Aos 47 anos, o
sueco Ulf Lindiberg Henrik já viveu quase o mesmo tanto que seu pai, o
brasileiro (mais brasileiro, impossível) Manoel dos Santos (foto abaixo), o gênio do futebol
Garrincha (1933-1983), morto precocemente por problemas de saúde causados pelo
alcoolismo crônico.
Ironicamente, o
"herdeiro" europeu veio ao Brasil, desta vez, a convite de Arlindo
Ventura, o Magrão, dono do bar temático O Torto, em Curitiba (PR). Ulf aproveitou
para assistir o clássico Atlético-PR x Coritiba, na Arena da Baixada. Na
oportunidade, espetou o técnico da seleção canarinho: "-Um time com
Ronaldinho, Ronaldo, Kaká... tem de atuar sempre para a frente. Não dá para pôr
apenas jogadores para destruir. Definitivamente, não gosto de Dunga".
A corneta de Ulf
não significa nada, mas não custa lembrar o quanto seu pai trabalhou (e bem)
pela seleção brasileira: foram 60 jogos, 17 gols, inúmeras assistências, três
Copas disputadas e duas conquistadas, com participação crucial na Suécia e
atuação de protagonista no Chile (abaixo,
sete mexicanos tentando marcá-lo em 1962)
Com ele em campo, o
Brasil perdeu uma única vez, na Copa de 1966, em Liverpool, para a Hungria (3 a
1). De resto, foram fantásticas 52 vitórias e apenas 7 empates. Jogando ao lado
de Pelé, nunca perdeu. "Entendo o interesse das pessoas pelo meu pai.
Garrincha não foi tão mostrado na TV como Pelé. Pelé foi grande, mas tinha
muita mídia. Muita gente que viu os dois diz que Garrincha foi melhor", exagera
Ulf. Mas que a memória de Garrincha merecia um pouco mais de atenção nesse
país, não resta dúvida. Quando Ulf visitou o Brasil pela primeira vez, em 2005,
encontrou apenas um vaso velho com flores secas no modestíssimo túmulo do pai
no Cemitério de Raiz da Serra, distrito de Magé (RJ), vizinho a Pau Grande. A
precária pedra de mármore que cobre a terra foi comprada pelo ex-jogador Nilton
Santos.
Em tempo: muita
gente crê que Mané Garrincha gerou um filho na Suécia durante a Copa de 1958,
mas não é verdade.
A mãe de Ulf
engravidou em maio de 1959, durante uma excursão do Botafogo àquele país. O
menino nasceu no ano seguinte, foi abandonado pela mãe e adotado aos nove
meses. A família adotiva revelou o nome de seu pai quando ele tinha oito anos.
O teste que comprovou a paternidade foi realizado apenas em 1998. O sueco
sempre quis conhecer o pai e teve uma oportunidade em 1978, mas não conseguiu
fazer a viagem. Cinco anos depois, Garrincha perdeu a última batalha contra o
álcool e acabou com as chances de um encontro. O ex-jogador teve 15 filhos
reconhecidos, sendo 12 mulheres e três homens (acima,
com Nenem, filho que jogou pelo Fluminense e faleceu em acidente
automobilístico em 1992, aos 33 anos, quando estava no Belenenses, em Portugal).
O outro filho,
Garrinchinha, que teve com a cantora Elza Soares, morreu igualmente em acidente
de carro, aos 10 anos, em 1986. Tereza e Edenir, as mais velhas do casamento
com Nair, também já faleceram. Estão vivos, além de Ulf: Marinete, Juraciara,
Denízia, Maria Cecília (à esquerda),
Terezinha e Cintia (também filhas de Nair), Rosângela (filha de Alcina), Márcia
(irmã de Nenem, filha de Iraci) e Lívia (filha de Vanderléa, ex-mulher do falecido
jogador Jorginho Carvoeiro).
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