sexta-feira, 9 de maio de 2014

Fragmentos ‘futebol do botafogo 1961-65’: Garrincha brilhante há 50 anos [2]

Virou lugar-comum afirmar que Garrincha era dependente do álcool ao tempo em que jogava futebol como profissional. Isso vem sendo repetido por ignorância, puxa-saquismo ou má-fé desde que Ruy Castro publicou aquela imundície sobre o fabuloso craque botafoguense. Em consequência do tal alcoolismo, Garrincha nunca mais teria repetido a atuação que teve na decisão do campeonato carioca de 1962. Outra grande inverdade! Veja-se a narração de Carlos Vilarinho em excerto inédito extraído do II volume da sua obra ‘O Futebol do Botafogo’, ainda por publicar, referente ao jogo Botafogo x Bangu de 9 de maio de 1964 válido pelo Torneio Rio-São Paulo 1964.

O I volume desta grandiosa e magnífica obra de pesquisa sobre a vida futebolística botafoguense pode ser adquirido nas principais livrarias ou através do sítio http://cfvila.wix.com/ofuteboldobotafogo.

por Carlos Vilarinho
especialmente para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário e historiador do Botafogo de Futebol e Regatas

“Na noite de sábado, o Bangu armou-se em 4-3-3, com o recuo do ponta-esquerda (Parada). Não tendo a quem marcar, Joel apoiou com desenvoltura e ainda duplicou a marcação sobre Cabralzinho (ponta de lança pela esquerda). A linha média do Bangu jogou muito próxima do trio atacante. Foi um erro capital, pois Jairzinho e Arlindo vinham de trás com a bola dominada, nas costas de Ocimar e Roberto Pinto, atraindo Mário Tito e Hélcio para fora da grande área, e deixando Nilton Santos na marcação isolada de Garrincha. Foi um inferno!

Aos 8, na cobrança de tiro indireto (sola de Roberto Pinto em Élton), Jairzinho toca de leve para Gérson disparar um foguete: 1x0. O placar só não foi dilatado porque Élton perdeu dois gols feitos, em passes de Gérson (errou as traves) e de Arlindo (chutou nas mãos de Aldo).

No último tempo, logo aos 2, Gérson serve a Arlindo, recebe e devolve. Arlindo combina com Jairzinho, recebe e toca por cima dos beques. Jairzinho ginga, da direita para a esquerda, e atira cara a cara: 2x0.

Aos 5, em magistral esticão de Gérson, Élton mata na coxa, progride e fuzila com raiva: 3x0. Cabralzinho acertou o poste, mas parou aí. Adalberto então substituiu Zagalo (cansado) por Quarentinha. Arlindo passou a vir detrás, favorecendo as jogadas pelas pontas. Começou o show de Garrincha!

Aos 29, ele dribla Nilton Santos, prende, finta-o, arranca, chega ao fundo e cruza na cabeça de Jairzinho. No travessão! Volta o couro. Arlindo queima na corrida, mas no caminho do gol, Jairzinho cabeceia, vencendo Aldo e Mário Tito (embaixo da trave): 4x0. Na raça!

Aos 37, Garrincha desarma Nilton Santos, corta para a direita, descamba para o miolo, perseguido por Hélcio e os outros. Aldo sai em desespero. Garrincha olha, espera e toca no canto: 5x0. Golaço!

No eufórico vestiário, Nilton Santos reconheceu que o Botafogo vencia qualquer um quando jogava com raiva: “Não tenho dúvida de que, numa melhor de três, agora, seria ganha por nós. A menos que os juízes fossem o Eunápio ou o Armandinho. Aí sim, não haveria graça, entraríamos bem, porque estes dois sabem mudar a feição de um jogo”.

Excerto autorizado pelo autor. In: VILARINHO, C. F. O Futebol do Botafogo 1961-65. Rio de Janeiro: Edição do Autor, no prelo.

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