. lscunha.

Ruy Moura disse...

Luiz Sérgio, eu era bem criança quando escolhi (ou fui escolhido?) torcer para o Botafogo, em 1960. Mesmo depois, quando já era rapaz, há coisas que não me lembro. E confesso que de todos os dirigentes do BFR e dos jornalistas botafoguenses só me lembro claramente de um: Xisto Toniato. Não me lembro de Saldanha, Carlito, A. Nogueira, S. Moreira, Oldemário Touguinhó, Roberto Porto, Paulo Azeredo, Renato Estelita, etc. O que sei sobre eles advém da minha pesquisa intensa sobre o Botafogo. Então, aprendi a apreciá-los pelo significado que lhes fui atribuindo ao longo do tempo e, evidentemente, não sei se a minha perceção será a mais adequada.

O que posso dizer sobre isso é que a pessoa que julgo aproximar-se mais do meu estilo é Armando Nogueira, embora não tenha por ele uma estima por aí além, já que existem muitas dúvidas sobre o seu comportamento durante a ditadura. Uns dizem que se encostou a ela, outros dizem que não. Não sei ao certo. Se não se encostou, então aprecio-o mais, porque se há coisa que detesto é a ditadura e a mania que os homens têm de tirar a liberdade aos outros homens.

Certo mesmo é que prefiro a sua 'intelectualidade' ao estilo austero de Carlito, ao estilo provocante de Saldanha ou ao estilo gozador de S. Moreira. E, curiosamente, é dos quatro citados o que menos relação eu tenho a partir das informações da mídia.

Eu tenho essa limitação: não me recordo das coisas dos anos sessenta, só dos jogos. Nessa altura eu não ligava nem aos papéis 'político' e 'gerencial' que hoje sei serem fundamentais.

Leio muito sobre o BFR, mas raramente vejo filmes com essas pessoas que aprendi a admirar lendo sobre os seus comportamentos.

Entre outras publicações que já tenho preparadas (e tenho umas dezenas de artigos já saídos do 'forno'), publicarei uns vídeos sobre Garrincha e sobre João Saldanha.

Sobre Saldanha ser mentiroso: o Sandro também era. Acho que as mentiras dos dois - acho, não tenho a certeza - eram mais para gozar com os outros do que mentiras propriamente ditas. O Sandro até conseguiu enganar o A. Moreira, que publicou como verdadeira, em um livro seu, uma mentira do S. Moreira. E depois do livro sair, anunciou ao A. Nogueira, cheio de prazer, que o tinha enganado tal como prometera outrora, isto é, que faria o A. Nogueira 'cair' em uma de suas mentiras.

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Ah... esqueci-me de falar sobre a tal lei. É natural que só os falecidos sejam homenageados, precisamente para evitar acontecimentos como os de João Havelange, isto é, depois de morto um homem já não pode agir e podemo-nos certificar então que é válido atribuir o seu nome a qualquer monumento ou rua.

Mas, ainda assim, nunca se sabe o que pode acontecer depois dessa atribuição. Veja-se a quantidade de monumentos e ruas que mudam de nome porque afinal os ditos mortos cairam em desgraça muitos anos depois de terem morrido. A vida em sociedade não é fácil...

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Já li a notícia do endereço que indicaste, Gil. É espetacular! Ninguém sabe nada, mas o dinheiro vai-se... Para onde?... Para onde?... Ninguém averigua?... Ninguém quer saber?...

O futebol brasileiro está 'entregue às baratas'.

Abraços Gloriosos!

luiz sergio cunha disse...

RUI,

eu tenho na memória as mesas redondas, com as presenças do saldanha, do nélson rodrigues, do josé maria scassa, do sandro moreira (realmente inventava muita historia), orlando batista,etc...

claro que como botafoguense, torcia para que nos debates, os botafoguenses se dessem bem, mas o saldanha era sempre o sabichão e aquilo me incomodava.

quanto ao armando, é claro para mim que surfou na onda.

a questao para mim se resume ni seguinte : o nome do estádio deve ser de um dirigente, de um jornalista ou de um jogador ?

não digo atleta, pois o estádio é 1005 de futebol e esporadicamente de atletismo.

no caso de ser um jogador 9minha opção), qual o melhor nome?

para mim, nilton santos.

abraços,

lscunha

Ruy Moura disse...

Estimado Lscunha, eu nunca escolheria Nilton Santos à frente de Garrincha, no caso de ter que ser um jogador de futebol, mas respeito a sua opção, evidentemente.

Se fosse dirigente poderia ser Carlito Rocha pelas razões já enunciadas, ou Paulo Azeredo, o presidente que nos dois períodos em que dirigiu o Botafogo conquistou 8 títulos cariocas devido às suas inovações em termos de técnicos e de futebolistas. E repare que o 8º título dele foi o 12º do Botafogo (isto é, em poucos anos ganhou 2/3 dos nossos títulos de campeão carioca entre 1907 e 1962). Mas fa-se pouco dele e da sua obra.

Se tivesse que ser jornalista, bem, eu ainda escolheria João Saldanha, apesar dos seus cerrados ataques aos desportos olímpicos. Não escolheria A. Nogueira porque tenho dúvidas sobre se surfou ou não na onda.

Se fosse poeta eu penso que havia um bom nome: Augusto Frederico Schimdt. Mas quase ninguém o conhece, claro.

Se fosse nome de torcedor conhecido eu escolheria Tarzã - opção mais do que remotíssima, claro. Mas Tarzã debatia com os dirigentes os rumos do Glorioso, coisa que, creio, nenhum líder das organizadas faz hoje.

E se chamassemos - como disse o Lorismário - de 'Estádio Olímpico Estrela Solitária'?

