sexta-feira, 23 de maio de 2014

Fragmentos futebol do botafogo 1951-60: jogadores detidos pelos fascistas de Barcelona [18]

O Barcelona sempre foi freguês

por Carlos Vilarinho
especialmente para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário e historiador do Botafogo de Futebol e Regatas

Da costa atlântica para Barcelona, às margens do Mediterrâneo. Na noite de sábado, 23, o Botafogo enfrentou o Barcelona. […] Aos 41, Alarcón amplia com um canhonaço alto: 2x0. Aos 18 da etapa final, recebendo de Basora, Martínez, em impedimento, chuta o couro para as redes, mas o juiz anula. Forma-se o bolo. Quando Rubens se curva para recolocar a bola no lugar de reposição, recebe um pontapé de Kubala. Amaury revida na mesma medida. Estoura o sururu, envolvendo os dois times, mais os reservas, os técnicos, massagistas, bandeirinhas, etc. no tumulto, o bando do Barcelona apoderou-se da súmula e só a devolveu após o juiz expulsar todos os jogadores botafoguenses.

Kubala gozava da proteção do Governo Militar de Barcelona [fascista]. Em 1945, após as operações militares para libertar a Hungria do fascismo, Kubala evadiu-se para a Tchecoeslováquia. […] Neste país, a derrota da burguesia obrigou-o a retornar à Hungria. […] Então, Kubala desertou definitivamente, abrigando-se na Espanha fascista. […]

O Barcelona não pagou integralmente a cota combinada. […] Mas o pior estava por vir. […] Um policial ordenou que o acompanhassem até à Delegacia. […] Os brasileiros ficaram detidos, incomunicáveis, durante 10 horas.

Mediante o pagamento de multa […] a delegação foi conduzida até o aeroporto. […] O manda-chuva nazista, também presidente de honra do Barcelona, bradava: […] “Sou militar e exijo a disciplina e, por mim, toda a delegação cumpriria a mesma pena de 48 horas de detenção.” […] João Citro permaneceu em Barcelona, ao lado de Amaury [que ficara detido].

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Excerto autorizado pelo autor. In: VILARINHO, C. F. (2013). O Futebol do Botafogo 1951-60. Rio de Janeiro: Edição do Autor, pp. 57-58.

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