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Aos leitores:

Gostaria de partilhar com os leitores do blogue que recebi hoje de Carlos Vilarinho mais novidades que desconhecia. Não vou aprofundar as citações, mas tão somente balizar as opiniões mais importantes em confronto, particularmente as do presidente Paulo Azeredo e as do treinador João Saldanha à época.

Vale lembrar que a polémica avançada por Vilarinho não envolve questões pessoais, mas exclusivamente debate de questões políticas que surgiram a propósito de atribuir ao Engenhão o nome de João Saldanha. . Sem dúvida que Saldanha era uma pessoa polémica e isso gera situações por vezes extremadas, de amor e de ódio, digamos. Mas aqui no blogue pretende-se debater mais as ideias e as ações das pessoas do que as pessoas propriamente ditas.

Vou só dar umas notas mais.

No jornal Última Hora (20/12/1959), Paulo Azeredo expôs seus planos para os próximos dois anos: “Afora a complementação das obras do Mourisco, é meu pensamento construir nos terrenos do nosso campo de futebol uma praça completa para a prática de esportes amadoristas. Não há mais razão para que terreno tão valorizado fique à mercê de umas poucas partidas de futebol, como sucedeu este ano, quando, nas duas únicas partidas que lá jogamos, houve uma renda de pouco mais de 100 mil e outra de 47 mil cruzeiros. No mais, o nosso campo foi ocupado por terceiros e o gramado, como sabe, em vista disso, está sempre em estado precário”.

O projeto era ambicioso: “Pelos últimos cálculos, todo o terreno ocupado pelo futebol, compreendendo campo propriamente dito e arquibancadas, vai a 700 milhões de cruzeiros. Agora, calculem: um patrimônio desse vulto está sendo muito mal empregado. É um absurdo, não acham? Com o nosso plano, os sócios, que, no momento, são em número superior ao do Fluminense, disporão de quadras de tênis, volibol, basquetebol e piscinas recreativas”. [CONTINUA]

Ruy Moura disse...

Tudo indica que foi contra este programa, e a favor da exclusividade do futebol, que João Saldanha combateu, segundo o livro publicado por Carlos Vilarinho. Porém, creio que Paulo Azeredo sabia muito bem o que estava a fazer: queria desenvolver as modalidades desportivas ao mais alto nível sem descuidar do futebol. Diga-se que nos dois períodos em que esteve a presidir os destinos do Glorioso – mercê de boas opções em termos de técnicos e de atletas – ganhou 8 títulos (1930-1932-1933-1934-1935-1957-1961-1962), isto é, fez o único tetra carioca ganho em campo e ainda conquistou, em poucos anos, 8 campeonatos cariocas dos 12 que obtivemos entre 1906 e 1962 – 2/3 dos títulos totais)

Pouco depois, ouvido pelo Correio da Manhã, João Saldanha pôs em dúvida sua permanência: “Fiz uma espécie de planejamento, impondo algumas condições e estou aguardando por esses dias uma resposta da Diretoria”.

Saldanha saiu logo em 1960 em rota de colisão com a diretoria, e desde aí defendeu sempre a exclusividade do futebol – o Botafogo do olimpismo seria um apêndice. Nessa época, para quem se recorda ou sabe disso, o Botafogo fazia anualmente as ‘Olimpíadas Botafoguenses’, eventos divulgados pelo Mundo Botafogo.

Obviamente que o blogue está aberto à publicação de quaisquer comentários de debate sobre as políticas de ontem e de hoje do Glorioso, incluindo o desenvolvimento deste assunto por quem possa acrescentar dados novos no debate.

Em todo o caso, o livro de Carlos Vilarinho, documento com citações de jornais, poderá valer a pena ler por quem se interessa pelo passado e pelas 'lutas políticas' que se desenrolaram: ‘O Futebol no Botafogo – 1951-1960’.

Eu não possua esse livro, apesar de ter na minha biblioteca mais de três dezenas de livros sobre o Botafogo e os seus atletas, razão pela qual não tenho uma visão completa do assunto.

Abraços Gloriosos.

luiz sergio cunha disse...

RUI,

o garrincha já é nome de estádio em brasília e não poderia mais ser, a não ser que mudassem o nome do estádio na capital.
isso tambem influiu na minha escolha pelo nílton.

abraços,

lscunha

Ruy Moura disse...

Porque é que não pode ser? Há alguma lei que proiba isso? Se houver, ok.

Se não houver, então a 2ª opção seria realmente Nilton Santos. Há quem deseje muito chamar o estádio de ´Niltão' em vez de 'Engenhão'. Sempre achei muita piada aos brasileiros engrandecerem tudo com 'ão'. Só o Maracanã é que é difícil chamar 'Maracanão'. (rs)

Abraços Gloriosos!



Daniel Pablo disse...

Muito legal o debate, aprendi coisas novas sobre o Fogão.

Abraços !!




Ruy Moura disse...

Daniel, este debate, originado pela minha publicação e alimentado por Carlos Vilarinho, é muito interessante do ponto de vista histórico. O livro de Vilarinho revela coisas que eu desconhecia completamente, extremamente importantes para a história do Botafogo das décads de 1950 e 60, a maioria das quais não reproduzo. Refiro-me aos excertos de algumas páginas que Vilarinho me enviou. Certamente que o livro terá revelações muito significativas sobre a história do Botafogo 1951-1960.

Até 1951 temos o notável livro de Alceu Mendes de Oliveira Castro (O futebol no Botafogo, 1904-1950), que também revela momentos importantes da vida do Glorioso. Esse livro raro eu tenho.

Abraços Gloriosos!

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